segunda-feira, 3 de julho de 2023

China cresceu e erradicou a pobreza porque fez tudo ao contrário do que pregam os neoliberais

China tinha cerca de 800 milhões de pessoas em extrema pobreza em 1978. Ao longo dos anos de política socialista, o país reduziu para 82 milhões o número de pessoas na miséria, em 2013, e para 6 milhões em 2019. Chegando à erradicação da pobreza extrema, no final de 2020. Nos anos 1980, o Brasil tinha um Produto Interno Bruto (PIB) maior do que o gigante asiático. E atualmente, o PIB da China é dez vezes maior que o do Brasil.  

A fórmula para isso não é simples, mas passa principalmente medidas que contrapõe o discurso neoliberal, que além de não resolver a pobreza, amplia a desigualdade, é o que explica Marco Fernandes, pesquisador do Instituto Tricontinental e co-editor do Dongsheng, convidado do episódio 9 da 3ª temporada do podcast Três por Quatro

“Nesses 40 anos, no caso brasileiro, com exceção de poucos anos do governo Lula e talvez do primeiro ano do governo Dilma, a China foi a pior aluna do consenso de Washington. Fez tudo ao contrário do que os Estados Unidos e as potências imperialistas decretaram para o Sul Global, ou seja, neoliberalismo, privatizações, estado mínimo, diminuição dos orçamentos sociais”.

Após os anos de revolução, reforma agrária e políticas voltadas ao fortalecimento do Estado, a China abriu seu mercado, mas impôs regras de que era preciso transferir tecnologia para o país para ingressar no mercado chinês. Além disso, manteve setores estratégicos sob controle do Estado, como energia, mineração, bancos. São algumas das ações que podem – e devem – ser aprendidas pelo Brasil, segundo o especialista. 

“Estamos em uma encruzilhada histórica e nós precisamos retomar o desenvolvimento econômico e resolver o nosso problema estrutural de desigualdade. A história da China, nos últimos 40 anos, ensina muito pra gente e pode ser uma grande parceira estratégica do Brasil para essa mudança na nossa economia e na nossa sociedade”, ressalta Marco.  

No entanto, justamente esse crescimento e fortalecimento tem sido visto como uma grave ameaça pelos Estados Unidos. Sobretudo pelo potencial dos Brics, grupo formado por Brasil, Rússia, Índia e China, de ampliar a infraestrutura e o fortalecimento de economias do Sul Global.  

“O potencial é gigantesco dos Brics. Mas eles estão muito aquém do seu potencial. Acho que isso é o grande desafio agora. No ano passado, pela primeira vez, o PIB dos países do Brics em paridade de termos de compra, que é aquele índice que a leva em conta o padrão de vida do país e não só transformar tudo em dólar, pela primeira no ano passado, o PIB do cinco países dos Brics, superou o do G7”, explica Marco.  

Porém, ao mesmo tempo que se amplia essa oportunidade, crescem as tensões e o risco de um conflito armado eclodir entre Estados Unidos e China, na avaliação do pesquisador.  

“Infelizmente eu acho que tem aumentado a chance disso acontecer. O que é um desastre, uma tragédia pra humanidade, se isso acontecer. Mas os Estados Unidos vêm dando muitos indícios. Em declarações, mas sobretudo em ações, em atos. Essa semana agora tem uma tem uma delegação de deputados federais, de membros do Congresso dos Estados Unidos, que está agora em Taiwan. E, aliás, o chefe da delegação é um deputado que ele é o chefe da Comissão de Orçamento Militar. Os EUA não param de vender armas pra Taiwan. Tem o tempo inteiro os navios dos Estados Unidos, de outros países da OTAN, aviões ficam circulando em território próximo ao território chinês. Então, de fato assim, o nível de provocações está aumentando”, alerta Marco.  

João Pedro Stedile, liderança do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e comentarista do podcast Três por Quatro, no entanto, avalia que a chance dos Estados Unidos iniciarem uma guerra contra a China é remota, visto que o império estadunidense está em decadência, tanto econômica, quanto ideológica.  

“Os Estados Unidos já perderam a hegemonia das ideias na sociedade mundial. Os Estados Unidos fariam uma guerra pra defender que valores? A democracia deles, cheia de corrupção? Pra defender os massacres que eles fazem nas escolas? Que isso tem influenciado inclusive aqui nas nossas escolas. Então, a sociedade americana está doente e decadente. E, portanto, seus valores não podem ser exemplo pra ele conseguir apoio numa guerra que justificasse a guerra. Eu acredito que os EUA vão continuar as suas provocações contra a China, é claro. Assim como vai continuar fornecendo armas para Ucrânia, pra debilitar a Rússia. Mas eu acho que o foco, pelo menos num próximo período, ainda será a guerra fria”, afirma Stédile.

 

Ø  Acabar com vínculos econômicos com a China seria 'estupidez' dos EUA, diz diretor da CIA

 

William Burns, diretor da CIA, acredita que, no mundo atual, nenhum país quer estar à mercê apenas de um "cartel" para obter minerais e tecnologias críticas.

Visto que a China tem cada vez mais poder econômico, diplomático, militar e tecnológico, desvincular-se da economia chinesa seria algo "estúpido" para os EUA, declarou o diretor da CIA.

Burns também afirmou que a China é o "único país que tem a intenção de remodelar a ordem internacional, bem como um poder econômico, diplomático, militar e tecnológico cada vez maior para fazer isso".

"No mundo atual, nenhum país quer ficar à mercê de um único país" para obter minerais e tecnologias críticas", observou.

Segundo Burns, a resposta para essa situação não é se desvincular de uma economia como a da China, o que seria algo estúpido, mas sim reduzir sensatamente os riscos e a diversificação para assegurar as cadeias de abastecimento e proteção da vantagem tecnológica, bem como o investimento na capacidade industrial dos EUA.

·         Tony Blair diz que China é vital para conflito na Ucrânia e critica política europeia ao Sul Global

Para ex-premiê que assumiu a liderança britânica de 1997 a 2007, a boa relação entre Pequim e Moscou pode esvaziar uma escalada que leve a um conflito nuclear na Ucrânia. Ao mesmo tempo, Blair disse que os europeus são "lentos" e deveriam mudar sua política para o Sul Global.

O ex-primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair, disse em entrevista ao Nikkei Asia que a aproximação da China com Moscou significa que há "motivos razoáveis ​​para se esperar" que a operação russa na Ucrânia não desencadeará uma terceira guerra mundial.

"Embora haja muitos problemas relacionados com o apoio da China à Rússia, o único benefício desse relacionamento próximo, que você pode ver na insistência chinesa para que a Rússia não usa armas nucleares, é que acho que a China não acredita que isso seja do seu interesse uma vez que isso pode deslizar para um conflito global", afirmou.

Para o ex-premiê, a China e sua relação com o Ocidente serão "a grande questão geopolítica do século XXI". Ter "guardas de proteção" no relacionamento para poder se envolver e evitar mal-entendidos também será importante, acrescentou.

Ele também disse não acreditar que Pequim entraria em Taiwan, observando que os Estados Unidos estão construindo alianças na região e deixando claro que uma invasão seria "extremamente difícil".

Ao mesmo tempo, Blair disse que o Ocidente deve cooperar melhor e elaborar uma "agenda adequada de soft power para o Sul Global".

"Somos muito lentos, muito burocráticos. Se você é o presidente de um desses países [do Sul Global] e precisa de uma estrada construída de A a B, você pede ajuda ao Ocidente e leva anos em negociações [...] nosso fracasso em fazer isso está deixando a China obter uma posição enorme nesses países", afirmou.

A mídia relembra que um momento decisivo do mandato de Blair foi sua decisão de aliar o Reino Unido aos Estados Unidos na invasão do Iraque, com o objetivo declarado de eliminar as armas de destruição em massa. No entanto, um inquérito oficial descobriu desde então que a inteligência usada para justificar a guerra era "falha" e que Blair exagerou a ameaça.

Quando questionado se faria algo diferente, ele respondeu: "É sempre difícil voltar atrás. Mas sempre digo às pessoas que há muitas coisas que teríamos feito diferente. Mas ainda acho que, no final das contas, no Oriente Médio, a remoção de Saddam Hussein foi uma coisa importante a se fazer", complementou.

 

       Desdolarização ganha força: Argentina faz pagamento ao FMI em yuans

 

A Argentina executou seu primeiro pagamento de empréstimo ao Fundo Monetário Internacional na moeda chinesa em meio à escassez de dólares no país.

A Argentina fez na sexta-feira (30) um pagamento de empréstimo ao Fundo Monetário Internacional (FMI) "sem usar dólares", usando yuan chinês e notas de direitos especiais de saque (o ativo de reserva do FMI baseado em uma cesta de cinco moedas, o yuan, euro, dólar dos EUA, iene e libra britânica).

O Ministério da Economia da Argentina disse que o pagamento de valor equivalente a US$ 2,7 bilhões (R$ 12,93 bilhões), o primeiro desse tipo feito por Buenos Aires, foi feito em yuans e direitos de saque especiais (SDR, na sigla em inglês) para manter as reservas decrescentes de dólares nos cofres do Banco Central argentino.

Para isso, a Argentina, que se encontra em meio a uma grave crise econômica e de endividamento, recorreu ao yuan para ajudar a estabilizar a situação, tendo assinado em abril um acordo de troca de moeda de 130 bilhões de yuans (R$ 85,84 bilhões) com Pequim, em meio à queda das exportações agrícolas causada por uma seca sem precedentes, que já causou prejuízos de US$ 20 bilhões (R$ 95,8 bilhões).

A atual crise, que já reduziu as reservas do país para cerca de US$ 28 bilhões (R$ 134,11 bilhões), um mínimo de 2016, vem de um acordo de 2022 entre a Argentina e o FMI para reestruturar a dívida de US$ 44 bilhões (R$ 210,75 bilhões) do país. Ela, por sua vez, originou de empréstimos em 2018 de US$ 57 bilhões (R$ 273,02 bilhões, na conversão atual) para o governo do então presidente Mauricio Macri (2015-2019).

Esses empréstimos foram repudiados pelo atual presidente Alberto Fernández, que os tachou de imprudentes", "tóxicos e irresponsáveis", e pediu que não fossem desembolsados após sua eleição bem-sucedida em 2019, devido à escassez de dólares nos cofres do país para pagar o empréstimo.

No início desta semana, o Banco Central argentino anunciou que os bancos de varejo do país teriam permissão para oferecer contas em yuan.

A Argentina solicitou sua adesão ao BRICS em junho, havendo relatos de que Buenos Aires pode se qualificar para participar do Banco de Desenvolvimento do BRICS já em agosto, quando a proposta, apresentada pelo Brasil, for discutida na cúpula da África do Sul. O bloco está atualmente trabalhando em uma nova moeda que poderia servir como uma alternativa efetiva ao dólar no comércio global.

·         Venezuela rejeita nova tentativa de interferência dos EUA em assuntos internos: 'Não tem moral'

O ministro das Relações Exteriores venezuelano, Yván Gil, disse neste sábado (1º) que Caracas "rejeita firmemente" a "ingerência" norte-americana.

O chancelaria da Venezuela classificou como "uma nova tentativa de interferência" o pronunciamento dos Estados Unidos em relação aos diferentes aspectos do processo eleitoral que será realizado em 2024, detalhou um funcionário declaração.

O governo da República Bolivariana da Venezuela rejeita firmemente a nova tentativa de ingerência do governo dos Estados Unidos em seus assuntos internos, tentando estabelecer uma posição em relação a diferentes aspectos do futuro processo eleitoral.

Na sexta-feira (30), o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Matthew Miller, condenou a desqualificação política para as próximas eleições da líder da oposição María Corina Machado pela Controladoria-Geral da Venezuela, e afirmou que a decisão priva os cidadãos daquele país de seus direitos políticos fundamentais.

No documento, Caracas afirma que sua democracia não exige nem aceita a tutela de outras nações, muito menos sistemas democráticos indiretos com severas restrições à participação.

Ao mesmo tempo, o governo indicou que "seria mais conveniente para os Estados Unidos aplicar correções oportunas e justas ao seu sistema eleitoral antes de procurar emitir juízos de valor sobre as ações legítimas das instituições democráticas de outros países".

Nesse sentido, o governo Maduro "considerou que os EUA não têm moral", nem o "direito de comentar" os processos políticos de seu país.

 

Fonte: Brasil de Fato/Sputnik Brasil

 

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