quinta-feira, 25 de abril de 2024

Twitter Files 3 demonstra que Moraes também censurava perfis de esquerda

Uma terceira leva de informações sobre decisões judiciais brasileiras envolvendo o bloqueio de perfis na rede social X (antigo Twitter) foi publicada na segunda-feira (22.abr.2024). Desta vez, os dados indicam que contas alinhadas à esquerda também foram alvo das decisões do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

As postagens, chamadas de “Twitter Files 3″, foram feitas pelo jornalista David Ágape, resultado de apuração junto aos também jornalistas Michael Shellenberger e Eli Vieira . É uma sequência das investigações tornadas públicas inicialmente em 4 de abril por Shellenberger.

Alguns destaques, segundo David Ágapes: perfis de esquerda também foram bloqueados a pedido do TSE, como o partido político PCO; e Elon Musk não teve envolvimento direto com o Twitter Files Brasil, porque distribuiu os dados a Schellenberger e outros jornalistas com foco exclusivo no cenário dos Estados Unidos.

Mais dados; o TSE ordenou ao Twitter que entregasse dados de usuários que tuitaram hashtags tanto

 contra quanto a favor do voto impresso; por cerca de um ano, o X (à época Twitter) respondeu às exigências do TSE e da Polícia Federal, argumentando que eram ilegais e não respeitavam o Marco Civil da Internet; o Meta e o Google adotaram “medidas extraordinárias” para colaborar com as autoridades e potencialmente na divulgação de dados privados em violação ao Marco Civil.

“Durante o meu discurso na audiência do Senado Federal Brasileiro em 11 de abril, enfatizei que a luta pela liberdade de expressão e pela privacidade dos cidadãos não é uma questão de esquerda ou direita, pois afeta a todos. Agora, @EliVieiraJr, @shellenberger e eu revelamos nesta nova edição dos #TwitterFilesBrasil, que brasileiros de todo o espectro político, incluindo políticos de esquerda, foram alvo do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e da Polícia Federal para coleta de dados e censura no Twitter”, disse o jornalista David Ágape.

“Ao contrário do que alguns afirmaram falsamente, Elon Musk não esteve envolvido com os Twitter Files Brasil. Shellenberger tinha posse do banco de dados completo desde o final de 2022, recebido de Musk e distribuído para ele e outros jornalistas independentes, com o interesse de Musk então focado exclusivamente no cenário norte-americano.

O proprietário da X ficou ciente dos Twitter Files Brasil da mesma maneira que o público em geral — por meio de nossas postagens nas redes sociais, com exceção dos três envolvidos. Agradecemos a @elonmusk pela atenção que direcionou às nossas postagens e por sua abertura em disponibilizar esses arquivos em 2022.

“Embora a direita (brasileira) tenha sido o principal alvo de censura e perseguição, como evidenciado nos Twitter Files e nos documentos divulgados na semana passada pelo Comitê Judiciário da Câmara dos EUA, a esquerda também foi afetada pelas ordens ilegais do TSE.”

PEDIDOS QUESTIONÁVEIS 

“Um integrante da equipe do Twitter observou que, do ponto de vista legal, esses pedidos eram questionáveis. segundo os estatutos e precedentes brasileiros, pois violariam a privacidade dos usuários e os direitos ao devido processo legal”, disse Ágape, acrescentando:

“O advogado temia que o cumprimento pudesse levar a uma ‘potencial divulgação massiva de um número indeterminado de usuários, sem causa clara e sem supervisão judicial prévia’. Os pedidos iniciais do TSE poderiam expor dados de até 260 mil contas. Depois das objeções do Twitter, só cerca de 200 contas seriam afetadas. No entanto, o Twitter considerava o número muito significativo e uma exceção com base nos casos típicos que lidamos no Brasil.”

Deputados de direita decidem viajar para audiência de Musk na Câmara dos EUA

¨      Deputados de direita decidem viajar para audiência de Musk na Câmara dos EUA

Uma comitiva de deputados de direita, a maioria bolsonaristas, pretende viajar a Washington (EUA) para acompanhar no dia 8 de maio uma audiência pública na Câmara dos Deputados americana com o empresário Elon Musk.

Devem se deslocar para o evento os deputados Bia Kicis (PL-DF), Julia Zanatta (PL-SC), Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Filipe Barros (PL-PR) e Marcel van Hattem (Novo-RS) – este, o único que não é do partido do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Outros parlamentares que têm criticado a “censura” das redes sociais ainda podem se somar ao grupo.

A expectativa é que o Brasil seja um dos temas principais da audiência. A sessão será para tratar dos “Twitter Files”, conjunto de comunicados internos da empresa (atualmente chamada X) que supostamente provariam arbitrariedades na exclusão de perfis da rede.

No Brasil, as ordens para o bloqueio partiram diretamente do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), sem terem início na primeira instância.

Também devem participar da audiência o jornalista americano Michael Shellenberger, que divulgou os arquivos do Twitter relacionados ao Brasil, além do CEO da rede conservadora Rumble, Chris Pavlovski, e do ativista brasileiro Paulo Figueiredo Filho, neto do ex-presidente/general João Figueiredo, alinhado ao bolsonarismo.

¨      Revelação de decisões de Moraes cria uma situação embaraçosa para Justiça. Por Elio Gaspari

A divulgação, nos Estados Unidos, de decisões sigilosas do ministro Alexandre de Moraes mandando retirar mensagens das redes sociais, criou uma situação embaraçosa para a Justiça brasileira.

Algumas ordens seguiam um texto padronizado e diziam: “Tendo em conta a natureza confidencial destes processos, devem ser tomadas as medidas necessárias para mantê-los (em sigilo). Sem mais delongas, aproveito a oportunidade para renovar minhas expressões de elevada estima e consideração”.

Faltam estima e consideração quando não se diz porque uma mensagem na rede social deve ser cancelada.

O gabinete do ministro informou que as decisões são fundamentadas. Se há fundamentação, nada impedia que, junto com a proibição, seu link fosse apensado ao ofício.

Durante a ditadura, os censores eram explícitos. Em 1972, por exemplo, eles determinaram:

“Nenhuma referência, contra ou a favor de Dom Helder Câmara”.

Desde a semana passada, quem duvidar das previsões do Ministério da Fazenda para o equilíbrio das contas públicas não pode mais ser acusado de bolsonarismo, vendido ao mercado ou desmancha-prazeres.

Quem duvida dessas metas é o Fundo Monetário Internacional. Em geral, o FMI acredita em lorotas, desde que não se exagere.

 

Ø  Ataques a Moraes partiram de comunidades com grande número de contas falsas

 

O embate provocado por Elon Musk contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes gerou um movimento significativo em duas comunidades principais do X, que se destacam por suas taxas de interação e uso de bots, de acordo com uma pesquisa do Laboratório de Estudos de Internet e Redes Sociais (Netlab) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Para os pesquisadores, a atenção se deve ao perfil que apoiou o magnata, que apresentou uma alta proporção de contas falsas e demonstrou um alto nível de compartilhamento, com uma média de 1,33 conexões por conta. Por outro lado, a comunidade que se opôs ao proprietário do X, mostrou-se menos densa e engajada, com uma média de 1,19 conexões por conta, e também uma menor proporção de contas consideradas inautênticas.

A análise do NetLab levantou as postagens dos dias 8 e 9 de abril e identificou aproximadamente 90 mil posts, com 39 mil contas publicando em inglês e outras 30 mil em português. As ações de Moraes para remover perfis se tornaram o foco do confronto com o bilionário, que ameaçou não cumpri-las e tentou intimidar a Justiça Brasileira nas últimas semanas. Musk enfrenta dois inquéritos no STF.

A fundadora e coordenadora do NetLab, Marie Santini revela como foi feito o estudo. “Desenvolvemos um classificador baseado em inteligência artificial que identifica contas inautênticas. Observamos que Musk usa a plataforma dele para anabolizar o debate desde o primeiro dia do confronto digital com a Justiça brasileira”, afirma. “Quando decidiu que iria comprar o Twitter, Musk bateu muito na tecla de que a rede tinha robôs demais, para tentar baixar o valor da compra. O empresário disse que iria eliminar esse cenário, mas não é o que está acontecendo. Obviamente, ele está usando a possibilidade em prol de si, para se promover e avançar suas pautas.”

·        Quase 50% das postagens feitas por robôs

Das postagens em inglês, aproximadamente 41% foram originadas de contas falsas “presentes para manipular a discussão”, diz a pesquisadora. Quando se trata de perfis que postam em português, a porcentagem de contas consideradas não autênticas essa porcentagem é de 35%. Dentro da comunidade que dissemina a retórica do empresário, 49,88% das contas são consideradas legítimas, enquanto 47,97% são identificadas como robôs. Outras 2,15% não foram classificadas. Por outro lado, na comunidade que se opõe, 58,67% das contas foram identificadas como autênticas, 35,58% como robôs e 5,75% não foram categorizadas.

O estudo ainda indica uma predominância ainda maior de postagens de contas não autênticas na comunidade associada aos discursos de Musk. As contas consideradas legítimas representam 46,24%, enquanto os robôs correspondem a 53,68% e outros 0,08% não foram categorizados. Contrariamente, a comunidade que defende Moraes tem uma maioria de perfis legítimos, com 55,85%, em comparação com 44,15% de contas classificadas como robôs.

Entre os perfis reais, os deputados federais Nikolas Ferreira (PL-MG) e Marcel Van Hattem (Novo-RS) se destacam como contas de alta performance em compartilhar o discurso do bilionário, e os principais propulsores da rede que se opõe ao empresário foram o Sleeping Giants Brasil, a primeira-dama Janja e o influenciador digital Felipe Neto.

 

Ø  Glauber vai para cima de "milícia fascista" do MBL e pergunta: "quem financia?"

 

Em entrevista ao programa Fórum Onze e Meia desta quarta-feira (24), o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) comentou o processo de cassação que foi aberto contra seu mandato no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados.

Braga será julgado por expulsar um membro do Movimento Brasil Livre (MBL) após sequenciais perseguições e ofensas à sua honra por parte de Gabriel Costenaro, militante que, na ocasião, ofendeu a mãe do parlamentar, Saudade Braga, que convive com Alzheimer.

Nesta terça-feira, foram sorteados os parlamentares que vão fazer a relatoria do processo. Dois possíveis relatores são do PL e um é do PSD.

"O que eu espero daqui é um julgamento justo. Eu vou tratar respeitosamente o Conselho e os parlamentares que aqui estão", disse.

Glauber acredita que o processo será uma oportunidade para esclarecer quem financia o MBL e como figuras como Costenaro tem recursos para viajar perseguindo parlamentares.

"Eu acho que essa vai ser uma oportunidade, com todos os meios de prova possível, para demonstrar o que é a representação dessa milícia fascista chamada MBL", disse.

"Quem financia? Porque esse sujeito foi para o Paraná.. quem pagou a passagem? Veio para Brasília, a gente já sabe quem foi o deputado que deu o resguardo a ele aqui, o Kim Kataguiri", disse. "Quem é que sustenta isso, eu acho que essa é uma pergunta", completou.

·        Estratégia de defesa

O deputado também esclareceu qual será a estratégia de sua defesa para manter seu mandato. "Parlamentares que já têm essa posição de orientação fascista ou uma articulação com o bolsonarismo vão manter essa posição", disse.

"O que eu vou procurar fazer é, através do argumento com os demais membros do Conselho de Ética, demonstrar que essa atuação de hoje contra mim, amanhã evidentemente se volta contra eles, pelo menos contra aqueles que não têm uma relação tão umbilical ou orgânica com a extrema-direita", completou. "Mostrar todos os fatos, tudo o que aconteceu, e utilizar tudo aquilo que tiver à nossa disposição para que eu possa fazer isso", completou Braga.

 

Fonte: Poder 360/FolhaPress/Fórum

 

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