Terapia com anticorpo pode reduzir a
progressão do Parkinson, mostra estudo
Um anticorpo
chamado Prasinezumabe mostrou ser capaz de reduzir sinais de
deterioração motora em pessoas com doença de Parkinson que apresentam
uma progressão rápida da doença. O achado é de um amplo ensaio clínico de fase
2 — teste feito em humanos para avaliar a eficácia de um determinado
medicamento ou componente — publicado na Nature Medicine nesta
segunda-feira (15).
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O Parkinson é uma doença
progressiva do sistema nervoso que afeta principalmente os movimentos do
paciente, levando à dificuldade para andar e
falar, além da perda de equilíbrio, de tremores nas mãos e rigidez muscular. No
distúrbio, os sintomas motores e não motores se agravam ao longo do tempo e,
atualmente, ainda não existem tratamentos para a doença.
De acordo com estudos
anteriores, um dos fatores para a progressão do Parkinson é a agregação de
alfa-sinucleína, um tipo de proteína, no cérebro. O prasinezumabe é o primeiro
anticorpo monoclonal terapêutico experimental que foi projetado para se ligar à
alfa-sinucleína agregada, permitindo sua desagregação.
No estudo de fase 2,
316 pacientes com Parkinson em estágio inicial receberam o anticorpo. Os
pesquisadores, então, analisaram os potenciais efeitos do prasinezumabe na
progressão dos sintomas motores da doença em
quatro subpopulações que apresentavam sintomas motores de progressão rápida.
Esses quatro subgrupos
foram definidos por fatores como uso de inibidores da monoamina oxidase B
(MAO-B), pelo estadiamento da doença na escala de Hoehn e Yahr, pela presença
de transtorno do comportamento do sono REM rápido
ou pela presença de fenótipos malignos difusos.
Os pesquisadores
descobriram que o tratamento com prasinezumabe reduziu a piora dos sintomas
motores em todos os subgrupos de progressão rápida do Parkinson após 52
semanas, em comparação com os sintomas motores daqueles que foram tratados com
placebo. Porém, esse mesmo efeito não foi observado em subpopulações com uma
progressão lenta da doença.
Para definir quais
participantes apresentavam uma progressão lenta da doença e quais tinham uma
progressão mais rápida, os pesquisadores usaram a parte III da Escala Unificada
de Avaliação da Doença de Parkinson da Sociedade Brasileira de Distúrbios do Movimento
(MDS-UPDRS), que é a ferramenta de avaliação clínica padrão para quantificar
sintomas motores do Parkinson.
As descobertas do
estudo sugerem que a eficácia clínica do prasinezumabe pode ser observada em um
ano em pacientes com Parkinson de rápida progressão. Mais pesquisas são
necessárias para determinar se o anticorpo pode ser eficaz em pacientes com
progressão mais lenta da doença após períodos de tratamentos mais longos.
Mais estudos também
são necessários para confirmar esses efeitos em pacientes com Parkinson de
progressão rápida.
Ø Medicamento para diabetes pode desacelerar sintomas de
Parkinson, diz estudo
Um medicamento
para diabetes pode desacelerar o desenvolvimento dos sintomas
de Parkinson, segundo um novo estudo publicado no The New England
Journal of Medicine. Chamado lixisenatida, o remédio faz parte da
mesma família de compostos semelhantes usados em medicamentos para a diabetes e
para a obesidade, como o Ozempic e o Wegovy, respectivamente.
Durante o período
do estudo, que levou 12 meses, os participantes que
tomaram lixisenatida não apresentaram piora dos sintomas. Mais pesquisas são
necessárias para controlar os efeitos secundários da medicação e determinar a
melhor dose para a prevenção do Parkinson, mas, para os autores
do estudo, esse é um passo promissor no esforço para combater a doença
neurodegenerativa.
“Este é o primeiro
ensaio clínico multicêntrico em grande escala que fornece os sinais de eficácia
que têm sido procurados há tantos anos”, afirma Olivier Rascol, investigador de
Parkinson no Hospital Universitário de Toulouse, em França, e líder do estudo,
em comunicado.
A lixisenatida é
um agonista do receptor do peptídeo 1 semelhante ao glucagon (GLP-1). A
semaglutida, presente no Ozempic e Wegovy, também é um composto GLP-1. Estudos anteriores já
haviam sugerido que alguns medicamentos com esse composto poderiam retardar os
sintomas de Parkinson. Ensaios menores, publicados em 2013 e 2017, sugeriram que a molécula GLP-1 exenatida,
outro medicamento para diabetes, poderia ter o mesmo efeito.
Isso pode estar
relacionado ao fato de que esses medicamentos influenciam nos níveis de
insulina e glicose no sangue, controlando o diabetes que, segundo estudos já realizados, pode
aumentar a probabilidade de desenvolver Parkinson.
·
Como o estudo atual foi feito?
No estudo mais
recente, os pesquisadores investigaram a lixisenatida em 156 pessoas com
sintomas leves a moderados de Parkinson. Todas elas já tomavam um medicamento
padrão para Parkinson. Metade dessa amostra recebeu o medicamento para diabetes durante um ano,
enquanto o restante recebeu placebo (grupo controle).
Após 12 meses, os
participantes do grupo controle apresentaram piora dos sintomas de Parkinson —
a pontuação deles aumentou três pontos em uma escala para avaliar a gravidade
da doença, segundo o estudo. Já aqueles que tomaram lixisenatida não tiveram suas
pontuações alteradas nesta mesma escala.
No entanto, mais
estudos e avaliações são necessários para entender se os efeitos do medicamento
para desaceleração do Parkinson duram mais de um ano (período do estudo). Outra
questão a ser considerada é como esse tipo de medicamento pode proteger contra
o Parkinson. Algumas hipóteses apontam para o fato de o GLP-1 reduzir a
inflamação, o que poderia prevenir a perda de neurônios produtores de dopamina
que impulsionam a doença.
Os pesquisadores do
atual estudo estão aguardando os resultados de um ensaio clínico maior que
examina os efeitos de um tratamento de dois anos com exenatida em pessoas com
doença de Parkinson.
Fonte: CNN Brasil
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