terça-feira, 16 de abril de 2024

Terapia com anticorpo pode reduzir a progressão do Parkinson, mostra estudo

Um anticorpo chamado Prasinezumabe mostrou ser capaz de reduzir sinais de deterioração motora em pessoas com doença de Parkinson que apresentam uma progressão rápida da doença. O achado é de um amplo ensaio clínico de fase 2 — teste feito em humanos para avaliar a eficácia de um determinado medicamento ou componente — publicado na Nature Medicine nesta segunda-feira (15).

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Parkinson é uma doença progressiva do sistema nervoso que afeta principalmente os movimentos do paciente, levando à dificuldade para andar e falar, além da perda de equilíbrio, de tremores nas mãos e rigidez muscular. No distúrbio, os sintomas motores e não motores se agravam ao longo do tempo e, atualmente, ainda não existem tratamentos para a doença.

De acordo com estudos anteriores, um dos fatores para a progressão do Parkinson é a agregação de alfa-sinucleína, um tipo de proteína, no cérebro. O prasinezumabe é o primeiro anticorpo monoclonal terapêutico experimental que foi projetado para se ligar à alfa-sinucleína agregada, permitindo sua desagregação.

No estudo de fase 2, 316 pacientes com Parkinson em estágio inicial receberam o anticorpo. Os pesquisadores, então, analisaram os potenciais efeitos do prasinezumabe na progressão dos sintomas motores da doença em quatro subpopulações que apresentavam sintomas motores de progressão rápida.

Esses quatro subgrupos foram definidos por fatores como uso de inibidores da monoamina oxidase B (MAO-B), pelo estadiamento da doença na escala de Hoehn e Yahr, pela presença de transtorno do comportamento do sono REM rápido ou pela presença de fenótipos malignos difusos.

Os pesquisadores descobriram que o tratamento com prasinezumabe reduziu a piora dos sintomas motores em todos os subgrupos de progressão rápida do Parkinson após 52 semanas, em comparação com os sintomas motores daqueles que foram tratados com placebo. Porém, esse mesmo efeito não foi observado em subpopulações com uma progressão lenta da doença.

Para definir quais participantes apresentavam uma progressão lenta da doença e quais tinham uma progressão mais rápida, os pesquisadores usaram a parte III da Escala Unificada de Avaliação da Doença de Parkinson da Sociedade Brasileira de Distúrbios do Movimento (MDS-UPDRS), que é a ferramenta de avaliação clínica padrão para quantificar sintomas motores do Parkinson.

As descobertas do estudo sugerem que a eficácia clínica do prasinezumabe pode ser observada em um ano em pacientes com Parkinson de rápida progressão. Mais pesquisas são necessárias para determinar se o anticorpo pode ser eficaz em pacientes com progressão mais lenta da doença após períodos de tratamentos mais longos.

Mais estudos também são necessários para confirmar esses efeitos em pacientes com Parkinson de progressão rápida.

 

Ø  Medicamento para diabetes pode desacelerar sintomas de Parkinson, diz estudo

 

Um medicamento para diabetes pode desacelerar o desenvolvimento dos sintomas de Parkinson, segundo um novo estudo publicado no The New England Journal of Medicine. Chamado lixisenatida, o remédio faz parte da mesma família de compostos semelhantes usados em medicamentos para a diabetes e para a obesidade, como o Ozempic e o Wegovy, respectivamente.

Durante o período do estudo, que levou 12 meses, os participantes que tomaram lixisenatida não apresentaram piora dos sintomas. Mais pesquisas são necessárias para controlar os efeitos secundários da medicação e determinar a melhor dose para a prevenção do Parkinson, mas, para os autores do estudo, esse é um passo promissor no esforço para combater a doença neurodegenerativa.

“Este é o primeiro ensaio clínico multicêntrico em grande escala que fornece os sinais de eficácia que têm sido procurados há tantos anos”, afirma Olivier Rascol, investigador de Parkinson no Hospital Universitário de Toulouse, em França, e líder do estudo, em comunicado.

A lixisenatida é um agonista do receptor do peptídeo 1 semelhante ao glucagon (GLP-1). A semaglutida, presente no Ozempic e Wegovy, também é um composto GLP-1. Estudos anteriores já haviam sugerido que alguns medicamentos com esse composto poderiam retardar os sintomas de Parkinson. Ensaios menores, publicados em 2013 e 2017, sugeriram que a molécula GLP-1 exenatida, outro medicamento para diabetes, poderia ter o mesmo efeito.

Isso pode estar relacionado ao fato de que esses medicamentos influenciam nos níveis de insulina e glicose no sangue, controlando o diabetes que, segundo estudos já realizados, pode aumentar a probabilidade de desenvolver Parkinson.

·        Como o estudo atual foi feito?

No estudo mais recente, os pesquisadores investigaram a lixisenatida em 156 pessoas com sintomas leves a moderados de Parkinson. Todas elas já tomavam um medicamento padrão para Parkinson. Metade dessa amostra recebeu o medicamento para diabetes durante um ano, enquanto o restante recebeu placebo (grupo controle).

Após 12 meses, os participantes do grupo controle apresentaram piora dos sintomas de Parkinson — a pontuação deles aumentou três pontos em uma escala para avaliar a gravidade da doença, segundo o estudo. Já aqueles que tomaram lixisenatida não tiveram suas pontuações alteradas nesta mesma escala.

No entanto, mais estudos e avaliações são necessários para entender se os efeitos do medicamento para desaceleração do Parkinson duram mais de um ano (período do estudo). Outra questão a ser considerada é como esse tipo de medicamento pode proteger contra o Parkinson. Algumas hipóteses apontam para o fato de o GLP-1 reduzir a inflamação, o que poderia prevenir a perda de neurônios produtores de dopamina que impulsionam a doença.

Os pesquisadores do atual estudo estão aguardando os resultados de um ensaio clínico maior que examina os efeitos de um tratamento de dois anos com exenatida em pessoas com doença de Parkinson.

 

Fonte: CNN Brasil

 

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