segunda-feira, 15 de abril de 2024

Solidão faz as pessoas parecerem mais velhas biologicamente, mostra estudo

A solidão, cada vez mais, tem se mostrado uma questão de saúde pública. Diversos estudos já mostraram que o isolamento social pode prejudicar a saúde física e mental e aumentar o risco de morte. Um novo estudo, desenvolvido pela Mayo Clinic, reforça esses achados e descobriu, ainda, que pessoas socialmente isoladas parecem ser biologicamente mais velhas do que sua verdadeira idade.

pesquisa foi publicada em março no Journal of the American College of Cardiology: Advances e sugere que os vínculos sociais desempenham um papel importante na saúde física e na longevidade. De acordo com o estudo, além de aumentar a idade biológica das pessoas, a solidão também pode aumentar o risco de morte por diversas causas.

Para chegar a essas conclusões, os pesquisadores compararam o Índice de Rede Social com o eletrocardiograma com IA (IA-ECG) de mais de 280 mil adultos que receberam atendimento ambulatorial entre junho de 2019 e março de 2022. Os participantes selecionados preencheram um questionário sobre as determinantes sociais de saúde e tiveram registros do IA-ECG arquivados no prazo de um ano.

A Mayo Clinic desenvolveu um modelo de IA-ECG que foi utilizado para determinar a idade biológica dos participantes que, posteriormente, foi comparada à idade cronológica deles (ou seja, quantos anos de idade realmente tinham).

Uma pesquisa anterior mostrou que a determinação de idade feita pelo IA-ECG representa a idade biológica do coração. Uma diferença de idade positiva indica um envelhecimento biológico acelerado, enquanto um valor negativo sugere um envelhecimento biológico mais lento.

O questionário preenchido pelos participantes era composto por perguntas presentes no Índice de Rede Social associadas às seguintes áreas de interação social:

  • Pertencer a qualquer clube ou organização social;
  • Frequência na participação em atividades sociais por ano;
  • Frequência de conversas ao telefone com familiares e amigos por semana;
  • Frequência na participação de igreja ou serviços religiosos por ano;
  • Frequência de reuniões com amigos ou familiares pessoalmente por semana.
  • Estado civil ou viver com um parceiro.

Cada resposta recebeu uma pontuação de 0 ou 1, e a pontuação total variava de 0 a 4, representando diferentes graus de isolamento social.

·        Maior envelhecimento biológico devido à solidão foi encontrado em participantes não brancos

Segundo o estudo, os participantes com uma pontuação mais alta no Índice de Rede Social — indicando uma melhor vida social — apresentaram uma diferença de idade menor no IA-ECG. No entanto, aqueles que tiveram pontuações mais baixas, menores ou iguais a 1, no Índice apresentaram um risco maior de morte em comparação com os outros grupos.

O estudo também mostrou uma disparidade de saúde entre raças. Os participantes não brancos apresentaram diferenças de idade médias mais elevadas do que os participantes brancos, especialmente aqueles com pontuações mais baixas no Índice de Rede Social. Cerca de 86,3% dos participantes eram brancos não hispânicos.

“Este estudo destaca a interação crítica entre isolamento social, saúde e envelhecimento”, diz Amir Lerman, cardiologista da Mayo Clinic e autor sênior do artigo, em comunicado enviado à imprensa. “O isolamento social combinado com condições demográficas e médicas parece ser um fator de risco significativo para o envelhecimento acelerado. Contudo, sabemos que as pessoas podem mudar seu comportamento — ter mais interação social, exercitar-se regularmente, ter uma dieta saudável, parar de fumar, dormir adequadamente etc. Fazer e sustentar essas mudanças pode ajudar muito a melhorar a saúde no geral.”

·        Solidão e saúde física e mental

Esse não é o primeiro estudo a mostrar a relação entre solidão e riscos à saúde física e mental. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), a solidão é capaz de aumentar em 25% o risco de morte, em 50% o de demência e em 30% o de doença cardiovascular. Por isso, a entidade criou a Comissão de Conexões Sociais com o objetivo de reconhecer o tema como uma prioridade global e propor soluções.

Em 2021, outro artigo mostrou, pela primeira vez, que a solidão atinge jovens e idosos em todo o mundo, dos países ricos aos mais pobres. A falta de conexão social foi associada, entre outros fatores, ao aumento da mortalidade, de doenças cardiovasculares, AVC e pneumonias.

No ano passado, um outro estudo, publicado no PLOS One, mostrou que um aumento de 33% de mortalidade por todas as causas em pessoas solitárias. Um outro artigo, publicado neste ano na JAMA Network Open, mostrou que a solidão aumenta o risco de morte em pessoas com obesidade.

 

Ø  Falta de sono faz você se sentir mais velho, diz estudo

 

Não dormir o suficiente pode fazer com que você se sinta de cinco a dez anos mais velho do que realmente é, dizem dois novos estudos publicados na terça-feira (2).

Questões de saúde e mobilidade também podem contribuir para se sentir mais velho antes do tempo, mas quando se trata de dormir, a falta disso foi a chave para se perceber velho, de acordo com os estudos publicados na revista Proceedings of the Royal Society B.

“O sono desempenha um papel causal na forma como os indivíduos idosos se sentem”, escreveu Leonie Balter, pesquisadora do sono na Universidade de Estocolmo, na Suécia, e autora principal de ambos os estudos, por e-mail à CNN.

A falta de energia e motivação pode certamente contribuir para se sentir mais velho, ao mesmo tempo que limita a capacidade de uma pessoa permanecer física e socialmente ativa, o que contribui para se sentir jovem, complementou a pesquisadora.

“Sono insuficiente induz sensação de sonolência. A sonolência é um importante estado motivacional que nos faz priorizar o sono e reduz nossos níveis de energia”, disse Leonie.

“A idade pode ser compreendida em múltiplas dimensões: cronológica, biológica e subjetiva”, pontuou o pesquisador do sono Dr. Chang-Ho Yun, professor de neurologia na Universidade Nacional de Seul, em Seongnam, Coreia do Sul, que não esteve envolvido nos estudos.

“No geral, essas descobertas ressaltam a importância do sono adequado na manutenção de uma idade subjetiva jovem, beneficiando potencialmente a saúde física e mental”, escreveu ele à CNN.

Sentir-se jovem é uma coisa boa, segundo a ciência. Tal sentimento tem sido associado em estudos sobre uma vida mais longa, uma menor taxa de demência, menos chance de depressão e características mais positivas, como otimismo, esperança e resiliência, além de melhor saúde física e mental.

Na verdade, as pessoas que se sentem mais jovens do que a sua idade têm maior probabilidade de ter cérebros compatíveis. Um estudo de junho de 2018 descobriu que pessoas mais velhas que se consideravam mais jovens tinham mais massa cinzenta no cérebro e pontuavam ser mais jovens em testes de idade cerebral.

·        Dois estudos, resultados semelhantes

Balter e seus colegas conduziram dois estudos. Um deles testou quão bem 429 pessoas com idades entre 18 e 70 anos dormiram em suas próprias casas no mês anterior. Para cada noite de sono insatisfatório durante esse período, as pessoas relataram sentir-se cerca de um quarto de ano, ou seja, três meses, mais velhas do que sua idade cronológica.

“Alterações no humor e sentimentos de fadiga também contribuem para a sensação subjetiva de envelhecimento”, disse Yun. “Essas alterações são manifestações típicas da privação de sono e podem agravar tanto a sonolência quanto a percepção da idade avançada.”

Contudo, se a pessoa tivesse dormido bem durante o mês, conseguiria sentir-se quase seis anos mais jovem, em média, do que a sua idade real.

·        Privação severa de sono

O segundo estudo realizado pediu a 186 dos mesmos participantes que dormissem num laboratório durante duas noites, certificando-se de que não dormiam mais de quatro horas por noite. A experiência subjetiva do envelhecimento era muito maior quando as pessoas experimentavam este grau de privação de sono: em média, as pessoas sentiam-se quase 4 anos e meio mais velhas do que realmente eram.

Com que rapidez as pessoas podem se recuperar de um sono insatisfatório e começar a se sentir mais jovens novamente?

“A resposta a essa pergunta é desconhecida. O que os nossos dados sugerem é que isso poderá acontecer muito rapidamente”, disse Balter. “Qualquer coisa que possa aliviar a sonolência pode ter um impacto imediato na idade subjetiva. No entanto, para efeitos mais substanciais e duradouros, é essencial garantir um sono suficiente.”

A sonolência foi monitorada no segundo estudo e, para cada aumento de unidade em uma escala de medida, as pessoas acrescentaram 1,23 anos à sua avaliação de envelhecimento.

O gênero não importava, mas o cronótipo do sono sim; as pessoas que adoram acordar cedo, muitas vezes chamadas de madrugadores, sentiram o impacto mais profundamente.

Os madrugadores classificaram-se como mais de cinco anos mais velhos que os tipos noturnos, também conhecidos como notívagos, e quatro anos mais velhos que os tipos intermediários, pessoas com um relógio biológico que não se ajusta a nenhum dos extremos. Quando os madrugadores dormiam até nove horas por noite, porém, eles se sentiam muito mais jovens.

Então, os madrugadores precisam dormir mais do que os notívagos?

“Estas descobertas apoiam que o sono, um fenómeno biológico vital, pode ser a chave para se sentir jovem”, escreveram Balter e os seus colegas no estudo.

Para melhorar o bem-estar geral, priorizar o sono adequado é fundamental, ressaltou Yun.

“Se você suspeita que sua privação de sono se deve a um distúrbio do sono, como insônia ou apnéia do sono, é crucial procurar avaliação e tratamento com um profissional de saúde”, disse ele.

“Lembre-se, uma boa noite de sono pode ajudá-lo a viver mais jovem.”

 

Fonte: CNN Brasil

 

Nenhum comentário: