quarta-feira, 17 de abril de 2024

Seu filho anda na ponta dos pés? Entenda os motivos

Caminhar na ponta dos pés pode revelar mais do que apenas um comportamento infantil. Quando uma criança continua a persistir nessa postura além dos dois anos de idade, mesmo com um desenvolvimento motor aparentemente típico, isso pode indicar a presença de causas especiais.

De acordo com o Dr. Filipe Barcelos, médico ortopedista, especialista em paralisia cerebral, é comum que as crianças comecem a andar de forma independente entre 12 e 16 meses, com um intervalo considerado comum até os 18 meses. Durante essa fase, é esperado que experimentem diferentes formas de locomoção, incluindo andar na ponta dos pés, alternando com o apoio dos calcanhares no chão. No entanto, se essa característica persistir além do período esperado, recomenda-se uma avaliação médica.

 As possíveis causas por trás desse padrão de marcha incluem fatores genéticos, transtorno de déficit de atenção, alterações sensoriais, problemas neuromusculares, distrofia muscular e autismo. Dentre essas causas, a paralisia cerebral e o autismo se destacam como as mais comuns. Quando o comportamento persiste além dos três anos de idade, é diagnosticado como Marcha em Equino Idiopática ou Marcha na Ponta dos Pés Idiopática, o que demanda uma investigação mais aprofundada por parte dos profissionais de saúde.

 O termo “idiopático” refere-se ao fato de que a causa subjacente desse padrão de marcha é desconhecida. Embora muitas crianças eventualmente superem esse comportamento,  essa condição pode afetar significativamente a qualidade de vida da criança, afetando sua capacidade de se locomover com eficiência e participar de atividades cotidianas. Portanto, é importante estar atento aos sinais que o corpo das crianças pode apresentar, já que andar na ponta dos pés pode ser mais do que apenas uma fase temporária. Essa ação pode indicar questões médicas subjacentes que requerem atenção e intervenção precoce.

·        Tratamentos

 O tratamento para a marcha na ponta dos pés deve ser feito de forma muito cuidadosa e bem criteriosa, o espaço entre o tendão calcâneo, localizado na parte de trás da perna da criança, muitas vezes resulta nesse padrão de marcha peculiar. Embora, inicialmente, não haja encurtamento perceptível do tendão, ao longo do tempo, o corpo pode se adaptar e deformar os tornozelos e pés, se não forem tratados adequadamente. O alongamento errado do músculo da perna da criança pode causar problemas a longo prazo para pessoas com paralisia que andam.

 “Para um diagnóstico dessa condição é necessária uma abordagem especializada, incluindo a avaliação do padrão de marcha infantil, revisão do histórico médico e exame físico completo. Em alguns casos, exames complementares, como ressonância magnética do crânio ou estudos de análise tridimensional da marcha, podem ser necessários para identificar causas ou orientar o tratamento ideal”, comenta o médico.

·        Condição em crianças com paralisia cerebral

Embora o diagnóstico da paralisia cerebral seja clínico, sendo o padrão de marcha um dos primeiros indicadores quando o quadro não é claro, o tratamento pode variar. Uma abordagem eficaz para corrigir a marcha na ponta dos pés em crianças com paralisia cerebral é o uso do gesso seriado. Esse método envolve o engessamento da perna, tornozelo e pé, em uma configuração semelhante a uma bota, utilizando gesso sintético colorido ou branco para garantir que a criança possa descarregar o peso e caminhar confortavelmente. O período de uso do gesso varia de quatro a seis semanas, e o número de trocas do gesso depende do grau de encurtamento do tendão calcâneo. Em certos casos, a toxina botulínica pode ser associada ao tratamento com gesso seriado, proporcionando resultados promissores para ajudar a relaxar os músculos afetados e melhorar a mobilidade. Para crianças com paralisia cerebral, cada caso é único, tornando necessário um plano de tratamento personalizado que possa incluir uma combinação de terapias, visando o melhor resultado e melhorar a qualidade de vida.

 

Ø  Como motivar seu filho a buscar estímulos além das telas

 

De acordo com a última pesquisa do Panorama Mobile Time/ Opinion Box, 79% das crianças brasileiras de 0 a 12 anos passam, em média, 3 horas e 53 minutos por dia usando o celular, sendo que 44% delas têm seu próprio telefone, enquanto 35% utilizam o aparelho dos pais. 

O tempo médio de uso diário começa em 2 horas e 56 minutos por crianças de 0 a 3 anos de idade. Passa para 3 horas e 17 minutos na faixa etária entre 4 a 6 anos, e para 3 horas e 29 minutos pelos que têm de 7 a 9 anos, até chegar a 4 horas e 46 minutos de utilização pelas crianças de 10 a 12 anos.

O período de uso está muito além do recomendado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Segundo a instituição, crianças com idade entre 2 e 5 anos devem usar celulares e tablets por, no máximo, uma hora diária. Entre 6 e 10 anos, o tempo permitido sobe para duas horas por dia. Após os 10 anos, a recomendação é de até três horas diárias. 

Impactos negativos do excesso digital: segundo a psicóloga Monica Machado, uma rotina digital que extrapola estes limites pode comprometer todo o desenvolvimento das crianças.

“As telas acabam ocupando o tempo das atividades que promovem o desenvolvimento do cérebro, do corpo, da psicomotricidade, das habilidades sociais, da estrutura psicológica e cognitiva. Isso pode impedir ou retardar a evolução natural e saudável das crianças, além de gerar risco de obesidade, alterações do sono, comportamentos agressivos e ansiosos, entre outras condições”.

Para Danielle Admoni, psiquiatra, a estimulação gerada pelas telas ativa o sistema límbico no cérebro, região que envolve as emoções e o mecanismo de ganho e recompensa.

“Este efeito acaba sendo registrado pelo cérebro da criança, que associa as telas ao estímulo positivo, a um meio de combater o tédio e proporcionar bem-estar. Ao desligar o aparelho, a criança olha ao redor e não encontra nada compatível à torrente sensorial que as telas oferecem”, explica a especialista.

“Para piorar, muitos pais incentivam o uso das telas para evitar que os filhos fiquem entediados e, consequentemente, agitados, como se o celular ou o tablet fossem os únicos meios de estímulos à criança”, completa Monica.

Como estimular a criança fora das telas: a correria e impaciência do dia a dia levam muitos pais a esquecerem que há várias outras maneiras de estimular a criança, e de forma mais saudável, tanto para a mente como para o corpo.

·        9 dicas para incentivar seu filho a se desligar das telas 

# Deixe a criança entediada“Permita que ela mesma busque a estimulação que seu cérebro precisa. Se notar dificuldade, invente uma atividade com ela. Aos poucos, vá deixando que ela brinque sozinha, evitando criar uma dependência da sua presença”, diz Danielle.

# Motive brincadeiras que não envolvam eletrônicos: segundo a psicóloga, vale presentear a criança com um brinquedo novo. “Se ela quiser escolher, incentive jogos de construção, massinha de modelar, pinturas, quebra-cabeça com o tema do seu personagem favorito ou até brinquedos artesanais”.

# Invista mais nos passeios: saia de casa mais vezes com seu filho. Leve-o ao parquinho do condomínio, onde ele poderá se exercitar e brincar com outras crianças, o que é fundamental para sua socialização. Promova também passeios ao zoológico, peças teatrais infantis ou piqueniques em parques.

# Proponha desafios, como reorganizar os brinquedos: “Peça para seu filho escolher algo que não lhe interesse mais e sugira doar para alguma instituição de crianças. Só vale se seu filho participar deste ato. Será uma excelente oportunidade de ensiná-lo a exercer a solidariedade”, aconselha Monica.

# Aposte nos livros: “A leitura, que auxilia no desenvolvimento cognitivo, socioemocional e cultural, deve ser introduzida junto com os demais brinquedos como mais um objeto de prazer e de exploração do mundo”, pontua Danielle.

# Participe da leitura: segundo a psiquiatra, caso seu filho não demonstre entusiasmo pelos livros, leia com ele. “Além de ser uma oportunidade de estarem juntos, você pode ajudar a criança a desenvolver linguagem, compreensão, imaginação, criatividade, entre outras habilidades que os livros podem proporcionar”.

# Demonstre interesse pelos trabalhos da escola“Pergunte o que a criança está fazendo, como está fazendo e se disponha a ajudá-la no que for preciso. Além disso, elogie suas evoluções”, afirma Monica.

# Crie um ‘cronograma digital’: elaborem juntos um cronograma semanal com as atividades livres e obrigatórias, incluindo o tempo dedicado às telas. “É uma forma divertida e leve de lembrar ao seu filho quando e como ele deve usar as telas, além de ensiná-lo desde cedo a ter disciplina e organização com suas tarefas e responsabilidades”, diz a psicóloga.

# Use o bom senso: a prática das dicas deve ser conduzida de acordo com a idade e maturidade do seu filho. Se ele ainda não souber ler, por exemplo, aposte em livros ilustrativos, interativos ou de colorir.

“Vale lembrar que é possível que algumas crianças não respondem bem às regras sobre o uso das telas. Daí a importância de ter paciência e firmeza, não deixando se levar por manhas ou chantagens. Na realidade, será a intensidade e frequência de protesto por parte da criança que mostrará o quanto essa intervenção é necessária. O mais importante é que este processo seja natural e que a criança perceba que as mudanças propostas são positivas. Se for preciso, não hesite em buscar ajuda de um especialista”, finaliza Danielle.

 

Fonte: IstoÉ BemEstar       

 

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