segunda-feira, 15 de abril de 2024

Pesquisa global mostra que desilusão torna jovens dos EUA mais conservadores

Uma grande pesquisa global divulgada na sexta-feira mostrou um aumento no desespero e na desilusão com a política, especialmente entre os jovens norte-americanos, o único grupo populacional dos Estados Unidos que se tornou mais conservador na última década.

O estudo da agência internacional de pesquisa Glocalities, compartilhado com a Reuters, ofereceu um contexto para a eleição presidencial de novembro nos EUA e uma série de votações em todo o mundo, incluindo a eleição parlamentar da União Europeia em junho.

A pesquisa fez perguntas para determinar a posição dos entrevistados em uma escala de otimismo entre "esperança" e "desespero", e em outra entre "controle" e "liberdade" - em outras palavras, conservadorismo e liberalismo.

Em média, o mundo se tornou mais liberal entre 2014 e 2023, mesmo que tenha se tornado mais pessimista, de acordo com mais de 300.000 pesquisas em 20 países, representando quase 60% da população global.

Os jovens de todo o mundo se sentem especialmente decepcionados com a sociedade, disse Martijn Lampert, chefe de pesquisa da Glocalities, acrescentando que "o aumento do desespero entre os jovens adultos nos EUA supera em muito o aumento do desespero entre os jovens adultos nos países da UE".

O mais surpreendente é que os jovens norte-americanos foram o único grupo populacional nos Estados Unidos ou sete Estados membros da UE que realmente se tornou mais conservador desde 2014 - ou, nos termos da pesquisa, que favorece mais controle em vez de liberdade.

No total, 14.526 norte-americanos foram entrevistados entre 2014 e 2023, incluindo 2.242 homens com idade entre 18 e 34 anos.

Em todo o mundo, "sentimentos de desesperança, desilusão social e revolta contra os valores cosmopolitas explicam em parte a ascensão de partidos radicais de direita contra o establishment", disse Lampert, citando eleições em vários países europeus.

Os algoritmos das mídias sociais estavam ampliando a tendência ao atrair "jovens moderadamente conservadores para modelos e visões de mundo masculinos conservadores mais extremos e radicais".

O relatório também destacou uma grande diferença entre os homens jovens e as mulheres jovens do mundo.

Ambos estavam preocupados com perspectivas de carreira, segurança financeira e educação, mas enquanto os homens de 18 a 24 anos ultrapassaram os homens de 55 a 70 anos como o grupo mais socialmente conservador, as mulheres de 18 a 24 anos se tornaram mais liberais e antipatriarcais.

Em uma escala em que 1 representa o mais conservador e 5 o mais liberal, as mulheres de 18 a 24 anos em todo o mundo passaram de 3,55 em 2014 para 3,78 em 2023 - ambos valores mais altos para qualquer faixa etária.

Os homens da mesma idade passaram de 3,29 para 3,36. E nos EUA, os homens de 18 a 34 anos se tornaram menos liberais, caindo de 3,48 para 3,46.

"Globalmente, as mulheres jovens são provavelmente o grupo mais liberal da história da humanidade", afirma o relatório.

As pesquisas foram realizadas em Austrália, Bélgica, Brasil, Canadá, China, França, Alemanha, Índia, Itália, Japão, México, Holanda, Polônia, Rússia, África do Sul, Coreia do Sul, Espanha, Turquia, Reino Unido e EUA.

 

Ø  Kamala ataca Trump: 'Quer levar EUA de volta a 1800' no tema do aborto

 

A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, endureceu seu discurso em relação a Donald Trump e sustentou que, se o republicano retornar à Casa Branca para um novo mandato, promoverá retrocessos em matéria de direitos reprodutivos.

"Quer levar os Estados Unidos a 1800", disse Harris em um comício em Tucson (Arizona), parte de sua campanha junto com o mandatário democrata Joe Biden para as eleições presidenciais de novembro.

Harris chegou a Tucson nesta sexta-feira (12) para sacudir a campanha eleitoral a três dias de a Suprema Corte estadual restabelecer uma lei de 1864 que penaliza o acesso ao aborto.

O tema se tornou o foco da campanha no Arizona, um dos estados que, por serem variáveis em intenção política, promete ser palco de uma guerra entre os dois partidos.

"Apenas esta semana, aqui no Arizona retrocederam o relógio para 1800 para tirar de cada mulher um dos direitos mais fundamentais: o direito de decidir sobre seu próprio corpo", comentou.

"Assim parece um segundo mandato de Trump: mais proibições, mais sofrimento e menos liberdade", disse Harris.

A lei de 1864 restabelecida no Arizona proíbe o aborto quase completamente, permitindo o procedimento apenas quando é necessário para salvar a vida da mãe, e estabelece penas de prisão de dois a cinco anos para quem o praticar.

O veredicto derruba a legalização vigente que permitia a interrupção da gravidez no estado até as 15 semanas de gestação.

"Esta decisão da Suprema Corte do estado do Arizona agora significa que as mulheres aqui vivem sob uma das proibições ao aborto mais extremas de nossa nação", criticou Harris.

"Sem exceções para estupro ou incesto. Penas de prisão para médicos e enfermeiras. O aborto criminalizado antes mesmo de as mulheres saberem que estão grávidas", acrescentou.

- 'Não se esqueçam' -

Na segunda-feira, Trump se gabou em um vídeo de ter modificado a correlação de forças na Suprema Corte dos Estados Unidos, que, em 2022, reverteu o acesso ao aborto a nível federal, assentando as bases para que os estados legislassem sobre o tema.

Contudo, com a maioria dos americanos a favor do direito, e depois que alguns de seus candidatos contrários ao aborto perderam as eleições de meio de mandato ("midterms") em 2022, o republicano tem tratado do assunto com cuidado.

Nesta sexta-feira, embora tenha mostrado mais uma vez o seu peso no máximo tribunal do país, instou o Arizona a mudar a lei de 1864, que inclusive precede a consagração do estado.

"O governador e o legislativo do Arizona devem usar O CORAÇÃO, O SENSO COMUM, E AGIR DE IMEDIATO, para remediar o que ocorreu", escreveu em seu site.

"Lembrem-se, agora depende dos estados e da Boa Vontade daqueles que representam o POVO. Idealmente, devemos ter as três Exceções por Estupro, Incesto e Vida da Mãe", prosseguiu.

Trump evita se manifestar sobre o prazo de tempo que considera aceitável para o procedimento, preso entre sua base mais religiosa e aquela que não se opõe ao direito.

A decisão no Arizona sacudiu a cena política deste estado-chave.

Em 2020, Biden venceu por cerca de apenas 10.000 votos a Trump no Arizona, o que deu pé a teorias conspiratórias em um lugar onde ambas as forças disputam eleitores.

Os democratas não perderam tempo para tentar capitalizar o descontentamento após a decisão da Suprema Corte, criticado inclusive por seguidores de Trump nas redes sociais.

"Durante sua campanha em 2016, Donald Trump disse que as mulheres deveriam ser punidas por buscarem um aborto. Não se esqueçam disso", frisou Harris.

¨      Trump oferece apoio ao ameaçado presidente da Câmara dos Representantes

O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump lançou nesta sexta-feira (12) um salva-vidas ao presidente da Câmara dos Representantes, Mike Johnson, ao dizer que o líder republicano do Congresso está fazendo "um trabalho muito bom".

Trump defendeu Johnson diante da iniciativa da incendiária congressista republicana Marjorie Taylor Greene, a quem Trump chamou de amiga, de pedir uma votação para sua destituição.

"Não é uma situação fácil para nenhum presidente da Câmara", disse Trump, com Johnson ao seu lado na propriedade de Mar-a-Lago do ex-presidente.

Johnson viajou nesta sexta-feira para a Flórida (sul) para se encontrar com Trump em uma mostra recente da liderança informal, mas indiscutível, do candidato presidencial sobre a extrema direita no partido republicano.

Após o encontro, ambos expressaram sua preocupação com uma possível fraude nas eleições presidenciais de novembro, ecoando as alegações infundadas de Trump sobre sua derrota em 2020.

Também discutiram a ajuda à Ucrânia, uma questão que tem causado divisões no partido republicano.

Trump recuperou seu impulso político na direita enquanto busca um surpreendente retorno à Casa Branca nas eleições de novembro, e exerce um controle rígido no Congresso.

Para Johnson, a viagem de Washington para ver Trump ocorre enquanto ele tenta se salvar de uma rebelião na extrema direita de seu partido, que ameaça expulsá-lo do cargo.

Johnson, leal a Trump há muito tempo, está em uma situação difícil ao tentar equilibrar as demandas dos moderados de seu partido e dos democratas para aprovar projetos de lei, incluindo a ajuda à Ucrânia.

O resultado até agora tem sido em grande parte a paralisia na Câmara dos Representantes.

¨      'Fraqueza': não aconteceria se estivéssemos no poder, diz Trump sobre ataque iraniano a Israel

O ex-presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou que o ataque maciço do Irã contra Israel é o resultado da fraqueza dos Estados Unidos sob a administração Biden.

"Eles [Israel] estão sendo atacados neste momento. Isso porque demonstramos grande fraqueza", disse o republicano num evento de campanha na Pensilvânia neste sábado (13).

"A fraqueza que demonstramos é incrível; não teria acontecido se estivéssemos no poder”, continuou Trump.

¨      Netanyahu está 'perturbado' e apoio dos EUA é uma 'loucura', diz ex-funcionário do FMI

Hossein Askari diz à Sputnik temer que o primeiro-ministro israelense faça algo para trazer os Estados Unidos diretamente para o conflito, escalando a tensão no Oriente Médio.

O apoio incondicional dos Estados Unidos a Israel encoraja o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, a assumir riscos elevados que podem agravar a crescente agitação no Oriente Médio.

É o que afirmou à Sputnik Hossein Askari, ex-membro do Conselho Executivo do Fundo Monetário Internacional (FMI) e conselheiro especial do ministro das Finanças da Arábia Saudita neste sábado (13).

Hoje, o Irã lançou dezenas de drones e mísseis contra Israel, em retaliação ao ataque contra o consulado iraniano na Síria, que matou sete membros da elite do Corpo de Guardiões da Revolução Islâmica (IRGC, na sigla em inglês) na semana passada.

"Posso assegurar que o Irã não quer uma guerra com Israel ou com os Estados Unidos. Mas o Irã teve de retaliar. Os EUA sabiam disso, tal como Israel. Mas tudo depende de [Benjamin] Netanyahu porque, infelizmente, [Joe] Biden deu a Netanyahu carta branca para fazer o que quisesse e os EUA correrão em defesa de Israel. Assim, dado o histórico de Netanyahu, sim, acredito que as coisas vão piorar", disse Askari.

Askari disse ainda temer que Netanyahu faça algo para trazer os Estados Unidos diretamente para o conflito.

"Netanyahu está perturbado e é uma loucura que os Estados Unidos continuem a apoiar Israel incondicionalmente", acrescentou Askari.

Anteriormente, um oficial de defesa dos EUA disse à Sputnik que as forças dos EUA estão abatendo drones iranianos que seguem em direção a Israel e que estão prontas para fornecer apoio defensivo adicional.

 

Fonte: Reuters/AFP

 

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