terça-feira, 16 de abril de 2024

Não compactuei com o negacionismo, diz Adriana Araújo sobre saída turbulenta da Record

Há pouco mais de três anos, a carreira de Adriana Araújo 51, passou por uma mudança drástica. A jornalista tinha 15 anos de carreira na Record quando, em março de 2021, foi demitida após um processo de "fritura" no meio da pandemia.

Adriana afirma não ter dúvidas sobre o motivo de o canal evangélico ter decidido mandá-la embora. "Para mim, não era possível compactuar com nenhum tipo de negacionismo. Expus internamente as minhas críticas, e isso gerou um processo de afastamento do Jornal da Record e, depois, a demissão."

Ela não se arrepende de nada, pelo contrário. "Tenho convicção do meu compromisso com a notícia. O que estava em jogo ali era a vida das pessoas", diz a hoje funcionária da Band, emissora que a contratou ainda em 2021, poucos meses depois de sua saída turbulenta da Record.

De lá para cá, ela já comandou na emissora o programa Boa Tarde São Paulo, que teve vida curta, e estreou na bancada do maior jornal da casa, o Jornal da Band. A nova fase também possibilitou que ela realizasse um desejo antigo: o rádio. "Sempre adorei, mas pensava que ninguém ia me chamar porque faço TV há 26 anos."

O Entre Nós é uma atração da BandNews FM que está no ar há dois anos e, a partir da próxima segunda-feira (15), poderá ser visto também no canal pago BandNews. Adriana rejeita qualquer comparação com o programa Estúdio i, comandado por Andréia Sadi na GloboNews, concorrente de horário.

Para a apresentadora, sua atração é nova, inédita e requer mais dinamismo, mas não nega que é preciso ficar de olho no que a concorrência faz. Seus companheiros de quadro são Juliana Rosa, Thaís Dias e Renan Sukevicius.

"O horário [das 14h às 16h] foi encaixado conforme a minha agenda, não posso fazer mais tarde porque tenho que me preparar para o Jornal da Band. [No programa] Não posso ficar por 40 minutos debatendo um assunto só porque tenho que atender o público da rádio e, agora, o da televisão também."

Depois de quase três décadas de carreira no jornalismo, Adriana já se pegou pensando em entrar para o admirável (e, muitas vezes, mais rentável) mundo do entretenimento. Mas... Será? "Já fiz essa pergunta para mim mesma algumas vezes e a resposta é: Sim, tenho interesse. Mas talvez sinta uma dor, do tipo 'será que é isso que quero mesmo?' Meu coração bate forte pela notícia", afirma.

 

       Ala angolana da IURD denuncia detenção "ilegal" de mais de 40 pastores

 

Em comunicado, a ala "reformista" da IURD liderada pelo bispo Valente Bizerra Luís referiu que se registou, no domingo (14.04), um confronto entre as duas alas, o que obrigou a intervenção da polícia, tendo sido detidos mais de 40 pastores e obreiros.

"Até ao momento não existe nenhum auto de notícia com a identificação dos sujeitos [detidos], do crime, tão pouco da sua localização, optando pelo silêncio e, recusam-se a dizer onde estão, preferindo dizer apenas: ão podemos falar nada por ordens superiores", lê-se na nota.

Para esta ala da IURD Angola, a forma como aconteceram as detenções viola o direito de informação, previsto na Constituição angolana, e traduz-se em "abuso de autoridade, que torna os detidos reféns com a intenção de coagir uma coletividade a uma ação ou omissão".

A laicidade "precisa de ser material e não formal", salienta-se ainda na nota, contestando o que denominam tratar-se de "atrocidades e sucessivas violações dos direitos humanos e ilegalidades praticadas por agentes da polícia nacional".

Imagens que circulam nas redes sociais confirmam o confronto entre fiéis no domingo, dia em que alguns templos da IURD foram reabertos, entre eles da catedral do Alvalade, cuja missa foi dirigida pelo bispo Alberto Segunda, líder da ala brasileira.

•        Conflito remonta a 2019

Em novembro de 2019, dissidentes da IURD em Angola acusaram a direção brasileira de crimes financeiros, racismo, discriminação e abuso de autoridade, entre outros, e constituíram uma ala reformista, reconhecida pelo Governo angolano como legítima representante do movimento religioso brasileiro.

Na sequência, foram constituídos arguidos quatro membros da liderança da IURD, absolvidos em março de 2022, da maioria das acusações, exceto o ex-responsável Honorilton Gonçalves, condenado a três anos de prisão, com pena suspensa, pelo crime de violência física e psicológica.

O conflito deu origem a duas alas - a de origem brasileira, liderada agora pelo angolano Alberto Segunda, e a ala dissidente, angolana, dirigida por Bizerra Luís - que reclamam ser as legítimas representantes da Igreja fundada por Edir Macedo.

O Governo angolano reconheceu a nova denominação da IURD Angola, Igreja do Reino de Deus em Angola (IRDA), determinando também a transferência de todo o património para a IRDA.

As alterações saídas da reunião extraordinária do conselho de direção da IURD Angolana, realizada em 08 de fevereiro, foram confirmadas no decreto executivo n.º74/24 de 14 de março do Ministério da Cultura e Turismo angolano.

Ainda em março, algumas dezenas de fiéis e pastores da IURD Angola protestaram em Luanda contra o despacho governamental que atribui nova denominação à instituição religiosa, considerando que a decisão foi "viciada", em favor da ala brasileira.

 

Ø  “Templos religiosos são o melhor lugar para se lavar dinheiro no Brasil”

 

Procurado na época para comentar as acusações de que o então presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) teria utilizado a Assembleia de Deus para lavar dinheiro de propina, o ex-diácono André Constantine, afirmou: "O que eu vou falar todo mundo sabe nenhum templo religioso contribui com imposto no Brasil, e este é o ponto de partida para toda a picaretagem. Viabiliza que ali se lave dinheiro do narcotráfico, de bicheiro, de político e das milícias".

RELEMBRE A REPORTAGEM:

•        Segundo ex-pastor, isenção de impostos estimula a lavagem de dinheiro nos templos religiosos

Para comentar as suspeitas, o Favela 247 procurou o ex-diácono da Igreja Universal do Reino de Deus André Constantine, 38, presidente da associação de moradores do morro da Babilônia e criador do movimento Favela Não Se Cala. Constantine não demonstrou surpresa com as acusações de lavagem de dinheiro dentro de uma igreja: "O que eu vou falar todo mundo sabe, qualquer pessoa que frequente esses templos ou tem algum cargo, tem a ciência de que esses templos são isentos de impostos. Nenhum templo religioso contribui com imposto pro Estado brasileiro", afirma.

"E este é o ponto de partida para toda a picaretagem: como eles são isentos de impostos, viabiliza que ali se lave dinheiro do narcotráfico, de bicheiro, de político e de milícias. Esses templos religiosos são o melhor lugar para se lavar dinheiro no Brasil" , diz Constantine, que afirma existir muita gente honesta, tanto que frequenta como que tenha cargos eclesiásticos nas igrejas, mas, segundo ele: "A alta cúpula sabe até os ossos, estão enterrados até o pescoço nisso".

Além da corrupção e da lavagem de dinheiro, outra característica dessas igrejas e de seus líderes que incomoda Constantine são as aspirações políticas: "O que mais me preocupa, principalmente no segmento religioso protestante, é a intenção que existe nele de obter poder de Estado. Eles elegeram diversos vereadores, deputados estaduais e federais. O Marcelo Crivella (PRB) quase virou governador do Rio. A bancada evangélica é a mais conservadora, vê as alianças que eles fazem: ruralistas, bancada da bala... Na Marcha para Jesus estava o Bolsonaro. Aquilo ali virou carnaval e palanque político. Cada eleição que passa essa bancada cresce mais. Eles alavancam o fascismo e o conservadorismo através do discurso da 'família brasileira', mas por trás dele há um discurso machista, homofóbico e racista", acredita André.

"A mente da maioria (dos fiéis) está tão cauterizada que, infelizmente, não conseguem enxergar as coisas de forma mais abrangente. Eles fazem um trabalho muito forte de condicionamento mental nessas igrejas"

Questionado sobre se essas denúncias contra Eduardo Cunha ou outras lideranças religiosas evangélicas suspeitas de corrupção abalam a fé dos fiéis, Contantine responde: "Isso não diz nada ao ouvido dos fieis. A mente da maioria deles está tão cauterizada que, infelizmente, não conseguem enxergar as coisas de forma mais abrangente. Eles fazem um trabalho muito forte de condicionamento mental nessas igrejas", defende.

"Na favela, hoje, quando o morador vivencia um problema existencial, financeiro ou de saúde, existem duas portas sempre abertas para o acolher: a da droga e do crime, e a de um igreja" , afirma o ex-diácono, antes de iniciar uma crítica à interpretação das escrituras nas igrejas neopentecostais: "Eles se utilizam de artifícios bíblicos. Para eles a Bíblia é a inerrante palavra de Deus. O Malafaia que usa muito isso. Eles confiam cegamente nesse livro, e é um livro muito fácil para você criar diversas interpretações. Eles sempre pegam alguma coisa fora do contexto para fazer a base ideologia deles verdadeira".

"Tudo isso está no Malaquias 3:10, o livro mais utilizado por esse cães gulosos, por esses vagabundos, para justificar a cobrança de dízimo. Cães gulosos é como o próprio profeta chama os falsos pastores, veja em Isaías".

Constantine afirma que foi a leitura da Bíblia que o fez escolher a apostasia, aos 23 anos: "Eu percebi que estava tudo errado lendo a própria Bíblia, principalmente na questão do dízimo. Na Bíblia ele era recolhido em forma de alimento, e apenas poderia ser recolhido pela tribo de Levi, e só poderia ser destinado às viúvas, aos órfãos e aos estrangeiros. O dízimo era uma parte da colheita separada pra fazer essa distribuição. Aí que eu comecei a contestar. Hoje eles alegam que precisam pegar um dinheiro para a manutenção da obra de Deus. E isso é uma grande deturpação da obra de Deus. Não tem nada de espiritual nisso. Há também as questões naturais, como quando eles falam que pagar dízimo vai repreender o gafanhoto. Eles demonizaram os gafanhotos. Dizem que se você não entregar o dízimo na Igreja, os gafanhotos mexem nas suas finanças. Eles espiritualizam coisas que são do campo natural. Qualquer pessoas racional que leia aquele texto verá o que estou falando. Tudo isso está no Malaquias 3:10, o livro mais utilizado por esse cães gulosos, por esses vagabundos, pata justificar a cobrança de dízimo. Cães gulosos é como o próprio profeta chama os falsos pastores, veja em Isaías", sugere.

Questionado sobre se pastores e políticos evangélicos metidos em corrupção têm fé, Constantine é taxativo: "Pra mim esses caras são os verdadeiros ateus. É tudo empresa cara, a estrutura toda funciona como empresa. E na lógica do capital a empresa foca o lucro, assim como essas instituições religiosas. A nossa sorte é que eles ainda são muito fracionados, há interesses pessoais muito grandes envolvidos. Se não estivessem tão fracionados a possibilidade de eleger um presidente evangélico seria muito maior. Olhe o Malafaia: ladrão pilantra e safado. Apoiou o Cunha, e agora sai por aí dizendo que não tem, nem nunca teve, nada com o Cunha. Esse Malafaia é um dos maiores safados e pilantras do Brasil", acusa o ex-diácono.

 

Fonte: FolhaPress/Deutsche Welle/Favela 247

 

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