quinta-feira, 25 de abril de 2024

Municípios do Oeste da BA estão entre os 10 que mais desmataram o Cerrado, entre janeiro/2023 e fevereiro/2024

De acordo com o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), que elabora o relatório SAD Cerrado, municípios do Oeste da Bahia estão entre os dez que lideram a destruição do Cerrado. Dentre eles estão os municípios de:

1. São Desidério, com 37,4 mil hectares;

4. Cocos, com 25 mil hectares;

6. Correntina, com 19,2 mil hectares;

7. Jaborandi, com 18,4 mil hectares;

10. Formosa do Rio Preto, com 14,5 mil hectares.

Só essa região concentra um total de 114,5 mil hectares de desmatamentos, tornando o centro do desmatamento, provocado pelo avanço das fazendas do agronegócio. Acontece que o avanço da destruição no Cerrado aponta problemas graves para toda a sociedade, pois os desmatamentos ocorrem nas poucas áreas que ainda restam de recarga do Aquífero Urucuia e onde ficam localizadas nascentes responsáveis por contribuir com grande parte da vazão dos rios do Oeste da Bahia, até o Rio São Francisco.

Acontece que a região não lidera apenas desmatamentos, vêm se tornando centro de conflitos agrários, perseguição e violência contra povos e comunidades tradicionais e agricultores familiares, que clamam ao Governo do Estado pela agilidade nas ações discriminatórias de seus territórios.

No município de Correntina, o Estado da Bahia, através do Inema, autorizou a Supressão de Vegetação Nativa – ASV, de 2.226,9138 hectares, dentro da área do Território Tradicional de Fecho de Pasto Vereda da Felicidade, este já reconhecido como Área de Fecho de Pasto pela Secretaria de Promoção da Igualdade Racial – SEPROMI, que emitiu certificado de reconhecimento de comunidade tradicional e pelo órgão gestor das terras públicas na Bahia a SDA – Superintendência de Desenvolvimento Agrário, que inclusive já havia deflagrado Ação Discriminatória Rural para mesma área. O que não se sabe é se a SDA foi consultada pelo INEMA, antes de autorizar a supressão da vegetação nativa, em Áreas de Preservação Permanente (APP), com veredas e nascentes, que abastecem inclusive o Rio Correntina.

O que deixa transparecer é que o Estado da Bahia não possui o controle da situação, enquanto isso as comunidades tradicionais buscam órgãos competentes fora da Bahia, na tentativa de frear os ataques e garantir que o Cerrado continue de pé, produzindo água e sociobiodiversidade para todos.

¨      Conflitos no campo seguem em alta no Brasil, alerta Pastoral da Terra

Pouca coisa mudou no cenário de violência no campo no 1º  ano do 3º mandato do presidente Lula. No ano passado, foram registrados 2.203 conflitos, quase 10% mais que em 2022, e o maior número de registros desde o início dos levantamentos feitos pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), em 1985. Os conflitos em 2023 superaram os 2.130 contabilizados em 2020, até então o ano com mais conflitos registrados.

Há, porém, um pequeno alento na 38ª edição da publicação Conflitos no Campo Brasil, elaborada anualmente pela CPT, destaca o Projeto Colabora. Houve queda no número de violência contra pessoas – incluindo uma diminuição significativa, de quase 34%, no número de assassinatos: foram 31 homicídios em 2023, 16 a menos do que os 47 registrados no campo em 2022.

Em relação aos conflitos, o saldo foi puxado pelas disputas por terra, que aumentaram pelo segundo ano consecutivo e chegaram a 1.724 no ano passado. Em 1.588 deles houve violência, tendo entre os principais causadores fazendeiros (31,2%), seguidos por empresários (19,7%), governo federal (11,2%), grileiros (9%) e governos estaduais (8,3%), detalha a Folha.

A ocorrência mais registrada são as invasões (359), seguida por pistolagem (264) e destruição de pertences (101). A região Norte concentra o maior número de conflitos: foram 810 casos. O relatório chama atenção para a região da AMACRO, que abrange 32 municípios de Acre, Amazonas e Rondônia e se tornou um epicentro da grilagem. Entre os estados, lideram Bahia (249), Pará (227), Maranhão (206), Rondônia (186) e Goiás (167).

Segundo a CPT, nos conflitos por terra, os indígenas são a categoria que mais sofre violências: 29,6%. A falta de demarcação de terras e as invasões são uma realidade constante enfrentada por essa população, o que contribui para as mortes violentas, reforça o Nexo.

A coordenadora nacional da CPT, Andréia Silvério, afirma que desde 2016 houve um aumento nos conflitos no campo, mas que se intensificou durante os quatro anos do governo Bolsonaro, informa a Repórter Brasil. Ela ressalta que as ideias de extrema direita promovidas pelo ex-presidente ainda estão presentes em diversas esferas de poder, como em governos estaduais, prefeituras, assembleias e nas câmaras municipais, contribuindo para a escalada da violência no campo. “Bolsonaro fomentou um ódio que já existia, que é o ódio do latifúndio contra os trabalhadores sem-terra, indígenas e quilombolas”, destacou.

 

¨      Pampa é o bioma brasileiro menos protegido por unidades de conservação

 

Além de ser o menor bioma brasileiro o Pampa, presente apenas em parte do Rio Grande do Sul, também é o bioma menos protegido pelas unidades de conservação presentes em todo o país. O dado foi apresentado no seminário técnico-científico promovido pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima para debater a elaboração de um plano de prevenção e controle do desmatamento do bioma.

O secretário-executivo do ministério, João Paulo Capobianco, disse que atualmente a região tem apenas 49 unidades de conservação, que alcançam somente 3,03% de sua extensão de cerca de 17,6 milhões de hectares.

Durante o encontro, Capobianco lembrou que o Brasil é signatário das metas de Aichi, estabelecidas na 10ª Conferência das Partes das Nações Unidas (COP10), em 2010, no Japão, que previa a proteção de 17% da área continental e 10% do território marinho por meio da criação de zonas de proteção integral.

O prazo para o cumprimento das metas era 2020, mas não foi cumprido em relação ao bioma Pampa. O compromisso internacional foi renovado pelo governo brasileiro durante a 15ª Conferência das Partes das Nações Unidas (COP15), em Montreal, no Canadá, quando o Marco Global para a Biodiversidade de Kunming-Montreal ampliou as metas para 30% de proteção integral tanto dos biomas terrestres quanto da zona marítima, até 2030.

Capobianco lembrou que faltando pouco para o cumprimento do novo prazo, apenas 122 mil hectares do Pampa correspondem às áreas de proteção integral e 416 mil hectares estão em áreas de conservação, mas são de uso sustentável.

“Temos que todos buscar vencer esses desafios. O governo federal possui seis unidades de conservação no bioma Pampa, se forem criadas, aumentaremos em 2,5% a proteção do bioma, com a inclusão de mais 486 mil hectares, chegaríamos, portanto, a 5,5%, muito longe ainda dos 30%”, alertou.

Para o secretário-executivo do ministério, além de alcançar as metas, o país precisa enfrentar o desafio da degradação e definir quais são as ações tanto no campo técnico-científico quanto nas políticas públicas, que podem promover a conservação e a restauração de áreas de altíssima importância biológica.

“O Pampa, assim como Pantanal, têm uma vocação para uma pecuária ecologicamente sustentável. Isso deve ser fortalecido, mas, evidentemente, temos que evitar a expansão e a substituição dos campos naturais por plantios agrícolas, que podem de fato comprometer o conjunto do bioma”, disse.

O seminário é o primeiro passo para a elaboração do plano de enfrentamento da supressão da vegetação nativa. Após os debates, uma proposta deverá ser submetida à consulta pública para que os planos de cada um dos biomas sejam lançados pelo governo federal.

Segundo Capobianco, essas políticas públicas passarão ainda por avaliações anuais para revisão e ajustes que as tornem cada vez mais eficientes. “O Pampa será parte de um esforço nacional de proteção do conjunto da espetacular, inigualável e incomparável sociobiodiversidade brasileira”, disse.

 

Fonte: CPT/ClimaInfo/Agencia Brasil

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