Alto nível
de açúcar no sangue pode elevar risco de depressão e ansiedade
Altos
níveis de açúcar e de triglicerídeos no sangue podem estar relacionados a
um risco maior de ansiedade, depressão e transtornos relacionados ao
estresse, segundo um novo estudo publicado no JAMA Network Open no
início deste mês.
Para
realizar o estudo,
os pesquisadores analisaram dados de mais de 211 mil participantes. Eles
descobriram que níveis mais elevados de açúcar e triglicerídeos, um tipo
de gordura, no sangue estava associado a um risco aumentado de transtornos
mentais 20 anos antes do diagnóstico psiquiátrico.
Por
outro lado, a pesquisa mostrou que quem tinha níveis elevados de “colesterol
bom” (HDL) no sangue apresenta menor risco de desenvolver doenças
psiquiátricas, como depressão e ansiedade.
·
Como o estudo foi feito?
Os
pesquisadores analisaram os dados de 211.200 participantes da
coorte Swedish Apolipoprotein-Related Mortality Risk (AMORIS),
que foram submetidos a exames de saúde ocupacional entre 1º de janeiro de 1985
e 31 de dezembro de 1996, principalmente na região de Estocolmo, na Suécia. A
análise atual foi feita entre 2022 e 2023.
Os
participantes não apresentavam nenhum transtorno mental no início do estudo e
tiveram pelo menos uma medição dos biomarcadores metabólicos dos quais os
autores do estudo atual estavam analisando. A idade média dos participantes na
primeira coleta de sangue era de 42 anos.
Os
pesquisadores analisaram os níveis de açúcar no sangue e uma série de
biomarcadores que medem componentes relacionados à gordura, incluindo colesterol
total, o colesterol “ruim” (LDL), o colesterol “bom” e triglicerídeos.
A
pesquisa acompanhou os participantes por uma média de 21 anos, observando o
desenvolvimento da ansiedade, depressão e transtornos
relacionados ao estresse, como transtorno de
estresse agudo e transtorno de estresse pós-traumático. A análise contou com
covariáveis como status socioeconômico, país de nascimento, idade e estado de
jejum no momento da medição do sangue, além de gênero.
Durante
o período de estudo, 16.256 participantes receberam o diagnóstico de
depressão, ansiedade ou transtorno relacionado ao estresse. A idade média
do diagnóstico foi de 60,5 anos. Cerca de 3 mil participantes foram
diagnosticados com depressão e ansiedade, ao mesmo tempo.
De
acordo com o estudo, níveis mais elevados de açúcar e triglicerídeos no sangue
estava associado a um risco maior para todos os três transtornos mentais,
enquanto os níveis elevados de colesterol “bom” estavam associados a uma
diminuição nesse risco.
Os
pesquisadores também descobriram que quem tinha ansiedade, depressão ou
transtornos relacionados ao estresse tinham níveis elevados de triglicerídeos,
colesterol total e açúcar no sangue durante os 20 anos anteriores ao
diagnóstico psiquiátrico.
Apesar
das descobertas, o estudo tem limitações, como ter sido realizado em uma
população específica, o que significa que os resultados podem não ser
generalizáveis para outras populações. Estudos futuros são necessários para
confirmar os achados desta pesquisa.
Ø Mulheres com depressão têm risco maior de desenvolver doenças
cardiovasculares
Um
novo estudo, publicado nesta terça-feira (12), sugere que mulheres que
possuem depressão apresentam um risco maior de sofrer com doenças
cardiovasculares em comparação com homens que também enfrentam o
transtorno depressivo. As descobertas foram publicadas no Journal of the American
College of Cardiology.
Trabalhos
anteriores já haviam mostrado uma relação entre depressão e um risco aumentado
de eventos cardiovasculares, como infarto do miocárdio, AVC (acidente vascular cerebral) e
mortalidade por doenças cardíacas.
O
novo estudo, então, buscou entender a ligação entre a saúde mental e a
cardiovascular, lançando luz sobre potenciais mecanismos que poderiam
contribuir para as diferenças baseadas no sexo biológico e a importância de
adaptar estratégicas de prevenção e tratamento de doenças cardiovasculares de
acordo com fatores específicos de gênero.
Para
isso, os pesquisadores analisaram dados de um banco chamado JMDC Claims
Database, que contém informações sobre internação, exames e outros dados
médicos de mais de 17 milhões de pessoas do Japão. Para o estudo atual, foram
utilizados dados de 2005 a 2022 de mais de 4 milhões de participantes que
atendiam aos critérios do estudo, em que cerca de 2,3 milhões eram homens.
Usando
protocolos padronizados, o estudo coletou dados como IMC (índice de massa corporal), pressão arterial e os
valores laboratoriais em jejum dos participantes. Também foram avaliadas
informações sobre casos de infarto, dor no peito, AVC, insuficiência cardíaca e
fibrilação atrial.
Os
pesquisadores, então, analisaram as diferenças nas características clínicas
entre participantes com e sem depressão. Os resultados sugerem que a taxa de
risco para doenças cardiovasculares em pessoas com depressão foi de 1,39
em homens e 1,64 em mulheres, em comparação com participantes sem
depressão.
O
estudo também indica que as taxas de risco para infarto, angina, AVC,
insuficiência cardíaca e fibrilação atrial foi mais alta nas mulheres com
depressão do que nos homens.
Para
os pesquisadores, uma possível explicação para os resultados do estudo é que as
mulheres podem apresentar sintomas de depressão mais
graves e persistentes em comparação com os homens. Além disso, elas podem ser
mais propensas a ter depressão durante períodos críticos de alterações
hormonais, como gravidez e menopausa.
Além
disso, os cientistas também acreditam que as mulheres deprimidas podem ficar
mais suscetíveis a fatores de risco tradicionais de doenças cardiovasculares,
como hipertensão, diabetes e obesidade. No
entanto, os pesquisadores acreditam que é importante uma discussão e mais
estudos para entender o motivo pelo qual a depressão afeta mais a saúde
cardíaca das mulheres do que a dos homens.
“Nosso
estudo descobriu que o impacto das diferenças sexuais na associação entre
depressão e resultados cardiovasculares foi consistente”, disse Hidehiro
Kaneko, professor assistente da Universidade de Tóquio, no Japão, e autor
correspondente do estudo, em comunicado.
“Os
profissionais de saúde devem reconhecer o importante papel da depressão no
desenvolvimento das doenças cardiovasculares e enfatizar a importância de uma
abordagem abrangente e centrada no paciente para a sua prevenção e gestão.
Avaliar o risco cardiovascular em pacientes deprimidos e tratar e prevenir a
depressão pode levar a uma diminuição dos casos de doenças cardíacas”,
completa.
Apesar
das descobertas, o estudo possui algumas limitações, como a incapacidade de
estabelecer casualidade direta entre depressão e eventos cardiovasculares e a
dificuldade de refletir com precisão a gravidade ou duração dos sintomas
depressivos.
Além
disso, alguns fatores externos podem influenciar na relação entre depressão e
doenças cardiovasculares, como nível socioeconômico e a pandemia de Covid-19,
que aconteceu durante o período analisado pelos pesquisadores.
Fonte:
CNN Brasil
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