segunda-feira, 15 de abril de 2024

Alto nível de açúcar no sangue pode elevar risco de depressão e ansiedade

Altos níveis de açúcar e de triglicerídeos no sangue podem estar relacionados a um risco maior de ansiedade, depressão e transtornos relacionados ao estresse, segundo um novo estudo publicado no JAMA Network Open no início deste mês.

Para realizar o estudo, os pesquisadores analisaram dados de mais de 211 mil participantes. Eles descobriram que níveis mais elevados de açúcar e triglicerídeos, um tipo de gordura, no sangue estava associado a um risco aumentado de transtornos mentais 20 anos antes do diagnóstico psiquiátrico.

Por outro lado, a pesquisa mostrou que quem tinha níveis elevados de “colesterol bom” (HDL) no sangue apresenta menor risco de desenvolver doenças psiquiátricas, como depressão e ansiedade.

·        Como o estudo foi feito?

Os pesquisadores analisaram os dados de 211.200 participantes da coorte Swedish Apolipoprotein-Related Mortality Risk (AMORIS), que foram submetidos a exames de saúde ocupacional entre 1º de janeiro de 1985 e 31 de dezembro de 1996, principalmente na região de Estocolmo, na Suécia. A análise atual foi feita entre 2022 e 2023.

Os participantes não apresentavam nenhum transtorno mental no início do estudo e tiveram pelo menos uma medição dos biomarcadores metabólicos dos quais os autores do estudo atual estavam analisando. A idade média dos participantes na primeira coleta de sangue era de 42 anos.

Os pesquisadores analisaram os níveis de açúcar no sangue e uma série de biomarcadores que medem componentes relacionados à gordura, incluindo colesterol total, o colesterol “ruim” (LDL), o colesterol “bom” e triglicerídeos.

A pesquisa acompanhou os participantes por uma média de 21 anos, observando o desenvolvimento da ansiedadedepressão e transtornos relacionados ao estresse, como transtorno de estresse agudo e transtorno de estresse pós-traumático. A análise contou com covariáveis como status socioeconômico, país de nascimento, idade e estado de jejum no momento da medição do sangue, além de gênero.

Durante o período de estudo, 16.256 participantes receberam o diagnóstico de depressão, ansiedade ou transtorno relacionado ao estresse. A idade média do diagnóstico foi de 60,5 anos. Cerca de 3 mil participantes foram diagnosticados com depressão e ansiedade, ao mesmo tempo.

De acordo com o estudo, níveis mais elevados de açúcar e triglicerídeos no sangue estava associado a um risco maior para todos os três transtornos mentais, enquanto os níveis elevados de colesterol “bom” estavam associados a uma diminuição nesse risco.

Os pesquisadores também descobriram que quem tinha ansiedade, depressão ou transtornos relacionados ao estresse tinham níveis elevados de triglicerídeos, colesterol total e açúcar no sangue durante os 20 anos anteriores ao diagnóstico psiquiátrico.

Apesar das descobertas, o estudo tem limitações, como ter sido realizado em uma população específica, o que significa que os resultados podem não ser generalizáveis para outras populações. Estudos futuros são necessários para confirmar os achados desta pesquisa.

 

Ø  Mulheres com depressão têm risco maior de desenvolver doenças cardiovasculares

 

Um novo estudo, publicado nesta terça-feira (12), sugere que mulheres que possuem depressão apresentam um risco maior de sofrer com doenças cardiovasculares em comparação com homens que também enfrentam o transtorno depressivo. As descobertas foram publicadas no Journal of the American College of Cardiology.

Trabalhos anteriores já haviam mostrado uma relação entre depressão e um risco aumentado de eventos cardiovasculares, como infarto do miocárdio, AVC (acidente vascular cerebral) e mortalidade por doenças cardíacas.

O novo estudo, então, buscou entender a ligação entre a saúde mental e a cardiovascular, lançando luz sobre potenciais mecanismos que poderiam contribuir para as diferenças baseadas no sexo biológico e a importância de adaptar estratégicas de prevenção e tratamento de doenças cardiovasculares de acordo com fatores específicos de gênero.

Para isso, os pesquisadores analisaram dados de um banco chamado JMDC Claims Database, que contém informações sobre internação, exames e outros dados médicos de mais de 17 milhões de pessoas do Japão. Para o estudo atual, foram utilizados dados de 2005 a 2022 de mais de 4 milhões de participantes que atendiam aos critérios do estudo, em que cerca de 2,3 milhões eram homens.

Usando protocolos padronizados, o estudo coletou dados como IMC (índice de massa corporal), pressão arterial e os valores laboratoriais em jejum dos participantes. Também foram avaliadas informações sobre casos de infarto, dor no peito, AVC, insuficiência cardíaca e fibrilação atrial.

Os pesquisadores, então, analisaram as diferenças nas características clínicas entre participantes com e sem depressão. Os resultados sugerem que a taxa de risco para doenças cardiovasculares em pessoas com depressão foi de 1,39 em homens e 1,64 em mulheres, em comparação com participantes sem depressão.

O estudo também indica que as taxas de risco para infarto, angina, AVC, insuficiência cardíaca e fibrilação atrial foi mais alta nas mulheres com depressão do que nos homens.

Para os pesquisadores, uma possível explicação para os resultados do estudo é que as mulheres podem apresentar sintomas de depressão mais graves e persistentes em comparação com os homens. Além disso, elas podem ser mais propensas a ter depressão durante períodos críticos de alterações hormonais, como gravidez e menopausa.

Além disso, os cientistas também acreditam que as mulheres deprimidas podem ficar mais suscetíveis a fatores de risco tradicionais de doenças cardiovasculares, como hipertensão, diabetes e obesidade. No entanto, os pesquisadores acreditam que é importante uma discussão e mais estudos para entender o motivo pelo qual a depressão afeta mais a saúde cardíaca das mulheres do que a dos homens.

“Nosso estudo descobriu que o impacto das diferenças sexuais na associação entre depressão e resultados cardiovasculares foi consistente”, disse Hidehiro Kaneko, professor assistente da Universidade de Tóquio, no Japão, e autor correspondente do estudo, em comunicado.

“Os profissionais de saúde devem reconhecer o importante papel da depressão no desenvolvimento das doenças cardiovasculares e enfatizar a importância de uma abordagem abrangente e centrada no paciente para a sua prevenção e gestão. Avaliar o risco cardiovascular em pacientes deprimidos e tratar e prevenir a depressão pode levar a uma diminuição dos casos de doenças cardíacas”, completa.

Apesar das descobertas, o estudo possui algumas limitações, como a incapacidade de estabelecer casualidade direta entre depressão e eventos cardiovasculares e a dificuldade de refletir com precisão a gravidade ou duração dos sintomas depressivos.

Além disso, alguns fatores externos podem influenciar na relação entre depressão e doenças cardiovasculares, como nível socioeconômico e a pandemia de Covid-19, que aconteceu durante o período analisado pelos pesquisadores.

 

Fonte: CNN Brasil

 

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