Alexandre
de Moraes vira alvo de lavajatistas, bolsonaristas e nazistas
O
ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes é hoje alvo de uma
campanha internacional de neo-heróis. Personagens que jamais se preocuparam com
direitos e garantias fundamentais agora são defensores de prerrogativas da
cidadania que nunca reconheceram para ninguém.
“Eles
andam com passos de curupira”, descreve o constitucionalista Lenio Streck.
“Atuam na ambiguidade. São heróis com efeito ex tunc: sempre foram ‘a favor da
democracia’, dizem. Mas o que tentam fazer é apagar a cumplicidade com o
passado.”
E
vai além: “Seu neo-heroísmo só tem efeitos pro futuro (ex nunc). Assim, não
erram nunca. Esquecem o adágio latino venire contra factum proprium. Criaram o
caos e agora surfam na onda do caos. Mas não nos enganam, pela simples razão de
que ninguém pode se beneficiar da própria torpeza. Que é exatamente a tradução
de venire contra factum proprium”.
Juntaram-se
em uma corrente só lavajatistas, bolsonaristas, nazistas e piratas de alto
coturno, em busca de redenção. Cobram do ministro complacência com criminosos
para quem clamam por direito de defesa e liberdade de expressão. Os defensores
da malsucedida tentativa de golpe em 8 de janeiro querem uma desforra.
Claro
que se pode detestar Alexandre de Moraes sem ser lavajatista, bolsonarista ou
nazista. Mas a verdade é que a unanimidade dessas tribos quer ver o ministro em
outro planeta. Não por razões jurídicas, sociológicas ou lógicas. É por
política mesmo.
• Os novos ‘constitucionalistas’
A
camuflagem consiste em fazer de conta que supostos abusos são praticados por
quem os coíbe — não pelos violadores. O truque é conhecido: defender o mal em
nome do bem. Jurisconsultos de araque — em geral sociólogos de ocasião,
editorialistas, ignorantes de luxo —, que jamais se insurgiram contra
transgressões a direitos, renascem em pele de cordeiro.
O
discurso da “liberdade de expressão” agora tomou o lugar do pretenso “combate à
corrupção”. Foi com essa “liberdade de expressão” que se colocou a população
contra o STF. Montou-se uma fábrica de notícias fraudulentas para difamar,
caluniar e injuriar os ministros. Essa tática ainda surte efeito. O que está em
questão é se com esse valor, que não é absoluto, pode-se coagir, chantagear e
emparedar o STF.
Alexandre
de Moraes candidatou-se a alvo do lavajatismo raiz quando impediu que
procuradores da República, acumpliciados com a ONG de fachada “Transparência
Internacional” e o “consultor” em negócios do tipo Joaquim Falcão criassem uma
megaempresa para administrar os dinheiros das multas de empresas e empresários
alvos da autoapelidada “operação”.
No
segundo tempo do jogo, o ministro deu outro passo. Ao tornar-se o comandante
das forças que bloquearam a tentativa do bolsonarismo de instalar uma ditadura
no país. Não por coincidência, os que hoje atacam Moraes histericamente são os
mesmos que se beneficiariam com o golpe de estado que não deu certo.
• Como tudo começou
Em
junho de 2013, quando não reinavam ainda Covid-19 nem dengue, um vírus se
espalhou pelo Brasil. Uma mistura de politização zarolha e voluntarismos
estrábicos gerou ilusões de ótica de que existia uma fórmula mágica para
consertar o país.
Abstraíram-se
os grandes problemas do país. Saneamento básico, ineficiências e
disfuncionalidades generalizadas; as graves deficiências no campo da saúde,
educação e segurança foram esquecidas. Criou-se a ilusão de que o “combate à
corrupção” (que de combate à corrupção nada tinha) resolveria tudo. É 2014. A
“lava jato” toma o poder que é entregue em bandeja de prata para o
bolsonarismo.
“Operação
lava jato”, um esquema oportunista manipulado por pessoas espertas, virou nome
de instituição, como Congresso Nacional ou Supremo Tribunal Federal. Com ares
de seita fundamentalista, ganhou fiéis em todos os estratos da população.
Poucos
observaram que o alicerce do “modelo” foi construído de fantasias. A evidência
da falsidade é que tudo deu em nada. Ainda se insiste na falsa explicação do
fracasso: a de que a tramoia foi desarmada por pessoas que defendem a
“corrupção”. Não foi isso.
• A missão: anular o STF
Para
blindar a trapaça, com vasto apoio popular, os embusteiros empreenderam uma
campanha para emparedar o Supremo Tribunal Federal. Óbvio: para garantir a
supremacia das decisões amalucadas dos paladinos da imoralidade nascida em
Curitiba, logo exportada para Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo.
As
famosas delações em que empresários e políticos “confessaram” crimes e
corrupção foram forjadas à base de extorsões. Dispensaram-se os necessários
elementos de corroboração — as provas que confirmariam a veracidade do que se
disse em denúncias e notícias.
Se
os jornais e emissoras resolvessem, num momento de honestidade, retificar as
notícias erradas divulgadas para desmoralizar os ministros do Supremo, levariam
algo como dez anos publicando “Erramos” como penitência.
Cada
um acredita no que quiser, claro. Saci Pererê, mula sem cabeça, que a terra é
plana ou que vacina faz mal. O lavajatismo industrializou-se. Falsos vilões e
falsos heróis dominaram a cena. Empresas foram destroçadas, carreiras,
destruídas.
• O mal em nome do bem
Enfeitou-se
a empreitada com as cores de revoluções gloriosas, como o abolicionismo, as
guerras por independência e outros grandes momentos da humanidade.
Na
mesma fogueira foram queimados vivos bons e maus políticos e empresários.
Justiceiros vigaristas, com ajuda de uma imprensa servil e pouco honesta,
lincharam pessoas não pelo que elas fizeram, mas pelo que elas eram.
Quando
o esquema foi desmascarado, os linchadores calaram por um tempo. Mas estão
voltando a se rearticular. Uns para tentar se redimir dos pecados, outros para
voltar ao poder e, entre outros, simplesmente por ignorância mesmo — mas todos
contra Alexandre de Moraes, na personificação do STF. Há algum desespero nesse
movimento.
O
que não mudou foi o ferramental dos falsos paladinos: o uso da mentira para
impor uma lógica que não existe. O melhor exemplo foi a pesquisa fraudada de
uma ONG de fachada, a “Transparência Internacional”. Algo tão estapafúrdio que
parece crível: constatou-se que o Brasil se tornou um país mais corrupto na
percepção de não se sabe quem.
A
“Transparência” divulgou que o país, na “percepção” de alguém — não se diz
quem, quantos, onde, nem como se apurou isso —, caiu dez posições no ranking e
agora está em 104º lugar na lista da desonestidade mundial. Sem o mínimo de
checagem ou questionamento, a imprensa chancelou a fraude.
• O ministro Clark Kent
Essa
mesma empresa, a “Transparência”, que não informa quem a financia, nem a que
interesses serve, tem sede em Berlim, na Alemanha — considerada por um dos
maiores penalistas do mundo, o alemão Thomas Rönnau, o paraíso da lavagem de
dinheiro. O mesmo país onde explodiu o grande escândalo da Siemens — duas
situações que a entidade suspeita ignorou solenemente.
O
argumento mágico do “combate à corrupção” mais uma vez foi usado pelos
idealistas de araque para se beneficiar de forma ilegítima, imoral e
argentária. A expropriação só não foi adiante graças a um personagem-chave na
desmontagem da organização criminosa: o ministro do Supremo Tribunal Federal
Alexandre de Moraes — que reagiu ao estado de exceção instalado com as armas da
Constituição.
Quando
assumiu sua cadeira no Supremo, ainda com a identidade de Clark Kent, não se
imaginava que Moraes fosse construir uma biografia tão sólida em tão pouco
tempo.
É
contra ele que se organiza a campanha que ora se testemunha. Se vão conseguir o
que querem, ainda não se sabe. Mas é certo que ceder agora aos lavajatistas,
bolsonaristas e nazistas que se travestem de paladinos da Justiça será um
retrocesso sem precedentes na história do país.
Após Musk, Folha, Estadão e
Magnoli, d'O Globo, atacam Moraes: o que quer o PIG?
Após
usar a vestimenta de democrática contra a pretensa Ditadura de Jair Bolsonaro
(PL), desmontada pelo governo Lula a partir de 8 de janeiro, o Partido da
Imprensa Golpista - o PIG - começa a rasgar a fantasia.
A
biruta da mídia liberal, que apostou as fichas na frente ampla mais do que em
Lula, começou a virar no início do mês, em defesa do mandato e da manutenção
dos direitos políticos de Sergio Moro (União-PR).
Depois
de abandonar o governo Jair Bolsonaro (PL), Moro foi por um tempo a aposta do
conluio mídia liberal e sistema financeiro para retomar o poder em meio à
frustração com Paulo Guedes. Moro teria a maquiagem neoliberal perfeita para se
levar adiante o projeto privatista travestido de progresso. Prevendo a derrota,
o ex-juiz abandonou a disputa por um certo mandato ao Senado pelo Paraná.
Assim, a Frente Ampla foi o que restou diante da sanha autoritária de
Bolsonaro.
Antes
disso, as famílias midiáticas já mostravam as garras ao presidente que expões,
com todas as letras, o genocídio palestina desencadeado por pelo governo
sionista de Israel em Faza.
No
último final de semana, Folha e Estadão ecoaram em seus editais as denúncias
vazias propagadas por Elon Musk, sob articulação do clã Bolsonaro, dos chamados
"Twitter Files Brazil", para atacar o Supremo Tribunal Federal (STF)
e o ministro Alexandre de Moraes.
• Pauta sequestrada
As
críticas ao judiciário sempre estiveram na pauta do campo progressista.
Essencialmente porque a estrutura da "Justiça" foi estratégia
histórica da burguesia para se livrar das condenações - e encarcerar os pobres
que se colocassem como obstáculo para sua sanha financeira.
Com
o recrudescimento do fascismo, a pauta foi sequestrada pela ultradireita e é
usada pelo bolsonarismo para arquitetar uma retomada ao poder - levando a
reboque a pauta neoliberal, a mesma defendida pelos jornalões e por Musk.
No
texto divulgado neste domingo (14), a Folha, da família Frias, repetiu Musk,
que classificou Moraes como "Ditador brutal", ao dizer que o ministro
é o "Grande Censor" - assim mesmo, com caixa alta - ao dizer que não
se sabe (!!!) quais foram os motivos das derrubadas de perfis nas redes
sociais.
"O
secretismo dessas decisões impede a sociedade de escrutinar a leitura muito
particular do texto constitucional que as embasa. Nem sequer aos advogados dos
banidos é facultado acesso aos éditos do Grande Censor", escreve o jornal,
que apoiou a "Ditabranda", no editorial "Censura promovida por
Moraes tem de acabar".
A
Folha declara ainda que "é um direito inalienável dos imbecis do
bolsonarismo propagar as suas asneiras", afirmam que "expostas à luz
do sol, elas tendem a desidratar-se".
O
jornal da Família Frias, no entanto, se esquece de dizer que são essas
"asneiras" que levaram milhares de brasileiros às frentes dos
quartéis e que, por muito pouco, não resultaram em um golpe de Estado no
Brasil.
• 8 de Janeiro
No
mesmo tom, o Estadão, dirigido pela família Mesquita e representante da
oligarquia paulista desde os tempos da Escravidão, defende o que classifica
como "a legítima crítica ao Supremo".
"No
seu transe salvacionista, o STF vê extremistas por toda parte, mas nem sempre a
crítica é golpismo; ao contrário, há razões genuinamente democráticas para
questionar o Supremo", diz.
No
seu transe, o Estadão ressalta que "o
Brasil testemunhou um surto de golpismo no 8 de Janeiro, mas hoje as
instituições estão, como se diz, funcionando", escondendo, no entanto, a
articulação em curso de Eduardo Bolsonaro com a internacional fascista - que
inclui Elon Musk - em cima das .
• Globo
Detrator
contumaz de Lula, Demétrio Magnoli colocou O Globo na trinca dos ataques dos
jornalões a Moraes afirmando em artigo que "a regulação democrática das
redes precisa se concentrar no crime, não na mentira".
Serviçal
da família Marinho, Magnoli diz que "ob o amparo de um STF sem rumo,
Alexandre de Moraes ilustrou sua versão da regulação das redes sociais ao
determinar o bloqueio de contas de pistoleiros bolsonaristas".
"Na
prática, reinstalou a censura prévia", emenda.
Em
seguida, defende que "a regulação democrática das redes precisa se
concentrar no crime, não na mentira".
Magnoli
ignora que foi justamente por meio da mentira - as chamadas fake news - que o
fascismo bolsonarista se apoderou do poder.
E o
sociólogo sabe - ou ao menos deveria saber - que muitas dessas mentiras criadas
pelo fascismo têm por base as informações distorcidas e criminosas propagadas
há décadas pela mídia liberal, capitaneada pela Globo no Brasil, como o
"fantasma do comunismo" e as falácias sobre os mentirosos benefícios
sociais do neoliberalismo.
Ao
fazer eco às denúncias vazias do bilionário Musk para atacar a democracia
brasileira, a mídia liberal rasga a fantaisa e se coloca ao lado de quem sempre
esteve: seja em regimes democráticos ou verdadeiras ditaduras, como a que foi
instalada há 60 anos pelo mesmo grupo que quer retomar o poder.
Fonte:
Por Márcio Chaer, na Conjur/Fórum
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