'Economia
dos EUA não é a economia americana', afirma especialista ao avaliar fala de
Milei em Davos
Durante o
Fórum Econômico Mundial em Davos, o recém-eleito presidente argentino Javier
Milei culpou o "coletivismo" como a "causa raiz" dos
problemas econômicos mundiais. A avaliação de Milei é retrógrada, opina o
autor, jornalista e analista político Caleb Maupin em declarações à Sputnik na
terça-feira (30).
"Desde
a década de 1980 e final dos anos 70, temos vindo a destruir o Estado de
bem-estar social. Aqui nos Estados Unidos, estamos desregulamentando. Temos
escolas com fins lucrativos", explicou Maupin. "Temos empresas
privadas travando nossas guerras. [Temos] prisões com fins lucrativos em vários
estados. A ideia de que estamos caminhando para o socialismo no Ocidente é
simplesmente absurda. Estamos destruindo o Estado de bem-estar", explicou
o analista.
A razão
pela qual o Ocidente tem insistido na destruição do Estado de bem-estar social
é porque ele é controlado por corporações globais.
"A
economia dos EUA não é a economia americana. É a economia centrada em torno dos
grandes bancos, das corporações, dos ultramonopólios, dos cartéis fiduciários e
dos sindicatos baseados aqui no Ocidente", argumentou Maupin. "Mas,
na verdade, o governo dos EUA e os monopólios dos EUA são as grandes
corporações no topo da nossa economia [que] estão sustentando um sistema
global. Eles não estão realmente preocupados com a economia interna dos Estados
Unidos."
Ainda
segundo a avaliação de Maupin, isso é perigoso porque, à medida que o império
americano se debate, vai acabar tomando medidas cada vez mais desesperadas para
manter a sua hegemonia.
"A
administração Biden está tentando escalar cada um destes confrontos
internacionais o mais rapidamente possível", disse Maupin, apontando como
prova os conflitos na Ucrânia, no Oriente Médio e as crescentes tensões com a
China. "Eles quase esperam poder jogar um jogo de blefe e chegar o mais
perto possível da beira do precipício de um confronto direto, uma Terceira
Guerra Mundial."
Maupin
alertou que "temos cada vez mais um Ocidente liderado pelos Estados
Unidos, o centro da aliança da OTAN [Organização do Tratado do Atlântico
Norte], que está tentando lembrar a todos quem um dia foram",
acrescentando que o "tumulto" vindo dos EUA está sendo "forçado
a se adaptar ao fato de que estamos tendo um mundo muito mais multipolar [e]
que o mundo não estará centrado, economicamente falando, em torno de Wall
Street e Londres por muito mais tempo", pontuou.
A Rússia e
a China não querem uma Terceira Guerra Mundial, disse Maupin. Mas alertou que
se uma guerra mundial começar, "todos sabem" que "a Rússia e a
China vão vencer", acrescentando que as políticas agressivas dos EUA
"não são de todo estratégicas para os Estados Unidos".
·
EUA continuarão a introduzir restrições
tecnológicas contra a China, afirma Casa Branca
EUA
continuarão a impor restrições tecnológicas contra a China para proteger sua
segurança nacional, disse o conselheiro de Segurança Nacional dos Estados
Unidos, Jake Sullivan, acrescentando, no entanto, que ainda não estava pronto
para definir as medidas e os prazos.
"Tomaremos
mais medidas de acordo com o princípio básico […], planejamos adaptá-las e
orientá-las para que elas realmente se concentrem na nossa segurança
nacional", disse ele durante discurso no Conselho de Relações Exteriores
falando sobre as restrições tecnológicas em relação à China.
Sullivan
ressaltou que Washington já havia tomado "uma série de medidas contra
Pequim para impedir o uso da tecnologia americana para minar a segurança dos
Estados Unidos e seus aliados".
Segundo o
funcionário da administração da Casa Branca, atualmente ele não está pronto
para nomear as medidas específicas e o momento em que as autoridades dos EUA
pretendem anunciá-las.
Em
novembro passado, China, a maior processadora mundial de terras-raras, proibiu
a exportação de tecnologia para extrair e separar metais estratégicos. O
gigante asiático também proibiu a exportação de tecnologia de produção de
metais de terras-raras e materiais de liga, bem como tecnologia para preparar
alguns ímãs de terras-raras.
As
terras-raras são um grupo de 17 metais usados na fabricação de ímãs para uso em
veículos elétricos, turbinas eólicas e eletrônicos.
Do outro
lado, o Ocidente, principalmente Estados Unidos, Japão e Países Baixos, adotou
uma série de restrições e embargos ao acesso chinês para o mercado de chips e
semicondutores.
Ø Biden causou carnificina e é incapaz de ser comandante-chefe dos
EUA, diz Trump
O
presidente dos EUA, Joe Biden, é incapaz de ser o comandante-chefe dos EUA,
tendo causado uma carnificina que só vai piorar, disse o ex-chefe da Casa Branca,
Donald Trump.
"Joe
Biden está levando o nosso país direto para a Terceira Guerra Mundial, a
carnificina que ele está criando só vai piorar. Nunca foi tão claro que Joe
Biden simplesmente não pode ser o comandante-chefe", avança o comunicado
divulgado por Trump.
De acordo
com o ex-presidente, Biden é "fraco, incompetente e corrupto", e com
suas ações, incluindo a decisão de retirar as tropas norte-americanas do
Afeganistão em 2021, ele "deu coragem e permitiu que os inimigos de
Washington desencadeassem o caos e o terror", o que levou ao recente
ataque à base dos EUA na Jordânia, na fronteira com a Síria.
"Para
nossa segurança e nossa sobrevivência, o povo estadunidense deve demitir o
desonesto Joe Biden e toda a sua administração fracassada", acrescentou
Trump, observando que, caso contrário, as autoridades poderão destruir ainda
mais as "vidas americanas precisas".
De acordo
com o Comando Central dos EUA, no domingo (28), uma base norte-americana foi
alvo de ataque no nordeste da Jordânia. O comando relatou a morte de três
soldados dos EUA, e o Pentágono acrescentou que mais de 40 pessoas ficaram
feridas.
·
Em meio à espera de
contra-ataque dos EUA, Irã diz que 'não procura guerra, mas não tem medo dela'
Na
terça-feira (30), Joe Biden anunciou que o seu governo já decidiu como
responder a um ataque ocorrido no domingo (28) contra o Exército
norte-americano na Jordânia. No entanto, o líder dos EUA não forneceu
pormenores de como seria essa reação.
Hoje (31),
o comandante do Corpo de Guardiões da Revolução Islâmica (IRGC, na sigla em
inglês), Hossein Salami, lembrou a Washington que nenhuma das ameaças contra o
Irã ficará sem resposta, embora a República Islâmica não esteja à procura de
uma guerra.
"Vocês
já nos testaram. O que nós e vocês [Irã e EUA] temos em comum é que nos
conhecemos. Não deixaremos nenhuma ameaça ficar sem resposta. Não procuramos a
guerra, mas também não temos medo da guerra. Esse é o fato que prevalece em
nossa sociedade", afirmou Salam, segundo a agência Tasnim.
No domingo
(28), um ataque com drone matou três militares norte-americanos na Jordânia, na
fronteira com a Síria.
Uma
autoridade dos EUA, sob condição de anonimato, disse que a resposta
estadunidense será realizada "ao longo de vários dias" e atingirá
"vários alvos", porém, não confirmou se algum dos alvos seria dentro
ou fora do Irã, que Washington acusa de fornecer armas a milícias regionais.
Também
nesta quarta-feira (31), os Estados Unidos atribuíram o ataque de drone à
Resistência Islâmica no Iraque, um grupo guarda-chuva de milícias apoiadas pelo
Irã, de acordo com a ABC News.
Ø
Analista: potencial ataque dos EUA ao Irã
desencadearia um efeito 'catastrófico' na economia global
Depois de
um ataque de drones a uma base dos EUA na Jordânia — fronteira com a Síria —
ter resultado na morte de três militares dos EUA, o presidente Joe Biden, e
autoridades do país prometeram uma resposta. Seus comentários levaram à
suspeita de que os EUA podem atingir alvos no Irã, que há muito é um objetivo
dos neoconservadores em Washington.
Um ataque
ao Irã seria "catastrófico para a economia global", disse Mohammad
Marandi, professor de literatura inglesa e orientalismo na Universidade de
Teerã, à Sputnik na terça-feira (30).
"Isso
faria com que os preços do petróleo disparassem", explicou Marandi.
"Seria definitivamente catastrófico para a economia global."
Marandi
acredita que essa possibilidade vai impedir os EUA de atacar diretamente o Irã
e, em vez disso, continuará os seus ataques à Síria e ao Iraque, qualificando
os seus comentários ao admitir que "poderia estar errado".
Referindo-se
ao recente ataque à guarnição dos EUA em Al-Tanf, que matou três soldados
norte-americanos, Marandi disse que a confusão sobre se a base está localizada
na Síria ou na Jordânia não importa realmente porque a própria confusão
"basicamente" mostra que os EUA estão "realizando atividades na
Síria".
As
autoridades norte-americanas insistiram que o ataque ocorreu na Torre 22, um
pequeno posto avançado dos EUA na Jordânia, ali colocado com a cooperação do
governo jordaniano. No entanto, o porta-voz da Jordânia, Muhannad al-Mubaidin,
disse à imprensa local que o ataque teve como alvo a base de Al-Tanf, que o
governo sírio descreve como uma ocupação ilegal e é usada para treinar forças
de milícias antigovernamentais.
Os ataques
às forças dos EUA provavelmente vão continuar, afirmou Marandi, porque os EUA
são vistos como coniventes com Israel em sua guerra contra Gaza.
"Os
norte-americanos e os europeus estão apoiando financeiramente Israel, estão
enviando armas para Israel e estão transportando água para Israel. Eles também
estão, agora, impedindo que a ajuda chegue a Gaza, e os norte-americanos estão
atacando as forças que tentam impedir o genocídio", disse Marandi.
A
liderança nos EUA está tomando decisões que prejudicam os seus interesses
porque "tendem a acreditar na sua própria propaganda", disse Marandi,
"e depois calculam com base nessa propaganda e [...] erro de
cálculo".
"O
dano que os Estados Unidos causaram a si próprios, ao apoiarem o genocídio, ao
apoiarem estes massacres de hora em hora e o extermínio do povo palestino em
Gaza, não é algo que possamos calcular", explicou Marandi. "Os
Estados Unidos demoliram a sua credibilidade em todos os sentidos."
Isso
inclui, explica Marandi, os líderes dos Estados Unidos que são ostensivamente
liberais. "É muito triste para mim dizer: os liberais no Ocidente são
totalmente racistas, totalmente racistas, e o liberalismo só conta dentro das
fronteiras dos Estados Unidos. Mas fora das fronteiras dos Estados Unidos, eles
são tão medievais quanto possível."
Marandi
disse não acreditar que Israel vá sobreviver ao conflito atual. "Acho que
entrará em colapso tal como entrou em colapso o apartheid na África do Sul. É
um projeto colonial. É um regime de apartheid que foi imposto à população
indígena da região e não vai durar", explicou, observando anteriormente
que os EUA também estão "em declínio neste momento".
"Temos
falado tanto sobre [as ações de Israel em Gaza] nos últimos três meses que
parece que estamos falando sobre o McDonald's ou algo assim. São crianças sendo
mortas de manhã a noite, todos os dias enquanto falamos. Isto é completamente
imperdoável. Mas esta é a realidade que vivemos hoje."
Fonte:
Sputnik Brasil
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