sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024

'Economia dos EUA não é a economia americana', afirma especialista ao avaliar fala de Milei em Davos

Durante o Fórum Econômico Mundial em Davos, o recém-eleito presidente argentino Javier Milei culpou o "coletivismo" como a "causa raiz" dos problemas econômicos mundiais. A avaliação de Milei é retrógrada, opina o autor, jornalista e analista político Caleb Maupin em declarações à Sputnik na terça-feira (30).

"Desde a década de 1980 e final dos anos 70, temos vindo a destruir o Estado de bem-estar social. Aqui nos Estados Unidos, estamos desregulamentando. Temos escolas com fins lucrativos", explicou Maupin. "Temos empresas privadas travando nossas guerras. [Temos] prisões com fins lucrativos em vários estados. A ideia de que estamos caminhando para o socialismo no Ocidente é simplesmente absurda. Estamos destruindo o Estado de bem-estar", explicou o analista.

A razão pela qual o Ocidente tem insistido na destruição do Estado de bem-estar social é porque ele é controlado por corporações globais.

"A economia dos EUA não é a economia americana. É a economia centrada em torno dos grandes bancos, das corporações, dos ultramonopólios, dos cartéis fiduciários e dos sindicatos baseados aqui no Ocidente", argumentou Maupin. "Mas, na verdade, o governo dos EUA e os monopólios dos EUA são as grandes corporações no topo da nossa economia [que] estão sustentando um sistema global. Eles não estão realmente preocupados com a economia interna dos Estados Unidos."

Ainda segundo a avaliação de Maupin, isso é perigoso porque, à medida que o império americano se debate, vai acabar tomando medidas cada vez mais desesperadas para manter a sua hegemonia.

"A administração Biden está tentando escalar cada um destes confrontos internacionais o mais rapidamente possível", disse Maupin, apontando como prova os conflitos na Ucrânia, no Oriente Médio e as crescentes tensões com a China. "Eles quase esperam poder jogar um jogo de blefe e chegar o mais perto possível da beira do precipício de um confronto direto, uma Terceira Guerra Mundial."

Maupin alertou que "temos cada vez mais um Ocidente liderado pelos Estados Unidos, o centro da aliança da OTAN [Organização do Tratado do Atlântico Norte], que está tentando lembrar a todos quem um dia foram", acrescentando que o "tumulto" vindo dos EUA está sendo "forçado a se adaptar ao fato de que estamos tendo um mundo muito mais multipolar [e] que o mundo não estará centrado, economicamente falando, em torno de Wall Street e Londres por muito mais tempo", pontuou.

A Rússia e a China não querem uma Terceira Guerra Mundial, disse Maupin. Mas alertou que se uma guerra mundial começar, "todos sabem" que "a Rússia e a China vão vencer", acrescentando que as políticas agressivas dos EUA "não são de todo estratégicas para os Estados Unidos".

·        EUA continuarão a introduzir restrições tecnológicas contra a China, afirma Casa Branca

EUA continuarão a impor restrições tecnológicas contra a China para proteger sua segurança nacional, disse o conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Jake Sullivan, acrescentando, no entanto, que ainda não estava pronto para definir as medidas e os prazos.

"Tomaremos mais medidas de acordo com o princípio básico […], planejamos adaptá-las e orientá-las para que elas realmente se concentrem na nossa segurança nacional", disse ele durante discurso no Conselho de Relações Exteriores falando sobre as restrições tecnológicas em relação à China.

Sullivan ressaltou que Washington já havia tomado "uma série de medidas contra Pequim para impedir o uso da tecnologia americana para minar a segurança dos Estados Unidos e seus aliados".

Segundo o funcionário da administração da Casa Branca, atualmente ele não está pronto para nomear as medidas específicas e o momento em que as autoridades dos EUA pretendem anunciá-las.

Em novembro passado, China, a maior processadora mundial de terras-raras, proibiu a exportação de tecnologia para extrair e separar metais estratégicos. O gigante asiático também proibiu a exportação de tecnologia de produção de metais de terras-raras e materiais de liga, bem como tecnologia para preparar alguns ímãs de terras-raras.

As terras-raras são um grupo de 17 metais usados na fabricação de ímãs para uso em veículos elétricos, turbinas eólicas e eletrônicos.

Do outro lado, o Ocidente, principalmente Estados Unidos, Japão e Países Baixos, adotou uma série de restrições e embargos ao acesso chinês para o mercado de chips e semicondutores.

 

Ø  Biden causou carnificina e é incapaz de ser comandante-chefe dos EUA, diz Trump

 

O presidente dos EUA, Joe Biden, é incapaz de ser o comandante-chefe dos EUA, tendo causado uma carnificina que só vai piorar, disse o ex-chefe da Casa Branca, Donald Trump.

"Joe Biden está levando o nosso país direto para a Terceira Guerra Mundial, a carnificina que ele está criando só vai piorar. Nunca foi tão claro que Joe Biden simplesmente não pode ser o comandante-chefe", avança o comunicado divulgado por Trump.

De acordo com o ex-presidente, Biden é "fraco, incompetente e corrupto", e com suas ações, incluindo a decisão de retirar as tropas norte-americanas do Afeganistão em 2021, ele "deu coragem e permitiu que os inimigos de Washington desencadeassem o caos e o terror", o que levou ao recente ataque à base dos EUA na Jordânia, na fronteira com a Síria.

"Para nossa segurança e nossa sobrevivência, o povo estadunidense deve demitir o desonesto Joe Biden e toda a sua administração fracassada", acrescentou Trump, observando que, caso contrário, as autoridades poderão destruir ainda mais as "vidas americanas precisas".

De acordo com o Comando Central dos EUA, no domingo (28), uma base norte-americana foi alvo de ataque no nordeste da Jordânia. O comando relatou a morte de três soldados dos EUA, e o Pentágono acrescentou que mais de 40 pessoas ficaram feridas.

·        Em meio à espera de contra-ataque dos EUA, Irã diz que 'não procura guerra, mas não tem medo dela'

Na terça-feira (30), Joe Biden anunciou que o seu governo já decidiu como responder a um ataque ocorrido no domingo (28) contra o Exército norte-americano na Jordânia. No entanto, o líder dos EUA não forneceu pormenores de como seria essa reação.

Hoje (31), o comandante do Corpo de Guardiões da Revolução Islâmica (IRGC, na sigla em inglês), Hossein Salami, lembrou a Washington que nenhuma das ameaças contra o Irã ficará sem resposta, embora a República Islâmica não esteja à procura de uma guerra.

"Vocês já nos testaram. O que nós e vocês [Irã e EUA] temos em comum é que nos conhecemos. Não deixaremos nenhuma ameaça ficar sem resposta. Não procuramos a guerra, mas também não temos medo da guerra. Esse é o fato que prevalece em nossa sociedade", afirmou Salam, segundo a agência Tasnim.

No domingo (28), um ataque com drone matou três militares norte-americanos na Jordânia, na fronteira com a Síria.

Uma autoridade dos EUA, sob condição de anonimato, disse que a resposta estadunidense será realizada "ao longo de vários dias" e atingirá "vários alvos", porém, não confirmou se algum dos alvos seria dentro ou fora do Irã, que Washington acusa de fornecer armas a milícias regionais.

Também nesta quarta-feira (31), os Estados Unidos atribuíram o ataque de drone à Resistência Islâmica no Iraque, um grupo guarda-chuva de milícias apoiadas pelo Irã, de acordo com a ABC News.

 

Ø  Analista: potencial ataque dos EUA ao Irã desencadearia um efeito 'catastrófico' na economia global

 

Depois de um ataque de drones a uma base dos EUA na Jordânia — fronteira com a Síria — ter resultado na morte de três militares dos EUA, o presidente Joe Biden, e autoridades do país prometeram uma resposta. Seus comentários levaram à suspeita de que os EUA podem atingir alvos no Irã, que há muito é um objetivo dos neoconservadores em Washington.

Um ataque ao Irã seria "catastrófico para a economia global", disse Mohammad Marandi, professor de literatura inglesa e orientalismo na Universidade de Teerã, à Sputnik na terça-feira (30).

"Isso faria com que os preços do petróleo disparassem", explicou Marandi. "Seria definitivamente catastrófico para a economia global."

Marandi acredita que essa possibilidade vai impedir os EUA de atacar diretamente o Irã e, em vez disso, continuará os seus ataques à Síria e ao Iraque, qualificando os seus comentários ao admitir que "poderia estar errado".

Referindo-se ao recente ataque à guarnição dos EUA em Al-Tanf, que matou três soldados norte-americanos, Marandi disse que a confusão sobre se a base está localizada na Síria ou na Jordânia não importa realmente porque a própria confusão "basicamente" mostra que os EUA estão "realizando atividades na Síria".

As autoridades norte-americanas insistiram que o ataque ocorreu na Torre 22, um pequeno posto avançado dos EUA na Jordânia, ali colocado com a cooperação do governo jordaniano. No entanto, o porta-voz da Jordânia, Muhannad al-Mubaidin, disse à imprensa local que o ataque teve como alvo a base de Al-Tanf, que o governo sírio descreve como uma ocupação ilegal e é usada para treinar forças de milícias antigovernamentais.

Os ataques às forças dos EUA provavelmente vão continuar, afirmou Marandi, porque os EUA são vistos como coniventes com Israel em sua guerra contra Gaza.

"Os norte-americanos e os europeus estão apoiando financeiramente Israel, estão enviando armas para Israel e estão transportando água para Israel. Eles também estão, agora, impedindo que a ajuda chegue a Gaza, e os norte-americanos estão atacando as forças que tentam impedir o genocídio", disse Marandi.

A liderança nos EUA está tomando decisões que prejudicam os seus interesses porque "tendem a acreditar na sua própria propaganda", disse Marandi, "e depois calculam com base nessa propaganda e [...] erro de cálculo".

"O dano que os Estados Unidos causaram a si próprios, ao apoiarem o genocídio, ao apoiarem estes massacres de hora em hora e o extermínio do povo palestino em Gaza, não é algo que possamos calcular", explicou Marandi. "Os Estados Unidos demoliram a sua credibilidade em todos os sentidos."

Isso inclui, explica Marandi, os líderes dos Estados Unidos que são ostensivamente liberais. "É muito triste para mim dizer: os liberais no Ocidente são totalmente racistas, totalmente racistas, e o liberalismo só conta dentro das fronteiras dos Estados Unidos. Mas fora das fronteiras dos Estados Unidos, eles são tão medievais quanto possível."

Marandi disse não acreditar que Israel vá sobreviver ao conflito atual. "Acho que entrará em colapso tal como entrou em colapso o apartheid na África do Sul. É um projeto colonial. É um regime de apartheid que foi imposto à população indígena da região e não vai durar", explicou, observando anteriormente que os EUA também estão "em declínio neste momento".

"Temos falado tanto sobre [as ações de Israel em Gaza] nos últimos três meses que parece que estamos falando sobre o McDonald's ou algo assim. São crianças sendo mortas de manhã a noite, todos os dias enquanto falamos. Isto é completamente imperdoável. Mas esta é a realidade que vivemos hoje."

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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