segunda-feira, 2 de outubro de 2023

EQM: a ciência da experiência de quase-morte

O termo EQM, ou experiência de quase-morte, é usado para descrever um padrão de eventos que muitas pessoas vivenciam quando enfrentam ameaças, estão gravemente doentes ou quase morrem. Ele foi criado em 1975 por Raymond Moody em seu livro “Life After Life” e tornou-se um termo comum para descrever o fenômeno.

No entanto, os relatos de experiências de quase-morte são anteriores à obra de Moody. De fato, a partir da invenção da ressuscitação cardiopulmonar (RCP), em 1960, milhões de pessoas já afirmaram vivenciar esse fenômeno. 

Segundo Jeffrey Long, oncologista e fundador do da Near-Death Experience Research Foundation, “uma experiência de quase-morte é alguém que está em coma ou clinicamente morto, sem batimentos cardíacos, tendo uma experiência lúcida onde vê, ouve, sente emoções e interage com outros seres”. (1)

·         O que caracteriza uma EQM? 

Embora os relatos sobre experiências de quase morte (EQM) variem, eles geralmente incluem recursos como:

  • Sentimentos de paz;  
  • Sensação de deixar o corpo, às vezes sendo capaz de ver o corpo físico de outro ponto de vista; 
  • Mente funcionando com mais clareza e rapidez do que o normal;
  • Uma sensação de ser atraído para um túnel ou escuridão;
  • Uma luz brilhante, às vezes no fim do túnel;
  • Sensação de bem-estar, paz avassaladora ou amor absoluto e incondicional;
  • Uma sensação de ter acesso a conhecimento ilimitado;
  • Passar por uma “revisão de vida” ou lembranças de eventos importantes do passado;
  • Prévia da vida após a morte ou da vida depois da vida; 
  • Encontros com entes queridos falecidos ou com outros seres que possam ser identificados como figuras religiosas. 

>>>> O que causa a EQM? 

Estima-se que as EQMs sejam relatadas por cerca de 17% das pessoas que quase morrem. Entretanto, não existe um consenso sobre o que pode causar essas experiências. 

Crianças, adultos, cientistas, médicos, religiosos e ateus de países de todo o mundo já relataram algo similar ao que se sabe sobre o assunto. E, embora muitas vezes as experiências de quase-morte sejam descritas como uma parte misteriosa, talvez religiosa, da vida, nem todos os indivíduos que as vivenciaram partilham as mesmas crenças. 

Além disso, nem toda experiência é compartilhada por duas pessoas. Segundo Jeffrey Long, por exemplo, cerca de 45% das pessoas que têm uma EQM relatam uma experiência extracorpórea enquanto outros relatam diversas experiências diferentes. 

·         Existe ciência por trás da EQM?

Ao longo dos anos, a experiência de quase-morte foi um assunto amplamente discutido na comunidade científica. Profissionais da área de saúde intrigados pelo misterioso fenômeno procuram respostas sobre a possibilidade de uma explicação. 

Cultivando essa dúvida, um estudo publicado pela revista científica Resuscitation, tentou explicar a ciência por trás da EQM. O time de profissionais treinados liderado pelo Dr. Sam Parnia, principal autor do estudo, seguiu médicos até salas onde os pacientes estavam tecnicamente mortos em 25 hospitais nos Estados Unidos, Grã-Bretanha e Bulgária para tentar entender o fenômeno.  

Enquanto médicos realizavam a ressuscitação cardiopulmonar, as equipes anexaram dispositivos que mediam o oxigênio e a atividade elétrica na cabeça da pessoa que estava morrendo.

“Não houve movimento. Foi um silêncio. É quando faríamos medições para ver o que está acontecendo. Descobrimos que os cérebros das pessoas que estão passando pela morte estão estagnados, o que é o que seria de esperar”, disse Parnia, “Mas, curiosamente, mesmo após uma hora de reanimação, vimos picos – o surgimento de atividade elétrica cerebral, a mesma que tenho quando falo ou me concentro profundamente”, acrescentou.

Esses picos incluem ondas gama, delta, teta, alfa e beta, e se distanciam da atividade cerebral obtida por pessoas com alucinações e ilusões. 

Porém, de 567 pacientes, apenas 10% sobreviveram. Além disso, apenas seis dos entrevistados relataram algum tipo de experiência de quase-morte e não foi possível associar a atividade elétrica com a experiência no mesmo paciente.

Mesmo assim, os cientistas do estudo concluíram que a EQM é real. 

“Conseguimos concluir que a experiência de experiência de quase-morte é real. Ocorre com a morte e há um marcador cerebral que identificamos. Esses sinais elétricos não estão sendo produzidos como um truque de um cérebro moribundo, como muitos críticos disseram”, afirmou Parna. 

·         Outras opiniões sobre o estudo

Após o estudo liderado por Parna, outros pesquisadores levantaram algumas questões e opiniões sobre o assunto. Esse foi o caso do Dr. Bruce Greyson, professor de psiquiatria e ciências neurocomportamentais de Carlson na Escola de Medicina da Universidade da Virgínia, em Charlottesville.

“Este último relatório de ondas cerebrais persistentes após uma parada cardíaca foi exagerado pela mídia. Na verdade, sua equipe não mostrou qualquer associação entre essas ondas cerebrais e a atividade consciente”, disse Greyson. 

“Ou seja, os pacientes que tiveram experiências de quase morte não apresentaram as ondas cerebrais relatadas, e aqueles que apresentaram as ondas cerebrais relatadas não relataram experiências de quase-morte”, disse à CNN por e-mail.

“Tudo o que (o estudo) mostrou é que em alguns pacientes há atividade elétrica contínua na cabeça que ocorre durante o mesmo período em que outros pacientes relatam ter EQMs (experiências de quase-morte)”, concluiu Greyson.

·         O impacto da EQM

Bruce Greyson vem estudando a misteriosa experiência de quase-morte desde 1960. Segundo o especialista, mesmo que não existam evidências científicas sobre a sua veracidade, é possível observar seu impacto após a experiência.

De acordo com Greyson, algumas experiências são capazes de mudar a vida de um indivíduo em segundos. Muitas vezes, as pessoas que vivenciam EQMs passam a ter outra visão sobre a vida, além de potencialmente mudarem seus pontos de vista e crenças sobre a morte. 

“Conversei com pessoas que eram policiais, ou militares, que não conseguiam voltar ao trabalho, não suportavam a ideia de violência. A ideia de machucar alguém torna-se repugnante para eles. Eles acabam entrando em profissões de ajuda. Eles se tornam professores, ou profissionais de saúde, ou assistentes sociais.”, disse ao The Guardian

Adicionalmente, é possível observar que esses indivíduos passam a perder o medo da morte e, consequentemente, o medo da vida — eles começam a tomar riscos e chances, adotando uma visão mais despreocupada sobre a vida. 

 

Ø  O que são sonhos lúcidos e como estimulá-los

 

Os sonhos lúcidos acontecem quando permanecemos conscientes enquanto dormimos. Ou seja, você sabe que está dormindo durante o sonho. Eles tipicamente ocorrem durante o sono REM, um estágio mais pesado de sono. 

Embora a maioria desses sonhos pareçam vívidos e reais, a pessoa experienciando-os sabe que se tratam de sonhos, e por isso são considerados lúcidos. 

Enquanto muitas pessoas acreditam que os sonhos lúcidos podem ser controlados, isso nem sempre acontece. Acredita-se que a predisposição para controlar os sonhos é mais frequente em certos indivíduos. 

Estudos mostram que cerca de metade da população já experienciou pelo menos um sonho lúcido na vida.Em uma pesquisa realizada no Brasil, onde mais de 3 mil candidatos foram entrevistados, 77% deles afirmaram que já tiveram sonhos lúcidos. Eles geralmente não são frequentes e podem acontecer apenas algumas vezes durante o ano. 

Algumas pesquisas sugerem que algumas pessoas são mais propensas a ter sonhos lúcidos — em 23% dos casos, eles podem acontecer mais de uma vez no mesmo mês. 

·         Sono REM e não REM

REM é uma sigla que significa “rapid eye movement”, ou “movimento rápido dos olhos”. A primeira fase do sono, contudo, é a não REM. Ela é caracterizada por conter quatro estágios diferentes:

  1. Entre estar acordado e dormindo
  2. Sono leve, quando os batimentos cardíacos e a respiração são reguladas e a temperatura corporal diminui
  3. e 4. Sono profundo

O sono não REM consiste em cerca de 75% a 80% de cada ciclo. 

Após passar por todos os estágios, entramos no sono REM. O sono REM ocorre quando os olhos se movem rapidamente por trás das pálpebras fechadas e a atividade do cérebro é similar ao que ocorre quando estamos acordados. A respiração aumenta e o corpo fica temporariamente paralizado enquanto sonhamos.

Ele ocorre tipicamente 90 minutos depois que caímos no sono e dura cerca de dez minutos, porém, enquanto você dorme, cada período REM dura mais tempo, podendo alcançar uma hora. 

Especialistas apontam que em uma noite de sono passamos pelo ciclo de sono não REM e REM de quatro a cinco vezes. A maioria dos ciclos duram entre 90 e 120 minutos. 

·         Como ocorre

Existem diversos estudos sobre os sonhos lúcidos, porém, pouco se sabe sobre suas causas. Alguns especialistas sugerem que eles são caracterizados pela atividade no córtex pré-frontal do cérebro. 

·         Como estimular

A maioria dos sonhos lúcidos acontecem espontaneamente, porém podem ser estimulados com algumas técnicas. São elas: 

·         Testes de realidade

Os testes de realidade são formas de treinamento mental, que ajudam a distinguir o sonho da realidade e ajudam no desenvolvimento de metacognição. 

Para testar a realidade, tente:

  • Se perguntar “eu estou dormindo?”
  • Conferir o ambiente para ter certeza
  • Ter noção da sua própria consciência e de como você está interagindo com o ambiente ao seu redor

Coloque diversos alarmes para testar a sua consciência, geralmente a cada duas ou três horas. 

Alguns testes são se olhar no espelho para ver se o seu reflexo continua normal, tampar o nariz para ver se você está respirando (se você estiver dormindo, a respiração continua normalmente) e checar as horas em um relógio — em sonhos, as horas em um relógio mudam rapidamente.

·         Acorde e volte para a cama 

Esse método inclui entrar no sono REM enquanto você ainda está consciente. Para atingir esse estado:

  • Coloque um despertador para cinco horas após dormir
  • Acorde e permaneça acordado por meia hora lendo ou fazendo outra atividade relaxante 
  • Volte a dormir

>>>> Indução mnemônica de sonhos lúcidos

A técnica foi criada em 1980 com embasamento científico a fim de induzir os sonhos lúcidos. Tente:

  • Ao dormir, pense em um sonho passado
  • Identifique alguma coisa nesse sonho que só aconteceria em um sonho, como a habilidade de voar
  • Pense em voltar ao sonho e continue lembrando do que acontece nele
  • Repita a frase “a próxima vez que eu sonhar, quero lembrar que estou sonhando”

Você também pode realizar essas ações enquanto está acordado. 

·         Benefícios

Os sonhos lúcidos podem ser benéficos e muitas vezes são usados para interromper pesadelos frequentes, que podem resultar no estresse. Similarmente, a possibilidade de controlar os sonhos também pode reduzir sintomas da ansiedade.

Por outro lado, especialistas acreditam que as possibilidades dentro dos sonhos lúcidos oferecem benefícios para as habilidades motoras, criatividade e para melhorar a resolução de problemas.

·         Riscos

A técnica de sonho lúcido também pode oferecer alguns riscos. Profissionais de saúde e especialistas, por exemplo, não recomendam o experimento com métodos de indução para pacientes esquizofrênicos, que podem alucinar com mais frequência e não saber distinguir sonhos da realidade. 

Testar métodos para induzir sonhos lúcidos podem resultar em problemas de sono, como a insônia ou dormir mal. A interrupção de sono também pode agravar sintomas de depressão

Além disso, é mais provável desenvolver episódios de paralisia do sono depois de sonhar lucidamente. 

 

Fonte: eCycle

 

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