terça-feira, 16 de abril de 2024

Presidente da Câmara dos EUA deixa a Ucrânia no limbo, priorizando ajudar Israel

O presidente da Câmara dos Representantes, Mike Johnson (republicano pela Louisiana), aproveitou a oportunidade para avançar com um pacote independente de ajuda a Israel após o ataque do Irã. A equipe Biden vê o evento como uma chance de aprovar o projeto de lei de segurança nacional de US$ 95 bilhões (cerca de R$ 492,5 bilhões) no Congresso.

O presidente da Câmara dos EUA indicou no domingo (14) que "compreende a necessidade de estar ao lado de Israel". Ele declarou a sua intenção de mais uma vez pressionar por um pacote de ajuda em resposta ao ataque retaliatório de drones e mísseis de Teerã na madrugada de sábado (13), buscando vingança pelas mortes de dois generais iranianos em um ataque israelense à sua embaixada na Síria.

Ainda é incerto, no entanto se a proposta de Johnson incluiria ajuda à Ucrânia e a Taiwan.

Em sua entrevista à Fox News no domingo, Johnson detalhou os esforços contínuos do Partido Republicano na Câmara para aprovar pacotes de ajuda para Israel desde outubro de 2023, enfatizando a necessidade crítica de apoiar Tel Aviv.

Quando questionado sobre o que pensa sobre o financiamento da Ucrânia, o orador disse que discutiu a possibilidade de enviar ajuda ao Estado do Leste Europeu sob a forma de um empréstimo como o ex-presidente Donald Trump sugeriu na última sexta-feira (12). Ele também abriu margem para a utilização do Ato REPO (lei de reintegração de posse) para dar ao presidente dos EUA autoridade para apreender ativos soberanos russos congelados nos EUA e transferi-los para Kiev.

A lei norte-americana (Ato REPO HR4175) para os ucranianos foi apresentada na Câmara em julho de 2023 e mais tarde recebeu apoio do Comitê de Relações Exteriores do Senado dos EUA em 24 de janeiro de 2024. No entanto, preocupações foram levantadas por alguns legisladores, como o senador Rand Paul (republicano pelo Kentucky), que alertam contra as potenciais consequências da apreensão dos bens congelados de Moscou. Segundo ele, estas repercussões poderão incluir uma subsequente guerra econômica entre os EUA e a Rússia, o aumento das tensões na Ucrânia e a erosão da confiança nos EUA como um líder econômico global fiável.

Embora o orador tenha dito que analisaria as "questões suplementares" e elaboraria alguns pacotes de ajuda nesta semana, a grande imprensa dos EUA admite que o futuro do pacote de ajuda à Ucrânia ainda está no limbo.

O portal Axios citou o líder da maioria na Câmara, Steve Scalise (republicano pela Louisiana), que disse no rescaldo do ataque iraniano que nesta semana "a Câmara passará do seu calendário legislativo previamente anunciado" para "em vez disso considerar legislação que apoie o nosso aliado Israel" e mantenha o Irã e os seus aliados responsáveis.

A administração Biden e os democratas querem que Johnson aprove urgentemente o pacote de US$ 95,3 bilhões (cerca de R$ 493,5 bilhões) para apoiar a Ucrânia, Israel e Taiwan. O projeto foi aprovado pelo Senado em fevereiro.

No domingo, o presidente Biden convocou uma ligação com Johnson, o líder da minoria na Câmara, Hakeem Jeffries (democrata por Nova York), o líder da maioria no Senado, Chuck Schumer (democrata por Nova York), e o líder da minoria no Senado, Mitch McConnell (republicano pelo Kentucky), e lhes pediu "que aprovassem o suplemento de segurança nacional o mais rápido possível", com base na declaração oficial da Casa Branca.

Ainda assim, o projeto de lei suplementar aprovado pela Câmara Alta há dois meses não contém disposições de segurança fronteiriça extremamente importantes, apontadas pelos republicanos da Câmara como condição para a aprovação da legislação sobre ajuda externa. Parece haver uma ligeira mudança na atitude do Partido Republicano em relação ao assunto, com os republicanos instando Biden a usar sua autoridade presidencial para fechar a fronteira.

Em sua entrevista de domingo, Johnson apontou "nove milhões de encontros oficiais" na fronteira sul durante a presidência de Biden, sugerindo que cerca de 16 milhões de indivíduos com "status ilegal" poderiam ter entrado sorrateiramente nos Estados Unidos. O orador insistiu que Biden tem uma série de ferramentas políticas para acabar com a confusão, referindo-se às ordens executivas emitidas por Donald Trump para conter o fluxo de imigrantes ilegais para os EUA através da fronteira sul do país.

Além disso, Johnson insinuou que os imigrantes sem documentos poderiam influenciar o resultado das próximas eleições gerais de novembro a favor dos democratas. Ele também mencionou que os republicanos da Câmara fariam o possível para impedir que isso acontecesse.

Ainda segundo o portal Axios, o presidente Biden pode considerar a utilização de uma ordem executiva "nuclear" autorizada pela Seção 212 (f) da Lei de Imigração e Nacionalidade (INA, na sigla em inglês) em breve, possivelmente até o final de abril. Esta disposição concede ao presidente ampla autoridade para implementar restrições à imigração.

Até este ponto, Biden tem hesitado em exercer esta opção. Em entrevista à Univision no dia 10 de abril, ele mencionou que "alguns estão sugerindo que eu deveria simplesmente ir em frente e tentar [...]. E se eu for barrado pelo tribunal, serei barrado pelo tribunal". O que levanta a questão se as ordens executivas de Biden relativas à segurança de fronteiras abrirão a porta para a aprovação do Partido Republicano de um novo pacote de ajuda à Ucrânia, especialmente tendo em conta a contínua retirada e perda de território de Kiev.

 

Ø  Chegou a hora de entender que a Ucrânia não pode recuperar territórios, diz colunista alemão

 

Os países ocidentais não conseguirão fazer a Ucrânia recuperar as fronteiras de 1991 mesmo com todas as economias ocidentais trabalhando em prol do setor militar, sugere um jornal alemão.

Os aliados ocidentais de Kiev devem reconhecer a realidade da zona de conflito na Ucrânia e mudar o formato das discussões sobre as possíveis opções para encerrar o conflito, escreveu no domingo (14) um jornalista do Berliner Zeitung.

"Depois de quase 780 dias de combates, é hora de entender a realidade do que está acontecendo", escreveu Thomas Fasbender.

Segundo ele, a preparação de qualquer operação ofensiva exigiria do lado ucraniano várias centenas de milhares de soldados experientes, além de uma disponibilidade de reservas significativas de equipamentos, armas e munição.

O jornalista chamou assim de "ilusório" o objetivo proclamado por Kiev de alcançar as fronteiras de 1991, mesmo que toda a economia dos países ocidentais, aliados de Kiev, seja convertida para fins militares.

Diante desse fato, o autor do artigo argumentou que a Alemanha e os políticos ocidentais deveriam reconsiderar sua atitude em relação à admissibilidade de várias opções para resolver o conflito.

"Na Alemanha, os mesmos clichés são reproduzidos o tempo todo: 'A Rússia não tem o direito de vencer. A Ucrânia não pode perder'. Ela tem. Deve perder. Como se a Alemanha tivesse o direito de votar. Você está interessado na realidade?", questionou Fasbender.

Por causa disso, o colunista instou a comunidade política ocidental a responder adequadamente às realidades em transformação, sem abandonar as discussões sobre a construção de um novo formato de ordem mundial.

¨      Sem poder ser desmobilizados, militares ucranianos se mostram prontos para desertar

De acordo com o portal ucraniano Strana, Kiev enfrenta problemas em aumentar a quantidade de militares; um projeto de nova lei de mobilização deve demorar pelo menos oito meses para ser elaborado.

Militares de Odessa reagiram de forma negativa ao cancelamento da desmobilização na Ucrânia durante uma pesquisa de opinião, revela mídia ucraniana.

Na quinta-feira (11) a Suprema Rada, parlamento ucraniano, aprovou um projeto de lei sobre o reforço da mobilização para o Exército na Ucrânia. O Comitê de Segurança e Defesa Nacional excluiu o parágrafo sobre a desmobilização do texto do documento na véspera de sua apresentação ao parlamento para a segunda leitura. Dmitry Lazutkin, representante do Ministério da Defesa da Ucrânia, disse posteriormente que estava planejado elaborar um projeto de lei separado sobre a desmobilização, o que levaria oito meses.

Jornalistas ucranianos em Odessa questionaram militares, incluindo aqueles que estão em reabilitação na cidade, sobre sua atitude em relação à decisão das autoridades ucranianas de excluir a desmobilização do projeto de lei sobre o endurecimento do alistamento militar.

Nesse caso, "vou sair da unidade sem permissão", disse um deles ao portal ucraniano Strana.

Outro militar das Forças Armadas da Ucrânia disse que os deputados do parlamento deveriam ir para o front em pé de igualdade com eles. Outro acredita que são necessárias mudanças no país e que não é possível combater com os mesmos soldados o tempo todo, tornando necessária a desmobilização.

"Eu atirarei em todos eles. Se não houver desmobilização, ou seja, eu me levanto agora, vou para a guerra, e eles engordam e vão se sentar na Suprema Rada? Isso não deveria acontecer. Quem são eles? Nós somos as autoridades, não eles", opinou outro militar.

"Existe a expressão 'servo do povo'. Não somos nós que devemos servi-los, mas eles que devem nos servir", acrescentou outro.

Ø  Número de militares dos EUA e da Polônia na fronteira com a Ucrânia será reforçado, diz Varsóvia

O país europeu anunciou um aumento das forças da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) dentro de seu território, movimento feito em conjunto com os Estados Unidos em apoio à Ucrânia.

O número de tropas da Polônia e dos EUA na fronteira com a Ucrânia vai aumentar, disse a repórteres o vice-primeiro-ministro e ministro da Defesa Nacional polonês.

"A presença do Exército em Rzeszow será ainda maior. Esse é um dos investimentos mais importantes de nosso governo, um investimento em segurança", disse Wladyslaw Kosiniak-Kamysz.

Ele explicou que Rzeszow, na voivodia de Podkarpackie, é o centro de fornecimento de armas e ajuda humanitária da União Europeia e dos EUA à Ucrânia.

"E mais adiante, haverá soldados presentes em Rzeszow — tanto poloneses quanto americanos. Esse é um ponto extraordinariamente importante no mapa da Polônia e do mundo. É um centro que oferece uma chance de ajudar a Ucrânia", explicou o ministro polonês.

"Declaro uma presença muito forte do Exército na voivodia de Podkarpackie — no flanco oriental da OTAN. Nós investiremos nisso. Estamos implantando novas divisões, investindo", acrescentou.

A Rússia acredita que as entregas de armas à Ucrânia e o treinamento de seus militares impedem um acordo e envolvem diretamente os países da OTAN no conflito, que "brincam com fogo". Sergei Lavrov, ministro das Relações Exteriores russo, notou que qualquer suprimento que contenha armas para a Ucrânia seria um alvo legítimo para o Kremlin.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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