Presidente da Câmara dos EUA deixa a
Ucrânia no limbo, priorizando ajudar Israel
O presidente da Câmara
dos Representantes, Mike Johnson (republicano pela Louisiana), aproveitou a
oportunidade para avançar com um pacote independente de ajuda a Israel após o
ataque do Irã. A equipe Biden vê o evento como uma chance de aprovar o projeto
de lei de segurança nacional de US$ 95 bilhões (cerca de R$ 492,5 bilhões) no
Congresso.
O presidente da Câmara
dos EUA indicou no domingo (14) que "compreende a necessidade de estar ao
lado de Israel". Ele declarou a sua intenção de mais uma vez pressionar
por um pacote de ajuda em resposta ao ataque retaliatório de drones e mísseis
de Teerã na madrugada de sábado (13), buscando vingança pelas mortes de dois
generais iranianos em um ataque israelense à sua embaixada na Síria.
Ainda é incerto, no
entanto se a proposta de Johnson incluiria ajuda à Ucrânia e a Taiwan.
Em sua entrevista à
Fox News no domingo, Johnson detalhou os esforços contínuos do Partido
Republicano na Câmara para aprovar pacotes de ajuda para Israel desde outubro
de 2023, enfatizando a necessidade crítica de apoiar Tel Aviv.
Quando questionado
sobre o que pensa sobre o financiamento da Ucrânia, o orador disse que discutiu
a possibilidade de enviar ajuda ao Estado do Leste Europeu sob a forma de um
empréstimo como o ex-presidente Donald Trump sugeriu na última sexta-feira (12).
Ele também abriu margem para a utilização do Ato REPO (lei de reintegração de
posse) para dar ao presidente dos EUA autoridade para apreender ativos
soberanos russos congelados nos EUA e transferi-los para Kiev.
A lei norte-americana
(Ato REPO HR4175) para os ucranianos foi apresentada na Câmara em julho de 2023
e mais tarde recebeu apoio do Comitê de Relações Exteriores do Senado dos EUA
em 24 de janeiro de 2024. No entanto, preocupações foram levantadas por alguns
legisladores, como o senador Rand Paul (republicano pelo Kentucky), que alertam
contra as potenciais consequências da apreensão dos bens congelados de Moscou.
Segundo ele, estas repercussões poderão incluir uma subsequente guerra
econômica entre os EUA e a Rússia, o aumento das tensões na Ucrânia e a erosão
da confiança nos EUA como um líder econômico global fiável.
Embora o orador tenha
dito que analisaria as "questões suplementares" e elaboraria alguns
pacotes de ajuda nesta semana, a grande imprensa dos EUA admite que o futuro do
pacote de ajuda à Ucrânia ainda está no limbo.
O portal Axios citou o
líder da maioria na Câmara, Steve Scalise (republicano pela Louisiana), que
disse no rescaldo do ataque iraniano que nesta semana "a Câmara passará do
seu calendário legislativo previamente anunciado" para "em vez disso
considerar legislação que apoie o nosso aliado Israel" e mantenha o Irã e
os seus aliados responsáveis.
A administração Biden
e os democratas querem que Johnson aprove urgentemente o pacote de US$ 95,3
bilhões (cerca de R$ 493,5 bilhões) para apoiar a Ucrânia, Israel e Taiwan. O
projeto foi aprovado pelo Senado em fevereiro.
No domingo, o
presidente Biden convocou uma ligação com Johnson, o líder da minoria na
Câmara, Hakeem Jeffries (democrata por Nova York), o líder da maioria no
Senado, Chuck Schumer (democrata por Nova York), e o líder da minoria no
Senado, Mitch McConnell (republicano pelo Kentucky), e lhes pediu "que
aprovassem o suplemento de segurança nacional o mais rápido possível", com
base na declaração oficial da Casa Branca.
Ainda assim, o projeto
de lei suplementar aprovado pela Câmara Alta há dois meses não contém
disposições de segurança fronteiriça extremamente importantes, apontadas pelos
republicanos da Câmara como condição para a aprovação da legislação sobre ajuda
externa. Parece haver uma ligeira mudança na atitude do Partido Republicano em
relação ao assunto, com os republicanos instando Biden a usar sua autoridade
presidencial para fechar a fronteira.
Em sua entrevista de
domingo, Johnson apontou "nove milhões de encontros oficiais" na
fronteira sul durante a presidência de Biden, sugerindo que cerca de 16 milhões
de indivíduos com "status ilegal" poderiam ter entrado sorrateiramente
nos Estados Unidos. O orador insistiu que Biden tem uma série de ferramentas
políticas para acabar com a confusão, referindo-se às ordens executivas
emitidas por Donald Trump para conter o fluxo de imigrantes ilegais para os EUA
através da fronteira sul do país.
Além disso, Johnson
insinuou que os imigrantes sem documentos poderiam influenciar o resultado das
próximas eleições gerais de novembro a favor dos democratas. Ele também
mencionou que os republicanos da Câmara fariam o possível para impedir que isso
acontecesse.
Ainda segundo o portal
Axios, o presidente Biden pode considerar a utilização de uma ordem executiva
"nuclear" autorizada pela Seção 212 (f) da Lei de Imigração e
Nacionalidade (INA, na sigla em inglês) em breve, possivelmente até o final de
abril. Esta disposição concede ao presidente ampla autoridade para implementar
restrições à imigração.
Até este ponto, Biden
tem hesitado em exercer esta opção. Em entrevista à Univision no dia 10 de
abril, ele mencionou que "alguns estão sugerindo que eu deveria
simplesmente ir em frente e tentar [...]. E se eu for barrado pelo tribunal,
serei barrado pelo tribunal". O que levanta a questão se as ordens
executivas de Biden relativas à segurança de fronteiras abrirão a porta para a
aprovação do Partido Republicano de um novo pacote de ajuda à Ucrânia,
especialmente tendo em conta a contínua retirada e perda de território de Kiev.
Ø
Chegou a hora de entender que a Ucrânia não
pode recuperar territórios, diz colunista alemão
Os países ocidentais
não conseguirão fazer a Ucrânia recuperar as fronteiras de 1991 mesmo com todas
as economias ocidentais trabalhando em prol do setor militar, sugere um jornal
alemão.
Os aliados ocidentais
de Kiev devem reconhecer a realidade da zona de conflito na Ucrânia e mudar o
formato das discussões sobre as possíveis opções para encerrar o conflito,
escreveu no domingo (14) um jornalista do Berliner Zeitung.
"Depois de quase
780 dias de combates, é hora de entender a realidade do que está
acontecendo", escreveu Thomas Fasbender.
Segundo ele, a
preparação de qualquer operação ofensiva exigiria do lado ucraniano várias
centenas de milhares de soldados experientes, além de uma disponibilidade de
reservas significativas de equipamentos, armas e munição.
O jornalista chamou
assim de "ilusório" o objetivo proclamado por Kiev de alcançar as
fronteiras de 1991, mesmo que toda a economia dos países ocidentais, aliados de
Kiev, seja convertida para fins militares.
Diante desse fato, o
autor do artigo argumentou que a Alemanha e os políticos ocidentais deveriam
reconsiderar sua atitude em relação à admissibilidade de várias opções para
resolver o conflito.
"Na Alemanha, os
mesmos clichés são reproduzidos o tempo todo: 'A Rússia não tem o direito de
vencer. A Ucrânia não pode perder'. Ela tem. Deve perder. Como se a Alemanha
tivesse o direito de votar. Você está interessado na realidade?", questionou
Fasbender.
Por causa disso, o
colunista instou a comunidade política ocidental a responder adequadamente às
realidades em transformação, sem abandonar as discussões sobre a construção de
um novo formato de ordem mundial.
¨ Sem poder ser desmobilizados, militares ucranianos se mostram
prontos para desertar
De acordo com o portal
ucraniano Strana, Kiev enfrenta problemas em aumentar a quantidade de
militares; um projeto de nova lei de mobilização deve demorar pelo menos oito
meses para ser elaborado.
Militares de Odessa
reagiram de forma negativa ao cancelamento da desmobilização na Ucrânia durante
uma pesquisa de opinião, revela mídia ucraniana.
Na quinta-feira (11) a
Suprema Rada, parlamento ucraniano, aprovou um projeto de lei sobre o reforço
da mobilização para o Exército na Ucrânia. O Comitê de Segurança e Defesa
Nacional excluiu o parágrafo sobre a desmobilização do texto do documento na véspera
de sua apresentação ao parlamento para a segunda leitura. Dmitry Lazutkin,
representante do Ministério da Defesa da Ucrânia, disse posteriormente que
estava planejado elaborar um projeto de lei separado sobre a desmobilização, o
que levaria oito meses.
Jornalistas ucranianos
em Odessa questionaram militares, incluindo aqueles que estão em reabilitação
na cidade, sobre sua atitude em relação à decisão das autoridades ucranianas de
excluir a desmobilização do projeto de lei sobre o endurecimento do alistamento
militar.
Nesse caso, "vou
sair da unidade sem permissão", disse um deles ao portal ucraniano Strana.
Outro militar das
Forças Armadas da Ucrânia disse que os deputados do parlamento deveriam ir para
o front em pé de igualdade com eles. Outro acredita que são necessárias
mudanças no país e que não é possível combater com os mesmos soldados o tempo
todo, tornando necessária a desmobilização.
"Eu atirarei em
todos eles. Se não houver desmobilização, ou seja, eu me levanto agora, vou
para a guerra, e eles engordam e vão se sentar na Suprema Rada? Isso não
deveria acontecer. Quem são eles? Nós somos as autoridades, não eles",
opinou outro militar.
"Existe a
expressão 'servo do povo'. Não somos nós que devemos servi-los, mas eles que
devem nos servir", acrescentou outro.
Ø Número de militares dos EUA e da Polônia na fronteira com a
Ucrânia será reforçado, diz Varsóvia
O país europeu
anunciou um aumento das forças da Organização do Tratado do Atlântico Norte
(OTAN) dentro de seu território, movimento feito em conjunto com os Estados
Unidos em apoio à Ucrânia.
O número de tropas da
Polônia e dos EUA na fronteira com a Ucrânia vai aumentar, disse a repórteres o
vice-primeiro-ministro e ministro da Defesa Nacional polonês.
"A presença do
Exército em Rzeszow será ainda maior. Esse é um dos investimentos mais
importantes de nosso governo, um investimento em segurança", disse
Wladyslaw Kosiniak-Kamysz.
Ele explicou que
Rzeszow, na voivodia de Podkarpackie, é o centro de fornecimento de armas e
ajuda humanitária da União Europeia e dos EUA à Ucrânia.
"E mais adiante,
haverá soldados presentes em Rzeszow — tanto poloneses quanto americanos. Esse
é um ponto extraordinariamente importante no mapa da Polônia e do mundo. É um
centro que oferece uma chance de ajudar a Ucrânia", explicou o ministro
polonês.
"Declaro uma
presença muito forte do Exército na voivodia de Podkarpackie — no flanco
oriental da OTAN. Nós investiremos nisso. Estamos implantando novas divisões,
investindo", acrescentou.
A Rússia acredita que
as entregas de armas à Ucrânia e o treinamento de seus militares impedem um
acordo e envolvem diretamente os países da OTAN no conflito, que "brincam
com fogo". Sergei Lavrov, ministro das Relações Exteriores russo, notou que
qualquer suprimento que contenha armas para a Ucrânia seria um alvo legítimo
para o Kremlin.
Fonte: Sputnik Brasil
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