Moisés Mendes: ‘Aliados expõem Bolsonaro
como estorvo e entregam sua cabeça a Gonet e Moraes’
A rejeição a Bolsonaro
nessa eleição, por parte de eleitores e de parceiros de luta, é mais do que
constrangedora para quem pretendia ser visto, por muito tempo, como líder da
extrema direita que vinha engolindo a velha direita.
É muito mais do que
ser abalado pelo desprezo de liderados. É pior do que ter a prova da
desimportância da sua imagem até para o fascismo. É também mais desmoralizante
do que saber que, além de não atrair votos, ele atrapalha as campanhas.
É mais complicado do
que perceber que, no embate que não desiste de fazer com Lula, ele afugenta
possíveis eleitores de Ricardo Nunes e de outros candidatos, enquanto Lula
atrai eleitores para Guilherme Boulos e nomes das esquerdas em cidades grandes
e médias.
O pior do que não
significar quase mais nada e ser rejeitado é saber que, exatamente por
enfrentar essa degradação, deverá ser completamente abandonado como um leão
velho, sem dentes e imprestável. E que, sem a proteção dos seus, finalmente
será alcançado pelo sistema de Justiça.
Bolsonaro foi
escondido nos biombos das campanhas da direita. Só aparece, mais como gesto de
desespero, nas propagandas de Alexandre Ramagem no Rio e de outros do terceiro
time da extrema direita. Todos com chances mínimas de chegar ao segundo turno.
Candidatos que
conseguiram calibrar seus reacionarismos e se posicionar bem nas pesquisas, nas
grandes capitais, não querem saber de Bolsonaro por perto. Como Nunes em São
Paulo e Sebastião Melo em Porto Alegre.
Não há mais, por maior
que seja o esforço até de parte da grande imprensa, conexões entre sucesso
eleitoral e bolsonarismo, na velha e na nova direita. Bolsonaro é um espantalho
assustando eleitores fiéis e indecisos.
É nessa situação, com
a imagem aos frangalhos, que Bolsonaro será associado a fracassos e não terá
nenhum vínculo com eventuais vitórias da direita. É assim, sem forças, que ele
pode esperar o cerco final do Ministério Público e do Judiciário.
A campanha às eleições
municipais preparou uma armadilha para Bolsonaro, por expor suas fragilidades.
Nenhum outro teste é mais importante hoje do que esse que o denuncia como
estorvo para os seus aliados.
Bolsonaristas em busca
de consolo podem dizer que na campanha de 2014, quando Dilma venceu Aécio, o
PSDB tentou esconder Fernando Henrique Cardoso. Não é a mesma coisa.
FH teve a imagem
depreciada pelos desastres do segundo governo, mas não se envolveu com nada
parecido com o conjunto de crimes que acabou com a força política de Bolsonaro.
Não há mais o que
fazer. Depois da eleição, a qualquer momento poderão bater nas portas de
Bolsonaro e de todos, civis e militares, que ele puxou para o golpe e para os
delitos que cometeu.
Daqui a pouco mais de
um mês, antes do verão e do recesso do Judiciário, passado o segundo turno, o
cenário agora esboçado estará definido. Com o abandono de Bolsonaro, ficou mais
fácil para Paulo Gonet e Alexandre de Moraes.
<><>
Bolsonaro decide não gravar programa de Ricardo Nunes no 1º turno
Na Band e com Jair
Bolsonaro, em 20 minutos, tudo pode mudar. Mas, salvo alguma novidade, a
decisão atual do ex-presidente é não gravar neste primeiro turno um depoimento
pedindo votos para Ricardo Nunes.
A promessa é que a
gravação ocorra no segundo turno, se a maioria das pesquisas eleitorais se
confirmar no dia 6 de outubro e o emedebista avançar para a última etapa da
disputa.
A propósito, Bolsonaro
segue sentindo-se pouco prestigiado por Ricardo Nunes. O problema é que, se o
segundo turno for contra Guilheme Boulos, tudo indica que o emedebista vá se
afastar mais ainda do ex-presidente, para tentar fazer prevalecer a imagem de
alguém de centro.
• Nunes foge de perguntas, comemora casas
de 18m² e se escora em coronel
O debate da Record TV
com os candidatos à Prefeitura de São Paulo, realizado na noite deste sábado
(28), manteve um tom civilizado, dentro do possível, e apenas viu a temperatura
subir em alguns poucos momentos, mas dentro da “normalidade”. A transmissão
começou com o mediador listando uma série de condições preestabelecidas com os
participantes, como não sair do local onde foram colocados, não usar apelidos,
não fazer acusações desrespeitosas e um rosário de outras imposições.
As mudanças são
claramente uma reação ao baixíssimo nível da campanha eleitoral deste ano,
sobretudo avacalhada pelo coach Pablo Marçal (PRTB), que depois de muitos
xingamentos, acusações infundadas e provocações acabou agredido por uma
cadeirada desferida por José Luiz Datena (PSDB) no debate da TV Gazeta, há
algumas semanas.
Desde o início o coach
goiano condenado por integrar uma quadrilha de fraudes a bando nitidamente
estava se segurando para não vandalizar o encontro e descambar com tudo. Chegou
até a chamar Guilherme Boulos (PSOL) de “Boules”, se ‘desculpando’ de forma cínica
e irônica, mas acabou punido. Já Marina Helena (Novo) desfilou uma caravana de
bobagens elitistas e ataques macartistas contra o candidato apoiado pelo
presidente Lula, sempre fazendo dobradinha com Ricardo Nunes (MDB).
O atual prefeito,
aliás, foi um dos centros do debate, sendo alvo de quase todos os candidatos.
No geral, ele fugiu das perguntas e respondia a tudo com discursos desconexos e
com supostos feitos de seu mandato. Foi neste momento, num dos ataques a Boulos,
que ele resolveu se jactar de ter feito casas de 18m² e passou então a se
escorar em seu vice, o coronel da reserva e ex-comandante da Rota Mello Araújo,
um bolsonarista que quando estava na ativa assumiu abertamente que a Polícia
Militar tem que abordar diferente os cidadãos que moram na periferia daqueles
que vivem em bairros nobres.
Uma outra atitude que
chamou a atenção foi a da candidata Tabata Amaral (PSB), que procurou de
maneira mais direta antagonizar com Boulos e disparar críticas ao seu partido,
o PSOL. Ela questionou o adversário de esquerda sobre sua posição em relação a
temas caros ao campo progressista, como a liberação de drogas, aborto e o
regime venezuelano de Nicolás Madura. Boulos procurou não polemizar e seguiu
falando de propostas.
<><> E
então Nunes, Bolsonaro vai indicar cargos caso você seja reeleito?
O prefeito e candidato
à reeleição, Ricardo Nunes (MDB), simplesmente ignorou a pergunta de uma
jornalista neste domingo (28), durante debate promovido pela TV Record. Ele
agiu como se ela simplesmente não tivesse tocado no assunto. E a pergunta era
clara e fulminante:
“O ex-presidente Jair
Bolsonaro (PL) vai indicar cargos na sua gestão?”
Nunes se limitou a
defender seu candidato a vice, indicação de Bolsonaro, o coronel Ricardo de
Mello Araújo.
E teve que ouvir
Guilherme Boulos (PSOL), escalado para comentar sua resposta, lembrar afirmação
do coronel de que a abordagem policial na periferia deveria ser diferente do
que nos Jardins, região nobre de São Paulo.
Nunes tem se esquivado
cada vez mais do apoio do ex-presidente. O bolsonarismo que, em outro momento,
trazia votos, virou um problema. E o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da
Silva a Boulos, tem o efeito contrário.
Pesquisa da Escola de
Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP) divulgada pela Fórum neste sábado
aponta que, numa mesma simulação de segundo turno, quando os eleitores são
informados que Nunes é apoiado por Bolsonaro, ele cai de 41,9% para 40,5%. Boulos,
por sua vez, quando o eleitor é avisado que tem o apoio de Lula, vai de 35,3%
para 39%. Neste cenário, os dois ficam empatados tecnicamente.
• PL já descarta 2º turno no Rio com
Ramagem
O PL do Rio de Janeiro
já perdeu as esperanças de que haverá um segundo turno nas eleições municipais
da cidade, conforme reportado por Guilherme Amado, em sua coluna no Metrópoles.
O partido avalia que Alexandre Ramagem, seu candidato à prefeitura, dificilmente
conseguirá reduzir a larga diferença em relação a Eduardo Paes, atual prefeito
e candidato à reeleição pelo PSD.
Na mais recente
pesquisa de intenção de voto, Paes lidera com 59%, enquanto Ramagem aparece com
17%. Para que haja segundo turno, o candidato do PL precisaria aumentar sua
popularidade em mais de 30 pontos percentuais em menos de uma semana. Diante
desse cenário, integrantes do partido consideram a tarefa quase impossível.
Mesmo com o pessimismo
predominante entre os aliados de Ramagem, Jair Bolsonaro (PL) pretende
intensificar sua presença na capital fluminense na reta final da campanha. De
acordo com fontes do partido, Bolsonaro deve participar de uma série de eventos
ao lado de Ramagem entre os dias 1º e 6 de outubro, com o objetivo de alavancar
o desempenho do candidato.
Apesar dessa
movimentação, o clima dentro do PL é de resignação. Muitos acreditam que os
esforços não serão suficientes para alterar significativamente o quadro
eleitoral. A campanha de Ramagem vinha apostando em sua imagem de
"outsider" e em sua trajetória como delegado da Polícia Federal, mas,
até o momento, essas estratégias não se mostraram suficientes para ameaçar a
hegemonia de Paes.
• Em culto evangélico, Tarcísio prega
contra "falsos cristos", "filhos das trevas" e "falsos
profetas"
Em um momento decisivo
da campanha eleitoral, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas
(Republicanos), participou de um culto neste domingo (29) na Igreja Mundial do
Poder de Deus, localizada na região central da capital paulista. Acompanhado do
prefeito e candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB), Tarcísio subiu ao palco
ao lado do líder religioso apóstolo Valdemiro Santiago, onde fez um discurso
direcionado aos fiéis, alertando sobre "falsos cristos", "filhos
das trevas" e "falsos profetas", segundo a Folha de S. Paulo.
Durante sua fala, o
governador mencionou que "estamos chegando a um momento decisivo, de
pensar no futuro", e reforçou a necessidade de cautela diante de promessas
falsas. Citando uma passagem bíblica, ele defendeu que “aquele que é infiel no
pouco será infiel no muito”.
Tarcísio de Freitas
tem intensificado sua agenda em apoio a Ricardo Nunes, buscando consolidar a
base evangélica e neutralizar o crescimento de outros candidatos, como Pablo
Marçal (PRTB), que também têm buscado o voto desta fatia do eleitorado. Durante
o culto, o governador destacou que "os filhos das trevas são mais astutos
que os filhos da luz" e que é preciso estar atento para "falsos
profetas" que prometem coisas "mirabolantes".
Ao ser questionado
pela imprensa sobre a possível alusão a Marçal, que disputa o eleitorado
evangélico com Nunes, Tarcísio evitou a confirmação direta, mas reconheceu que
'toda campanha tem falsos profetas'. O governador também aproveitou para
criticar o nível de desrespeito que considera presente na corrida eleitoral,
citando que o apelido "goiabinha", atribuído a ele por Marçal, é um
sinal da falta de respeito por parte do adversário. "Se a pessoa não
respeita ninguém, se não consegue respeitar o mandatário do estado, com quem
vai ter de ter relação, como imaginar harmonia lá na frente?", questionou.
O culto, que teve
início com cerca de uma hora de atraso, foi marcado por momentos de
descontração e interação entre as lideranças políticas e religiosas. Valdemiro
Santiago, em sua fala, destacou a importância de orar pelas autoridades,
referindo-se a Tarcísio como um "homem de Deus, que gosta de gente.
Amém!"
Fonte: Brasil
247/Fórum
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