Os 7 dados curiosos sobre o beijo
descobertos pela ciência
O ato de beijar é
considerado por estudiosos quase tão antigo quanto a própria humanidade. De
acordo com uma pesquisa publicada pela revista científica “Science” em maio de
2023, um dos primeiros registros confirmados de um beijo romântico-sexual entre
humanos (ou seja, aquele em que os lábios de diferentes indivíduos são
encostados um no outro) foi encontrado em um manuscrito da Idade do Bronze
vindo do sul da Ásia, mais precisamente onde se encontra atualmente a Índia,
com data estimada em 1500 a.C.
Alvo de curiosidade
tanto por parte de especialistas em história como por aqueles do campo das
ciências médicas, o beijo tem uma efeméride dedicada a ele – o Dia
Internacional do Beijo – celebrado anualmente em 13 de abril.
Para conhecer mais
sobre esse ato hoje tão comum entre as pessoas, a National Geographic separou
sete curiosidades sobre o beijo que são cientifica e históricamente
impactantes. Acompanhe:
Qual é a origem do
beijo na humanidade?
Ainda segundo o artigo
da revista “Science”, evidências recentes mostram que o beijo nos lábios já
havia sido documentado na Antiga Mesopotâmia e no Egito, a partir de 2500 a.C.
A fonte científica
explica que “como esse comportamento não surgiu abruptamente ou em uma
sociedade específica”, ele pode ter sido praticado em várias culturas antigas
ao longo de vários milênios, o que significa que ocorreu em vários períodos
históricos simultaneamente.
<><> Os 7
dados curiosos sobre o beijo, segundo a ciência
1. O beijo romântico pode ser utilizado para
avaliar aspectos da adequação de um parceiro em potencial nos relacionamentos
sexuais entre humanos, segundo consta no artigo “Examining the Possible
Functions of Kissing in Romantic Relationships” (“Examinando as possíveis
funções do beijo em relacionamentos românticos”, em tradução livre), publicado
na Biblioteca Nacional de Medicina, dos Estados Unidos (da sigla NIH). Essa
“análise” seria feita pelo beijo por meio da “amostragem de sinais gustativos
semioquímicos encontrados nos óleos da pele e nos compostos da saliva”.
2. O beijo também tem a função útil de
avaliar o nível de atração pelo parceiro, principalmente no caso das mulheres,
continua a pesquisa do NIH. “Foi encontrado apoio para a hipótese de que um
beijo inicial tinha mais probabilidade de afetar a atração por um parceiro em
potencial para as mulheres do que para os homens”, diz.
3. Já o beijo romântico como se conhece “é
um comportamento comum em mais de 90% das culturas conhecidas”, detalha o
artigo.
4. Cheirar, lamber ou esfregar a face na da
outra pessoa têm as mesmas funções do beijo em sociedades nas quais os “contato
boca a boca é desconhecido ou desaprovado”, diz o estudo. “Em murais do antigo
Egito, o beijo era frequentemente representado por parceiros românticos
pressionando os rostos para lamber ou inalar o cheiro do outro”, conta a fonte.
5. Existe uma doença que é transmitida
especificamente pelo beijo. Trata-se da mononucleose, uma infecção causada pelo
vírus Epstein-Barr (EBV) e cujos sintomas mais comuns são febre, mal-estar
geral e dor de garganta. “A mononucleose é passada principalmente por contato
oral com a troca de saliva - daí seu nome popular, ‘a doença do beijo’”,
explica um artigo da Encyclopedia Britannica (plataforma de conhecimento do
Reino Unido).
6. A sensação de prazer que se experimenta
durante um beijo na boca é poderosa porque é resultado da liberação de
hormônios neurotransmissores – como dopamina e serotonina, estimulados pelo ato
de beijar – e responsáveis pela sensação de bem-estar, como conta um estudo
publicado pelo Estudo publicado no Annual Meeting of the American Association
for the Advancement of Science (AAAS).
7. De volta ao artigo encontrado na NIH,
existem evidências que sugerem que “o ritual do beijo romântico tem várias
funções possíveis no processo de acasalamento humano”, para além das já
descritas. Entre elas estão “aumentar os níveis de excitação autonômica (e
iniciar a relação sexual); e mediar sentimentos de apego em relacionamentos
entre pares”.
Ainda há muito o que
se pesquisar sobre este tipo específico de interação humana, que além de
obedecer a processos biológicos, também está ligado a tradições culturais que o
preenchem de significado, orientando sua prática. Enquanto isso não acontece,
as pessoas seguem praticando o beijo sem sequer pensar em todos os gatilhos que
ele dispara no organismo humano.
• Por que tocamos tanto uns nos outros?
Eis as raízes do ‘aperto de mão’ e do ‘beijo no rosto’
MUITO pode ser
transmitido em um aperto de mão, beijo ou abraço. Ao longo da história, essa
saudação foi utilizada como demonstração de amizade, para encerrar transações
comerciais ou indicar devoção religiosa. Mas tocar desconhecidos também pode
trazer outro tipo de consequência, muito menos benéfica — como surtos de
doenças.
Com o aumento da
insegurança sobre a Covid-19, doença causada pelo coronavírus, a França alertou
seus cidadãos a pararem de se cumprimentar com seus famosos beijos nas
bochechas, e, em todo o mundo, os negócios estão sendo fechados com um toque de
cotovelos. Mas com uma história que remonta a milhares de anos, os beijos e
apertos de mão provavelmente estão enraizados demais para serem interrompidos
assim tão facilmente.
Uma teoria popular
sobre a origem do aperto de mão indica que ele começou como um gesto de paz.
Apertar as mãos provava que você não estava segurando uma arma — e o movimento
do aperto de mão era uma maneira de garantir que seu parceiro não tinha nada escondido
na manga. Em todo o mundo antigo, o aperto de mão é retratado em vasos, lápides
e lajes de pedra em cenas de casamentos, deuses realizando acordos, jovens
guerreiros partindo para a guerra e a chegada dos recém-mortos à vida após a
morte. No cânone literário, estende-se à Ilíada e à Odisseia.
A utilidade geral do
aperto de mão, um costume em relacionamentos amorosos, comerciais e de amizade,
dificulta sua interpretação. “O aperto de mão continua sendo até hoje uma
imagem popular, porque também a vemos como uma finalidade complexa e ambígua”, escreveu
o historiador de arte Glenys Davies em uma análise de seu uso na arte clássica.
Na América do Norte, é
provável que a popularidade do aperto de mão tenha sido impulsionada pelos
quakers no século 18. Em seus esforços para fugir da hierarquia e da posição
social, eles consideravam o aperto de mão uma forma mais democrática de cumprimento
do que o comum gesto de reverência, cortesia ou tirada de chapéu da época. “No
lugar dessas saudações, a Sociedade dos Amigos colocou em prática o aperto de
mão, que passou a ser utilizado por todos, independentemente da posição social,
como fazemos até hoje", escreveu o historiador Michael Zuckerman.
Deve haver uma
explicação científica para seu poder tão duradouro. Em um estudo de 2015,
pesquisadores em Israel filmaram apertos de mão entre centenas de desconhecidos
e descobriram que quase um quarto dos participantes cheirou as próprias mãos
logo em seguida. A teoria deles é a de que um aperto de mão pode ser uma forma
inconsciente de detectar sinais químicos e, possivelmente, um meio de
comunicação — assim como outros animais cheiram uns aos outros.
O cumprimento com um
beijo tem uma história igualmente valiosa. Foi incorporado ao cristianismo
antigo e utilizado em cerimônias religiosas. “Na Epístola aos Romanos, São
Paulo instruiu seus seguidores a 'saudar uns aos outros com um beijo sagrado'”,
escreveu Andy Scott no livro One Kiss or Two: In Search of the Perfect Greeting
(Um beijo ou dois: Em busca da saudação perfeita, em tradução livre). Na Idade
Média, o beijo era utilizado como sinal de fidelidade e para selar acordos como
transferências de propriedades.
Atualmente, um beijo
rápido na bochecha, em francês “la bise”, é uma saudação padrão em grande parte
do mundo. A palavra pode ter se originado dos romanos, que tinham termos
diferentes para cada tipo de beijo e chamavam a versão educada de “basium”. Em
Paris, dois beijos são comuns. Em Provença, espere três beijos, e quatro é a
regra no Vale do Loire. O beijo na bochecha também é comum em países como o
Egito, onde as pessoas se cumprimentam com três beijos, e também na América
Latina e nas Filipinas.
Acredita-se que
durante a praga do século 14, la bise pode ter caído em desuso, voltando apenas
400 anos depois, após a Revolução Francesa. Em 2009, la bise foi
temporariamente interrompido, pois a gripe suína se tornou uma preocupação. No
final de fevereiro, o Ministro da Saúde da França desaconselhou essa prática
após o aumento dos casos de coronavírus. “É aconselhável reduzir o contato
social de natureza física", afirmou. “Isso inclui a prática do bise.”
Em seu livro Don’t
Look, Don’t Touch (Não olhe, não toque, em tradução livre), a cientista
comportamental Val Curtis, da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres,
diz que uma possível razão para o beijo e o aperto de mão serem utilizados como
saudação é simbolizar que a outra pessoa é confiável o suficiente para se
compartilhar germes. Por esse motivo, a prática pode entrar e sair de moda,
dependendo das preocupações de saúde pública.
Em um estudo de 1929,
uma enfermeira chamada Leila Given escreveu um artigo no periódico American
Journal of Nursing lamentando que a última geração tenha deixado de utilizar
“as pontas dos dedos e dar um aperto de mão alto”, preferindo um aperto de mão normal.
Ela alertou que as mãos “são agentes de trocas bacterianas” e citou estudos
anteriores que mostram que um aperto de mão pode facilmente espalhar germes. Em
conclusão, ela recomendou que os norte-americanos passassem a utilizar o
costume chinês da época que era unir as próprias mãos ao cumprimentar um amigo.
“Pelo menos nossas bactérias não se espalham”, ela escreveu.
Fonte: National
Geographic Brasil
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