Israel x Hamas: ‘Não há lugar seguro’ –
ordens de evacuação criam caos em Gaza
"Saia
imediatamente, o Exército israelense atuará com força contra os
terroristas": as ordens de evacuação quase diárias do Exército
de Israel geram caos e angústia na Faixa de
Gaza. Cansados de ir e vir de um lugar para outro, em um território destruído
pelos bombardeios israelenses, os palestinos deslocados não querem mais se
mover, já que, como diz a ONU, "nenhum lugar é seguro".
Somente durante as
primeiras três semanas de agosto, o Exército israelense emitiu 11 ordens de
evacuação, que são entregues através de panfletos distribuídos por avião, SMS
ou redes sociais.
No total, de acordo
com a agência Associated Press com base em informações da ONU, 90% dos 2,1 milhões de moradores da região foram forçados
a se deslocar devido a estas ordens em mais de 10 meses de guerra.
"Cada vez que
chegamos a algum lugar, dois dias depois há uma nova ordem de evacuação. Isso
não é vida!", exclama Haizam Abdelaal, um pai que perdeu a conta das vezes
que teve de fugir, à agência AFP.
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Amneh Abu Daka está
cansada de se deslocar e decidiu não fazer mais isso. "Para onde
ir?", pergunta uma palestina de 45 anos, atualmente no sul da Faixa de
Gaza com seus cinco filhos.
"Estou
literalmente na rua. Não tenho 500 shekels [cerca de R$ 750] para alugar uma
carroça puxada por burro, e nem sei para onde iria. Não há lugar seguro,
há bombardeios por todo lado", diz ela em lágrimas, levando apenas os
filhos e as roupas nas costas.
Em várias ocasiões,
estas ordens de evacuação foram contraditórias ou apresentaram como seguras
áreas que eram perigosas. Com isso, civis acabaram sendo vítimas de ataques. As ordens também complicam a tarefa dos trabalhadores
humanitários, que tentam distribuir a ajuda que chega a Gaza, cujo acesso é
totalmente controlado por Israel.
Ordens emitidas nesta
quarta-feira (21), por exemplo, afetaram "80 acampamentos improvisados e
quatro centros de infraestrutura de recepção, incluindo dois da UNRWA [Agência
da ONU para os Refugiados Palestinos]",
além de "escritórios e hangares de armazenamento da ONU e de ONGs", disse o Escritório das Nações Unidas para
a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA).
Se estas ordens forem
cumpridas, prossegue o OCHA, privarão os deslocados de "três poços, que
garantem 2 milhões de litros de água todos os dias a dezenas de milhares de
pessoas" neste território onde, segundo a ONG Oxfam, a quantidade disponível
deste recurso vital caiu 94%.
Nirman al-Bashniti
vive em um destes acampamentos e não sabe mais o que fazer para fugir do
conflito:
"Quando o
Exército tomou a rua onde morávamos, fomos em direção ao mar, abandonamos a
nossa barraca e todos os nossos pertences lá dentro. E agora para onde vamos?
Só nos resta nos jogar no mar e deixar que os peixes nos devorem",
lamenta.
No início da guerra, que eclodiu devido ao ataque do Hamas contra Israel em 7
de outubro, Al Mawasi, no sul da Faixa de Gaza, foi
designada como "zona humanitária". A região, conhecida por suas
praias de areia fina cercadas por palmeiras e campos exuberantes, no entanto,
não se parece em nada com o que era antes.
Antes da guerra, tinha
1.200 habitantes por km², número que já se enquadra na categoria de cidades
"densamente povoadas", segundo os critérios da agência estatística
europeia Eurostat. Mas, agora, tem "entre 30 mil e 34 mil habitantes por km²".
Além disso, o Exército
israelense reduziu o espaço que lhe foi atribuído de 50 para 41 km², segundo
a ONU.
Apesar disso, carros e
famílias continuam chegando à praia lotada em busca de um lugar para se
instalar.
¨ Ataques israelenses no Líbano já mataram 564 pessoas desde
outubro, diz Ministério da Saúde libanês
O número de pessoas
mortas em ataques aéreos israelenses no sul do Líbano desde outubro de 2023
atingiu 564 indivíduos, informou o Ministério da Saúde do Líbano nesta
quinta-feira (22). Mais de 1,8 mil pessoas foram feridas pelos ataques nesse
período.
Dentre os feridos,
três são brasileiros que estavam em Saddike, no sul do Líbano, em 1º de junho,
quando a cidade foi atacada por drones israelenses. Na ocasião, eles receberam
atendimento médico no Hospital Libanês Italiano, em Tiro, cidade também localizada
no sul do país.
Além disso, mais de
110 mil pessoas no sul do Líbano foram deslocadas desde o início dos ataques de
Israel, informou o ministério.
A situação na
fronteira entre Israel e Líbano se intensificou após o início das operações
militares israelenses na Faixa de Gaza em outubro de 2023, depois de um ataque
coordenado pelo movimento palestino Hamas a mais de 20 comunidades israelenses.
O episódio deixou aproximadamente 1,1 mil mortos e cerca de 5,5 mil feridos,
além de mais de 200 reféns.
Em retaliação, Israel
lançou uma declaração de guerra contra o Hamas e iniciou uma série de
bombardeios contra a Faixa de Gaza, que até agora resultou na morte de mais de
40 mil pessoas e mais de 92 mil feridas.
¨ Hamas se concentrará no cessar-fogo e troca de prisioneiros nas
negociações, diz liderança
Os negociadores do
Hamas buscarão um cessar-fogo e uma troca de prisioneiros durante as
negociações mediadas com Israel no Cairo, disse à Sputnik neste sábado (24)
Taher El-Nounou, conselheiro de mídia do líder político do Hamas.
"A delegação nas
negociações do Cairo se concentrará em duas exigências principais: um
cessar-fogo e uma troca de prisioneiros", disse o conselheiro de mídia.
Isso ocorre apesar de
os líderes do Hamas não esperarem ver qualquer avanço nas negociações, disse
El-Nounou. A liderança argumentou ainda que "o outro lado é criminoso e
violará suas obrigações."
Uma nova rodada de
negociações sobre um acordo entre Israel e Hamas para um cessar-fogo na Faixa
de Gaza e a liberação de reféns pode ocorrer no domingo. O diretor da CIA, Bill
Burns, o primeiro-ministro do Qatar, Mohammed bin Abdulrahman Al-Thani, e altos
funcionários de Israel e Egito devem participar.
¨ FDI bombardeiam o Líbano e justificam por o Hezbollah
alegadamente 'preparar ataque contra Israel'
As Forças de Defesa de
Israel (FDI) bombardearam o Líbano e justificaram a ação afirmando ter
descoberto que o Hezbollah estaria preparando um ataque em larga escala contra
Israel.
"Como parte de um
ato de autodefesa para eliminar as ameaças, as FDI estão atacando locais
terroristas no Líbano a partir dos quais o Hezbollah planejava realizar seus
ataques contra cidadãos israelenses", disse o porta-voz militar
israelense, Daniel Hagari, em publicação no Telegram.
A declaração afirma
que as FDI avaliam que o Hezbollah está se preparando para disparar em breve
foguetes e possivelmente drones, para atacar o território israelense.
Hagari também apelou
aos civis libaneses para que abandonassem as zonas no sul do Líbano "para
a sua própria segurança", uma vez que, segundo o porta-voz, são locais a
partir dos quais o Hezbollah planeja lançar os ataques.
¨ Israel recusa 125 missões humanitárias em Gaza durante agosto
apesar de Hamas ainda ter reféns
Israel negou acesso a
125 missões humanitárias na Faixa de Gaza desde o início de agosto, informou o
Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU nos territórios
palestinos ocupados.
Segundo o escritório,
147 missões humanitárias estavam programadas para o norte de Gaza, mas Israel
recusou 46 delas. De acordo com a agência da ONU, 278 missões foram programadas
para o sul do enclave, mas as autoridades israelenses negaram a realização de
79 delas.
Os dados israelenses
indicam que 109 reféns ainda permanecem no cativeiro do Hamas, dos quais cerca
de 40 estão supostamente mortos. Por meio de várias operações e esforços
humanitários, 146 pessoas foram liberadas até agora do cativeiro do Hamas,
incluindo reféns mortos cujos cadáveres foram removidos do enclave.
A situação na
fronteira entre Israel e Líbano se intensificou após o início das operações
militares israelenses na Faixa de Gaza em outubro de 2023, depois de um ataque
coordenado pelo movimento palestino Hamas a mais de 20 comunidades israelenses.
O episódio deixou aproximadamente 1,1 mil mortos e cerca de 5,5 mil feridos,
além de mais de 200 reféns.
Em retaliação, Israel
lançou uma declaração de guerra contra o Hamas e iniciou uma série de
bombardeios contra a Faixa de Gaza, que até agora resultou na morte de mais de
40 mil pessoas e causou mais de 93 mil feridos.
¨ Gaza tem primeiro caso de polio em 25 anos, confirma OMS
A Organização Mundial da Saúde (OMS) confirmou nesta sexta-feira (23/08) o primeiro caso
de poliomielite na Faixa de Gaza em
25 anos. Trata-se de um bebê de 10 meses na cidade palestina de Deir al-Balah,
na região central do enclave palestino, e que não havia recebido nenhuma das
doses previstas no esquema vacinal contra a doença.
Em seu perfil na rede
social X, o diretor-geral da entidade, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse estar
"seriamente preocupado" com a confirmação do caso.
"A OMS e seus
parceiros trabalharam arduamente para colher e transferir amostras da criança
para testagem em um laboratório certificado na região",
afirmou. "O sequenciamento genômico confirmou que o vírus está ligado
à variante do poliovírus tipo 2, detectada em amostras ambientais recolhidas em
junho em águas residuais de Gaza. A criança, que desenvolveu paralisia na perna
esquerda, está em situação estável."
O vírus tipo 2
(cVDPV2), embora não seja inerentemente mais perigoso do que os tipos 1 e 3,
tem sido responsável pela maioria dos surtos no mundo nos últimos anos,
especialmente em áreas com baixas taxas de vacinação.
<><> Crise
humanitária
Deir al-Balah, onde
vive o bebê que contraiu polio, tem sido alvo de repetidos ataques israelenses,
incluindo um bombardeio no final de julho a uma escola,que deixou dezenas de
mortos, segundo as autoridades locais ligadas ao Hamas – Israel disse que tinha
como alvo um "centro de comando" do grupo extremista palestino.
Neste semana, os
israelenses ainda ordenaram a evacuação de diversas partes de Deir
al-Balah, que já estava abarrotada de refugiados que fugiam de outras partes do
enclave devastado.
Na semana passada,
a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinos
(UNRWA) disse que Israel reduziu as “zonas seguras” em Gaza para apenas
11% do território, causando pânico e medo entre as pessoas deslocadas. De
acordo com o governo de Gaza, controlado pelo Hamas, dois milhões de pessoas no
enclave foram deslocadas pela ofensiva contínua de Israel.
<><>
Apelos por pausa humanitária
A OMS e outras
agências das Nações Unidas também reforçaram apelos por uma trégua humanitária em Gaza para
que as duas rodadas de vacinação contra a pólio possam ser realizadas.
"A pólio não faz
distinção entre crianças palestinas e israelenses", disse Philippe
Lazzarini, chefe da UNRWA na sexta-feira em um post no X. "Atrasar
uma pausa humanitária aumentará o risco de disseminação entre as
crianças.”
Em nota, a OMS, junto
ao Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), também pediu que todas as
partes envolvidas no conflito implementem pausas humanitárias durante um
período de pelo menos sete dias.
"Essas pausas nos
combates permitiriam que crianças e famílias chegassem em segurança às unidades
de saúde e que agentes comunitários alcançassem crianças que não têm acesso a
essas unidades para serem imunizadas contra a poliomielite. Sem as pausas
humanitárias, a realização das campanhas não será possível", disse a OMS.
A expectativa é que,
em cada uma das rodadas de vacinação, mais de 640 mil crianças com menos de 10
anos possam receber a vacina oral contra a pólio, conhecida popularmente como
gotinha.
Ainda de acordo com a
OMS, a Faixa de Gaza mantinha boa cobertura vacinal antes da escalada dos
conflitos, em outubro do ano passado. De lá para cá, a vacinação de rotina foi
fortemente impactada – incluindo a segunda dose da vacina contra a pólio, que caiu
de 99% em 2022 para menos de 90% em 2023 e no primeiro trimestre de 2024.
"O risco de
disseminação do vírus, dentro da Faixa de Gaza e internacionalmente, permanece
alto em razão de lacunas na imunidade das crianças, provocadas por interrupções
na vacinação de rotina, dizimação do sistema de saúde, deslocamento constante da
população, desnutrição e sistemas de água e saneamento gravemente
danificados", alerta a OMS.
"A situação
também aumentou o risco de propagação de outras doenças preveníveis por vacinação, como o
sarampo, além de casos de
diarreia, infecções
respiratórias agudas, hepatite
A e doenças de pele entre crianças", disse a OMS.
¨ Polícia de Israel diz deter adolescente que tentou recrutar
colegas de sala para grupo terrorista
A polícia israelense
deteve um estudante de 16 anos de Jerusalém por tentar recrutar colegas de
classe para o grupo terrorista Estado Islâmico (organização terrorista proibida
na Rússia e em vários outros países).
É o que informou o
serviço de imprensa da polícia na quinta-feira (22).
"A unidade
central de polícia do distrito de Jerusalém impediu as atividades de um
ativista do EI de 16 anos que tentou recrutar seus colegas de classe para a
organização terrorista", disse a polícia em um comunicado.
Uma investigação
revelou que o adolescente estava espalhando a ideologia do grupo terrorista
entre outros alunos de sua escola e se autodenominava membro do movimento, diz
o comunicado.
Em seu smartphone,
foram encontrados materiais de natureza violenta e terrorista, vídeos e
informações sobre a fabricação de dispositivos explosivos, bem como leis
religiosas islâmicas sobre homens-bomba, assassinato de pessoas inocentes etc.,
acrescentou o comunicado.
Fonte: g1/Reuters/Sputnik Brasil
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