segunda-feira, 26 de agosto de 2024

Israel x Hamas: ‘Não há lugar seguro’ – ordens de evacuação criam caos em Gaza

"Saia imediatamente, o Exército israelense atuará com força contra os terroristas": as ordens de evacuação quase diárias do Exército de Israel geram caos e angústia na Faixa de Gaza. Cansados de ir e vir de um lugar para outro, em um território destruído pelos bombardeios israelenses, os palestinos deslocados não querem mais se mover, já que, como diz a ONU, "nenhum lugar é seguro".

Somente durante as primeiras três semanas de agosto, o Exército israelense emitiu 11 ordens de evacuação, que são entregues através de panfletos distribuídos por avião, SMS ou redes sociais.

No total, de acordo com a agência Associated Press com base em informações da ONU, 90% dos 2,1 milhões de moradores da região foram forçados a se deslocar devido a estas ordens em mais de 10 meses de guerra.

"Cada vez que chegamos a algum lugar, dois dias depois há uma nova ordem de evacuação. Isso não é vida!", exclama Haizam Abdelaal, um pai que perdeu a conta das vezes que teve de fugir, à agência AFP.

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Amneh Abu Daka está cansada de se deslocar e decidiu não fazer mais isso. "Para onde ir?", pergunta uma palestina de 45 anos, atualmente no sul da Faixa de Gaza com seus cinco filhos.

"Estou literalmente na rua. Não tenho 500 shekels [cerca de R$ 750] para alugar uma carroça puxada por burro, e nem sei para onde iria. Não há lugar seguro, há bombardeios por todo lado", diz ela em lágrimas, levando apenas os filhos e as roupas nas costas.

Em várias ocasiões, estas ordens de evacuação foram contraditórias ou apresentaram como seguras áreas que eram perigosas. Com isso, civis acabaram sendo vítimas de ataques. As ordens também complicam a tarefa dos trabalhadores humanitários, que tentam distribuir a ajuda que chega a Gaza, cujo acesso é totalmente controlado por Israel.

Ordens emitidas nesta quarta-feira (21), por exemplo, afetaram "80 acampamentos improvisados e quatro centros de infraestrutura de recepção, incluindo dois da UNRWA [Agência da ONU para os Refugiados Palestinos]", além de "escritórios e hangares de armazenamento da ONU e de ONGs", disse o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA).

Se estas ordens forem cumpridas, prossegue o OCHA, privarão os deslocados de "três poços, que garantem 2 milhões de litros de água todos os dias a dezenas de milhares de pessoas" neste território onde, segundo a ONG Oxfam, a quantidade disponível deste recurso vital caiu 94%.

Nirman al-Bashniti vive em um destes acampamentos e não sabe mais o que fazer para fugir do conflito:

"Quando o Exército tomou a rua onde morávamos, fomos em direção ao mar, abandonamos a nossa barraca e todos os nossos pertences lá dentro. E agora para onde vamos? Só nos resta nos jogar no mar e deixar que os peixes nos devorem", lamenta.

No início da guerra, que eclodiu devido ao ataque do Hamas contra Israel em 7 de outubro, Al Mawasi, no sul da Faixa de Gaza, foi designada como "zona humanitária". A região, conhecida por suas praias de areia fina cercadas por palmeiras e campos exuberantes, no entanto, não se parece em nada com o que era antes.

Antes da guerra, tinha 1.200 habitantes por km², número que já se enquadra na categoria de cidades "densamente povoadas", segundo os critérios da agência estatística europeia Eurostat. Mas, agora, tem "entre 30 mil e 34 mil habitantes por km²".

Além disso, o Exército israelense reduziu o espaço que lhe foi atribuído de 50 para 41 km², segundo a ONU.

Apesar disso, carros e famílias continuam chegando à praia lotada em busca de um lugar para se instalar.

¨      Ataques israelenses no Líbano já mataram 564 pessoas desde outubro, diz Ministério da Saúde libanês

O número de pessoas mortas em ataques aéreos israelenses no sul do Líbano desde outubro de 2023 atingiu 564 indivíduos, informou o Ministério da Saúde do Líbano nesta quinta-feira (22). Mais de 1,8 mil pessoas foram feridas pelos ataques nesse período.

Dentre os feridos, três são brasileiros que estavam em Saddike, no sul do Líbano, em 1º de junho, quando a cidade foi atacada por drones israelenses. Na ocasião, eles receberam atendimento médico no Hospital Libanês Italiano, em Tiro, cidade também localizada no sul do país.

Além disso, mais de 110 mil pessoas no sul do Líbano foram deslocadas desde o início dos ataques de Israel, informou o ministério.

A situação na fronteira entre Israel e Líbano se intensificou após o início das operações militares israelenses na Faixa de Gaza em outubro de 2023, depois de um ataque coordenado pelo movimento palestino Hamas a mais de 20 comunidades israelenses. O episódio deixou aproximadamente 1,1 mil mortos e cerca de 5,5 mil feridos, além de mais de 200 reféns.

Em retaliação, Israel lançou uma declaração de guerra contra o Hamas e iniciou uma série de bombardeios contra a Faixa de Gaza, que até agora resultou na morte de mais de 40 mil pessoas e mais de 92 mil feridas.

¨      Hamas se concentrará no cessar-fogo e troca de prisioneiros nas negociações, diz liderança

Os negociadores do Hamas buscarão um cessar-fogo e uma troca de prisioneiros durante as negociações mediadas com Israel no Cairo, disse à Sputnik neste sábado (24) Taher El-Nounou, conselheiro de mídia do líder político do Hamas.

"A delegação nas negociações do Cairo se concentrará em duas exigências principais: um cessar-fogo e uma troca de prisioneiros", disse o conselheiro de mídia.

Isso ocorre apesar de os líderes do Hamas não esperarem ver qualquer avanço nas negociações, disse El-Nounou. A liderança argumentou ainda que "o outro lado é criminoso e violará suas obrigações."

Uma nova rodada de negociações sobre um acordo entre Israel e Hamas para um cessar-fogo na Faixa de Gaza e a liberação de reféns pode ocorrer no domingo. O diretor da CIA, Bill Burns, o primeiro-ministro do Qatar, Mohammed bin Abdulrahman Al-Thani, e altos funcionários de Israel e Egito devem participar.

¨      FDI bombardeiam o Líbano e justificam por o Hezbollah alegadamente 'preparar ataque contra Israel'

As Forças de Defesa de Israel (FDI) bombardearam o Líbano e justificaram a ação afirmando ter descoberto que o Hezbollah estaria preparando um ataque em larga escala contra Israel.

"Como parte de um ato de autodefesa para eliminar as ameaças, as FDI estão atacando locais terroristas no Líbano a partir dos quais o Hezbollah planejava realizar seus ataques contra cidadãos israelenses", disse o porta-voz militar israelense, Daniel Hagari, em publicação no Telegram.

 

A declaração afirma que as FDI avaliam que o Hezbollah está se preparando para disparar em breve foguetes e possivelmente drones, para atacar o território israelense.

Hagari também apelou aos civis libaneses para que abandonassem as zonas no sul do Líbano "para a sua própria segurança", uma vez que, segundo o porta-voz, são locais a partir dos quais o Hezbollah planeja lançar os ataques.

¨      Israel recusa 125 missões humanitárias em Gaza durante agosto apesar de Hamas ainda ter reféns

Israel negou acesso a 125 missões humanitárias na Faixa de Gaza desde o início de agosto, informou o Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU nos territórios palestinos ocupados.

Segundo o escritório, 147 missões humanitárias estavam programadas para o norte de Gaza, mas Israel recusou 46 delas. De acordo com a agência da ONU, 278 missões foram programadas para o sul do enclave, mas as autoridades israelenses negaram a realização de 79 delas.

Os dados israelenses indicam que 109 reféns ainda permanecem no cativeiro do Hamas, dos quais cerca de 40 estão supostamente mortos. Por meio de várias operações e esforços humanitários, 146 pessoas foram liberadas até agora do cativeiro do Hamas, incluindo reféns mortos cujos cadáveres foram removidos do enclave.

A situação na fronteira entre Israel e Líbano se intensificou após o início das operações militares israelenses na Faixa de Gaza em outubro de 2023, depois de um ataque coordenado pelo movimento palestino Hamas a mais de 20 comunidades israelenses. O episódio deixou aproximadamente 1,1 mil mortos e cerca de 5,5 mil feridos, além de mais de 200 reféns.

Em retaliação, Israel lançou uma declaração de guerra contra o Hamas e iniciou uma série de bombardeios contra a Faixa de Gaza, que até agora resultou na morte de mais de 40 mil pessoas e causou mais de 93 mil feridos.

¨      Gaza tem primeiro caso de polio em 25 anos, confirma OMS

Organização Mundial da Saúde (OMS) confirmou nesta sexta-feira (23/08) o primeiro caso de poliomielite na Faixa de Gaza em 25 anos. Trata-se de um bebê de 10 meses na cidade palestina de Deir al-Balah, na região central do enclave palestino, e que não havia recebido nenhuma das doses previstas no esquema vacinal contra a doença.

Em seu perfil na rede social X, o diretor-geral da entidade, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse estar "seriamente preocupado" com a confirmação do caso.

"A OMS e seus parceiros trabalharam arduamente para colher e transferir amostras da criança para testagem em um laboratório certificado na região", afirmou. "O sequenciamento genômico confirmou que o vírus está ligado à variante do poliovírus tipo 2, detectada em amostras ambientais recolhidas em junho em águas residuais de Gaza. A criança, que desenvolveu paralisia na perna esquerda, está em situação estável."

O vírus tipo 2 (cVDPV2), embora não seja inerentemente mais perigoso do que os tipos 1 e 3, tem sido responsável pela maioria dos surtos no mundo nos últimos anos, especialmente em áreas com baixas taxas de vacinação.

<><> Crise humanitária

Deir al-Balah, onde vive o bebê que contraiu polio, tem sido alvo de repetidos ataques israelenses, incluindo um bombardeio no final de julho a uma escola,que deixou dezenas de mortos, segundo as autoridades locais ligadas ao Hamas – Israel disse que tinha como alvo um "centro de comando" do grupo extremista palestino.

Neste semana, os israelenses ainda ordenaram a evacuação de diversas partes de Deir al-Balah, que já estava abarrotada de refugiados que fugiam de outras partes do enclave devastado.

Na semana passada, a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinos (UNRWA) disse que Israel reduziu as “zonas seguras” em Gaza para apenas 11% do território, causando pânico e medo entre as pessoas deslocadas. De acordo com o governo de Gaza, controlado pelo Hamas, dois milhões de pessoas no enclave foram deslocadas pela ofensiva contínua de Israel.

<><> Apelos por pausa humanitária

A OMS e outras agências das Nações Unidas também reforçaram apelos por uma trégua humanitária em Gaza para que as duas rodadas de vacinação contra a pólio possam ser realizadas. 

"A pólio não faz distinção entre crianças palestinas e israelenses", disse Philippe Lazzarini, chefe da UNRWA na sexta-feira em um post no X. "Atrasar uma pausa humanitária aumentará o risco de disseminação entre as crianças.” 

Em nota, a OMS, junto ao Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), também pediu que todas as partes envolvidas no conflito implementem pausas humanitárias durante um período de pelo menos sete dias.

"Essas pausas nos combates permitiriam que crianças e famílias chegassem em segurança às unidades de saúde e que agentes comunitários alcançassem crianças que não têm acesso a essas unidades para serem imunizadas contra a poliomielite. Sem as pausas humanitárias, a realização das campanhas não será possível", disse a OMS.

A expectativa é que, em cada uma das rodadas de vacinação, mais de 640 mil crianças com menos de 10 anos possam receber a vacina oral contra a pólio, conhecida popularmente como gotinha.

Ainda de acordo com a OMS, a Faixa de Gaza mantinha boa cobertura vacinal antes da escalada dos conflitos, em outubro do ano passado. De lá para cá, a vacinação de rotina foi fortemente impactada – incluindo a segunda dose da vacina contra a pólio, que caiu de 99% em 2022 para menos de 90% em 2023 e no primeiro trimestre de 2024.

"O risco de disseminação do vírus, dentro da Faixa de Gaza e internacionalmente, permanece alto em razão de lacunas na imunidade das crianças, provocadas por interrupções na vacinação de rotina, dizimação do sistema de saúde, deslocamento constante da população, desnutrição e sistemas de água e saneamento gravemente danificados", alerta a OMS.

"A situação também aumentou o risco de propagação de outras doenças preveníveis ​​por vacinação, como o sarampo, além de casos de diarreia, infecções respiratórias agudas, hepatite A e doenças de pele entre crianças", disse a OMS.

¨      Polícia de Israel diz deter adolescente que tentou recrutar colegas de sala para grupo terrorista

A polícia israelense deteve um estudante de 16 anos de Jerusalém por tentar recrutar colegas de classe para o grupo terrorista Estado Islâmico (organização terrorista proibida na Rússia e em vários outros países).

É o que informou o serviço de imprensa da polícia na quinta-feira (22).

"A unidade central de polícia do distrito de Jerusalém impediu as atividades de um ativista do EI de 16 anos que tentou recrutar seus colegas de classe para a organização terrorista", disse a polícia em um comunicado.

Uma investigação revelou que o adolescente estava espalhando a ideologia do grupo terrorista entre outros alunos de sua escola e se autodenominava membro do movimento, diz o comunicado.

Em seu smartphone, foram encontrados materiais de natureza violenta e terrorista, vídeos e informações sobre a fabricação de dispositivos explosivos, bem como leis religiosas islâmicas sobre homens-bomba, assassinato de pessoas inocentes etc., acrescentou o comunicado.

 

Fonte: g1/Reuters/Sputnik Brasil

 

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