CNJ investiga juiz da BA afastado após mais
de mil processos serem assinados enquanto ele estava de licença médica
O colegiado do
Conselho Nacional de Justiça (CNJ) investiga um juiz do Tribunal de Justiça da
Bahia (TJ-BA) afastado das atividades após mais de mil processos serem
assinados enquanto ele estava de licença médica, por um servidor que utilizou o
token do magistrado e depois foi exonerado.
Segundo o CNJ, na
terça-feira (13), abriu um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) contra o
juiz, que não teve a identidade revelada.
A decisão de abertura
do PAD foi tomada com base no voto apresentado pelo relator, o corregedor
nacional de Justiça, ministro Luis Felipe Salomão.
No voto, o corregedor
nacional apontou a necessidade de abertura do PAD também para que sejam
apurados fatos que indicam eventual prática de mais duas infrações
disciplinares.
• A primeira seria conduta em desacordo
com normas legais e regulamentares, como a utilização de súmulas de julgamento
genéricas para viabilizar a inclusão de processos, chegando a exceder 500 para
uma mesma sessão, e a inclusão de votos de relator já no curso dos julgamentos;
• Outro indício de infração diz respeito à
própria má gestão do acervo, ocasionando congestionamento de processos em um
nível considerado “caótico” pelo plenário.
De acordo com o
corregedor nacional, caso sejam confirmados os fatos, trata-se de “caso de
descumprimento reiterado dos deveres do cargo”.
Em nota, o TJ-BA
informou que o processo tramita no Conselho Nacional de Justiça e que não se
manifesta em decisões de instâncias superiores, apenas cumpre as determinações.
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Afastamento
O corregedor
recomendava a manutenção do juiz nas atividades durante o período de análise do
PAD. No entanto, o conselheiro José Rotondano apresentou voto pelo afastamento
do magistrado baiano.
O conselheiro elencou
o impacto da conduta do magistrado na prestação jurisdicional; a prática de
atos de obstrução, de persecução disciplinar; e o histórico do juiz no tribunal
de origem.
“Coadunar com a
permanência do magistrado na atividade judicante é permitir a continuidade da
prática de condutas irregulares, multiplicando o impacto negativo na prestação
de serviços”, justificou.
O voto divergente pelo
afastamento foi acompanhado pelos conselheiros Alexandre Teixeira, Renata Gil,
Daniela Madeira, Pablo Coutinho, João Paulo Schoucair, Luiz Fernando Bandeira
de Mello Filho, além do presidente do CNJ e do Supremo Tribunal Federal (STF),
ministro Luís Roberto Barroso.
• Homem é preso suspeito de lavagem de
dinheiro e atuação em milícia na BA; deputado estadual é suspeito de chefiar
grupo
Um homem foi preso
pela Polícia Federal na terça-feira (20), na operação "El Patron",
que investiga o deputado estadual Kleber Cristian Escolano de Almeida, mais
conhecido como Binho Galinha. Ele é suspeito de chefiar uma milícia responsável
por lavagem de dinheiro em Feira de Santana, cidade a cerca de 100 km de
Salvador.
A ação desarticula uma
organização criminosa especializada na lavagem de capitais de atividades
ilícitas como jogos de azar, agiotagem, extorsão e receptação qualificada, além
envolvimento com milicianos.
O homem detido era
foragido da Justiça desde 7 de dezembro de 2023, data em que foi deflagrada a
operação. Ele não teve nome divulgado e recebeu voz de prisão ao sair de um
condomínio.
O investigado é
apontado como um dos operadores financeiros da organização criminosa. Ele é
suspeito de recepcionar em sua conta bancária elevadas quantias transferidas
pelos outros indiciados, com o objetivo de disfarçar a origem ilícita dos
valores e desconexão com as atividades criminosas.
Com ele, foram
apreendidos um veículo, uma pistola e celulares. Os materiais serão
encaminhados para perícia. A Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA) informou,
por meio de nota, que o investigado também é suspeito de tráfico de drogas e
homicídio.
A ação integrada foi
realizada pela Força Correcional (FORCE) da Corregedoria Geral da Secretaria da
Segurança Pública, do Departamento de Polícia Metropolitana da Polícia Civil e
da Polícia Federal. O mandado de prisão preventiva foi expedido pela 1ª Vara
Criminal da Comarca de Feira de Santana.
Por meio de nota, o
deputado Binho Galinha reafirmou que está à disposição do poder judiciário e
das autoridades competentes para esclarecer qualquer questão que envolva o nome
dele.
"O deputado Binho
Galinha venho a público me manifestar sobre as investigações relacionadas à
Operação El Patrón. Ele volta a afirmar que está totalmente à disposição do
poder judiciário e das autoridades competentes para esclarecer qualquer questão
que envolva meu nome.
Desde o início das
investigações, ele colabora ativamente com as autoridades, fornecendo todas as
informações necessárias para que a verdade seja apurada.
O deputado reitera seu
compromisso com a transparência e a justiça, acreditando no trabalho das
instituições."
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Mandados de busca e apreensão
No dia 9 de agosto
deste mês, a Polícia Federal cumpriu novos mandados de busca e apreensão no
âmbito da "Operação El Patrón", em Feira de Santana.
Agentes voltaram à
cidade em ação coordenada com a Força Correicional Especial Integrada (Force)
da Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), a Receita Federal e o
Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas e Investigações
Criminais (Gaeco) do Ministério Público do Estado (MP-BA).
A medida foi
autorizada pela 1º Vara Criminal de Feira de Santana, a fim de aprofundar as
investigações sobre o uso de armas de fogo de uso restrito pelo grupo
criminoso.
Durante o cumprimento
dos mandados, foram apreendidos documentos e objetos que poderão fornecer
provas adicionais sobre os crimes de posse e porte ilegal de armas de fogo,
além do envolvimento dos acusados em outros atos ilícitos.
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Desdobramento com Operação Hybris III
Em junho, a Polícia
Federal cumpriu outro mandado judicial de busca e apreensão na casa do deputado
estadual Binho Galinha.
Desde dezembro do ano
passado, foram expedidos 10 mandados de prisão, 33 mandados de busca e
apreensão. Os presos foram oito militares, a esposa e o filho do deputado.
Também foram determinados o bloqueio de R$ 200 mil da conta dos suspeitos e a
suspensão de atividades econômicas de seis empresas.
Em 22 de maio deste
ano, na segunda etapa da Operação Hybris, a PF fez alienação antecipada de 45
propriedades urbanas e rurais e de 245 semoventes, como são chamados os animais
de bando que constituem um patrimônio. Isso significa que os bens foram
categorizados como garantia para o pagamento de uma dívida.
Em nota emitida pelos
advogados que representam o político na ocasião, os defensores disseram que ele
estava "colaborando de forma plena e irrestrita com todas as etapas do
processo", e a "operação tem como objetivo criar desgastes políticos".
Conforme informado
pela PF, a investigação segue para apuração de eventuais outros envolvidos. Se
condenados, os investigados poderão ser condenados a penas que, somadas, podem
ultrapassar 50 anos de reclusão.
<><> Foro
privilegiado
No dia 17 de abril
deste ano, a Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA) informou a disponibilidade
dos documentos do processo que envolve o nome de Binho Galinha, encaminhado
pelo Ministério Público estadual (MP-BA), para membros do Conselho de Ética e Decoro
Parlamentar, reinstalado naquele dia.
De acordo com a AL-BA,
a Comissão de Ética é instalada todo início de ano legislativo, porém, há 14
meses, a Casa não contava com a atuação do grupo, que pode, ao ser provocado,
avaliar qualquer queixa interna ou externa envolvendo seus pares em possível
quebra de decoro.
As análises resultam
em pareceres, que vão da não aceitação da denúncia até a cassação de mandatos,
passando por advertências ou suspensões temporárias. Fora os casos de
arquivamento, todas as decisões do Conselho de Ética passam obrigatoriamente
pelo Plenário.
Ainda não existe
denúncia formal contra o deputado Binho Galinha dentro da Legislativo estadual,
porém, há expectativa de que o Conselho analise a situação do deputado a partir
do envio dos documentos do MP. Ele não está preso por ser detentor do foro de
prerrogativa de função, conhecido popularmente como foro privilegiado.
O grupo foi composto
uma semana depois da Polícia Federal converter em preventiva a prisão da esposa
do deputado. Mayana Cerqueira da Silva, de 43 anos, esteve inicialmente sob
prisão domiciliar, mas teve o mandado revogado durante a Operação Hybrius, em
Feira de Santana.
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Durante a operação do dia 9 de abril foram cumpridos:
• 17 mandados de busca e apreensão;
• bloqueio de aproximadamente R$ 4 milhões
das contas bancárias dos investigados;
• suspensão de atividades econômicas de
uma empresa, que não teve o nome divulgado.
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Início das operações
A Operação El Patrón,
deflagrada em dezembro do ano passado, teve seis pessoas presas
preventivamente, em princípio, e 35 mandados de busca e apreensão cumpridos em
Feira de Santana.
Apesar de o deputado
não estar preso, outros envolvidos na organização foram detidos na ocasião,
incluindo familiares dele. Relembre:
• três policiais militares;
• a esposa de Binho Galinha, Mayana
Cerqueira da Silva, de 43 anos, que cumpria prisão domiciliar até o dia 9 de
abril, quando foi convertida para preventiva;
• o filho de Binho Galinha, João Guilherme
Cerqueira da Silva Escolano, de 18 anos, que está em prisão domiciliar, com
tornozeleira eletrônica.
<><> Cada
integrante tinha uma função no grupo:
👉 PMS: atuavam como "braço armado" da milícia, fazendo
as cobranças das dívidas por agiotagem e jogo do bicho.
👉 Empresas: os empreendimentos tinham licenciamento para
funcionar, mas atuavam para lavagem de dinheiro. A PF não deu detalhes sobre os
nomes das empresas, mas afirmou que os funcionamentos de todas elas foram
suspensos.
👉 Deputado estadual: chefiava a organização criminosa.
👉 João Guilherme Cerqueira da Silva Escolano, filho do deputado
estadual: era responsável por receber o dinheiro do crime desde quando ainda
tinha menos de 18 anos. Ele repassou para o pai cerca de R$ 474 mil.
👉 Mayana Cerqueira da Silva, esposa do deputado estadual: as
investigações apontaram movimentação financeira incompatível com os rendimentos
declarados à Receita Federal e a maioria das transações feitas por ela envolvem
os outros suspeitos.
<><> Veja
nota enviada à imprensa pelos advogados do deputado estadual Binho Galinha em
junho:
"Os advogados DR.
AUGUSTO CÉSAR MENDES ARAÚJO e DR. ROBSON OLIVEIRA DA SILVA, que representam a
defesa do Deputado Binho Galinha, na Operação El Patrón, e no seu desdobramento
Operação Hybris III, vem, por meio desta, informar e esclarecer que, nosso
cliente, está colaborando de forma plena e irrestrita com todas as etapas do
processo. Desde o inicio, ele se colocou à disposição das autoridades,
fornecendo todas as informações necessárias e cumprindo rigorosamente todas as
determinações legais.
Respeitamos a decisão
judicial de cumprimento da mandado de busca e apreensão e recebemos com
serenidade a deflagração desta fase da operação. Cabe ainda esclarecer que,
mais uma vez, nada de ilícito foi encontrado, reforçando o caráter transparente
e cooperativo do nosso cliente.
Entendemos que o
objetivo dessa publicização do cumprimento desse mandado de busca e apreensão é
criar um desgaste político ao Deputado Binho Galinha. No entanto, temos a
convicção de que, no fim do processo, ficará comprovada a inocência dele e de
sua família em relação aos fatos investigados.
Cabe a inda esclarecer
que a presente fase da operação se limitou ao cumprimento de um mandado de
busca e apreensão para apreender materiais que já eram de conhecimento da
Polícia Federal, os quais, não foram apreendidos na fase anterior por mera
liberalidade da autoridade policial.
Estamos empenhados em
proporcionar uma defesa robusta, baseada em evidências concretas e na
integridade dos procedimentos legais. Reafirmamos nossa confiança na Justiça e
no sistema jurídico brasileiro para assegurar um julgamento justo e imparcial."
Fonte: g1
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