Intestino
e depressão: como um afeta o outro?
A conexão
entre intestino e depressão é uma velha conhecida da ciência. Em 2016, um estudo
publicado na revista Translational
Psychiatry, revelou que a saúde da microbiota intestinal –
também chamada de flora intestinal –
influencia a regulação de genes relacionados à mielina (substância que reveste
os nervos) no córtex pré-frontal, parte do cérebro responsável por
muitas complicações de saúde
mental, como a depressão e a esquizofrenia.
Em 2019,
outro estudo, publicado na Nature
Microbiology, mostrou que certas bactérias que
vivem no intestino humano podem alimentar ou evitar a depressão. Os
pesquisadores descobriram que, entre mais de 2.100 adultos, aqueles com
depressão mostraram diferenças em grupos específicos de bactérias intestinais –
e que pessoas com concentrações mais altas de outros microrganismos relatavam
melhor bem-estar mental.
Embora não
se saiba exatamente por que isso acontece, existem evidências de que as
bactérias que vivem no intestino fazem muito mais pelo corpo do que
simplesmente auxiliar na digestão: na verdade, parece que eles estão envolvidos em todos os
processos do corpo, desde a proteção contra infecções pelo sistema imunológico
até a produção de vitaminas, compostos anti-inflamatórios e, é
claro, as substâncias químicas que afetam o cérebro.
No estudo
de 2019, os pesquisadores descobriram que os níveis de dois grupos específicos
de bactérias intestinais, Coprococcus e Dialister,
estavam “consistentemente reduzidos” em pessoas com depressão. Enquanto isso,
indivíduos com níveis mais altos de Coprococcus e outro grupo
de bactérias, chamado Faecalibacterium, normalmente avaliavam
melhor a própria qualidade de vida.
Ambos os
tipos de bactérias quebram a fibra alimentar para produzir um composto
anti-inflamatório chamado butirato, um ácido graxo de cadeia curta
encontrado em pequenas quantidades em pessoas depressivas. Ainda não é possível
comprovar se a maior ou menor presença desse composto poderia influenciar, de
fato, a saúde mental, mas as descobertas mostram a necessidade de que sejam
realizadas mais pesquisas nesse sentido.
Além
disso, um estudo de 2009 e outro estudo de 2015, bem
como outras pesquisas conduzidas na área, sugerem que mais de 90% da serotonina do corpo humano é produzida no intestino. O grande número
de evidências a respeito da ligação entre intestino e depressão, bem como
outros transtornos de ordem psiquiátrica e/ou psicológica, é mais um indício de
que a saúde intestinal não deve ser negligenciada.
·
Úlceras estomacais e depressão
No início
de 2021, pesquisadores da Universidade de Queensland confirmaram uma ligação
entre depressão e úlceras estomacais, no maior estudo já realizado sobre fatores genéticos
na úlcera péptica, que pode se desenvolver por causa de problemas na
microbiota.
Ao estudar
dados de saúde de quase meio milhão de pessoas, os pesquisadores forneceram
pistas de como o intestino e o cérebro funcionam juntos. Eles concluíram que a
medicação específica reduz a prevalência da doença, mas que outros fatores de
risco, incluindo estilo de vida e fatores psicológicos, devem receber atenção
especial, porque estão intimamente ligados.
Outros estudos mostram que
pacientes com doenças inflamatórias são propensos à depressão. A teoria por
trás disso é que a desregulação das vias envolvidas no eixo intestino-cérebro
está ligada a esse fenômeno. As descobertas revelam que a neuroinflamação
prolongada afeta as funções cerebrais, que podem ditar o humor e o
comportamento do indivíduo.
A
inflamação é uma das principais forças no desenvolvimento da depressão.
Consequentemente, ela desencadeia mais produção de citocinas em resposta aos
estressores que não são inatos ao corpo humano.
Qualquer
evento estressante vivenciado por um indivíduo determina a diversidade e a
composição de seus comensais intestinais. A inflamação recorrente, imensa e
crônica piora as condições físicas e mentais. Quando a inflamação e a depressão
são apresentadas em um paciente, é essencial fornecer tratamento para ambas as
questões para resolver o problema.
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Para evitar a depressão, mantenha seu
intestino saudável
Alimentação
é a palavra de ordem para manter seu intestino em boas condições e evitar a
depressão. Para isso, abuse dos vegetais ricos em fibras e outros alimentos
nutritivos, como as frutas, que ajudam a manter a flora intestinal equilibrada
e fora de perigo. É importante ressaltar que problemas relacionados à
microbiota podem levar não só a complicações de saúde mental, mas a várias
outras condições de saúde, como a Síndrome do Intestino Irritável.
Uma dieta
saudável pode ser a diferença entre uma composição bacteriana adequada no
intestino e a presença de bactérias prejudiciais à saúde. Por isso, se você
acredita que sua microbiota não anda lá muito alinhada, adote pequenos ajustes
na dieta e acompanhe a evolução de sua saúde em longo prazo. Em casos mais
graves, é fundamental buscar orientação médica.
Priorize
uma alimentação saudável e natural, com baixo teor de gorduras ruins (gorduras
animais e óleos hidrogenados) e rica em frutas, especiarias, vegetais, grãos e
legumes. Opte por alimentos que contenham fibras, nutrientes e antioxidantes. Esses
alimentos ajudam a manter o equilíbrio das bactérias boas e ruins no intestino.
Uma dieta
pobre em fibras e rica açúcar, gorduras, açúcares, fast-food e
processados ajuda a criar bactérias danosas ao intestino. Uma alimentação
inadequada resulta em mau funcionamento do sistema digestivo, o que pode
provocar doenças e sintomas desagradáveis, como diarreia.
Comprimidos
para azia podem alterar a composição das bactérias intestinais; por isso, é
melhor evitá-los. Mas mais nocivos do que eles são os antibióticos, que alteram
ainda mais fortemente a composição das bactérias. Consuma-os somente sob
prescrição médica e tente evitar ao máximo a ingestão dessas substâncias,
especialmente muitas vezes em curtos períodos de tempo.
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O que as bactérias boas do intestino podem
fazer por nós?
O nosso
intestino é o abrigo de 500 milhões de bactérias que são essenciais para o bom
funcionamento do sistema nervoso e de todo o organismo. O uso indiscriminado de
antibióticos e os maus hábitos da vida moderna, que incluem alimentação
inadequada e sedentarismo, no entanto, têm prejudicado significativamente a
atuação desses microrganismos.
O problema
é que, além de manter nossa saúde mental em dia, eles são responsáveis por
várias funções importantes no corpo, como liberação de antioxidantes, promoção
da saúde óssea, ativação de vitamina D, prevenção à obesidade e reconstrução do
sistema imunológico em pacientes submetidos a tratamentos pesados contra
algumas doenças, como a quimioterapia.
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Dicas para manter a microbiota intestinal saudável
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Cuidado com os antibióticos
Os
antibióticos escondidos na carne, leite, água e alimentos processados que
consumimos são potencialmente prejudiciais à saúde, e estão se tornando um
problema de saúde pública nos Estados Unidos. Para evitar os problemas, escolha
alimentos prebióticos densos em nutrientes que ajudem no crescimento de um
microbioma intestinal biodiverso.
Alguns
exemplos são maçãs, aspargos, alcachofras, feijões, alho, alho-poró, raízes
vegetais e outros alimentos ricos em fibras. Alimentos que contêm bactérias
vivas também fortalecem a amigável flora intestinal. Exemplos de alimentos
fermentados que contêm bactérias amigáveis saudáveis incluem;
kefir, iogurte, missô, chucrute, vegetais
em conserva e kimchi.
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Comer abacate diariamente ajuda a melhor a
saúde intestinal
Segundo
um estudo da
Universidade de Illinois, nos EUA, o abacate é um alimento saudável, rico em
fibras dietéticas e gordura monoinsaturada. Diferentes tipos de gorduras têm
efeitos diferenciados na microbiota. As gorduras dos abacates são
monoinsaturadas, que são gorduras saudáveis para o
coração.
O conteúdo
de fibra solúvel também é muito importante. Um abacate médio fornece cerca de
12 gramas de fibra, o que ajuda muito a atingir a quantidade recomendada de 28
a 34 gramas de fibra por dia.
Além
disso, os pesquisadores descobriram que as pessoas que comiam abacate todos os
dias como parte de uma refeição tinham uma abundância maior de micróbios
intestinais que quebram as fibras e produzem metabólitos que auxiliam na saúde
intestinal. Eles também tinham maior diversidade microbiana em comparação com
pessoas que não receberam as refeições de abacate no estudo.
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Alimentos prebióticos
Os prebióticos são alimentos com
substâncias não digeridas pelo organismo, mas aproveitadas por microrganismos
benéficos que vivem no intestino. Em um estudo, uma equipe internacional de cientistas
desenvolveu uma ferramenta de diagnóstico por imagem não invasiva para medir os
níveis de uma enzima que ocorre naturalmente, a hidrolase do sal biliar, dentro
de todo o trato gastrointestinal do corpo.
A equipe
concluiu que alguns tipos de prebióticos sozinhos são capazes de aumentar a
atividade da hidrolase do sal biliar da microbiota intestinal, o que, entre
outros benefícios para a saúde, demonstrou diminuir a inflamação, reduzir os
níveis de colesterol no sangue e proteger contra o câncer de cólon e infecções
do trato urinário.
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Alimentos probióticos
Os alimentos
probióticos são aqueles que contêm bactérias
benéficas para a saúde do intestino. Conheça alguns deles:
Fonte:
eCycle
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