Moraes diz que plano do 8/1 incluia enforcá-lo na Praça dos Três Poderes
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal
Federal (STF), afirmou que os criminosos responsáveis pelos atos de 8 de
janeiro planejavam prendê-lo e, posteriormente, enforcá-lo na Praça dos Três
Poderes, em Brasília. A declaração foi feita em entrevista divulgada pelo
jornal “O Globo” nesta quinta-feira (4).
“Eram três planos. O primeiro previa que as Forças
Especiais [do Exército] me prenderiam em um domingo e me levariam para Goiânia.
No segundo, se livrariam do corpo no meio do caminho para Goiânia. Aí, não
seria propriamente uma prisão, mas um homicídio”, disse Moraes.
E o terceiro, de uns mais exaltados, defendia que,
após o golpe, eu deveria ser preso e enforcado na Praça dos Três Poderes. Para
sentir o nível de agressividade e ódio dessas pessoas, que não sabem
diferenciar a pessoa física da instituição
“Houve uma tentativa de planejamento. Inclusive, e
há outro inquérito que investiga isso, com participação da Abin, que monitorava
os meus passos para quando houvesse necessidade de realizar essa prisão.
Tirando um exagero ou outro, era algo que eu já esperava. Não poderia esperar
de golpistas criminosos que não tivessem pretendendo algo nesse sentido.
Mantive a tranquilidade. Tenho muito processo para perder tempo com isso. E
nada disso ocorreu, então está tudo bem”, detalhou o magistrado.
No decorrer da entrevista, Moraes indica ter se
chocado com a inação da Polícia Militar do Distrito Federal em conter os
vândalos que depredavam as sedes dos Três Poderes.
“Afirmo sem medo de errar: não precisaria de cem
homens do Batalhão de Choque para dispersar aquilo”. O ministro foi secretário
da Segurança Pública de São Paulo durante a gestão do então governador Geraldo
Alckmin e, posteriormente, ministro da Justiça de Michel Temer, que o indicou à
Suprema Corte após a morte do ministro Teori Zavascki, em 2017.
Ø 'Lula me
ligou para verificar as possibilidades jurídicas', diz Alexandre de Moraes
sobre 8/1
Um ano depois dos ataques às sedes dos Três Poderes
por radicais bolsonaristas, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre
de Moraes disse ter recebido uma ligação do presidente Lula (PT) no momento
dos ataques, em Brasília. Ele deu a declaração em entrevista concedida à
jornalista Julia Duailibi para o documentário “8/1 A Democracia Resiste”,
da GloboNews.
Por intermédio do ministro da Justiça e Segurança
Pública, Flávio Dino, o presidente Lula ligou para Alexandre de Moraes. Naquele
dia, Lula estava em Araraquara, no interior de São Paulo.
Na conversa, Lula perguntou quais as possibilidades
jurídicas para que o governo atuasse diante da invasão das sedes dos Três
Poderes.
"Eu disse que o governo deveria fazer os
pedidos [de desocupação dos quartéis e de afastamento de autoridades] via AGU
[Advocacia-Geral da República]. Conversei também com o ministro Jorge Messias
[da AGU]. Foi a AGU que fez os pedidos, tanto de desocupação dos quartéis, de
todos os quartéis, quanto de afastamento das autoridades públicas em tese
envolvidas", disse Moraes.
Moraes afirma ser "um grande erro" crer
que ele afastou o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), no dia
seguinte aos ataques.
“Aí é um grande erro, que foi sendo passado, de que
eu afastei o governador Ibaneis de ofício. Houve um pedido expresso da AGU para
que todas as autoridades públicas, independentemente de grau, que tivessem
eventual envolvimento, fossem afastadas”, disse Moraes.
·
Moraes: 'Nem de esquerda nem de direita'
Durante a entrevista, o ministro definiu como uma
pessoa "nem de esquerda nem de direita".
“Um puxa para a direita, outro para a esquerda. Eu
fico no centro, onde eu sempre estive e, como juiz, nós não somos nem de
esquerda nem de direita. Nós temos que defender a Constituição”, disse.
Moraes diz não ser nem de esquerda nem de direita e
brinca sobre Palmeiras
Moraes afirmou ainda que, se a Constituição defende
medidas rigorosas na área da segurança, ele as aplicará. O mesmo vale para a
defesa de direitos humanos.
“Se a Constituição defende medidas progressivas, na
área de direitos humanos, eu também aplico. As pessoas, às vezes, por falta de
conhecimento da própria Constituição, não entendem como são as decisões de um
magistrado e acabam querendo rotular”, afirmou.
O ministro também brincou sobre o assunto. Disse
dar risada sobre a variedade de rótulos atribuídos a ele. “Pelo menos não
acharam que eu virei palmeirense”, brincou o magistrado, que é torcedor do
Corinthians.
Ø Podemos
identificar quem planejou enforcar Alexandre de Moraes, diz diretor da PF
O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei
Rodrigues, disse em entrevista ao Estúdio i, da GloboNews, que é possível
identificar pessoas envolvidas em planejamento para enfocar o ministro Alexandre
de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Rodrigues afirma que as informações sobre o
planejamento de sequestro e assassinato do ministro do Supremo foram
identificadas em mensagens trocadas por golpistas em grupos nos aplicativos de
conversa.
“As informações foram extraídas de trocas de
mensagens oriundas de apreensões e de prisões, de todo o trabalho investigativo
sendo feito e que segue em curso. É uma situação absolutamente grave”, disse.
O diretor da PF afirma que a instituição está
“debruçada sobre essa pauta” e sobre “toda sorte de barbárie” discutida nos
grupos de golpistas.
Uma entrevista do ministro Alexandre de Moraes ao
jornal O Globo revelou que havia três planos contra ele sendo discutidos nesses
grupos.
Um dos planos previa o sequestro do ministro; outro
envolvia o assassinato e desova do corpo em Goiás; já um terceiro, feito por um
golpista mais exaltado, falava sobre o enforcamento de Moraes na Praça dos Três
Poderes, em Brasília.
·
Ameaça de enforcamento de Moraes era troca de
mensagem “alucinada” em rede social, diz diretor-geral da PF
O plano de enforcamento do ministro Alexandre de
Moraes era uma troca de mensagem “alucinada” em rede social, disse à CNN o
diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues.
“Encontramos discussões e propostas de ações em
trocas de mensagens por redes sociais. Algumas alucinadas, como a do
enforcamento”, afirmou.
Moraes declarou em entrevista ao Globo que as
investigações sobre o 8/1 mostraram três planos dos golpistas para prendê-lo e
um deles incluiria uma tentativa de homicídio.
Rodrigues disse que as investigações sobre o
episódio seguem em curso e que devem ter resultados em breve.
Os atos golpistas completam um ano na próxima
segunda-feira, mas ainda não ocorreram denúncias ou prisões dos envolvidos nas
ameaças contra Moraes.
Fontes do STF dizem que o ministro deu exemplos na
entrevista do discurso de ódio que circula contra ele e que o ministro recebe
muitas ameaças diariamente contra si e sua família nas redes sociais. O STF não
comentou oficialmente o assunto.
Ø A aliados,
Bolsonaro ironizou entrevista de Moraes e lembrou facada
O ex-presidente Jair Bolsonaro reagiu com um misto
de ironia e descrença às declarações feitas pelo ministro Alexandre de Moraes,
do Supremo Tribunal Federal (STF) a respeito do 8 de janeiro.
Logo cedo, Bolsonaro, enquanto estica o descanso de
fim de ano em Angra dos Reis, foi alertado por aliados sobre as falas do
ministro ao jornal O Globo e à revista Veja.
O ex-presidente, segundo relato de um interlocutor,
debochou especificamente as falas de Moraes sobre supostos planos para atacá-lo
e mesmo assassiná-lo.
“Se tem alguém que foi atacado, fui eu, inclusive
tomei uma facada”, disse Bolsonaro ao telefone, segundo o relato, relembrando a
facada de que foi alvo em Juiz de Fora, durante a campanha presidencial. “Caso,
inclusive, [que] não foi solucionado até agora”, emendou o ex-presidente.
Bolsonaro, ainda de acordo com o interlocutor,
teria “concordado” com um único trecho das entrevistas do ministro – o que
menciona os ataques e ameaças feitas contra familiares.
Nos bastidores, o time bolsonarista se empenhou em
minimizar as declarações de Moraes sobre os planos golpistas mencionados por
eles e a vinculação dos mesmos ao bolsonarismo.
Aliados do ex-presidente atribuíram as ameaças a
trocas de mensagens em redes sociais. Também mencionaram nas conversas
reservadas que nada conversado no entorno de figuras como o ex-ajudante de
ordens Mauro Cid se assemelha aos ataques descritos pelo ministro do STF.
Bolsonaro está em Angra dos Reis, no Rio de
Janeiro, onde estica a folga de fim de ano. Segundo aliados, ele ficará longe
de Brasília no 8 de janeiro, podendo permanecer no litoral até o fim do mês.
Ø Parlamentares
de oposição pedem que Moraes apresente provas sobre plano de enforcamento
Parlamentares da oposição criticaram o ministro
Alexandre de Moraes e pediram que ele “apresente provas” do plano para
enforcá-lo, enquanto partidos da base governista se solidarizaram e atacaram o
bolsonarismo.
“Se o ministro provar tudo que está falando é
gravíssimo, mas ele precisa apresentar provas. Caso contrário, não passa de uma
fake news”, disse o deputado Sostenes Cavalcante (PL-RJ).
Para aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, as
declarações precisam ser esclarecidas pelos inquéritos abertos.
“Certamente há distopias nessas ameaças. Imaginar
que as Forças Armadas estejam com tais intenções é surreal. Se estão abertos
inquéritos saberemos (ou não), mas a basear pelas “agressões” na Itália,
precisamos aplicar bom desconto”, disse o senador Jorge Seif (PL-SC) em
mensagem de texto à CNN.
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, classificou o
relato do ministro como “gravíssimo” e atacou o bolsonarismo em publicação nas
redes sociais. “Gravíssimas as informações que o ministro Alexandre revelou
sobre os planos dos golpistas do 8/1: prender, sequestrar e até matar quem
defendeu a democracia e o estado de direito”, disse.
“A entrevista do ministro Alexandre escancara o a
absurdo golpista que tomou o poder no 8 de janeiro e tinha o plano de matá-lo e
enforcá-lo. Não é brincadeira o caso e não deve ser encerrado”, disse o
deputado Lindberg Farias, também nas redes.
Fonte: CNN Brasil/g1
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