Rússia: BRICS, ao contrário da OTAN, pode desempenhar importante papel
de estabilizador no mundo
O grupo BRICS, ao contrário da OTAN, pode
desempenhar um papel importante na estabilização das relações internacionais,
disse o secretário do Conselho de Segurança da Rússia, Nikolai Patrushev, na
reunião com o assessor especial da Presidência do Brasil, Celso Amorim, na
terça-feira (25) na cidade de Joanesburgo, África do Sul.
"Ao contrário da OTAN liderada pelos EUA, o
BRICS pode assumir um papel importante de estabilização nas relações
internacionais. O nosso 'quinteto' dá exemplos convincentes de um trabalho
efetivo sobre os problemas mundiais atuais com base nos princípios de abertura,
igualdade, respeito mútuo e ausência de uma agenda oculta", disse
Patrushev.
Ele destacou que os países do grupo BRICS estão
unidos no reconhecimento da primazia do direito internacional e do papel
coordenador das Nações Unidas, na rejeição da interferência nos assuntos
internos dos Estados independentes, na vontade de ser intransigente na defesa
dos seus interesses nacionais e na compreensão das decisões soberanas dos
outros jogadores.
Além disso, Patrushev afirmou que o BRICS pode
assumir a liderança na definição da agenda mundial de desenvolvimento como uma
plataforma fundamental para o diálogo igualitário e a busca coletiva de
soluções para os problemas de segurança globais.
"Vemos o BRICS como uma plataforma-chave para
o diálogo igualitário e a busca coletiva de soluções para os problemas da
segurança global. Estou convencido de que é precisamente nossa associação que
poderia assumir o papel de liderança na continuação dos processos de formação
do multilateralismo inclusivo, estabelecendo a agenda para o desenvolvimento
mundial", disse Patrushev.
Ao mesmo tempo, ele destacou que a crise da ordem
mundial traz não apenas riscos, mas também oportunidades. Em um número
crescente de países e povos, a identidade nacional está sendo reavivada, a
imposição do modelo neoliberal e a ordem autoritária e hegemônica das relações
mundiais estão sendo rejeitadas, está sendo escolhida uma política independente,
orientada para o interesse nacional com base em seu próprio desenvolvimento e
cooperação construtiva.
"Entre outras coisas, isso se manifesta na sua
falta de vontade de aderir a sanções unilaterais e seu desejo de seguir uma
política externa independente", enfatizou o secretário do Conselho de
Segurança da Rússia.
Ø Especialista: militares dos EUA não confiam na Ucrânia, já os políticos
estão 'um pouco iludidos'
Em conversas privadas no Fórum de Segurança de
Aspen, os líderes ocidentais lançaram dúvidas sobre as chances de sucesso de
Kiev, apesar de elogiarem anteriormente o suposto progresso das tropas
ucranianas no campo de batalha, informou a mídia ocidental. O que está por trás
dessa mudança?
De acordo com o consultor internacional e coronel
reformado dos EUA, Earl Rasmussen, tanto as autoridades ocidentais quanto as de
Washington estão "um pouco iludidas, especialmente no nível político"
quando se trata de abordar o conflito na Ucrânia.
"Acho que a percepção geral é de
decepção", disse Rasmussen. "Muitos dos círculos ocidentais e de
Washington são um tanto delirantes, especialmente no nível político. Acho que o
nível militar sabia que toda a aventura aqui provavelmente não era a
melhor."
"Afinal, a Ucrânia não ia vencer, mas acho que
havia muita pressão política e essa ofensiva visava romper. Não tenho certeza
do lado do Pentágono, mas do lado político acho que muitos deles ainda não
perceberam isso completamente, ainda não entendem a força, a posição
estratégica e a determinação do lado russo, eles realmente não entendem as
questões culturais, há muita coisa que eles não entendem. E eles estão
decididos a seguir o mesmo caminho", disse ele.
Ao que tudo indica, a equipe de Biden ainda
acredita que pode haver um "avanço" do lado ucraniano ao qual os militares
russos não conseguiriam resistir, segundo o veterano militar norte-americano,
que também fez referência à grande mídia, que há meses repete que os militares
russos estavam fadados a perder, algo que não aconteceu.
Por exemplo, em uma entrevista recente com uma
emissora dos EUA, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, insistiu que
a Rússia "já perdeu". A esse respeito, o veterano da Agência Central
de Inteligência (CIA), Larry Johnson, escreveu em seu blog que "é
alarmante que o principal diplomata dos Estados Unidos esteja tão distante da
realidade".
Ao contrário dos funcionários do Departamento de
Estado, no entanto, a liderança militar do Pentágono provavelmente entende que
a Ucrânia é incapaz de se afirmar, disse Rasmussen.
As autoridades de defesa dos EUA dificilmente
poderiam ignorar as pesadas perdas sofridas por Kiev em termos de equipamento
militar e mão de obra desde o início da contraofensiva. De acordo com o
Ministério da Defesa da Rússia, a Ucrânia perdeu 26.000 soldados, 21 aeronaves,
cinco helicópteros, cerca de 1.244 tanques e veículos blindados, incluindo 17
tanques Leopard, cinco tanques AMX franceses, 914 unidades de veículos
especiais, dois sistemas de defesa aérea e 25 veículos MLRS.
Nesse sentido, Rasmussen considerou que existem
diferenças entre os líderes militares e políticos dos Estados Unidos.
"Acho que há uma divisão nos processos de
pensamento. Mas, de qualquer forma, acho que todos estão, eu diria,
desapontados ou desiludidos e realmente só agora estão começando a perceber que
isso não está indo bem. E acho que eles meio que se sentem presos."
Em alguns aspectos, essa mudança de pensamento se
refletiu em reportagens recentes da imprensa norte-americana que, segundo o
especialista, não é mais independente. Aliás, garantiu que alguns dirigentes do
país norte-americano já se aperceberam que caíram em uma espécie de "toca
do coelho" e procuram agora moldar a opinião pública através dos meios de
comunicação.
"Assim, a mídia está validando algumas das
mudanças e algumas das discussões que estão ocorrendo entre a elite",
sugeriu o tenente reformado.
Paralelamente, Rasmussen chamou a atenção para a
inércia política da equipe Biden, que tem investido fortemente no projeto da
Ucrânia, parte do qual começou no governo Obama, disse.
É o mesmo grupo de pessoas que está envolvido na
Ucrânia, disse o analista, referindo-se em particular a Blinken, a
subsecretária de Estado para Assuntos Políticos Victoria Nuland, bem como o
conselheiro de Segurança Nacional, Jake Sullivan. Por exemplo, Nuland
participou dos eventos relacionados ao golpe de fevereiro de 2014 em Kiev. Uma
conversa telefônica interceptada desacreditando a União Europeia (UE) e dando
instruções sobre como moldar o futuro governo ucraniano ganhou as manchetes na
época.
"Esse é o projeto de toda a sua vida, toda a
sua carreira projeta e planeja isso. E o ataque faz parte disso. Mas é uma
espécie de último suspiro para tentar levar algo adiante", disse o
analista internacional.
Assim, as contraofensivas ucranianas estão fadadas
ao fracasso e os militares ucranianos provavelmente vão enfrentar perdas
maiores. No entanto, o governo Biden não está interessado, disse ele, pois está
avançando com seu plano geopolítico mais amplo.
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Biden não pode admitir derrota antes de 2024
Para complicar ainda mais as coisas, o governo
Biden não pode admitir a derrota na Ucrânia antes da eleição de 2024 porque
nenhum presidente em conflito jamais perdeu a reeleição, avalia Rasmussen.
Nesse sentido, o especialista garantiu que Biden e
a sua equipe esperam obter apoios para que o presidente norte-americano possa
"cruzar a linha de chegada novamente".
"E veja toda a oposição dentro do Partido
Democrata. O candidato do Partido Republicano em 2024, Robert Kennedy Jr., que
se opõe ao conflito, está sendo demonizado pela mídia e pela elite política.
Por outro lado, está Donald Trump. Ele está sendo demonizado e tem cinco
investigações judiciais contra ele", disse ele.
Portanto, o especialista observa que não deve haver
debate durante as primárias democratas. "Não é mais uma democracia. Em vez
disso, sufocamos a liberdade de expressão, temos censura."
Apesar do aumento da dívida nacional e dos déficits
públicos, o governo Biden provavelmente vai dobrar os gastos porque a guerra
por procuração da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) na Ucrânia
beneficia o complexo militar-industrial dos EUA, que contribui enormemente para
os círculos políticos, disse o coronel reformado.
"Eles continuam jogando dinheiro e dinheiro e
dinheiro. E esperam que pelo menos isso nos permita passar o período eleitoral,
ganhar as eleições e talvez assim possamos encontrar uma saída", conclui.
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Analista: EUA arruinarão seu futuro na
Ásia-Pacífico arrastando países para conflito com China
Dois especialistas ofereceram suas opiniões sobre
os Talisman Saber, os exercícios anteriormente bilaterais entre os EUA e a
Austrália, mas que contam agora com a participação de 13 países.
A Austrália e os Estados Unidos estão realizando
neste ano exercícios no território do primeiro e na região circundante. No
entanto, ao contrário das manobras bilaterais anos anteriores, a edição de 2023
inclui a participação de mais 11 países, para um total de 30.000 soldados.
Os exercícios envolvem as costas oeste, norte e
nordeste da Austrália, o que, entre outras coisas, indica planos claros para um
envolvimento profundo do país em um eventual conflito. Na semana passada,
unidades da Força de Autodefesa do Japão, juntamente com fuzileiros navais dos
EUA e soldados australianos, realizaram seus primeiros tiros na Austrália.
As manobras, chamadas de Talisman Saber, ensaiam um
conflito com um adversário fictício chamado Olvania, usando muitos dos sistemas
de armas avançados que os EUA forneceram à Ucrânia nos últimos meses, incluindo
o sistema de foguetes Himars e o tanque de batalha principal M1 Abrams, que
agora estão sendo comercializados para outros países.
Outras armas que estão sendo testadas incluem
mísseis antinavio Type 12 lançados da superfície do Japão e o sistema lançador
múltiplo de foguetes K239 Chunmoo da Coreia do Sul.
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Exercícios de preparação para conflito com a China
Artyom Garin, um especialista do Centro para o
Sudeste Asiático, Austrália e Oceania do Instituto de Estudos Orientais da
Academia de Ciências da Rússia, disse à Sputnik que os EUA estão ensaiando não
apenas um confronto militar com a China, mas também atraindo outros países da
região para o confronto.
"Trata-se de um ensaio, em parte uma
coordenação de ações para o caso de os Estados Unidos realmente entrarem em
conflito com a China. A China não precisa de um confronto com os Estados
Unidos, porque a China tem uma enorme influência econômica e política na região
e conseguiu isso por meios totalmente legais", explicou ele.
Garin destacou que os EUA, pelo contrário,
"estão perdendo sua influência na região" e não podem fazer nada para
se opor à China, então o conflito armado e a desestabilização da região podem
ser sua única opção para "de alguma forma, manter sua presença lá",
mesmo que tal resulte em uma ainda maior erosão de seu futuro na região.
Uma das maiores novidades nos exercícios deste ano
é a participação da Alemanha, um dos principais Estados-membros da Organização
do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), o que, na opinião de Vladislav Belov,
vice-diretor do Instituto da Europa da Academia de Ciências da Rússia, tem como
objetivo permitir ao país europeu assumir uma política de resolução de
conflitos na região mais assertiva, e mostrar isso aos seus parceiros.
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Opinião de especialista chinês
Tudo isso indica a profundidade das incursões que a
aliança militar fez na região da Ásia-Pacífico, apesar de seus interesses já
estarem representados lá pelo bloco AUKUS.
"Neste ano, o exercício Talisman Saber tem
como objetivo praticar tarefas de coordenação entre os militares dos EUA e seus
aliados e parceiros", disse Chen Hong, diretor do Centro de Estudos
Australianos da Universidade Normal da China Oriental de Xangai, qualificando a
iniciativa como a "Pacificação da Ásia da OTAN".
"A direção do plano tático de exercícios
militares contra a China é óbvia", qualificou em declarações à Sputnik,
acrescentando que com essa promoção da presença da Alemanha, França e do Reino
Unido na região, os exercícios violam "seriamente a situação de segurança
na região da Ásia-Pacífico", e demostram agressividade e uma escalada da
situação.
Ao mesmo tempo, ele observou que "a coesão
interna dos participantes e o impulso estratégico são muito fracos".
"Na verdade, a maioria dos países que
participam desses exercícios foi 'convidada' a participar sob pressão dos
Estados Unidos e, ao mesmo tempo, do ponto de vista de sua própria estratégia
nacional, eles não têm o potencial de realizar qualquer aventura militar
dirigida contra a China", de acordo com Chen, o que, na sua opinião,
inclui a própria Austrália.
"Isso já causou séria preocupação entre alguns
aliados e parceiros dos Estados Unidos e causará cada vez mais preocupação
entre os civis na região da Ásia-Pacífico", notou o acadêmico.
Ø Países da OTAN usam Ucrânia para se livrar de armas e equipamentos
obsoletos, diz especialista
Os países da Organização do Tratado do Atlântico
Norte (OTAN) têm enviado armas para a Ucrânia desde o início do conflito com a
Rússia, mas a maioria delas está desatualizada e desativada há décadas, disse o
especialista militar e ex-oficial de alto escalão da artilharia da Aliança
Atlântica, Pierre Henrot, à Sputnik.
"Os países da OTAN, de fato, apenas enviam
seus equipamentos mais antigos para a Ucrânia e aproveitam para reabastecer o
armamento de seus exércitos com equipamentos de novas gerações. Os exemplos não
faltam: os poloneses, que são os mais comprometidos ao lado da Ucrânia, a ponto
de falarem eles mesmos em entrar no oeste da Ucrânia, forneceram [ainda] muito
cedo todos os seus tanques da era soviética aos ucranianos e acabam de receber
para o Exército polonês um primeiro contingente de tanques Abrams americanos,
novos e fabricados para eles", disse Henrot.
Outros países também forneceram equipamentos
desativados, incluindo 88 tanques alemães Leopard 1 que foram retirados dos arsenais
em 2003 e tanques leves franceses AMX 10-RC que foram desenvolvidos na década
de 1970 e também foram desativados pelo Exército francês, acrescentou o
ex-oficial.
"O pior é provavelmente a entrega pela França
de veículos blindados de infantaria [VAB, na sigla em francês], em uma versão
de quatro rodas, que invariavelmente atola na lama do outono. Entrando em
serviço em 1979, provou ser um caixão rolante para a infantaria ucraniana no
ano passado", explicou o especialista.
Alguns países, incluindo a República Tcheca,
Eslováquia e Romênia, também enviaram à Ucrânia todos os seus caças soviéticos
MiG ou Sukhoi, disse ele. Outro problema com essas entregas desorganizadas é
que as peças sobressalentes e munições para essas armas geralmente são
diferentes e incompatíveis umas com as outras, apontou Henrot.
"É como se os parceiros da OTAN estivessem se
desfazendo de suas armas obsoletas, já desativadas", disse o ex-oficial.
No entanto, parte da ajuda militar ocidental é útil
para os militares ucranianos e de boa qualidade, observou o especialista,
acrescentando que geralmente é equipamento para armas pequenas, coletes à prova
de balas e sistemas de visão noturna, bem como Stingers e dardos fabricados nos
EUA.
"Onde os americanos forneceram armas adequadas
e eficazes, foi com os 2.000 Stingers antiaéreos portáteis entregues ou com as
10.000 armas antiblindagens Javelin fornecidas; armas formidáveis nas mãos de
soldados de infantaria.
Ao mesmo tempo, os países ocidentais geralmente
carecem de capacidade suficiente para produzir as armas exigidas pelos
militares ucranianos, mencionou Henrot.
"Os países da OTAN não conseguem acompanhar a
produção de munição para artilharia e até para armas pequenas. Novamente, a
variedade de calibres é muito grande; é uma dor de cabeça, mas acima de tudo,
não há cadeias produtivas suficientes e os industriais relutam em lançar
unidades de produção para um esforço que pode parar rapidamente, e eles não
receberam um contrato firme de longo prazo dos governos ocidentais",
explicou o especialista.
Henrot acredita que a recente e amplamente
criticada decisão dos Estados Unidos de enviar bombas de fragmentação para a
Ucrânia é a demonstração do mesmo problema.
"Os americanos, por sua vez, admitiram quase
abertamente que era sua última munição em estoque e que não tinham mais nada
para entregar", concluiu Henrot.
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Mídia alemã revela segredo desagradável sobre as
Forças Armadas da Ucrânia
O jornal alemão Bild citou um documento sobre os
militares ucranianos, que aponta para sérios problemas na absorção dos
conhecimentos da Organização do Tratado do Atlântico Norte.
As Forças Armadas da Alemanha estão extremamente
insatisfeitas com a forma como os militares ucranianos conduzem as operações de
combate, conforme informa na terça-feira (25) um relatório secreto da
Bundeswehr obtido pelo jornal alemão Bild.
"Algumas unidades militares estão tão
fragmentadas que, embora cada uma delas faça alguma coisa, não conseguem
trabalhar de forma coerente", diz o documento.
Tais ações das Forças Armadas da Ucrânia não
permitem que eles garantam a superioridade de fogo, que é necessária para o
sucesso, independentemente do número de pessoal treinado no Ocidente e da
quantidade de equipamentos fornecidos, segundo a mídia.
Além disso, foi mencionada a chamada doutrina de
combate ucraniana. Sua essência é que, muitas vezes, jovens combatentes que
receberam "treinamento ocidental eficaz" obedecem às ordens de seus
comandantes, que são incapazes de agir de acordo com o modelo da OTAN. Isso
invalida os esforços do treinamentos, diz o artigo do Bild.
Como resultado, os próprios comandantes ucranianos
estão anulando os sucessos dos soldados treinados pelo Ocidente, conclui o
texto.
Fonte: Sputnik Brasil
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