Obesidade infantil: veja como criar ambientes saudáveis para as
crianças e como identificar o excesso de peso
A obesidade é uma ameaça para a saúde pública
global e é lembrada nesta segunda-feira (11), Dia Nacional de Prevenção da
Obesidade.
Além dos problemas de saúde, a obesidade também
está relacionada com a vida social e o bem-estar das crianças e adolescentes.
Como criar crianças mais saudáveis? Quais os riscos do excesso de peso na
infância? Veja 8 pontos sobre a obesidade:
1. Quais
as causas?
2. Qual
o cenário da obesidade no mundo?
3. O que
fazer para melhorar o ambiente para a criança?
4. Como
identificar a obesidade infantil?
5. Como
criar hábitos saudáveis?
6. Quais
os riscos da obesidade infantil?
7. Obesidade
também afeta a saúde mental
8. Como
é feito o tratamento?
• 1. As
causas da obesidade
Se engana quem pensa quem a obesidade está ligada
apenas à falta de exercício. Primeiramente, precisamos entender que é uma
doença, não um desleixo.
A decisão de comer menos não está relacionada à
força de vontade. "Existe uma região no nosso cérebro que regula essa
nossa capacidade de tomar decisões, de dizer o 'não, obrigado'. Estudos já
demonstraram que pessoas com obesidade têm uma diminuição do metabolismo
cerebral nessa região. Mostra que elas têm um menor controle inibitório",
explica a endocrinologista Cintia Cercato, presidente da Associação Brasileira
para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso).
A obesidade é uma doença multifatorial - o estilo
de vida e fatores genéticos que influenciam a composição corporal. Falta de
exercício físico, hábitos alimentares pouco saudáveis, sono insuficiente,
estresse e aumento do tempo de tela podem aumentar o Índice de Massa Corpórea
(IMC). Além disso, muitas crianças não têm acesso à alimentos mais saudáveis e
são mais expostas.
"Não é só o ambiente e nem só a genética. É a
junção dos dois. Há a predisposição genética, mas se a criança não estivesse em
um ambiente que não fosse tão obesogênico, não ia crescer tanto os índices de
obesidade infantil", pontua a endocrinologista.
A endocrinologista alerta que, em 40 anos, a
obesidade infantil cresceu 1000% no mundo.
"Mas o que contribuiu para esse crescimento
tão alarmante? Existem crianças que são geneticamente suscetíveis e o ambiente
cada vez mais obesogênico, rico em alimentos ultraprocessados, uma redução da
atividade física de um modo geral, isso vem fazendo com que a gente tenha esse
crescimento", completa.
• 2.
Qual o cenário da obesidade no mundo?
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam
que a prevalência de obesidade no mundo triplicou entre 1975 e 2016. Sobre os
jovens, a organização diz que o número de crianças com excesso de gordura
corporal pode chegar a 75 milhões até 2025.
Segundo o Atlas Mundial da Obesidade, o Brasil
estará na 5ª posição no ranking de países com o maior número de crianças e
adolescentes com obesidade em 2030, com apenas 2% de chance de reverter essa
situação se nada for feito.
Já um levantamento de 2020 do Sisvan/Ministério da
Saúde mostra que, no país, uma em cada três crianças com idade entre 5 e 9 anos
estava acima do peso, sendo que 9% delas com obesidade e 5%, com obesidade
grave.
• 3.
Como melhorar o ambiente para a criança?
Melhorar a alimentação não depende só dos pais e da
escola. É necessário investir também em ambientes mais saudáveis e políticas
públicas de prevenção.
"Precisamos ter promoção de ambientes mais
saudáveis para a população. Uma cidade mais segura para que as pessoas possam
fazer mais atividades físicas. Precisamos de uma rotulagem adequada dos
alimentos. Merendas escolares e cantinas precisam ter opções mais adequadas. E
dentro de casa ter o hábito de cozinhar a 'comida de verdade'", sugere a
presidente da Abeso.
Em 40 anos, obesidade infantil cresceu 1000% no
mundo — Foto: depositphotos
• 4.
Como identificar a obesidade infantil?
O cálculo mais usado para identificar a obesidade é
o do IMC, que divide o peso do paciente pela sua altura elevada ao quadrado.
Entretanto, muitas vezes ele é falho para crianças e adolescentes, já que eles
estão em fase de crescimento.
Pesquisas mostram que os pais só identificam a
obesidade nos filhos depois que eles já estão com excesso de peso.
"Na criança, como a altura muda a cada idade,
você não tem ponto de corte. Às vezes, é mais difícil para os pais
identificarem que a criança está com um sobrepeso ou risco de obesidade",
diz Cercato.
• 5.
Como criar hábitos saudáveis?
O trabalho começa desde a primeira infância. Os
pais devem oferecer alimentos mais saudáveis desde a primeira refeição da
criança e não devem desistir no primeiro 'não gosto'.
"A alimentação é um hábito aprendido. Os pais
precisam apresentar os alimentos e oferecer desde cedo verduras e legumes. Caso
a criança diga 'não gosto', eles devem oferecer de outras formas, seja no
preparo".
Outro ponto importante é: criar rotinas. O comer
deve ter hora e lugar, sem distrações como televisão, celular, tablet,
videogame. E a refeição deve ser feita em família.
E tente sempre incluir a criança nas tarefas. Leve
a criança para a cozinha, para ajudar a preparar a refeição, deixe a criança
escolher os alimentos (saudáveis!) na feira ou no mercado.
• 6.
Quais os riscos da obesidade infantil?
Crianças e adolescentes que vivem com obesidade têm
maiores chances de desenvolver doenças como diabetes tipo 2 na vida adulta,
AVC, hipertensão, câncer colorretal e doença cardíaca coronária.
Pessoas que vivem com obesidade têm 80-85% mais
probabilidade de desenvolver diabetes tipo 2.
Além disso, segundo Cercato, 84% dos adolescentes
que vivem com obesidade têm probabilidade de se tornarem adultos obesos.
• 7.
Obesidade também afeta a saúde mental
Obesidade também está relacionada com a vida
social/emocional, com bem-estar e autoestima.
"A criança tem obesidade. Por conta da doença
ela sofre bullying. Isso afeta a autoestima da criança e provoca um isolamento.
E tem uma repercussão inclusive no comportamento alimentar. Aumenta a
ansiedade, gera um estresse na criança que desencadeia no mecanismo do comer
emocional, da compulsão, que acaba agravando mais a obesidade", alerta
Cercato.
• 8.
Como é feito o tratamento?
O tratamento inicial para crianças consiste em
mudar os hábitos e estilo de vida: alimentação mais saudável e atividade
física. Alguns medicamentos são aprovados para os adolescentes a partir dos 12
anos.
"Em casos muito extremos, pode-se fazer o uso
de algum medicamento, mas a criança passa por uma avaliação adequada",
explica a endocrinologista.
A cirurgia bariátrica é indicada para adolescentes
com mais de 16 anos. "Em idades menores, somente em centros especializados
e com uma avaliação multidisciplinar", alerta Cintia Cercato.
Fonte: g1
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