Alienígenas na Terra? O que Congresso dos EUA investigará sobre óvnis
Se a verdade está lá fora, o Congresso dos Estados
Unidos quer saber.
A Câmara dos Deputados convocou uma audiência
histórica sobre fenômenos aéreos não identificados (UAPs, na sigla em inglês),
mais conhecidos como objetos voadores não identificados (óvnis), nesta
quarta-feira (26/7), no reconhecimento mais sério de que os avistamentos
misteriosos merecem atenção nos níveis mais altos do governo.
Os legisladores americanos "não estavam
trazendo homenzinhos verdes ou discos voadores para a audiência... vamos apenas
chegar aos fatos", disse o republicano Tim Burchett no início da reunião.
No entanto, o testemunho às vezes se desviava para
o desconhecido.
Ao longo de duas horas, três testemunhas relataram
seus encontros com objetos que desafiavam a física e contaram sobre pilotos com
medo de falar, material biológico recuperado de embarcações e supostas
retaliações contra denunciantes.
Todos reconheceram que os fenômenos anômalos eram
uma ameaça potencial à segurança nacional.
A audiência não chegou a qualquer conclusão mais
séria – nem a uma confirmação de vida alienígena – mas o fato de que as
testemunhas receberam uma grande atenção perante o Congresso foi notável por si
só.
Parlamentares e testemunhas usaram o episódio para
exigir "maior transparência" dos militares sobre os óvnis.
O comandante aposentado da Marinha dos EUA, David
Fravor, mais uma vez relatou seu encontro com óvnis em 2004 que se moviam de
uma maneira que confundia os aviadores, cujas imagens foram divulgadas em 2017
e verificadas publicamente pela Marinha dos EUA dois anos depois.
"A tecnologia que enfrentamos era muito
superior a qualquer coisa que tínhamos, temos hoje ou pretendemos desenvolver
nos próximos 10 anos", disse Fravor.
David Grusch, um ex-oficial de inteligência da
Força Aérea, deu a entender que funcionários do governo haviam escondido
informações e punido denunciantes, mas afirmou que não poderia elaborar mais em
público devido a leis de sigilo.
·
Humano ou não-humano?
Nancy Mace, uma republicana da Carolina do Sul,
pediu a Grusch que explicasse o que ele sabia sobre corpos não terrestres.
Ela perguntou a ele se materiais
"biológicos" foram recuperados de qualquer possível resquício de óvni
que teria sido recuperado pelo governo.
Referindo-se a entrevistas anteriores à mídia,
Grusch respondeu que "materiais biológicos vieram com algumas dessas
recuperações".
Eles eram humanos ou não humanos? perguntou Mace.
"Não-humano, e essa foi a avaliação de pessoas
com conhecimento direto sobre o programa com quem conversei", respondeu
Grusch. Posteriormente, enquanto respondia a outras questões, ele confirmou que
nunca tinha visto pessoalmente um corpo alienígena.
As testemunhas pediram um processo de denúncia
oficial para militares ou membros do público relatarem avistamentos
inexplicáveis.
"Precisamos de um sistema em que os pilotos
possam relatar sem perder seus empregos", disse Ryan Graves, diretor
executivo da Americans for Safe Aerospace e ex-piloto de caça da Marinha
americana, uma das testemunhas ouvidas nesta quarta.
O Congresso parecia ansioso para conceder esse
pedido até o final da sessão.
“Os óvnis, sejam eles quais forem, podem
representar uma séria ameaça para nossas aeronaves militares e civis, e isso
deve ser entendido”, disse Robert Garcia, um democrata da Califórnia.
"Devemos encorajar mais relatórios. Quanto mais entendermos, mais seguros
estaremos."
Enquanto os legisladores republicanos e democratas
levaram os assuntos a sério, alguns expressaram ceticismo de que a atividade
extraterrestre estava em andamento.
·
'Incompetência alienígena'
Eric Burlison, um republicano do Missouri, tentou
lançar dúvidas no conceito de que os pilotos viam objetos alienígenas.
Ele disse que achava difícil acreditar que seres
que poderiam viajar bilhões de quilômetros para chegar até nós seriam
"incompetentes" o suficiente para cair na Terra.
Ele perguntou se algum dos óvnis poderia realmente
ser criado por empreiteiros militares ou pertencer a programas de agências
secretas que outras entidades governamentais haviam ocultado.
A aceitação pública de Washington dos óvnis como
uma questão política se moveu com a mesma velocidade surpreendente dos objetos
misteriosos, indo de reuniões sombrias nos bastidores com um punhado de
entusiastas a um painel televisionado completo que recebeu o mesmo
questionamento sério que qualquer outro assunto de segurança nacional.
Em 2017, a questão veio à tona quando o The
New York Times noticiou a existência de um programa secreto do
Pentágono para investigar fenômenos aéreos não identificados.
O programa foi apoiado pelo ex-líder da maioria no
Senado, Harry Reid, que representou o estado de Nevada - e, portanto, a Área
51.
O New York Times, assim como uma
organização chamada To The Stars Academia de Artes e Ciências, também
publicaram três vídeos mostrando encontros inexplicáveis com óvnis. Desde aquela época, os militares dos EUA
gradualmente reconheceram esses encontros, mas se recusaram a especular sobre
suas origens.
Investigar óvnis, agora conhecidos por muitos como
UAPs, se tornou uma rara questão bipartidária no Congresso. Legisladores de
ambos os partidos pediram investigações e transparência militar.
Em 2022, o Comitê de Inteligência da Câmara
realizou uma audiência sobre o programa secreto do Pentágono. A Nasa fez uma
audiência pública sobre o assunto em junho.
Os ex-presidentes Barack Obama, democrata, e Donald
Trump, republicano, abordaram a questão em entrevistas públicas. O porta-voz do
Conselho de Segurança Nacional, John Kirby, disse que tem a mente aberta sobre
o tema.
"O que acreditamos é que existem fenômenos
aéreos inexplicáveis que foram citados e
relatados por pilotos - Marinha e Força Aérea", disse Kirby. "Não temos as respostas sobre o que são
esses fenômenos."
Em uma raridade para uma audiência do Congresso
televisionada, quase todos os legisladores concentraram seus questionamentos no
assunto em foco na quarta-feira.
"Muitos americanos estão profundamente
interessados nesta questão", disse
Jared Moskowitz, um democrata da Flórida. "E não deveria ser necessário o potencial de origem não-humana para
nos unir."
Fonte: BBC News Brasil
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