segunda-feira, 26 de junho de 2023

Colesterol e açúcar no sangue aos 30 anos aumentam risco de Alzheimer, diz estudo

Ter colesterol alto e açúcar no sangue aos 30 anos pode aumentar o risco de doença de Alzheimer décadas mais tarde na vida, de acordo com um novo estudo.

 “Mostramos pela primeira vez que as associações entre os níveis de colesterol e glicose e o risco futuro de doença de Alzheimer se estendem muito mais cedo na vida do que se pensava anteriormente”, disse a autora sênior do estudo, Lindsay Farrer, chefe de genética biomédica da Universidade de Boston, à CNN.

“Este estudo nos dá mais combustível para começar o mais cedo possível a luta contra a doença de Alzheimer”, disse Richard Isaacson, diretor da Clínica de Prevenção de Alzheimer no Centro de Saúde do Cérebro da Faculdade de Medicina Schmidt da Universidade Atlântica da Flórida. Isaacson não estava envolvido no estudo.

•        Um tipo de colesterol e açúcar no sangue

Pessoas com idades entre 35 e 50 anos que tinham altos níveis de triglicerídeos, um tipo de colesterol encontrado no sangue, e níveis mais baixos do “colesterol bom”, chamado lipoproteína de alta densidade, eram mais propensos a serem diagnosticados com doença de Alzheimer mais tarde na vida, segundo o estudo.

“Somente na faixa etária precoce (35-50 anos), um aumento de 15 mg/dL (miligramas por decilitro) nos triglicerídeos foi associado a um aumento aproximado de 5% no risco de doença de Alzheimer”, disse Farrer por e-mail.

A associação não foi observada para grupos etários mais velhos, talvez porque os adultos mais velhos sejam tratados para o colesterol de forma mais agressiva, disse ele.

“Alternativamente, pode refletir que triglicerídeos elevados no início da idade adulta podem desencadear uma cascata de eventos metabólicos que ao longo do tempo iniciam processos que levam diretamente à doença de Alzheimer”, disse Farrer.

Em pessoas com idades entre 51 e 60 anos, foram os níveis mais altos de açúcar no sangue que aumentaram o risco de Alzheimer, de acordo com o estudo.

“Para cada 15 pontos que o açúcar no sangue aumenta, o risco de Alzheimer aumenta 14,5% mais tarde na vida”, disse Farrer, que também é professor de medicina, neurologia, oftalmologia, epidemiologia e bioestatística na Escola de Medicina da Universidade de Boston.

“Ter colesterol alto pode não causar Alzheimer, mas pressiona o botão de avanço rápido na patologia da doença e declínio cognitivo”, disse Isaacson. “Há também uma relação entre diabetes e o desenvolvimento de patologia amiloide”.

As placas beta-amiloides no cérebro são um dos sinais característicos da doença de Alzheimer, juntamente com emaranhados de uma proteína chamada tau.

“Assim como qualquer doença crônica do envelhecimento — colesterol alto, ataques cardíacos, derrames — todas elas começam silenciosamente décadas antes de aparecerem. A doença de Alzheimer não é diferente”, disse Isaacson. “Observá-los desde o início é a melhor receita para a saúde cerebral ideal à medida que envelhecemos”.

•        Aumentar o HDL ajuda

O estudo, publicado nesta quarta-feira (23) no Alzheimer’s and Dementia: The Journal of the Alzheimer’s Association, acompanhou pessoas inscritas no Farmingham Heart Study, um estudo que agora está em seu 74º ano.

“O que é único no estudo é a grande amostra de indivíduos que são examinados a cada quatro anos, a partir dos 35 anos, e seguidos até a idade em que o diagnóstico de Alzheimer pode ocorrer”, disse Farrer.

Houve algumas boas notícias do estudo: pessoas de 35 a 50 anos poderiam reduzir o risco de Alzheimer em 15,4% se aumentassem sua lipoproteína de alta densidade (HDL) em 15mg/dL. Pessoas entre 51 e 60 anos que aumentaram seu HDL reduziram seu risco em 17,9%.

A lipoproteína de alta densidade é chamada de “colesterol bom” porque reúne as coisas ruins que flutuam na corrente sanguínea e as leva para o lixo (o fígado), onde é liberada do corpo. Os Centros dos EUA para Controle e Prevenção de Doenças (CDC) afirmam que altos níveis de HDL podem proteger contra doenças cardíacas e derrames. Os níveis de HDL devem ser de pelo menos 40 mg/dL para homens e 50 mg/dL para mulheres, de acordo com a Cleveland Clinic.

Pessoas que desejam combater o colesterol devem trabalhar cuidadosamente com um cardiologista e neurologista preventivo, pois há muitas nuances sobre como medir os lipídios do sangue e quais medicamentos são melhores, disse Isaacson.

“A mensagem para levar para casa é que as pessoas com 30 e 40 anos precisam ter seus lipídios e açúcar no sangue medidos. Essa é a única maneira de detectar quaisquer problemas”, disse Farrer.

“Mas muitas pessoas dessa idade se sentem saudáveis e dizem: ‘Por que eu preciso consultar um médico o tempo todo?’ Portanto, é um incentivo para as pessoas começarem a fazer exames regulares nesse período de sua vida”, acrescentou.

 

       Perda de sono pode causar doenças crônicas como depressão e Alzheimer

 

A cardiologista Stephanie Rizk somentou sobre uma pesquisa da Fundação Nacional do Sono, uma organização não-governamental dos Estados Unidos, que afirmou que cerca de 60% da população mundial sofre com algum grau de insônia.

O especialista em medicina do sono Geraldo Lorenzo Filho falou, em entrevista à CNN, sobre o panorama da situação. “Dormir não está fácil para ninguém, especialmente depois da pandemia. Os dois grandes problemas do sono estão relacionados à insônia e à apneia. Existem vários aplicativos que propõem a monitorar o sono, escolher horário de acordar, mas a maior parte desses aplicativos não são validados.”

Segundo Stephanie Rizk, os efeitos da perda de sono são variados e podem causar uma série de doenças crônicas que atingem diferentes partes do corpo. Entre os casos mais recorrentes estão a hipertensão, demência, depressão, diabetes e o Alzheimer. “É no sono que a memória se consolida”, explicou a médica.

O ideal, ainda segundo a cardiologista, é que cada pessoa na fase adulta tenha pelo menos seis horas de sono por noite. O tempo necessário, porém, pode variar dependendo das necessidades de cada um – sem um limite máximo. Bebês, por exemplo, costumam dormir cerca de 12 horas por dia.

Rizk também alertou sobre os males possivelmente causados pelo chamado “cochilo”. “Um cochilo é bom, mas para quem tem dificuldades para dormir à noite, isso acaba prejudicando”, disse, explicando a importância de cumprir com as cinco fases do sono, que ajudam na saúde do corpo.

“Com menos de uma hora de sono, você não consegue regularizar e melhorar a homeostase do organismo, do metabolismo e ficar bem no outro dia”, completou.

A Correspondente Médica aproveitou para responder perguntas enviadas por seguidores através do Instagram da CNN. A cardiologista desmentiu a hipótese de que sono excessivo pode trazer problemas no coração, mas ressaltou que o quadro pode estar relacionado ao cansaço, muitas vezes ligado à insuficiência cardíaca.

Stephanie explicou que a qualidade do sono tem um impacto direto na imunidade de uma pessoa. “Uma das fases do sono é responsável para restaurar a imunidade, deixar o metabolismo tranquilo e produzir os anticorpos necessários”, ressaltou.

A “higiene do sono” também foi abordada pela médica, que apontou a importância de evitar o uso de computadores e smartphones 30 minutos antes de dormir, já que a luminosidade emitida pelos aparelhos eletrônicos pode reduzir a emissão de melanina no corpo humano. A meditação foi recomendada por Rizk, que, por outro lado, desaconselhou a ingestão de alimentos estimulantes no período noturno.

 

       Maioria das pessoas não conhece os sintomas de Alzheimer precoce, diz pesquisa

 

Se você não está familiarizado com o termo “deficiência cognitiva leve”, você não é o único. Mais de 80% dos norte-americanos não conhecem essa condição, que afeta até 18% das pessoas com 60 anos ou mais e que pode levar à doença de Alzheimer, segundo uma nova pesquisa.

O comprometimento cognitivo leve (CCL) é um estágio inicial de perda sutil de memória ou outra perda de capacidade cognitiva, como linguagem ou percepção visual/espacial, de acordo com pesquisa publicada na terça-feira (15) para um relatório dos Fatos e Números da Doença de Alzheimer de 2022 da Associação de Alzheimer.

Os sinais podem ser graves o suficiente para serem percebidos pela pessoa afetada e seus entes queridos, mas também podem ser leves a ponto de que a pessoa afetada possa manter sua capacidade de realizar a maioria das atividades da vida diária.

Muitas pessoas confundem essa deficiência com o envelhecimento normal, mas é diferente –cerca de um terço das pessoas com deficiência cognitiva leve desenvolvem demência devido à doença de Alzheimer em cinco anos, de acordo com a pesquisa.

Dependendo do tipo de CCL, o paciente pode ter problemas para lembrar conversas, acompanhar as coisas, manter sua linha de pensamento durante, transitar em um lugar geralmente familiar ou concluir tarefas cotidianas, como pagar uma conta.

Para entender melhor a conscientização, diagnóstico e tratamento do CCL nos Estados Unidos, a Associação de Alzheimer encomendou uma pesquisa com mais de 2.400 adultos e 801 médicos de cuidados primários no fim do ano passado. Todas as perguntas respondidas online ou por telefone.

Mais de 80% dos participantes inicialmente tinham pouca ou nenhuma familiaridade com o CCL. Então, quando informados sobre o que era a patologia, mais de 40% disseram estar preocupados em desenvolver a condição no futuro.

“Foi surpreendente validar que tanto o público quanto os médicos de cuidados primários são desafiados nas distinções entre comprometimento cognitivo leve e o que é considerado ‘envelhecimento normal'”, disse Morgan Daven, vice-presidente de sistemas de saúde da Alzheimer’s Association. “Esses resultados ressaltam quanto trabalho devemos fazer para continuar a educar.”

Cerca de 85% dos adultos disseram que gostariam de saber precocemente se tinham a doença de Alzheimer para que pudessem planejar, tratar os sintomas mais cedo, tomar medidas para preservar a função cognitiva ou entender o que está acontecendo, segundo a pesquisa.

Mas apesar desse senso de urgência, esses adultos também mostraram relutância em obter aconselhamento profissional se começassem a apresentar sintomas.

Apenas 40% disseram que falariam com seu médico imediatamente se apresentassem sintomas de CCL. As preocupações em obter ajuda incluíam a possibilidade de receber o diagnóstico ou tratamento errado, saber de um problema de saúde grave ou acreditar que os sintomas podem desaparecer.

•        O que causa comprometimento cognitivo leve

Vários fatores podem contribuir para o CCL. Portanto, comprometimento é mais um termo abrangente do que uma condição específica, de acordo com a pesquisa.

“Pode ser causado por coisas que são reversíveis, como deficiências de vitaminas ou condições médicas como disfunção da tireoide”, disse Richard Isaacson, diretor da Clínica de Prevenção de Alzheimer no Centro de Saúde do Cérebro da Faculdade de Medicina Schmidt da Florida Atlantic University.

“Algumas causas melhoram e outras pioram. Quando uma pessoa tem uma demência neurodegenerativa, obviamente, tende a declinar.”

Outras causas possíveis incluem efeitos colaterais de medicamentos; privação de sono; ansiedade; distúrbios neurológicos ou psiquiátricos; genética; distúrbios sistêmicos, como pressão alta; acidente vascular cerebral ou outra doença vascular; e traumatismo cranioencefálico.

Em geral, a variedade de fatores, sintomas amplos e a falta de um teste de CCL podem tornar o diagnóstico de CCL difícil e desconfortável para muitos médicos, como mostraram os resultados.

•        Protegendo seu cérebro

Quando os médicos detectam o CCL, geralmente recomendam mudanças no estilo de vida, fazem exames de laboratório ou encaminham os pacientes para um especialista, escreveram os autores.

“As pessoas podem assumir o controle de sua saúde cerebral fazendo mudanças ativas em sua vida diária”, disse Isaacson. “Não se trata apenas de exercícios, dieta, sono e controle do estresse, mas também de condições médicas que os médicos da atenção primária podem ajudar a otimizar e tratar –como pressão alta, colesterol alto e diabetes”.

“Não somos impotentes na luta contra a perda de memória e declínio cognitivo”, acrescentou.

Mesmo com medo, consultar um médico imediatamente é a coisa mais importante que as pessoas que sofrem alterações cognitivas podem fazer, disse Daven. “O diagnóstico precoce é importante e oferece a melhor oportunidade para gestão e tratamentos.”

 

Fonte: CNN Brasil

 

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