Entenda por que crianças têm mais crises
respiratórias e como tratá-las
No inverno, estação
que tem como característica um tempo mais seco, é comum que os postos de saúde
fiquem lotados de queixas por problemas respiratórios. Asma, rinite, bronquite,
todas as doenças crônicas parecem atacar ao mesmo tempo e tem um público-alvo
preferido: as crianças.
E não é somente
impressão que o público infantil sofre mais com esse tipo de problema.
Renato Kfouri, médico
pediatra e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm),
explica que as doenças alérgicas têm uma distribuição em todas as faixas
etárias, mas, proporcionalmente, as crianças acabam sendo mais afetadas.
"Muitas das
crianças chiadoras [com asma e bronquite] vão melhorar com a idade. Ou seja,
você tem mais casos dessas doenças por 100 mil crianças se comparado à
incidência no público adulto", afirma Kfouri, que também é médico
infectologista.
👉Para entender por que isso acontece, os especialistas pontuam
que é preciso considerar os seguintes pontos:
• Desenvolvimento da imunidade;
• Estrutura anatômica e física das vias
aéreas;
• Exposição a infecções respiratórias.
Segundo a Organização
Pan-Americana de Saúde (OPAS), as doenças respiratórias crônicas tendem a ser
de longa duração e são "o resultado de uma combinação de fatores
genéticos, fisiológicos, ambientais e comportamentais".
🚭Apesar de se manifestarem com frequência na infância, o uso de
tabaco, sedentarismo e dietas não saudáveis podem gerar complicações nas
funções respiratórias ao longo da vida, agravando os quadros dessas doenças.
Doenças crônicas em
crianças
Magali Santos Lumertz,
médica especializada em pneumologia pediátrica e membro da Comissão Científica
de Pneumologia Pediátrica da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia
(SBPT), explica que as doenças respiratórias crônicas são bastante comuns na
infância por três fatores principais:
1. Desenvolvimento da
imunidade
É na infância que o
corpo desenvolve o sistema imunológico, responsável por proteger o corpo de
infecções causadas pela entrada de microrganismos nocivos à saúde.
🦠Alguns dos anticorpos já estão presentes no organismo desde o
nascimento – os chamados anticorpos inatos – e outros são produzidos à medida
que a criança tem contato com agentes patógenos.
"Uma criança
pequena tem a imunidade em desenvolvimento e ela ainda vai ser testada ao longo
do crescimento. Quanto menor a criança, mais vulnerável seu sistema de
defesa", analisa Magali.
2. Exposição a
infecções respiratórias
Com um mecanismo de
defesa menos equipado, os pequenos ficam mais suscetíveis a contrair vírus e
bactérias que afetem o sistema respiratório.
Lumertz lembra que a
maior exposição a infecções respiratórias pode contribuir para a manifestação
de doenças crônicas na infância – como asma, rinite e bronquite.
"Se pegarmos a
asma como exemplo, podemos dizer que as infecções respiratórias são um dos
principais fatores para desencadear crises", comenta a especialista.
3. Estrutura anatômica
e física das vias aéreas
Outro ponto importante
é a estrutura anatômica e fisiológica das vias áreas. Isso porque, nas
crianças, essas estruturas são muito menores e acabam sendo mais sensíveis,
algo que favorece o desenvolvimento de problemas crônicos.
Kfouri explica que,
além da resposta inflamatória ser modulada ao longo da vida, essas estruturas
também se desenvolvem ao longo dos anos.
"Com a idade, há
um maior desenvolvimento pulmonar, além do crescimento do calibre das vias
aéreas, o que contribui para a melhora dos quadros", comenta o pediatra.
• Melhora com a idade
Os especialistas
lembram que as doenças respiratórias crônicas não têm, mas podem entrar em um
estado chamado de remissão.
➡️A remissão é definida como a redução ou desaparecimento dos
sinais e sintomas da doença. Esse processo não pode ser considerado cura
porque, mesmo sem sintomas, novas crises podem acontecer.
"São raras as
doenças alérgicas em que há um tratamento para cura da alergia. De maneira
geral, o tratamento é para o controle da doença", explica Kfouri.
Segundo Magali, a
tendência é que, com o desenvolvimento do corpo, as doenças crônicas melhorem
com a idade, tanto pelo fortalecimento da imunidade como pelo melhor
posicionamento anatômico e funcional das vias aéreas.
Porém, os
especialistas reforçam que é importante não negligenciar os sintomas dessas
doenças na infância, uma vez que isso pode gerar complicações na vida adulta.
"A falta de
atenção a esses sintomas, em casos mais extremos, pode levar à limitação das
funções pulmonares e até ao desenvolvimento de uma doença pulmonar obstrutiva
crônica na fase adulta", alerta Lumertz.
• Tratamentos
Apesar de não haver
cura para essas doenças, há tratamentos e hábitos que são fundamentais na busca
para a redução dos sintomas.
💊Entre as principais medidas para evitar crises e diminuir os
sinais das doenças respiratórias crônicas os especialistas destacam:
• Manter a vacinação contra infecções
respiratórias em dia;
• Se alimentar de maneira saudável;
• Fazer exercício regularmente;
• Evitar a exposição ao tabagismo.
Além dos hábitos
saudáveis, os tratamentos medicamentosos das crises e de manejos dos sintomas
também podem ajudar a remissão a longo prazo das doenças.
"Há os
medicamentos de resgate, quando a pessoa não está bem, e os medicamentos de uso
contínuo, que são preventivos", compara Kfouri.
O infectologista ainda
lembra que, no caso das doenças alérgicas, o controle do ambiente é fundamental
e ajuda a prevenir as crises.
"É preciso
reduzir a exposição ao que causa crise, com a higiene do ambiente e a
identificação e afastamento do que causa alergia", recomenda.
Fonte: g1
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