sábado, 24 de agosto de 2024

Arritmia cardíaca: como altitude pode afetar a saúde do coração?

O técnico Tite foi internado no Rio de Janeiro após se sentir mal depois da partida do Flamengo contra o Bolívar, em La Paz, na quinta-feira (22). De acordo com o clube, o treinador teve “elevações da frequência cardíaca e arritmia causadas pela altitude”, e seu quadro é estável.

Arritmia cardíaca é uma condição caracterizada por uma sequência de batimentos cardíacos irregulares, muito rápidos ou muito lentos. Em alguns casos, a condição pode não causar sintomas e o batimento irregular do coração é identificado por exames. No entanto, em outros casos, pode gerar sintomas como dor no peito, falta de ar, cansaço, tontura, sudorese e desmaios.

“O coração é um músculo que tem funcionamento autônomo e é estimulado pelo cérebro, e, através de fibras nervosas, ele contrai ou relaxa a musculatura. Então, a arritmia cardíaca é como se fosse um ‘curto-circuito’ nessa parte elétrica cardíaca, podendo fazer o coração bater mais rápido (taquicardias), ou mais devagar (braquicardias)”, explica Helio Castello, cardiologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, à CNN.

Existem diferentes tipos de arritmia cardíaca. Segundo a nota divulgada pelo Flamengo, Tite teve uma fibrilação atrial, caracterizada por batimentos cardíacos rápidos e descoordenados. A Afib, como também é chamada, pode ser temporária e começar e parar por conta própria, mas alguns episódios requerem tratamento.

“Na fibrilação cardíaca, a frequência dos batimentos cardíacos é aumentada e esses batimentos estão em descompasso, ou seja, fora do ritmo habitual”, explica Castello. “Esse descompasso faz com que a contração cardíaca também não seja rítmica. Uma hora relaxa e outra contraí de uma forma mais forte, e isso leva ao risco de queda de pressão arterial e de formação de coágulos sanguíneos”, afirma.

•                         Qual a influência da altitude na saúde do coração?

Geralmente, a arritmia cardíaca é causada por cardiopatias, mas fatores externos, como a altitude, podem influenciar. “A altitude influencia a saúde do corpo todo, mas principalmente o aparelho cardiovascular e o aparelho respiratório”, afirma Castello.

De acordo com o especialista, quando vamos para um local cuja altitude é muito elevada, e não estamos habituados a isso, o corpo recebe uma menor quantidade de oxigênio. “Fica mais difícil de o oxigênio entrar no nosso corpo. Com isso, o cérebro entende que o coração precisa bater mais rápido para buscar esse oxigênio, exigindo mais do corpo e podendo levar à arritmia cardíaca”, explica o cardiologista.

Castello acrescenta que qualquer pessoa, independentemente da idade ou de ter, ou não, condições cardíacas pré-existentes, pode sofrer uma arritmia cardíaca. Além da altitude, outros fatores elevam o risco, como estresse, má alimentação ou mudanças alimentares abruptas.

“É claro que, pessoas que já têm alguma cardiopatia, tem uma chance maior de ter arritmia. Além disso, quanto maior a idade, maior o risco porque existe o próprio envelhecimento natural do coração. Mas já atendi jovens de 13 e 14 anos com fibrilação atrial porque tomaram muito energético, por exemplo”, afirma.

•                         Como é feito o tratamento nesses casos?

O tratamento de uma arritmia cardíaca depende do tipo e se está batendo muito rápido ou muito devagar. Geralmente, são usados medicamentos para controlar a frequência e o ritmo do coração. No caso da fibrilação atrial, podem ser usados anticoagulantes para prevenir coágulos sanguíneos, pois a condição pode aumentar a chance de coagulação do sangue.

Em algumas situações, pode ser necessária uma cirurgia para colocação de um dispositivo no coração para restaurar ou controlar os batimentos cardíacos.

“O objetivo do tratamento é reverter a arritmia quanto antes. Eventualmente, ela pode se reverter sozinha, isso não é incomum”, comenta Castello. “Mas é mais comum que isso não aconteça, então devemos reverter a arritmia com medicamentos ou com outra técnica chamada de cardioversão elétrica, em que você ceda o paciente e faz uma terapêutica elétrica com um aparelho que entra no ritmo do coração”, explica.

Também é importante realizar exames para investigar se há outras causas associadas à arritmia cardíaca, como alterações hormonais da tireoide, por exemplo.

O tratamento cirúrgico é raramente indicado hoje em dia, segundo Castello. “Em casos de braquicardia, pode ser colocado um marcapasso para normalizar os batimentos cardíacos”, diz o especialista.

 

•                         Estresse e insatisfação no trabalho aumentam em 97% risco cardíaco, diz estudo

O estresse relacionado ao trabalho e a insatisfação profissional podem aumentar o risco de fibrilação atrial, um tipo de arritmia cardíaca. A descoberta é de estudo publicado no último dia 14 no Journal of the American Heart Association.

A fibrilação atrial atinge de 2 a 4% da população mundial. Ela é caracterizada pelo ritmo irregular e rápido do coração, incluindo sintomas como palpitação, fraqueza, falta de ar e dor no peito. A doença pode levar ao acidente vascular cerebral (AVC), insuficiência cardíaca e outras complicações cardiovasculares.

Apesar de estudos anteriores associaram alta tensão no trabalho e desequilíbrio esforço-recompensa no trabalho a um risco aumentado de doença cardíaca coronária, a nova pesquisa é a primeira a examinar o efeito adverso causado pelos dois fatores estressores: tanto a alta tensão, quanto a insatisfação pelo desequilíbrio entre o esforço e a recompensa profissional.

“Nosso estudo sugere que estressores relacionados ao trabalho podem ser fatores relevantes a serem incluídos em estratégias preventivas”, afirma Xavier Trudel, epidemiologista ocupacional e cardiovascular e professor associado da Universidade Laval, em Quebec, no Canadá, em comunicado à imprensa. “Reconhecer e abordar estressores psicossociais no trabalho são necessários para promover ambientes de trabalho saudáveis que beneficiem tanto os indivíduos quanto as organizações onde trabalham.”

Para realizar o estudo, os pesquisadores analisaram o impacto da tensão no trabalho, que foi definida como um ambiente profissional em que os funcionários enfrentam altas demandas e prazos apertados, além de baixa influência na tomada de decisões e na forma como suas tarefas são executadas.

Outro fator avaliado pelo estudo foi o desequilíbrio esforço-recompensa. Segundo os pesquisadores, isso acontece quando os funcionários investem esforços significativos em seu trabalho, mas recebem salário, reconhecimento ou segurança no cargo de forma “insuficiente” ou “desigual” ao seu desempenho.

Também foram analisados registros de bancos médicos de quase 6 mil adultos em empregos assalariados no Canadá, com dados que foram acompanhados ao longo de 18 anos.

Os pesquisadores descobriram que:

•                         Funcionários com alto estresse no trabalho tiveram um risco 83% maior de desenvolver fibrilação atrial, em comparação com trabalhadores não afetados pelo estresse;

•                         Funcionários que perceberam um desequilíbrio entre esforço-recompensa tiveram um risco 44% maior, em comparação com aqueles que não relataram esse desequilíbrio;

•                         Pessoas com ambos fatores estressores tiveram um risco 97% maior de fibrilação atrial, em comparação com os trabalhadores não afetados pelo estresse.

“A eficácia das intervenções no local de trabalho para reduzir estressores psicossociais que também podem reduzir o risco de fibrilação atrial deve ser investigada em esforços de pesquisa futuros”, sugere Trudel. “Exemplos de mudanças organizacionais implementadas durante a intervenção incluíram desacelerar a implementação de um grande projeto para evitar aumento da carga de trabalho; implementar horários de trabalho flexíveis; e realizar reuniões entre gerentes e funcionários para discutir os desafios do dia a dia.”

 

Fonte: CNN Brasil

 

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