Arritmia
cardíaca: como altitude pode afetar a saúde do coração?
O
técnico Tite foi internado no Rio de Janeiro após se sentir mal depois da
partida do Flamengo contra o Bolívar, em La Paz, na quinta-feira (22). De
acordo com o clube, o treinador teve “elevações da frequência cardíaca e
arritmia causadas pela altitude”, e seu quadro é estável.
Arritmia
cardíaca é uma condição caracterizada por uma sequência de batimentos cardíacos
irregulares, muito rápidos ou muito lentos. Em alguns casos, a condição pode
não causar sintomas e o batimento irregular do coração é identificado por
exames. No entanto, em outros casos, pode gerar sintomas como dor no peito,
falta de ar, cansaço, tontura, sudorese e desmaios.
“O
coração é um músculo que tem funcionamento autônomo e é estimulado pelo
cérebro, e, através de fibras nervosas, ele contrai ou relaxa a musculatura.
Então, a arritmia cardíaca é como se fosse um ‘curto-circuito’ nessa parte
elétrica cardíaca, podendo fazer o coração bater mais rápido (taquicardias), ou
mais devagar (braquicardias)”, explica Helio Castello, cardiologista do
Hospital Alemão Oswaldo Cruz, à CNN.
Existem
diferentes tipos de arritmia cardíaca. Segundo a nota divulgada pelo Flamengo,
Tite teve uma fibrilação atrial, caracterizada por batimentos cardíacos rápidos
e descoordenados. A Afib, como também é chamada, pode ser temporária e começar
e parar por conta própria, mas alguns episódios requerem tratamento.
“Na
fibrilação cardíaca, a frequência dos batimentos cardíacos é aumentada e esses
batimentos estão em descompasso, ou seja, fora do ritmo habitual”, explica
Castello. “Esse descompasso faz com que a contração cardíaca também não seja
rítmica. Uma hora relaxa e outra contraí de uma forma mais forte, e isso leva
ao risco de queda de pressão arterial e de formação de coágulos sanguíneos”,
afirma.
• Qual a influência da
altitude na saúde do coração?
Geralmente,
a arritmia cardíaca é causada por cardiopatias, mas fatores externos, como a
altitude, podem influenciar. “A altitude influencia a saúde do corpo todo, mas
principalmente o aparelho cardiovascular e o aparelho respiratório”, afirma
Castello.
De
acordo com o especialista, quando vamos para um local cuja altitude é muito
elevada, e não estamos habituados a isso, o corpo recebe uma menor quantidade
de oxigênio. “Fica mais difícil de o oxigênio entrar no nosso corpo. Com isso,
o cérebro entende que o coração precisa bater mais rápido para buscar esse
oxigênio, exigindo mais do corpo e podendo levar à arritmia cardíaca”, explica
o cardiologista.
Castello
acrescenta que qualquer pessoa, independentemente da idade ou de ter, ou não,
condições cardíacas pré-existentes, pode sofrer uma arritmia cardíaca. Além da
altitude, outros fatores elevam o risco, como estresse, má alimentação ou
mudanças alimentares abruptas.
“É
claro que, pessoas que já têm alguma cardiopatia, tem uma chance maior de ter
arritmia. Além disso, quanto maior a idade, maior o risco porque existe o
próprio envelhecimento natural do coração. Mas já atendi jovens de 13 e 14 anos
com fibrilação atrial porque tomaram muito energético, por exemplo”, afirma.
• Como é feito o
tratamento nesses casos?
O
tratamento de uma arritmia cardíaca depende do tipo e se está batendo muito
rápido ou muito devagar. Geralmente, são usados medicamentos para controlar a
frequência e o ritmo do coração. No caso da fibrilação atrial, podem ser usados
anticoagulantes para prevenir coágulos sanguíneos, pois a condição pode
aumentar a chance de coagulação do sangue.
Em
algumas situações, pode ser necessária uma cirurgia para colocação de um
dispositivo no coração para restaurar ou controlar os batimentos cardíacos.
“O
objetivo do tratamento é reverter a arritmia quanto antes. Eventualmente, ela
pode se reverter sozinha, isso não é incomum”, comenta Castello. “Mas é mais
comum que isso não aconteça, então devemos reverter a arritmia com medicamentos
ou com outra técnica chamada de cardioversão elétrica, em que você ceda o
paciente e faz uma terapêutica elétrica com um aparelho que entra no ritmo do
coração”, explica.
Também
é importante realizar exames para investigar se há outras causas associadas à
arritmia cardíaca, como alterações hormonais da tireoide, por exemplo.
O
tratamento cirúrgico é raramente indicado hoje em dia, segundo Castello. “Em
casos de braquicardia, pode ser colocado um marcapasso para normalizar os
batimentos cardíacos”, diz o especialista.
• Estresse e insatisfação
no trabalho aumentam em 97% risco cardíaco, diz estudo
O
estresse relacionado ao trabalho e a insatisfação profissional podem aumentar o
risco de fibrilação atrial, um tipo de arritmia cardíaca. A descoberta é de
estudo publicado no último dia 14 no Journal of the American Heart Association.
A
fibrilação atrial atinge de 2 a 4% da população mundial. Ela é caracterizada
pelo ritmo irregular e rápido do coração, incluindo sintomas como palpitação,
fraqueza, falta de ar e dor no peito. A doença pode levar ao acidente vascular
cerebral (AVC), insuficiência cardíaca e outras complicações cardiovasculares.
Apesar
de estudos anteriores associaram alta tensão no trabalho e desequilíbrio
esforço-recompensa no trabalho a um risco aumentado de doença cardíaca
coronária, a nova pesquisa é a primeira a examinar o efeito adverso causado
pelos dois fatores estressores: tanto a alta tensão, quanto a insatisfação pelo
desequilíbrio entre o esforço e a recompensa profissional.
“Nosso
estudo sugere que estressores relacionados ao trabalho podem ser fatores
relevantes a serem incluídos em estratégias preventivas”, afirma Xavier Trudel,
epidemiologista ocupacional e cardiovascular e professor associado da
Universidade Laval, em Quebec, no Canadá, em comunicado à imprensa. “Reconhecer
e abordar estressores psicossociais no trabalho são necessários para promover
ambientes de trabalho saudáveis que beneficiem tanto os indivíduos quanto as
organizações onde trabalham.”
Para
realizar o estudo, os pesquisadores analisaram o impacto da tensão no trabalho,
que foi definida como um ambiente profissional em que os funcionários enfrentam
altas demandas e prazos apertados, além de baixa influência na tomada de
decisões e na forma como suas tarefas são executadas.
Outro
fator avaliado pelo estudo foi o desequilíbrio esforço-recompensa. Segundo os
pesquisadores, isso acontece quando os funcionários investem esforços
significativos em seu trabalho, mas recebem salário, reconhecimento ou
segurança no cargo de forma “insuficiente” ou “desigual” ao seu desempenho.
Também
foram analisados registros de bancos médicos de quase 6 mil adultos em empregos
assalariados no Canadá, com dados que foram acompanhados ao longo de 18 anos.
Os
pesquisadores descobriram que:
• Funcionários com alto
estresse no trabalho tiveram um risco 83% maior de desenvolver fibrilação
atrial, em comparação com trabalhadores não afetados pelo estresse;
• Funcionários que
perceberam um desequilíbrio entre esforço-recompensa tiveram um risco 44%
maior, em comparação com aqueles que não relataram esse desequilíbrio;
• Pessoas com ambos
fatores estressores tiveram um risco 97% maior de fibrilação atrial, em
comparação com os trabalhadores não afetados pelo estresse.
“A
eficácia das intervenções no local de trabalho para reduzir estressores
psicossociais que também podem reduzir o risco de fibrilação atrial deve ser
investigada em esforços de pesquisa futuros”, sugere Trudel. “Exemplos de
mudanças organizacionais implementadas durante a intervenção incluíram
desacelerar a implementação de um grande projeto para evitar aumento da carga
de trabalho; implementar horários de trabalho flexíveis; e realizar reuniões
entre gerentes e funcionários para discutir os desafios do dia a dia.”
Fonte:
CNN Brasil
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