Depois da fraude, governo alerta para o novo
golpe: o falso INSS
Criminosos estão se passando por
representantes do governo para enganar beneficiários com promessas de “agilizar
o recebimento dos valores atrasados descontados pelo INSS”. Por isso, o governo
lançou o alerta, ontem, para informar que mensagens oferecendo “ressarcimento
de descontos de mensalidades associativas” enviadas por e-mail, aplicativos de
mensagem ou outros meios são tentativas de golpe.
A orientação do Ministério da Previdência
Social e do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) é não clicar em links
nem fornecer dados pessoais por canais não oficiais. A fraude foi denunciada
por segurados que relataram abordagens suspeitas. O alerta ganhou ainda mais
importância após a Controladoria Geral da União (CGU) informar que os valores
descontados indevidamente em abril serão retidos temporariamente e devolvidos
automaticamente na folha de pagamento.
Já os valores descontados antes de abril, que
não foram autorizados pelos beneficiários, serão analisados por um grupo de
peritos da Advocacia Geral da União (AGU). Esse grupo está estudando formas
seguras e viáveis de realizar o ressarcimento. O ministério informou ainda que
os aposentados e pensionistas do INSS que tiverem desconto de mensalidade
associativa no extrato de pagamentos (contracheque) podem pedir a exclusão do
débito de forma automática pelo aplicativo ou site Meu INSS. O benefício ficará
bloqueado para novos descontos até que o segurado faça o desbloqueio.
A exclusão já existia, porém, não era de
forma automática. Desde março, quando iniciaram as reclamações sobre descontos
indevidos, o INSS vem tomando uma série de medidas para proteger 7,6 milhões de
aposentados e pensionistas que têm descontos no pagamento. O número de
reclamações chegou a 1 milhão de janeiro de 2023 a maio de 2024, segundo
auditoria determinada pelo próprio INSS.
O levantamento resultou no cancelamento de
todos os descontos autodeclarados como não autorizados. Segundo Bruno Minoru
Okajima, sócio do escritório Autuori Burmann Sociedade de Advogados, a
principal orientação para não cair em golpes é desconfiar de qualquer contato
oferecendo devolução de valores em nome do INSS, seja por telefone, WhatsApp ou
redes sociais.
“O INSS não faz esse tipo de abordagem.
Também é importante nunca passar dados pessoais ou bancários, como CPF, número
de benefício, senha ou código de autenticação. Sempre procure diretamente o
site ou o app Meu INSS. Outro ponto: o INSS não cobra nenhuma taxa para revisar
benefícios ou devolver valores. Se pedirem pagamento antecipado, é golpe. No
fim das contas, a regra é simples: não passar dados, não clicar em links e não
fazer nenhum pagamento fora dos canais oficiais”, disse Okajima.
Sem informação “Tem aposentado pagando sem
saber por algo que nunca contratou”. A frase do especialista em Direito
Previdenciário e mestre em Direito das Relações Sociais e Trabalhistas e CEO da
WB Cursos, Washington Barbosa, resume o impacto de uma das maiores fraudes já
detectadas no INSS: o desconto mensal feito por associações de valores do
contracheque dos benefícios de milhares de segurados sem consentimento.
“O que a gente viu nesse caso foi a cobrança
de mensalidades associativas por entidades que sequer tinham estrutura para
prestar qualquer serviço. Em muitos casos, nem havia a autorização do
segurado”, explicou o especialista. Segundo ele, os descontos aconteciam
diretamente no benefício previdenciário, sob rubricas como “mensalidade
associativa” ou “débito associação”, o que dificultava a identificação imediata
por parte dos segurados. “Esses valores eram debitados mês a mês, comprometendo
a renda das pessoas sem qualquer contrapartida”, disse o especialista.
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Lupi levou quase 1 ano
para agir contra fraudes no INSS; no período descontos triplicaram
O
ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, foi alertado em junho de 2023 sobre o
aumento de denúncias de fraudes em descontos de mensalidades de aposentados,
mas levou quase um ano para tomar as primeiras providências.
O
alerta a Lupi sobre o problema foi feito em uma reunião do Conselho Nacional da
Previdência Social (CNPS), em 12 de junho de 2023, mas não gerou nenhuma
consequência prática para coibir as fraudes.
A
apuração exclusiva do Jornal Nacional analisou as datas de
todas as 23 reuniões do Conselho Nacional de Previdência Social durante a
gestão Lupi e constatou que as fraudes só foram efetivamente pautadas e
discutidas na reunião de abril de 2024, dez meses depois do alerta feito a
Lupi. O assunto nunca mais foi tratado nos encontros do Conselho da
Previdência.
Nesta
semana, a Polícia Federal e a
Controladoria-Geral da União (CGU) realizaram a Operação Sem Desconto e revelaram um
esquema que pode envolver até R$ 6,3 bilhões em desvios em aposentadorias e
pensões de beneficiários do INSS. Segundo as investigações, 11 associações
são suspeitas de descontar valores de mensalidades dos aposentados sem a
anuência deles.
A
primeira medida concreta para tentar frear os golpes só foi tomada em março de
2024, quando o INSS publicou uma
Instrução Normativa com novas regras para que as associações fizessem os
descontos nas aposentadorias, mediante autorização dos beneficiários.
Naquele
momento, o assunto já era objeto de apuração da CGU e do Tribunal de Contas da União (TCU).
O
relatório de auditoria da CGU aponta que houve um crescimento exponencial dos
descontos nas folhas dos aposentados justamente a partir de julho de 2023,
quando Lupi recebeu o primeiro alerta.
Em
junho de 2023, quando Lupi recebeu o aviso, os descontos nas folhas dos
aposentados somavam R$ 80,6 milhões. Em abril de 2024, o montante triplicou,
chegando a R$ 248,1 milhões.
Ainda
assim, os descontos com indícios de fraude só foram interrompidos nesta semana,
após a operação da PF e da CGU. As associações suspeitas também só foram
descredenciadas após a operação.
<><> Conselho chefiado por Lupi
ignorou o tema
O Conselho da Previdência Social é um órgão
presidido pelo ministro da Previdência e reúne a cúpula da pasta e do INSS,
além de representantes de associações de aposentados, sindicatos de
trabalhadores da ativa e entidades patronais.
O conselho tem por função “estabelecer
diretrizes gerais, participar, acompanhar e avaliar sistematicamente a gestão
previdenciária, bem como apreciar as decisões de políticas aplicáveis à
Previdência Social”, segundo a própria definição institucional do órgão.
A ata da reunião ordinária do conselho
realizada em 12 de junho mostra que a conselheira Tonia Galleti, dirigente do
Sindnapi (Sindicato Nacional dos Aposentados), demonstrou preocupação com as
fraudes e pediu providências ao ministro.
O tema apareceu no início da reunião. A
conselheira pediu que o CNPS debatesse naquele dia as regras dos Acordos de
Cooperação Técnica (ACTs), que são contratos firmados pelo INSS com as
associações para permitir o desconto da mensalidade na folha dos aposentados. O
pedido de Galleti, no entanto, foi rejeitado por Lupi por não estar na pauta da
reunião.
“Abertos os trabalhos, a conselheira Tonia
Galleti relatou que havia solicitado a inclusão da discussão sobre os Acordos
de Cooperação Técnica (ACTs) das entidades que possuem desconto de mensalidade
junto ao INSS, a qual não foi aprovada uma vez que a pauta já estava
elaborada”, diz um trecho da ata.
Em seguida, a conselheira “reforçou sua
solicitação, tendo em vista as inúmeras denúncias feitas e pugnou que fossem
apresentadas a quantidade de entidades que possuem ACTs com o INSS, a curva de
crescimento dos associados nos últimos 12 meses e uma proposta de
regulamentação que trouxesse maior segurança aos trabalhadores, ao INSS e aos
órgãos de controle.”
Ainda de acordo com a ata da reunião, Lupi
“registrou que a solicitação era relevante, porém não havia condições de
fazê-la de imediato, visto que seria necessário realizar um levantamento mais
preciso.”
Na sequência, o ministro solicitou que o tema
fosse pautado como primeiro item da próxima reunião, no mês seguinte.
Ainda na reunião de 12 de junho de 2023,
neste mesmo momento de discussão, o conselheiro Hélio Queiroz questionou “a
possibilidade de também incluir o debate sobre fraudes no primeiro benefício de
pagamento na pauta da próxima reunião".
Nenhum dos temas, no entanto, foram pautados
na reunião de 27 de julho de 2023. O conselho presidido por Lupi optou por
encaminhar outros assuntos, conforme consta na própria ata do encontro.
“Abertos os trabalhos, com a palavra, o Sr.
Helio Queiroz recordou que, na reunião anterior, haviam deliberado dois
assuntos para a pauta dessa reunião e explanou que foi esclarecido pelo Sr.
Benedito Adalberto Brunca sobre os motivos da retirada desses itens, devido à
importância dessa pauta apresentada".
De lá para cá, houve três auditorias sobre os
descontos: a da CGU, a do TCU e uma apuração interna do próprio INSS. As
três tiveram conclusão semelhante, de que a imensa maioria dos descontos na
folha dos aposentados foi feita sem a permissão dos beneficiários da
Previdência.
<><> Outro lado
O Ministério da Previdência foi procurado,
assim como Carlos Lupi. Por mensagem, o ministro confirmou que o tema das
fraudes foi apresentado no Conselho da Previdência em junho de 2023 e que, a
partir daí, o INSS começou a rever normas e a formular propostas de alterações
nos sistemas da previdência.
Segundo ele, as mudanças foram concluídas em
março de 2024, quando o órgão apresentou a Instrução Normativa com as novas
regras para os descontos.
Em nota, o Ministério informou que todos os
contratos com entidades e associações foram suspensos, assim como os descontos
na folha dos aposentados. A pasta cita ainda que, das 11 entidades investigadas
pela CGU, somente uma teve acordo assinado na gestão de Lupi.
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INSS: saiba quem é o
pecuarista presidente de organização investigada
Presidente de uma das organizações envolvidas
na fraude do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), o pecuarista Carlos
Roberto Ferreira Lopes (foto em destaque) também é dono do quiosque Jaquar, uma
loja na entrada do Aeroporto Internacional de Brasília – Presidente Juscelino
Kubistchek.
Carlos Roberto é presidente da Confederação
Nacional de Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais
(Conafer). O quiosque dele, que vende artesanatos indígenas, foi inaugurado em
2023 e tem capital social informado de R$ 100 mil. O estabelecimento se define
como “a maior curadoria de arte indígena brasileira”.
A fraude investigada no INSS se trata de um
esquema bilionário que descontava valores indevidos dos pagamentos de
aposentados. As apurações da Controladoria-Geral da União (CGU), divulgadas
nesta semana, estimam que a Conafer tenha arrecadado cerca de R$ 688 milhões
das remunerações de trabalhadores rurais e indígenas inativos desde 2019.
Carlos Lopes é mineiro, mas há casas
registradas em nome dele no Distrito Federal e em São Paulo. Na capital do
país, constam dois endereços do pecuarista no Recanto das Emas e dois no Jardim
Botânico. Na capital paulista, ele tem um apartamento no bairro de Moema.
À frente da Conafer, o empresário foi à
África para levar os trabalhos da ONG. Uma publicação de fevereiro de 2024 no
site da organização comemora os primeiros 53 agrofamiliares filiados, em
Ruanda, no Congo, no Burundi, no sul do Sudão, em Uganda e na Tanzânia.
Além de ter esses negócios, Carlos Roberto é
dono de uma empresa de reprodução bovina, a Concepto Vet.
<><> O que aconteceu
• Na
quarta-feira (23/4), a Polícia Federal (PF) cumpriu mais de 200 mandados de
busca e apreensão, além de prender seis pessoas, durante a Operação Sem
Desconto, que investiga organizações por fraudes no INSS.
• Os
mandados foram cumpridos por cerca 700 policiais e 80 servidores da CGU no
Distrito Federal e nos seguintes estados: Alagoas, Amazonas, Ceará, Goiás,
Maranhão, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do
Norte, Rio Grande do Sul, São Paulo e Sergipe.
• Ao
todo, as organizações arrecadaram R$ 6,3 bilhões com mensalidades indevidamente
cobradas de aposentados.
• O
caso levou ao afastamento judicial do presidente do INSS, Alessandro
Stefanutto, e de outros integrantes da cúpula do instituto.
• Desde
maio de 2024, o INSS suspendeu novas filiações e autorizou a liberação delas só
após procedimentos de reconhecimento facial e da apresentação de documentos de
identificação do aposentado.
• A
investigação da PF se deu após reportagens do Metrópoles denunciarem a farra no
INSS.
<><> Programa previdenciário
A Conafer divulga, no site da confederação, o
Programa +Previdência Brasil, que, segundo a página, visa divulgar informações
sobre a educação previdenciária e o INSS Digital. As iniciativas incluem cursos
sobre benefícios, de modo a auxiliar os interessados a reivindicarem os
próprios direitos.
O site também detalha que não há custo nesse
processo. “As associadas não receberão remuneração advinda do INSS nem dos
usuários pela execução do serviço, não sendo impedidas de cobrar a mensalidade
associativa do beneficiário do serviço”, diz o portal.
A investigação da CGU demonstrou, porém, que
a situação não era como a Conafer fazia parecer. Os auditores ouviram 56
pessoas, em 16 unidades da Federação, que tiveram descontos feitos pela
confederação. Nenhuma das vítimas havia autorizado o repasse.
A controladoria acrescentou que 621.094
aposentados tiveram desconto nos pagamentos ligados à Conafer só no primeiro
trimestre de 2024.
O Metrópoles tentou contato com a Jaguar e o
empresário Carlos Lopes, mas não teve retorno até a mais recente atualização
desta reportagem.
A equipe do site também esteve na loja de
artesanatos no Aeroporto de Brasília, mas encontrou o estabelecimento fechado.
O espaço segue aberto para eventuais manifestações.
Em nota, a Conafer informou que acompanha o
desdobramento do inquérito e confia no sistema judiciário. “A receia do INSS
representa apenas 11% do total da entidade”, completou o texto.
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PF nega investigação
contra irmão de Lula e Sindnapi
Em
entrevista ao ICL, o diretor-geral da Polícia
Federal (PF), Andrei Rodrigues, afirmou que o irmão do presidente Lula e
vice-presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e
Idosos (Sindnapi), Frei Chico, não é alvo de investigação por parte da Polícia
Federal (PF) por conta das fraudes envolvendo descontos no pagamento de
aposentados e pensionistas do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS).
A
jornalista Heloísa Villela, no vídeo abaixo, pergunta a Rodrigues: "O
Sindnapi, do qual ele [Frei Chico] faz parte da
diretoria, é alvo dessa investigação?". Em seguida, o diretor-geral da PF
nega.
"Várias
entidades e associações foram objeto de busca e apreensão e de medidas
também contra os seus dirigentes. E esse sindicato, o Sindnapi, não foi objeto
de busca e apreensão. Tampouco os seus dirigentes foram alvo de qualquer
medida, as pessoas físicas [não foram] alvos de qualquer medida",
pontua Rodrigues.
O
diretor-geral da PF segue: "E respondendo muito objetivamente, o irmão do
presidente Lula não é alvo da operação, não é investigado na
operação".
<><>
Diferenciar quem faz o trabalho
Em entrevista
ao programa Fórum Onze e Meia, o presidente do
Sindnapi, Milton Cavalo, havia dito que em nenhum momento havia
recebido alguma intimação ou investigação da PF em alguma das 80 sedes da
entidade pelo país.
"Não
foi apreendido qualquer tipo de material nosso. Então, não podemos dizer que
fomos alvo de uma operação da Polícia Federal", disse o dirigente.
Na
entrevista, Cavalo destacou ainda que é preciso aproveitar o momento
para investigar e diferenciar os sindicatos que realmente fazem o trabalho
correto dos que aplicam fraudes.
"Nós
temos que aproveitar o momento, inclusive, para realmente ver quem é aquele que
realmente tem estrutura, que faz um trabalho, que tem uma história em prol dos
aposentados", disse.
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Meu nome foi para gerar
manchete com "irmão do Lula", diz Frei Chico
Vice-presidente do Sindicato Nacional dos
Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), José Ferreira da Silva,
conhecido como Frei Chico, afirmou em entrevista à TVT nesta sexta-feira (25)
que o nome da entidade foi incluída na Operação Sem Desconto, desencadeada
nesta quarta-feira (23) a partir de uma investigação da Polícia Federal (PF)
para combater um esquema nacional de descontos associativos não autorizados em
aposentadorias e pensões, para gerar manchetes na mídia liberal com "irmão
de Lula".
"O que existe são denúncias feitas a
partir de 2017. Em 2019 liberaram para que o INSS aceitasse esse tipo de
entidade [outras associações] e a gente já tinha denunciado. Agora colocaram os
principais, que somos nós e a Contag. E não somos nós que estamos sendo
investigados. Agora meu caso é simplesmente pelo fato do Lula ser meu irmão. Eu
sou irmão do Lula. Ai eu apareço lá e não tenho nada de investigado, nosso
sindicato não está nesse rolo. Alguém está interessado nisso. Vamos para
luta", afirmou Frei Chico, responsável por levar o irmão ao movimento
sindical, ainda nos anos 1970, que o alçou à carreira política.
"Nós não temos nada com isso. Ai você
pega uma manchete - acho que foi a CNN -, o cara faz uma puta matéria ai quando
chega lá embaixo, coloca no rodapé: 'Frei Chico não é investigado'. Então
porque fez a matéria?", emendou.
O sindicalista ainda vê uma conotação
eleitoreira, antecipando a disputa presidencial de 2026 e faz um alerta à
família.
"O Lula é a pessoa mais importante para
o futuro do país em termos de eleição para Presidente da República. Então,
todos os parentes vão ter que se preparar pois vão ter denúncias em alguns
setores da imprensa. Há maldade nisso, há sacanagem", disparou.
Frei Chico ainda lembrou que foi o próprio
Sindinapi quem pediu, por diversas vezes, investigações sobre o que estaria
acontecendo no INSS, mas foi ignorado pelos governos Michel Temer (MDB) e Jair
Bolsonaro (PL).
"Nós estamos denunciando desde 2017,
2018, 2019: tem coisa acontecendo no INSS. E só foi apurado o ano passado, esse
governo que está apurando. Tem um monte de picaretagem ai e a Polícia Federal
tem que investigar. O que fico chateado é que nos colocaram nesse meio",
disse.
<><> Desmonte
Segundo a PF, o esquema começou em 2019 e
operou, em grande parte, durante o governo Jair Bolsonaro (PL) - que tinha como
"super" ministro da Justiça, o ex-juiz Sergio Moro (União-PR).
Em entrevista coletiva, o Controlador-Geral
da União (CGU), Vinícius Carvalho, destacou que as fraudes vinham desde 2019,
primeiro ano do governo Bolsonaro, e começaram a ser investigadas em 2023,
primeiro ano do governo Lula.
Outro fator extremamente importante é que 9
das 11 associações investigadas foram criadas após a reforma trabalhista feita
pelo ex-presidente Michel Temer (MDB), que desmontou a estrutura sindical e
permitiu a pulverização de entidades representativas sem compromisso algum com
os trabalhadores.
Na prática, com o fim da contribuição
sindical, que era direcionada para um sindicato representativo de determinada
categoria de trabalhador, a nova legislação deu aval para criação de
"concorrentes" na esfera sindical, fazendo com que oportunistas
vissem a representação trabalhista como negócio.
Das 11 associações investigadas, duas foram
criadas em 2017, logo após a reforma de Temer, e outras 7 durante o governo
Jair Bolsonaro (PL), depois que o então super ministro da economia, Paulo
Guedes, liberou a farra dos empréstimos consignados vinculados às
aposentadorias e pensões, em 2020, na esteira da Reforma da Previdência.
Apenas duas foram criadas antes da reforma e
são vinculadas ao movimento sindical: a Confederação Nacional dos Trabalhadores
na Agricultura (Contag), fundada em 1963, e o Sindicato Nacional dos
Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), ligado à Força Sindical.
"Desde o primeiro momento soltamos uma
nota apoiando a ação da PF pois há um bom tempo já falávamos disso e queríamos
que tomassem providências. Houve essa ação, o Sindnapi, em nenhum momento,
recebeu ou foi investigado pela PF, pois não houve apreensão de documentos, nós
temos mais de 80 sedes pelo país e não foram em nenhuma subsede, não
apreenderam nenhum material nosso. Então, não podemos dizer que fomos alvo de
uma operação", afirmou Milton Cavalo, presidente do sindicato, ao Fórum
Onze e Meia.
Cavalo ainda levanta suspeitas sobre
organizações que foram criadas na esteira das medidas de Temer e de Bolsonaro.
"É difícil compreender, e nós já estamos
há 25 anos trabalhando, associações que se dizem em defesa de aposentados que
em 3 meses aumentou em 300 mil, 600 mil, o número de associados. A gente sabe o
quanto é difícil aumentar o número de associados", afirmou.
Fonte: Correio Braziliense/Metrópoles/Fórum

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