Os 30 anos dos Acordos de Oslo e o fracasso da paz entre
palestinos e israelenses
As imagens de Israel e
da Palestina, atualmente, são absolutamente impactantes e desesperadoras. A destruição de Gaza ocasiona imagens e
testemunhos de muito sofrimento. As
incursões e os bombardeios aéreos em resposta aos ataques do Hamas de outubro
de 2023 transformaram a vida e a rotina de 2 milhões de seres humanos. Os
moradores que ainda permanecem em Gaza convivem com o mau cheiro e o luto por
milhares de mortos, em um espaço geográfico muito pequeno. Do outro lado do
muro, milhares de israelenses pressionam o governo de Israel a aprovar um
cessar fogo e a libertar os reféns, vivos ou mortos, em manifestações de rua
cada vez mais massivas.
Por outra parte, a
história da prolongada e gradual ocupação da Cisjordânia produz experiências
dramáticas. Em uma reportagem do Globo (2024), Maynara Nafe,
palestina-brasileira, de 21 anos, narra um testemunho sobre o aumento
vertiginoso da violência nos arredores dos assentamentos israelenses. De acordo
com Nafe, sua família, “tem se alimentado do que plantam, pois, uma simples ida
ao mercado pode fazer com que nunca mais voltem para casa. Minhas tias dormem
com véu, pois a qualquer momento alguém pode invadir a casa”.
Há mais de 30 anos, em
1993, os Acordos de Paz de Oslo assinados para o estabelecimento do fim do
conflito Israel-Palestina geraram muitas expectativas, entre palestinos,
israelense e, sobretudo na audiência internacional ansiosa pelo fim da
violência no Oriente Médio.
Embora os integrantes
do Hamas e seus simpatizantes fossem contrários a quaisquer possibilidades de
acordo com os israelenses, os Acordos de Oslo contavam com o apoio de um terço
da população palestina que ansiavam por dias mais tranquilos, mais autonomia e
normalidade (BBC, 2023). Os Acordos geraram a Autoridade Palestina, a fim de
garantir um governo autônomo que, à princípio deveria ter um caráter
provisório, com duração de 5 anos, enquanto as negociações avançassem em torno
dos assuntos concernentes ao conflito. Após o período de transição, a
Autoridade Palestina deveria ser substituída por um governo eleito
democraticamente.
Dessa feita, um
“futuro governo palestino” administraria o seu próprio Estado independente,
situado nos territórios da Cisjordânia, Faixa de Gaza e, em sua “capital”,
Jerusalém Oriental.
Além da estruturação
do Estado palestino, como resultado dos Acordos de Oslo, alguns líderes da
extinta Organização pela Libertação da Palestina (OLP), até então sob o status de
clandestinidade, regressaram do exílio no exterior. Para tanto, a OLP havia
concordado em renunciar à luta armada e a reconhecer o direito do Estado de
Israel de coexistir em paz com o futuro Estado da Palestina. A recém-formada
Autoridade Palestina, através de seu presidente, Yasser Arafat, passou, de
fato, a ter condições de prover serviços básicos a toda sua população, como
saúde, educação e segurança em algumas regiões da Cisjordânia e em Jerusalém
Oriental.
Apesar de alguns
avanços, logo no início, no mesmo ano da assinatura dos Acordos de Oslo, em
1993, já existiam cerca de 110 mil colonos israelenses vivendo em assentamentos
ilegais espalhados pelas regiões da Cisjordânia e de Jerusalém Oriental (BBC,
2023). Contudo, ao invés de diminuir, ou ao menos, de congelar a construção de
assentamentos em territórios ocupados, os Acordos não foram capazes de
suspender a continuidade da ocupação. Nesse período, os territórios da
Cisjordânia e de Jerusalém Oriental continuaram a ser ocupados ilegalmente, de
maneira progressiva. O que, rapidamente, tornou a iniciativa de paz uma falácia
entre toda a população palestina, residentes dos territórios palestinos, nos
campos de refugiados e na diáspora.
Atualmente, existem
mais de 700 mil colonos nos territórios palestinos ocupados (BBC, 2023). A
Cisjordânia e Jerusalém Oriental tornaram-se regiões descontínuas, passaram a
constituir pequenas “ilhas” de cidades palestinas em meio a milhares de
assentamentos. Isso inviabilizou de vez a solução de dois Estados para dois
povos, através do estabelecimento de um Estado palestino em um espaço contínuo,
com fronteiras seguras e reconhecidas pelo Direito Internacional.
A enorme resistência
aos Acordos do lado israelense decretou a morte do então primeiro-ministro
israelense, Yitzhak Rabin. Momentos após assinar os Acordos e cumprimentar o
então presidente da Autoridade Palestina, Yasser Arafat, Rabin foi assassinado
em um atentado cometido por um colono fundamentalista. A morte de Rabin,
imediatamente, foi precedida por uma gradual radicalização da sociedade e da
política israelense. O governo de Israel passou a, cada vez mais, se associar a
uma ala nacionalista e religiosa que demandam a anexação da Cisjordânia e a
aceleração do processo de “judaização” de toda a cidade de Jerusalém.
Aliado a esses
acontecimentos, Arafat estabeleceu uma Autoridade Palestina problemática, com
graves denúncias de corrupção (SAID, 2003, p. 109). A população palestina
sitiada, passou a ter que conviver com a ocupação de Israel e com o
autoritarismo e a brutalidade da força policial da Autoridade Palestina. O
prazo de 5 anos de governo provisório nunca foi respeitado. As últimas eleições
para a presidência da Autoridade Palestina foram no ano de 2009, ou seja, não
já eleições na Palestina há 15 anos.
O gradual
enfraquecimento da Autoridade Palestina frente ao aumento da brutalização da
ocupação ocasionou uma ampla revolta popular e, consequentemente, um aumento
avassalador da violência. A segunda Intifada, em 2000, conhecida
como Intifada Al Aqsa, devido à presença provocativa de Ariel
Sharon ao Monte do Templo, em Jerusalém, escoltado por cerca de mil policiais
fortemente armados que fecharam o acesso à mesquita Al-Aqsa aos
palestinos muçulmanos, ocasionou fortes manifestações de rua em praticamente todas
as cidades palestinas.
Além do campo de
batalhas, a segunda Intifada fortaleceu o Hamas, através dos
ataques suicidas contra diversos alvos situados nas cidades israelenses, como
os cafés, os hotéis, ônibus etc. Os ataques e o número elevado de vítimas
israelenses ganharam notoriedade e tornaram o Hamas a força política de maior
expressão na Faixa de Gaza e na Cisjordânia.
A popularidade do
Hamas foi definitivamente comprovada com a vitória nas eleições parlamentares
da Palestina em 2006. A escolha palestina pelo Hamas ocorreu em razão da luta
armada contra Israel e em decorrência da construção de uma rede de assistência
à população carente, sobretudo na Faixa de Gaza (HROUB, 2008).
No ano seguinte, em
2007, como consequência dos resultados das eleições palestinas, houve
confrontos armados entre as duas principais forças políticas, o Hamas e o
Fatah, a guerra civil instalada ficou conhecida popularmente como a “Batalha de
Gaza”. Ao final, dezenas de palestinos foram assassinados nesse período.
Políticos e funcionários do Fatah foram expulsos de Gaza. Consequentemente, o
Fatah passou a manter o controle da Cisjordânia, enquanto o Hamas tomou um
controle violento da Faixa de Gaza.
Em resposta à
liderança do Hamas em Gaza, Israel isolou o território palestino, através da
construção de um muro que separa a Faixa de Gaza das cidades israelenses. Além
do isolamento geográfico, Israel e o Egito impuseram um bloqueio econômico e
comercial. O controle por terra, água e mar são mantidas sob um forte esquema
militar. O bloqueio de Gaza restringe a
entrada de praticamente todos os tipos de suprimentos, como alimentos,
materiais escolares, insumos médicos, itens de construção civil, combustíveis
etc. Algumas organizações de Direitos Humanos,
como a Anistia Internacional, classificam o bloqueio de Gaza como punição
coletiva capaz de gerar uma grave crise humanitária na região (BBC, 2010).
O governo de Israel
justifica que o bloqueio visa enfraquecer o poderio do Hamas, a fim de impedir
os constantes ataques com foguetes a Israel. Contudo, os ataques se
intensificaram com o passar do tempo e com a ajuda do governo iraniano e, mais
tarde, do Qatar. O apoio político e financeiro desses dois Estados
proporcionou, inclusive, a construção de um sofisticado esquema de túneis,
visando, sobretudo, o armazenamento de armamentos pesados e a luta armada
contra o inimigo israelense.
Desde o fracasso dos
Acordos de Paz de Oslo, houve um acirrado fortalecimento do Hamas e o
enfraquecimento da Autoridade Palestina. Em Israel, o enfraquecimento do
Partido Trabalhista e de setores de esquerda israelense e, em contrapartida, a
expansão do Likud e da extrema direita nacionalista e religiosa, contribui com
um sentimento de frustração em relação à existência de um projeto de paz
consistente para toda a região.
A tragédia dos ataques
do Hamas no dia 7 de outubro de 2023 e a resposta israelense em Gaza contribuem
para que muitos ativistas de Direitos Humanos se tornem céticos sobre a paz.
Uma delas é a ativista israelense, Ada Sagi, de 75 anos, sequestrada em outubro
de 2023 e mantida refém por 53 dias. Em uma entrevista à BBC (2024) afirmou
categoricamente que não acredita mais na paz entre israelenses e palestinos.
No lado palestino, um
dos grandes interlocutores críticos dos Acordos de Oslo, Edward Said (2003),
reagiu sobre o que seria um acordo de reconciliação firmado sob condição
inescrupulosa do povo palestino esquecer toda a história da ocupação da
Palestina. Tal condição vem justamente por parte daqueles que ensinam o mundo
acerca da importância de não esquecer o passado (p. 315).
A realidade revela que
é impossível haver reconciliação quando se nega cidadania e dignidade para um
povo. Um acordo de paz consistente exige que os princípios da igualdade e da
liberdade, de todos os envolvidos, sejam assegurados, ao contrário a paz permanecerá
sendo apenas uma miragem em um horizonte muito distante.
• A história dos embates entre Israel e o
Hezbollah no Líbano
Embora a violência
tenha recentemente aumentado, há décadas a fronteira entre Israel e o Líbano é
cenário de conflitos. Veja nesta linha do tempo as principais fases da série de
hostilidades entre os dois lados.
<><> Antes
de 1948:
O Líbano tornou-se
independente de seus governantes coloniais franceses em 1943 e, mesmo antes do
estabelecimento do Estado de Israel, os libaneses já estavam debatendo que tipo
de relacionamento poderiam ter com seus vizinhos.
O governo libanês
sempre representou uma ampla gama de diferentes grupos religiosos e étnicos, e
alguns achavam que poderiam se alinhar com os sionistas que queriam estabelecer
um Estado judeu. Entretanto, outros elementos do Estado libanês acreditam que
seria impossível ter um bom relacionamento com Israel e também com os Estados
árabes vizinhos.
<><> 1948:
Em 14 de maio, no
mesmo dia em que é declarada a fundação do Estado de Israel, Egito, Síria,
Jordânia, Iraque e Líbano declaram guerra ao novo Estado. Já havia incidentes
violentos no que era o Mandato Britânico da Palestina obrigatória, controlada
pelo Reino Unido. As Nações Unidas concordaram que o Mandato deveria ser
dividido em dois Estados – um judeu e um árabe, ou palestino –, mas muitos
países árabes discordam e se recusam a aceitar o plano.
A guerra continua até
o início de 1949, quando Israel e alguns Estados árabes, incluindo o Líbano,
concordam com as linhas formais do armistício. Esse acordo resulta no que seria
conhecido como a Linha Verde ou Fronteira do Armistício de 1949. A maioria dos
Estados árabes insiste que essas fronteiras são temporárias, embora o Líbano
não o faça.
No final da guerra,
Israel detém cerca de 40% da área inicialmente destinada aos palestinos pelo
Plano de Partilha da ONU de 1947.
Naquela época, cerca
de 100 mil refugiados palestinos, que haviam sido forçados a deixar suas casas,
haviam fugido para o Líbano. Em 1949, a Agência das Nações Unidas de
Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Próximo (UNRWA), foi criada
para ajudá-los.
<><> 1965:
Até esse ano, a
fronteira entre Líbano e Israel era relativamente pacífica. Mas então um novo
grupo nacionalista palestino, o Fatah, começa a lançar ataques contra Israel do
outro lado da fronteira.
Outros novos grupos
militantes palestinos também lançam ataques a partir da Síria e da Jordânia. No
próprio Líbano, a opinião pública continua dividida em relação ao conflito,
devido ao fato de vários grupos demográficos terem opiniões diferentes sobre ele.
<><> 1967:
As tensões entre
Israel e seus vizinhos árabes aumentam, e o Egito, a Síria e a Jordânia se
mobilizam contra Israel. Após um ataque preventivo de Israel à Força Aérea
egípcia em reação à mobilização, Israel derrota as nações árabes alinhadas
contra ele, no que agora é conhecido como a Guerra dos Seis Dias.
O Líbano não se
envolveu fortemente nos combates, mas milhares de refugiados palestinos fugiram
pela fronteira para o Líbano.
<><> 1969:
O Líbano concorda que
a então recém-criada Organização para a Libertação da Palestina (OLP) passe a
administrar 16 campos de refugiados palestinos no Líbano, sob o nome de Comando
da Luta Armada Palestina. Essa organização acaba se tornando uma espécie de
força policial nos campos.
<><> 1970:
Após iniciar uma
revolta fracassada contra a família real jordaniana, a OLP muda sua sede
principal da Jordânia para a capital do Líbano, Beirute. A entidade transfere
seu quartel-general militar para o sul do Líbano. Isso leva ao aumento dos
conflitos entre o Líbano e Israel.
<><>1973:
Forças especiais
israelenses aterrissam na costa libanesa e, como parte da Operação Cólera de
Deus, de Israel, assassinam três líderes da OLP. As mortes são uma retaliação à
operação de tomada de reféns de atletas israelenses pela organização militante
palestina Setembro Negro durante as Olimpíadas de Munique em 1972.
<><> 1978:
Israel invade o sul do
Líbano, perseguindo militantes palestinos que continuaram a realizar ataques
transfronteiriços. Isso inclui combatentes que mataram mais de 30 civis
israelenses em um ônibus sequestrado.
O Exército de Israel
avança até o rio Litani, a cerca de 29 quilômetros da fronteira, e o Conselho
de Segurança da ONU exige sua retirada imediata na Resolução 425 da ONU.
Como parte da
resolução, a ONU estabelece uma "força interina para o sul do Líbano com o
objetivo de confirmar a retirada das forças israelenses, estabelecer a paz e a
segurança internacionais" e garantir que o governo libanês recupere o
controle da área.
A Força Interina da
ONU no Líbano (Unifil), continua operando no local até hoje.
<><> 1982:
Em junho, Israel
invade o Líbano, perseguindo os combatentes da OLP que realizam ataques
transfronteiriços. Israel também começou a financiar e treinar uma milícia
cristã libanesa chamada Exército do Sul do Líbano (ESL) que se opõe à OLP.
As tensões estavam
aumentando no Líbano e isso deu início à Guerra Civil Libanesa de 1975 a
1990. Israel apoia o ESL contra outras
forças na guerra que são apoiadas pela Síria.
Forças cristãs
nacionalistas de direita e outras forças matam centenas de civis em campos de
refugiados palestinos, no que ficou conhecido como o Massacre de Sabra e
Shatila. Posteriormente, várias comissões de inquérito descobriram que, embora
as forças israelenses estacionadas no local não tenham sido diretamente
responsáveis pelo massacre, elas foram culpadas por permiti-lo. As fontes
divergem quanto ao número de mortos, mas os especialistas mais tarde afirmaram
que cerca de 3 mil civis foram mortos.
Essa invasão
israelense do Líbano acabou resultando na criação do Hezbollah. Quando um grupo
de clérigos muçulmanos xiitas no Líbano decidiu pegar em armas contra os
israelenses, o novo governo teocrático do Irã – também muçulmano xiita –
forneceu-lhes fundos e treinamento.
<><> 1985:
Depois de três anos,
Israel acaba se retirando da área de Beirute em direção ao rio Litani, onde
ocupa oficialmente uma área de cerca de 850 quilômetros quadrados entre o rio e
a fronteira israelense. Israel argumenta que precisa de uma zona tampão de segurança
nessa área para proteger os civis israelenses nas cidades fronteiriças. Isso é
feito com a ajuda do ESL.
Nos anos seguintes, os
israelenses na zona de segurança tornam-se alvo de militantes. Em 2000, Israel
se retira do território libanês, de acordo com a Resolução 425 de 1978 do
Conselho de Segurança da ONU.
<><> 1993:
Em julho, Israel lança
o que chama de Operação Responsabilidade. no Líbano, ela é conhecida como a
Guerra dos Sete Dias. Os combates começaram após uma série de ataques de
combatentes de Israel e do Hezbollah perto da fronteira, que mataram civis e
soldados de ambos os lados. Centenas de milhares de pessoas ficaram
desabrigadas. Depois de uma semana, os EUA negociam um cessar-fogo.
<><> 1996:
Em abril, Israel
inicia o que chama de Operação Vinhas da Ira, em uma aparente tentativa de
deslocar civis em direção a Beirute, para pressionar o governo libanês a
desarmar o Hezbollah. Israel aconselha os moradores dos vilarejos do sul do
Líbano a saírem e começa a bombardear pesadamente a área.
Durante a operação de
17 dias, Israel realiza cerca de 600 ataques aéreos, bombardeia o aeroporto e
as usinas de energia de Beirute e também bloqueia vários portos libaneses. O
Hezbollah responde com disparos de foguetes. Centenas de milhares de civis são
deslocados em ambos os lados da fronteira.
Um bombardeio
israelense contra um complexo da ONU perto da aldeia libanesa de Qana mata mais
de 100 pessoas que estavam abrigadas no local, incluindo cerca de 37 crianças.
Centenas de outras pessoas ficaram feridas, incluindo as forças de paz da ONU.
Israel afirma que o bombardeio foi acidental. O incidente atrai a condenação
internacional e, mais tarde, membros da Al Qaeda diriam que o massacre de Qana
os motivou a começar a atacar os EUA.
A operação dura 17
dias e termina com um entendimento mútuo, mediado pelos EUA, de que civis não
são alvos legítimos.
<><> 2000:
Israel se retira do
sul do Líbano até a Linha Azul, uma demarcação estabelecida pela ONU como linha
de fronteira temporária para que a Unifil pudesse monitorar a retirada
israelense.
<><> 2006:
O Hezbollah captura
dois soldados israelenses em um ataque transfronteiriço e mata vários outros. O
grupo exige a libertação de prisioneiros palestinos em troca dos soldados
reféns. Israel se recusa e lança uma campanha militar de cinco semanas, que
ficou conhecida como no Líbano como a Guerra de Julho.
O conflito desloca até
um milhão de libaneses e meio milhão de israelenses. Cerca de 1.200 libaneses
são mortos, assim como 158 israelenses, quase todos soldados. A infraestrutura
libanesa é muito danificada.
A luta termina com uma
resolução do Conselho de Segurança da ONU que exige que o Hezbollah se desarme
e que o Exército israelense se retire, além de expandir o mandato da Unifil
para que possa usar a força para impedir atividades hostis na área de fronteira
que supervisiona.
Tanto Israel quanto o
Hezbollah consideram isso uma vitória. Em outubro, Israel já havia se retirado
em sua maior parte.
<><> 2023:
Desde 2006, tem havido
ataques regulares na fronteira sul do Líbano. Tudo isso mudou após o ataque do
Hamas a Israel em 7 de outubro – o conflito se intensificou.
<><> 2024:
Em meados de setembro,
uma série de explosões de pagers e walkie-talkies usados por integrantes do
Hezbollah deixou 37 mortos e mais de 3 mil feriados no Líbano. A organização
usa walkie-talkies e pagers porque, ao contrário dos telefones celulares, eles
não podem ser localizados. O grupo xiita acusou Israel pelo ataque.
Em Taiwan, o
escritório do promotor público iniciou uma investigação sobre a empresa que
fabrica esses dispositivos. O jornal The New York Times havia informado
anteriormente que o serviço secreto israelense havia colocado explosivos numa
encomenda de pagers feita na empresa pelo Hezbollah.
Após a onda de
explosões, as trocas de ataques foram intensificadas na região, com pesados
bombardeios israelenses no sul do Líbano e o Hezbollah lançando drones e
mísseis contra o norte de Israel.
Em 1º de outubro,
militares israelenses afirmaram ter iniciado "ataques terrestres
limitados, localizados e direcionados, baseados em informações precisas"
contra as forças do Hezbollah em vilarejos do sul do Líbano, perto da
fronteira.
As operações
terrestres no país vizinho começaram duas semanas após uma série de bombardeios
contra a estrutura do Hezbollah –
incluindo um ataque aéreo que matou seu líder, Hassan Nasrallah – e
marcam uma escalada significativa na ofensiva israelense contra a milícia.
Fonte: Por Luciana
Garcia de Oliveira, no Le Monde/DW Brasil
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