quinta-feira, 22 de agosto de 2024

Pepe Escobar: ‘Então o que realmente aconteceu em Kursk?’

Um debate extremamente sério já está acontecendo entre círculos selecionados de poder/inteligência em Moscou – e o cerne da questão não poderia ser mais incandescente.

Parte superior do formulário

Parte inferior do formulário

Para ir direto ao ponto: o que realmente aconteceu em Kursk? O Ministério da Defesa russo foi pego cochilando? Ou eles viram isso chegando e lucraram para montar uma armadilha mortal para Kiev?

Jogadores bem informados dispostos a compartilhar algumas pepitas sob condição de anonimato enfatizam a extrema sensibilidade de tudo isso. Um profissional de inteligência, no entanto, ofereceu o que pode ser interpretado como uma pista preciosa: “É bastante surpreendente ver que tal concentração de força não foi notada pela vigilância por satélite e drone em Kursk, mas eu não exageraria sua importância.”

Outro profissional de inteligência prefere enfatizar que “a seção de inteligência estrangeira é fraca, pois foi muito mal administrada.” Esta é uma referência direta ao estado de coisas depois que o ex-supervisor de segurança Nikolai “Yoda” Patrushev, durante a remodelação pós-inauguração de Putin, foi transferido de seu posto de secretário do Conselho de Segurança para servir como assessor presidencial especial.

As fontes, cautelosamente, parecem convergir para uma possibilidade muito séria: “Parece ter havido um colapso na inteligência; eles não parecem ter notado o acúmulo de tropas na fronteira de Kursk”.

Outro analista, no entanto, ofereceu um cenário muito mais específico, segundo o qual uma facção militar agressiva, espalhada pelo Ministério da Defesa e pelo aparato de inteligência – e antagônica ao novo Ministro da Defesa Belousov, um economista – deixou a invasão ucraniana prosseguir com dois objetivos em mente: armar uma armadilha para os principais comandantes e tropas inimigas de Kiev, que foram desviados da frente de Donbass – em colapso; e colocar pressão extra sobre Putin para finalmente ir para a cabeça da cobra e acabar com a guerra.

Esta facção belicista, aliás, considera o Chefe do Estado-Maior Geral Gerasimov como “totalmente incompetente”, nas palavras de um profissional de inteligência. Não há provas concretas, mas Gerasimov supostamente ignorou vários avisos sobre um acúmulo ucraniano perto da fronteira de Kursk.

Um profissional de inteligência aposentado é ainda mais controverso. Ele reclama que “traidores da Rússia” na verdade “despojaram três regiões de tropas para entregá-las aos ucranianos”. Agora, esses “traidores da Rússia” poderão “‘trocar’ a cidade de Suzha por deixar o falso país da Ucrânia e promovê-la como uma solução inevitável”.

Aliás, somente nesta quinta-feira Belousov começou a presidir uma série de reuniões para melhorar a segurança nas “três regiões” – Kursk, Belgorod e Bryansk.

Os falcões no aparato siloviki não fazem segredo de que Gerasimov deveria ser demitido – e substituído pelo lendário General Sergey “Armagedom” Surovikin. Eles também apoiam entusiasticamente Alexander Bortnikov do FSB — que de fato resolveu o extremamente obscuro caso Prigozhin — como o homem que agora realmente supervisiona o The Big Picture em Kursk.

·        E o próximo é Belgorod

Bem, é complicado.

A reação do presidente Putin à invasão de Kursk era visível em sua linguagem corporal. Ele estava furioso: pela flagrante falha militar/de inteligência; pela óbvia perda de prestígio; e pelo fato de que isso enterra qualquer possibilidade de diálogo racional sobre o fim da guerra.

No entanto, ele conseguiu reverter a virada em pouco tempo, ao designar Kursk como uma operação antiterrorista (CTO); supervisionada por Bortnikov do FSB; e com uma lógica embutida de “não fazer prisioneiros”. Todo ucraniano em Kursk que não esteja disposto a se render é um alvo potencial — definido para eliminação. Agora ou mais tarde, não importa quanto tempo leve.

Bortnikov é o especialista prático. Depois, há o Supervisor de toda a resposta militar/civil: Alexey Dyumin, o novo secretário do Conselho de Estado, que entre outros cargos anteriores foi o vice-chefe da divisão de operações especiais do GRU (inteligência militar). Dyumin não responde diretamente ao Ministério da Defesa nem ao FSB: ele se reporta diretamente ao Presidente.

Tradução: Gerasimov agora parece ser, na melhor das hipóteses, uma figura de proa em todo o drama de Kursk. Os homens no comando são Bortnikov e Dyumin.

A jogada de relações públicas de Kursk está prestes a falhar maciçamente. Essencialmente, as forças ucranianas estão se afastando de suas linhas de comunicação e suprimentos para o território russo. Um paralelo pode ser feito com o que aconteceu com o Marechal de Campo von Paulus em Stalingrado quando o Exército Alemão ficou sobrecarregado.

Os russos já estão no processo de cortar os ucranianos em Kursk – rompendo suas linhas de suprimento. O que sobrou dos soldados de elite lançados em Kursk teria que voltar, enfrentando os russos tanto na frente quanto atrás. O desastre se aproxima.

O comandante irreprimível das forças especiais de Akhmat, Major General Apti Alaudinov, confirmou na TV Rossiya-1 que pelo menos 12.000 Forças Armadas Ucranianas (UAF) entraram em Kursk, incluindo muitos estrangeiros (britânicos, franceses, poloneses). Isso acabará sendo um “não faça prisioneiros” em grande escala.

Qualquer pessoa com um QI acima da temperatura ambiente sabe que Kursk é uma operação da OTAN — concebida com alto grau de probabilidade por uma combinação anglo-americana supervisionando a bucha de canhão Ukronazi.

Qualquer coisa que Kiev faça depende do ISR americano (inteligência, vigilância, reconhecimento) e dos sistemas de armas da OTAN, é claro, operados por pessoal da OTAN.

Mikhail Podolyak, conselheiro do ator de camiseta verde suado em Kiev, admitiu que Kiev “discutiu” o ataque “com parceiros ocidentais”. Os “parceiros ocidentais” — Washington, Londres, Berlim — em plena indumentária covarde, negam.

Bortnikov não será enganado. Ele declarou sucintamente, oficialmente, que este foi um ataque terrorista a Kiev apoiado pelo Ocidente.

Estamos agora entrando no estágio de combate de posicionamento hardcore destinado a destruir vilas e cidades. Vai ser feio. Analistas militares russos observam que se uma zona de amortecimento tivesse sido preservada em março de 2022, a atividade de artilharia de médio alcance teria sido restrita ao território ucraniano. Mais uma decisão controversa do Estado-Maior Russo.

A Rússia acabará resolvendo o drama de Kursk – eliminando pequenos grupos ucranianos de forma metodicamente letal. No entanto, questões muito sensíveis sobre como isso aconteceu – e quem deixou acontecer – simplesmente não desaparecerão. Cabeças terão que – figurativamente – rolar. Porque isso é apenas o começo. A próxima incursão será em Belgorod. Prepare-se para mais sangue nos trilhos.

¨      Operação da Ucrânia em Kursk ocorreu com participação do Ocidente, diz Serviço de Inteligência russo

A operação das Forças Armadas da Ucrânia, na região de Kursk, na Rússia, teve a participação dos serviços de inteligência dos Estados Unidos, do Reino Unido e da Polônia, afirmou nesta terça-feira (20) o Serviço de Inteligência russo.

"De acordo com os dados disponíveis, a operação das Forças Armadas da Ucrânia, na região de Kursk, foi preparada com a participação dos serviços de inteligência dos Estados Unidos, do Reino Unido e da Polônia. As unidades envolvidas passaram por coordenação de combate em centros de treinamento no Reino Unido e na Alemanha. Conselheiros militares dos Estados da OTAN estão prestando assistência na gestão das unidades das Forças Armadas da Ucrânia que invadiram o território russo", disse o órgão ao jornal Izvestia.

Os países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) também forneceram aos militares ucranianos dados de inteligência por satélite sobre o envio de tropas russas na área de operação.

O serviço de inteligência afirmou ainda que, devido à deterioração da situação das tropas ucranianas em várias seções da linha de contato de combate na zona do Distrito Militar do Norte, o Ocidente tem pressionado Kiev a transferir as operações militares para o território russo, com o objetivo de provocar o aumento de sentimentos antigovernamentais e abalar a situação política interna na Rússia.

No dia 6 de agosto, as tropas ucranianas lançaram um ataque a Kursk, tomando uma série de assentamentos. A ação marcou a agressão mais significativa da Ucrânia contra a Rússia desde fevereiro de 2022.

O avanço foi interrompido, disse o chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas da Rússia, Valery Gerasimov. Ele enfatizou que a operação na região de Kursk será concluída com a derrota do inimigo e o acesso à fronteira do estado.

Conforme informou o Ministério da Defesa russo, durante os combates na direção de Kursk, as Forças Armadas da Ucrânia perderam mais de 4.130 militares e 58 tanques.

O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou que o regime de Kiev empreendeu uma provocação e disparou indiscriminadamente, inclusive contra alvos civis. Putin disse que o inimigo receberá uma resposta digna e que todos os objetivos que a Rússia enfrenta serão alcançados.

¨      RPL recorda crimes cometidos pelos radicais ucranianos, que se repetem agora na região de Kursk

Centenas de moradores de Donbass foram vítimas dos crimes dos nazistas ucranianos desde 2014, disse à Sputnik o primeiro vice-presidente do Conselho Popular da República Popular de Lugansk (RPL), Andrei Sopelnik.

O dia 21 de agosto é o Dia Internacional em Memória e Tributo às Vítimas do Terrorismo. A autoridade da RPL recordou as vítimas do conflito em Donbass, que dura já há dez anos.

"Em 2014, a população civil de Donbass enfrentou a desumanidade dos nazistas ucranianos. Durante todo esse tempo, as pessoas têm vivido sob o bombardeio incessante das forças de segurança de Kiev, em um bloqueio econômico e social, temendo o sequestro e a tortura pelos nazistas", disse Sopelnik.

Ele notou que, em resultado das ações dos militares ucranianos, os destinos de milhares de pessoas foram destroçados, muitas casas, escolas e hospitais foram destruídos.

"Os crimes nazistas tiraram muitas centenas de vidas: mulheres, crianças e idosos inocentes."

Sopelnik enfatizou que a mesma tragédia está se desenrolando agora na região de Kursk, afirmando que toda a Rússia apoia os moradores locais. Muitas regiões russas já receberam refugiados dos territórios fronteiriços.

"Elas não estão apenas recebendo alimentos e moradia, está se tentando criar para elas as condições mais confortáveis possíveis", ressaltou.

No dia 6 de agosto, as tropas ucranianas lançaram um ataque à região de Kursk, na Rússia. A ação marcou a agressão mais significativa da Ucrânia contra a Rússia desde fevereiro de 2022.

Comentando o ataque, o presidente russo Vladimir Putin disse que a Ucrânia havia realizado outra provocação em larga escala, atirando indiscriminadamente em alvos civis. O inimigo terá uma resposta adequada, acrescentou Putin.

¨      Militar ucraniano: Exército da Ucrânia será derrotado na região de Kursk se mantiver frente estática

As Forças Armadas da Ucrânia vão ser derrotadas na região de Kursk se decidirem manter suas posições, disse o major aposentado do Exército ucraniano Igor Lapin em uma entrevista ao ex-deputado do parlamento ucraniano Borislav Bereza.

"Algumas pessoas pensaram que agora chegaríamos a algum lugar e começaríamos a nos entrincheirar. Bem, eu já disse, do ponto de vista de oficial das forças especiais, que logo que a frente se torne estática, isso será nosso fim", disse Lapin.

Ele referiu que os militares russos têm vantagem em termos de força aérea, artilharia e quantidade de tropas. Em sua opinião, o comandante-chefe das Forças Armadas ucranianas, Aleksandr Syrsky, é responsável pelo ataque à região de Kursk.

Segundo o major aposentado, as tropas ucranianas não podem "adicionar 300 km à linha de defesa e tentar segurar a pressão das tropas russas", assim pensando que uma linha de frente estática cria problemas para a Ucrânia.

"Há a intenção do artista, há a intenção do comandante-chefe. Essa é a responsabilidade dele. A propósito, qual é a intenção estratégica? Ninguém sabe", acrescentou o major.

No dia 6 de agosto, as tropas ucranianas lançaram um ataque à região de Kursk, na Rússia. A ação marcou a agressão mais significativa da Ucrânia contra a Rússia desde fevereiro de 2022.

Comentando o ataque, o presidente russo Vladimir Putin disse que a Ucrânia havia realizado outra provocação em larga escala, atirando indiscriminadamente em alvos civis. O inimigo terá uma resposta adequada, acrescentou Putin.

¨      Alguns aliados de Kiev na OTAN não estão cumprindo suas promessas de defesa aérea, diz mídia dos EUA

Vários aliados da Ucrânia na OTAN não estão cumprindo as promessas de acelerar entregas de sistemas de defesa aérea e outros equipamentos militares, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto ouvidas pela Bloomberg.

Diversos parceiros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) ainda precisam cumprir os compromissos que reafirmaram na cúpula da aliança em Washington no mês passado, disseram as pessoas sob condição de anonimato.

Isso inclui promessas de enviar pelo menos cinco sistemas adicionais de longo alcance, acrescentaram as fontes.

Vladimir Zelensky renovou os pedidos de ajuda urgente, relata a mídia. O líder ucraniano, que lamentou o fato de novos suprimentos de armas dos Estados Unidos estarem demorando muito para chegar ao campo de batalha, reforçou o apelo por entregas mais rápidas nesta semana.

"Não há férias na guerra. Decisões são necessárias, assim como logística oportuna para os pacotes de ajuda anunciados. Dirijo isso especialmente aos Estados Unidos, ao Reino Unido e à França", afirmou Zelensky no domingo (18).

A promessa de defesa aérea da OTAN, que incluía compromissos que já haviam sido feitos, foi a peça central do apoio aliado na cúpula de julho da aliança. Os EUA, a Alemanha e a Romênia prometeram enviar um sistema Patriot, com um quarto fornecido com componentes de várias nações.

A Itália prometeu enviar um sistema terra-ar SAMP-T. Outros aliados se comprometeram a enviar outros sistemas e munições para Kiev.

À medida que a Rússia avança em suas posições, o apoio entre os aliados da Ucrânia continua desigual, segundo um oficial citado pela Bloomberg. Outro disse que alguns aliados estão ficando para trás no fornecimento de equipamento militar para as forças de reserva ucranianas, o que está afetando as defesas do país.

Muitas das promessas da OTAN provavelmente não serão cumpridas até o outono europeu, escreve a mídia, quando se espera que Moscou explore as vulnerabilidades do país e intensifique o bombardeio da infraestrutura crítica da Ucrânia, disseram as pessoas.

Apesar de Kiev ter recebido alguns caças F-16, "a entrega de caças F-16 não poderá influenciar significativamente a dinâmica dos eventos na frente de batalha, já que todas as aeronaves serão abatidas e destruídas", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, no início desse mês.

 

Fonte: Strategic Culture/Sputnik Brasil

 

Nenhum comentário: