segunda-feira, 26 de agosto de 2024

Noblat: Bolsonaro já perdeu a eleição em São Paulo, vença quem vencer

“A piada virou pesadelo”, diz o empresário Pablo Marçal (PRTB), candidato bolsonarista raiz a prefeito de São Paulo, que na nova pesquisa Datafolha de intenção de votos ultrapassou Ricardo Nunes (MDB), apoiado por Bolsonaro, e encostou em Guilherme Boulos (PSOL), apoiado por Lula.

Bolsonaro e Nunes foram feitos um para o outro. Bolsonaro hesitou em apoiar a candidatura de Nunes à reeleição – julgava-o pouco confiável, e não mudou de opinião. Nunes sempre soube que sem os votos de Bolsonaro, não se reelegerá prefeito de São Paulo, mas não queria carregar o estigma de ser o candidato dele.

Nunes não é e nunca foi bolsonarista. É de direita, sim, mas não de extrema-direita. Na capital paulista, Bolsonaro é rejeitado por 64% dos eleitores, de acordo com pesquisas feitas sob encomenda da campanha de Nunes. Com a ascensão repentina de Marçal, porém, Nunes não terá outro jeito. A vitória é que importa.

Queira ou não, Nunes será obrigado a sentar no colo de Bolsonaro para deter a sangria de votos bolsonaristas que migram na direção de Marçal. E, por sua vez, Bolsonaro será obrigado a apoiar Nunes sem reticências para não perder o monopólio dos votos da extrema-direita. Marçal passou a ser uma ameaça a Bolsonaro.

Se Marçal se eleger prefeito, elegeu-se contra a vontade de Bolsonaro, que sequer teve força para lançar um candidato próprio. Se perder, Marçal sacudirá a poeira e em 2026 poderá disputar o governo de São Paulo, ou uma vaga de senador, ou – quem sabe? – a presidência da República.

Salvo se o Congresso ou a Justiça derrubar sua inelegibilidade, Bolsonaro estará impedido de concorrer a qualquer cargo público até 2030. Mas ele quer influir na escolha do candidato a presidente que daqui a dois anos enfrentará Lula, quer vender caro o seu apoio, e quer eleger senador por São Paulo o seu filho Eduardo.

Tão cedo, Bolsonaro quer sair de cena. Muito menos para dar lugar a um aventureiro inescrupuloso como Marçal. Para dar lugar a um dos seus filhos, tudo bem. Para dar lugar a quem se renda às suas vontades, ele seguiria mandando. Mas para quem não lhe deveria nem um tostão, seria um péssimo negócio, um triste fim.

Não foi Bolsonaro que inventou a extrema-direita – ela sempre existiu e existirá. O feito de Bolsonaro foi pôr-se no ponto de convergência da extrema-direita com a direita dita civilizada. Há nomes que sonham em reproduzir esse feito – Tarcísio de Freitas, Ronaldo Caiado, Ratinho Jr., Luciano Huck e até mesmo Marçal.

Bolsonaro já perdeu a eleição para prefeito de São Paulo, ganhe Nunes ou não. Boulos, por enquanto, é o único candidato com vaga assegurada no segundo turno. Ele torce para bater-se com Marçal. Caso não se eleja prefeito, a pré-fixada derrota de Boulos não será debitada na conta de Lula. Caso ele vença, Lula terá vencido.

¨      São Paulo não merece, o Brasil não merece. Por Reimont Otoni

É preciso, em nome da Democracia, acabar com a bizarrice que vem corrompendo a política brasileira, a partir dos movimentos cada vez mais extremos da direita. É preciso recuperar, com urgência, a dignidade, a ética e a seriedade do debate político.

O fascismo brasileiro vem produzindo uma horda de agentes virtuais, ditos “influencers”, sem qualquer escrúpulo e compromisso com a verdade e com a Democracia. Uma gente que infantiliza a Política e transforma o que deveria ser debate de propostas em espaço de “likes”, “memes”, fanfarronice, piadas grotescas, ataques toscos, infâmia e mentiras, uma enxurrada de mentiras que precisa ser debelada.

Não é admissível cruzar os braços diante da ascensão, na disputa eleitoral de São Paulo, de um dito “influencier” debochado e sem propostas, cuja trajetória inclui a condenação por participar de esquemas de golpes bancários em idosas e idosos, pessoas que, muitas vezes, perderam as economias de uma vida inteira para criminosos que vivem de enganar os mais vulneráveis.

Quantos idosos conhecemos que viveram uma situação dramática dessas. Será que os eleitores conservadores paulistanos não ligam pra isso? 

Não posso acreditar que um partido, acusado formalmente de relacionamento estreito com o tráfico de drogas e o crime organizado, se transforme em referência no maior estado do Brasil.

Que política é essa, feita de vazio, vazio e mais vazio? São Paulo não merece, o Brasil não merece.

Minha total e irrestrita solidariedade a Guilherme Boulos e sua família, vilmente atingidos por infâmias. Estamos juntos na luta por restabelecer a seriedade, a dignidade e a ética no debate político.

A liberdade de expressão é um bem precioso da sociedade e não pode ser confundida com incontinência verbal irresponsável.

É preciso, com a máxima urgência, criminalizar o banditismo das fakenews e adotar medidas de proteção ao processo eleitoral e ao estado democrático de direito.

É preciso que a chamada grande imprensa assuma responsabilidades diante da proliferação desses atiradores ideológicos.

O 8 de janeiro de 2023 não surgiu do nada; foi um ovo chocado no dia a dia da ascensão fascista.

O combate ao fascismo e a defesa da Democracia são lutas cotidianas; não podemos perder isso de vista. 

<><> Campanha de Nunes esconde das ruas panfletos com imagem de Bolsonaro

Na primeira semana de campanha eleitoral nas ruas, a equipe do prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), distribuiu panfletos pela cidade com imagens dele e do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e escondeu o material — que afirma ter produzido — com fotos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

O panfleto com Tarcísio destaca também imagens de Bruno Covas, de quem Nunes foi vice, da esposa Regina do emedebista, além dele com eleitores. Na última página do material, aparece uma foto do prefeito ao lado de seu vice, Coronel Mello Araújo, indicado por Bolsonaro. Mas o ex-presidente nem sequer é citado.

Na semana passada, Bolsonaro havia dado uma entrevista dizendo que Nunes não era seu “candidato dos sonhos” e feito elogios ao adversário Pablo Marçal (PRTB), a quem chamou de “inteligente”. Contudo, após pedido de Nunes e seu vice, Coronel Mello Araújo (PL), o ex-presidente gravou um vídeo de apoio ao prefeito e divulgou por conta própria a aliados por WhatsApp.

Contudo, nesta semana, diante do crescimento de Marçal nas pesquisas de intenção de voto, que chegou a ultrapassar o prefeito no Datafolha, Bolsonaro, seus filhos e aliados partiram para o ataque ao influenciador nas redes sociais.

Em entrevista exclusiva ao colunista Paulo Cappelli, do Metrópoles, o ex-presidente disse que “falta caráter” a Marçal.

A equipe de campanha de Nunes afirmou que também produziu material mostrando Bolsonaro com o prefeito para distribuição nas ruas, enviou arquivos em formato PDF para a reportagem e informou que os panfletos também estavam sendo entregues.

Nessa sexta-feira (23/8), porém, quando Nunes fez uma caminhada na Lapa, na zona oeste, os auxiliares do prefeito não souberam mostrar onde o material estava — novamente, os panfletos entregues aos pedestres tinham apenas fotos com Tarcísio em destaque.

Sobre a presença de Bolsonaro na campanha, o prefeito afirmou que “as pessoas sabem” do apoio do ex-presidente e que a participação dele na campanha vai “acontecer naturalmente”.

“O presidente Bolsonaro esteve na nossa convenção, tem participado. O vice é muito ligado a ele, o coronel Mello Araújo, os nossos candidatos do PL, do partido do presidente Bolsonaro, é algo que vai acontecer naturalmente. Vai começar o horário eleitoral, vão ter oportunidade de o presidente Bolsonaro estar aqui, em algumas agendas nossas. Lógico que ele não vai poder estar em tantas, ele tem o Brasil inteiro”, disse Nunes.

¨      Tarcísio disse a Flávio Bolsonaro que Marçal precisa ser “segurado”

Na recente reunião de governadores de oposição, dirigentes partidários e o senador Flávio BolsonaroTarcísio Gomes de Freitas fez uma cobrança direcionada a Flávio a respeito do avanço do coach Pablo Marçal nas pesquisas de intenção de voto à Prefeitura de São Paulo.

Tarcísio disse que Marçal precisa ser “segurado” e relatou que, em função do coach do PRTB, tem perdido cerca de 2 mil seguidores por dia nas redes sociais.

Na mesma reunião Tarcísio cobrou de Flávio apoio da família Bolsonaro ao prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes. O governador paulista ponderou como seria ruim para a direita perder a eleição na capital paulista, principalmente considerando os planos de retomada do Palácio do Planalto em 2026.

Flávio disse a Tarcísio, em seguida, que tampouco a família Bolsonaro percebe na campanha de Nunes disposição de ter o ex-presidente por perto. O incômodo passa, por exemplo, por até agora Bolsonaro não ter sido chamado para gravar o programa de Nunes.

Além de Flávio Bolsonaro, Tarcísio de Freitas e Ciro Nogueira, participaram da reunião o mineiro Romeu Zema, o goiano Ronaldo Caiado, o fluminense Cláudio Castro e o matogrossense Mauro Mendes.

¨      Marçal ameaça a democracia. Por Alex Solnik

Se ainda faltava algum motivo para rotular Pablo Marçal de “o novo Bolsonaro”, agora não falta mais nada.

Enquanto escrevo ele está à frente de uma “motociata” na Zona Leste de São Paulo.

Todos sabem quem é o pai das “motociatas”.

Todos sabem, agora, quem é o ex-deputado apagado e boquirroto, do baixo claro, que se notabilizou por insultar colegas, sobretudo mulheres, de todas as formas possíveis, com as palavras de mais baixo calão, ameaçar e caluniar adversários, mentir e um dia chegou à presidência da República, tentou comandar um golpe de estado e atualmente tem contas a prestar com a Justiça.

Ele deu todos os sinais de que combatia o sistema, ou seja, a democracia, no atacado e no varejo, e mesmo assim a Justiça Eleitoral permitiu que disputasse todas as eleições que quis e até a principal delas.

Sua cópia mais fiel, que concorre a prefeito de São Paulo, também se notabiliza por xingar e ofender, fazer manobras ilícitas, caluniar, ameaçar, mentir, apostar em falcatruas e seu discurso também é anti-sistema, quer dizer, contra o sistema democrático.

Marçal tem o perfil autoritário de Bolsonaro, quanto mais poder tiver, mais poder vai buscar.

Se a Justiça Eleitoral fizer vista grossa, tal como fez com Bolsonaro, vai criar mais um Bolsonaro, uma ameaça à democracia.

A prefeitura é um trampolim para o governo do estado, que é um trampolim para a presidência da República.

Que pode, é claro, ser um trampolim para a cadeia.

<><> Ele zomba da lei: Marçal faz motociata sem capacete em avenida de SP

Ele zomba da lei e, seguindo os passos do “mestre” Jair Bolsonaro (PL), que levou a arruaça e o medo às ruas do país, pretende comandar a Prefeitura de São Paulo a partir de 1° de janeiro de 2025. Pablo Marçal (PRTB), o coach condenado por integrar uma quadrilha de fraude a bancos, no mesmo dia que teve suas redes sociais suspensas pela Justiça Eleitoral, por violar as regras previstas legalmente, resolveu fazer uma “motociata”. E sim, ele agiu como Bolsonaro e saiu por uma movimentada avenida da maior cidade do Brasil sem capacete.

O vídeo com a grave infração de trânsito foi registrado por sua própria equipe de campanha e postado em seus perfis oficiais, que no fim da tarde deste sábado (24) ainda seguiam no ar. Marçal aparece conduzindo uma BMW R1250 GS, com aparente estética personalizada, uma motocicleta que zero quilômetro chega a custar R$ 120 mil.

Nas imagens ele aparece cercado por várias outras motos, em meio ao trânsito, sem usar capacete, carregando uma mulher na garupa. Ela tem uma bandeira do Brasil nas mãos e estende o pendão para tremulá-lo durante todo o trajeto. Conduzir uma motocicleta sem capacete, segundo o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), é uma infração gravíssima, que rende multa e a cassação da carteira de habilitação. Este é o homem que quer ser o responsável por coordenar o trânsito da maior e mais caótica megalópole do hemisfério sul do planeta Terra.

¨      Marçal prefeito seria uma página infeliz da história de São Paulo. Por Ricardo Noblat

A princípio, ao pensar no Sudeste e no Sul, as regiões mais desenvolvidas do Brasil, apoiar para prefeito de uma grande capital um sacripanta como Pablo Marçal pareceria algo capaz de acontecer no Rio de Janeiro, e em nenhum outro lugar.

Pelé, uma vez, disse que o povo não sabe votar e o mundo desabou na cabeça dele. Não me arrisco a dizer que os moradores do Rio não sabem votar. Mas, desde a redemocratização do país, apenas dois governadores do Rio não foram investigados por corrupção.

A saber: Leonel Brizola e Marcello Alencar. Outros três, vices que assumiram temporariamente o cargo, também não foram investigados por corrupção: Nilo Batista, Benedita Silva e Francisco Dornelles. Cinco governadores já foram presos.

O atual, Cláudio Castro (PL), foi indiciado pela Polícia Federal por suspeitas de corrupção passiva e peculato em um esquema de desvio de recursos públicos do Estado. Virou um governador pato manco, que se assusta ao ouvir a sirene de uma ambulância.

Manda a cautela que esperemos a próxima pesquisa Datafolha para saber se a candidatura de Marçal (PRTB) está aos saltos e ladeira acima, como sugere a que foi divulgada na última quinta-feira (22). Pode estar. Pode ter sido apenas um soluço. A ver.

Se estiver ladeira acima, os orgulhosos paulistanos, que já foram governados de 1985 para cá por prefeitos acima de suspeitas (à exceção de dois: Paulo Maluf e Celso Pitta) e que se revelaram bons administradores, estarão diante de um baita desafio.

O que fazer para impedir que se eleja prefeito um sujeito de péssima reputação, condenado no passado por falcatruas em bancos, parceiro de pessoas suspeitas de ligações com o crime organizado, e candidato sem ideias de um partido de aluguel?

Marçal promete revelar em breve as ideias que diz ter para governar a mais populosa e importante cidade do país. “Não é isso o que vocês querem?” – ele perguntou, ontem, a um grupo de jornalistas. Outro dia, ele falou em encher a cidade de teleféricos.

Falou em construir o mais alto prédio da América Latina. E, num surto de falsa humildade, pediu perdão porque, para chegar aonde chegou, sentiu-se obrigado a “chamar atenção de um jeito” que talvez não tenha agradado a uma grande parcela de eleitores.

É possível acreditar em quem se tornou famoso por mentir compulsivamente, a exemplo do seu mentor? A resposta é sim. Bolsonaro construiu sua carreira à base de mentiras e quase se reelegeu presidente. Marçal não passa de uma cópia dele.

 

Fonte: Metrópoles/Brasil 247/Fórum

 

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