Noblat: Bolsonaro
já perdeu a eleição em São Paulo, vença quem vencer
“A piada virou pesadelo”, diz o
empresário Pablo Marçal (PRTB), candidato bolsonarista raiz a prefeito de São
Paulo, que na nova pesquisa Datafolha de intenção de votos ultrapassou Ricardo
Nunes (MDB), apoiado por Bolsonaro, e encostou em Guilherme Boulos (PSOL),
apoiado por Lula.
Bolsonaro
e Nunes foram feitos um para o outro. Bolsonaro hesitou em apoiar a candidatura
de Nunes à reeleição – julgava-o pouco confiável, e não mudou de opinião. Nunes
sempre soube que sem os votos de Bolsonaro, não se reelegerá prefeito de São
Paulo, mas não queria carregar o estigma de ser o candidato dele.
Nunes
não é e nunca foi bolsonarista. É de direita, sim, mas não de extrema-direita.
Na capital paulista, Bolsonaro é rejeitado por 64% dos eleitores, de acordo com
pesquisas feitas sob encomenda da campanha de Nunes. Com a ascensão repentina
de Marçal, porém, Nunes não terá outro jeito. A vitória é que importa.
Queira
ou não, Nunes será obrigado a sentar no colo de Bolsonaro para deter a sangria
de votos bolsonaristas que migram na direção de Marçal. E, por sua vez,
Bolsonaro será obrigado a apoiar Nunes sem reticências para não perder o
monopólio dos votos da extrema-direita. Marçal passou a ser uma ameaça a
Bolsonaro.
Se
Marçal se eleger prefeito, elegeu-se contra a vontade de Bolsonaro, que sequer
teve força para lançar um candidato próprio. Se perder, Marçal sacudirá a
poeira e em 2026 poderá disputar o governo de São Paulo, ou uma vaga de senador,
ou – quem sabe? – a presidência da República.
Salvo
se o Congresso ou a Justiça derrubar sua inelegibilidade, Bolsonaro estará
impedido de concorrer a qualquer cargo público até 2030. Mas ele quer influir
na escolha do candidato a presidente que daqui a dois anos enfrentará Lula,
quer vender caro o seu apoio, e quer eleger senador por São Paulo o seu filho
Eduardo.
Tão
cedo, Bolsonaro quer sair de cena. Muito menos para dar lugar a um aventureiro
inescrupuloso como Marçal. Para dar lugar a um dos seus filhos, tudo bem. Para
dar lugar a quem se renda às suas vontades, ele seguiria mandando. Mas para
quem não lhe deveria nem um tostão, seria um péssimo negócio, um triste fim.
Não
foi Bolsonaro que inventou a extrema-direita – ela sempre existiu e existirá. O
feito de Bolsonaro foi pôr-se no ponto de convergência da extrema-direita com a
direita dita civilizada. Há nomes que sonham em reproduzir esse feito –
Tarcísio de Freitas, Ronaldo Caiado, Ratinho Jr., Luciano Huck e até mesmo
Marçal.
Bolsonaro
já perdeu a eleição para prefeito de São Paulo, ganhe Nunes ou não. Boulos, por
enquanto, é o único candidato com vaga assegurada no segundo turno. Ele torce
para bater-se com Marçal. Caso não se eleja prefeito, a pré-fixada derrota de
Boulos não será debitada na conta de Lula. Caso ele vença, Lula terá vencido.
¨
São Paulo não merece,
o Brasil não merece. Por Reimont Otoni
É
preciso, em nome da Democracia, acabar com a bizarrice que vem corrompendo a
política brasileira, a partir dos movimentos cada vez mais extremos da direita.
É preciso recuperar, com urgência, a dignidade, a ética e a seriedade do debate
político.
O
fascismo brasileiro vem produzindo uma horda de agentes virtuais, ditos
“influencers”, sem qualquer escrúpulo e compromisso com a verdade e com a
Democracia. Uma gente que infantiliza a Política e transforma o que deveria ser
debate de propostas em espaço de “likes”, “memes”, fanfarronice, piadas
grotescas, ataques toscos, infâmia e mentiras, uma enxurrada de mentiras que
precisa ser debelada.
Não
é admissível cruzar os braços diante da ascensão, na disputa eleitoral de São
Paulo, de um dito “influencier” debochado e sem propostas, cuja trajetória
inclui a condenação por participar de esquemas de golpes bancários em idosas e
idosos, pessoas que, muitas vezes, perderam as economias de uma vida inteira
para criminosos que vivem de enganar os mais vulneráveis.
Quantos
idosos conhecemos que viveram uma situação dramática dessas. Será que os
eleitores conservadores paulistanos não ligam pra isso?
Não
posso acreditar que um partido, acusado formalmente de relacionamento estreito
com o tráfico de drogas e o crime organizado, se transforme em referência no
maior estado do Brasil.
Que
política é essa, feita de vazio, vazio e mais vazio? São Paulo não merece, o
Brasil não merece.
Minha
total e irrestrita solidariedade a Guilherme Boulos e sua família, vilmente
atingidos por infâmias. Estamos juntos na luta por restabelecer a seriedade, a
dignidade e a ética no debate político.
A
liberdade de expressão é um bem precioso da sociedade e não pode ser confundida
com incontinência verbal irresponsável.
É
preciso, com a máxima urgência, criminalizar o banditismo das fakenews e adotar
medidas de proteção ao processo eleitoral e ao estado democrático de direito.
É
preciso que a chamada grande imprensa assuma responsabilidades diante da
proliferação desses atiradores ideológicos.
O 8
de janeiro de 2023 não surgiu do nada; foi um ovo chocado no dia a dia da
ascensão fascista.
O
combate ao fascismo e a defesa da Democracia são lutas cotidianas; não podemos
perder isso de vista.
<><> Campanha de Nunes esconde das ruas panfletos
com imagem de Bolsonaro
Na
primeira semana de campanha eleitoral nas ruas, a equipe do prefeito da
capital, Ricardo Nunes (MDB),
distribuiu panfletos pela cidade com imagens dele e do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos)
e escondeu o material — que afirma ter produzido — com fotos do
ex-presidente Jair
Bolsonaro (PL).
O
panfleto com Tarcísio destaca também imagens de Bruno Covas, de quem Nunes foi
vice, da esposa Regina do emedebista, além dele com eleitores. Na última página
do material, aparece uma foto do prefeito ao lado de seu vice, Coronel Mello
Araújo, indicado por Bolsonaro. Mas o
ex-presidente nem sequer é citado.
Na
semana passada, Bolsonaro havia dado uma entrevista dizendo que Nunes não era
seu “candidato dos sonhos” e feito elogios ao adversário Pablo Marçal (PRTB), a quem
chamou de “inteligente”. Contudo, após pedido de Nunes e seu vice, Coronel Mello Araújo (PL), o ex-presidente gravou um vídeo de apoio ao prefeito e
divulgou por conta própria a aliados por WhatsApp.
Contudo,
nesta semana, diante do crescimento de Marçal nas pesquisas de intenção de
voto, que chegou a ultrapassar o prefeito no Datafolha, Bolsonaro, seus filhos e aliados partiram para o ataque ao influenciador nas redes sociais.
Em
entrevista exclusiva ao colunista Paulo Cappelli, do Metrópoles, o ex-presidente disse que “falta caráter” a Marçal.
A
equipe de campanha de Nunes afirmou que também produziu material mostrando
Bolsonaro com o prefeito para distribuição nas ruas, enviou arquivos em formato
PDF para a reportagem e informou que os panfletos também estavam sendo
entregues.
Nessa
sexta-feira (23/8), porém, quando Nunes fez uma caminhada na Lapa, na zona
oeste, os auxiliares do prefeito não souberam mostrar onde o material estava —
novamente, os panfletos entregues aos pedestres tinham apenas fotos com
Tarcísio em destaque.
Sobre
a presença de Bolsonaro na campanha, o prefeito afirmou que “as pessoas sabem”
do apoio do ex-presidente e que a participação dele na campanha vai “acontecer
naturalmente”.
“O
presidente Bolsonaro esteve na nossa convenção, tem participado. O vice é muito
ligado a ele, o coronel Mello Araújo, os nossos candidatos do PL, do partido do
presidente Bolsonaro, é algo que vai acontecer naturalmente. Vai começar o
horário eleitoral, vão ter oportunidade de o presidente Bolsonaro estar aqui,
em algumas agendas nossas. Lógico que ele não vai poder estar em tantas, ele
tem o Brasil inteiro”, disse Nunes.
¨
Tarcísio disse a
Flávio Bolsonaro que Marçal precisa ser “segurado”
Na
recente reunião de governadores de oposição, dirigentes partidários e o
senador Flávio Bolsonaro, Tarcísio Gomes de Freitas fez
uma cobrança direcionada a Flávio a respeito do avanço do coach Pablo Marçal nas pesquisas de
intenção de voto à Prefeitura de São Paulo.
Tarcísio
disse que Marçal precisa ser “segurado” e relatou que, em função do coach do
PRTB, tem perdido cerca de 2 mil seguidores por dia nas redes sociais.
Na
mesma reunião Tarcísio cobrou de Flávio apoio da família Bolsonaro ao prefeito
de São Paulo, Ricardo Nunes. O governador paulista ponderou como seria ruim
para a direita perder a eleição na capital paulista, principalmente
considerando os planos de retomada do Palácio do Planalto em 2026.
Flávio
disse a Tarcísio, em seguida, que tampouco a família Bolsonaro percebe na
campanha de Nunes disposição de ter o ex-presidente por perto. O incômodo
passa, por exemplo, por até agora Bolsonaro não ter sido chamado para gravar o
programa de Nunes.
Além
de Flávio Bolsonaro, Tarcísio de Freitas e Ciro Nogueira, participaram da
reunião o mineiro Romeu Zema, o goiano Ronaldo Caiado, o fluminense Cláudio
Castro e o matogrossense Mauro Mendes.
¨
Marçal ameaça a
democracia. Por Alex Solnik
Se
ainda faltava algum motivo para rotular Pablo Marçal de “o novo Bolsonaro”,
agora não falta mais nada.
Enquanto
escrevo ele está à frente de uma “motociata” na Zona Leste de São Paulo.
Todos
sabem quem é o pai das “motociatas”.
Todos
sabem, agora, quem é o ex-deputado apagado e boquirroto, do baixo claro, que se
notabilizou por insultar colegas, sobretudo mulheres, de todas as formas
possíveis, com as palavras de mais baixo calão, ameaçar e caluniar adversários,
mentir e um dia chegou à presidência da República, tentou comandar um golpe de
estado e atualmente tem contas a prestar com a Justiça.
Ele
deu todos os sinais de que combatia o sistema, ou seja, a democracia, no
atacado e no varejo, e mesmo assim a Justiça Eleitoral permitiu que disputasse
todas as eleições que quis e até a principal delas.
Sua
cópia mais fiel, que concorre a prefeito de São Paulo, também se notabiliza por
xingar e ofender, fazer manobras ilícitas, caluniar, ameaçar, mentir, apostar
em falcatruas e seu discurso também é anti-sistema, quer dizer, contra o
sistema democrático.
Marçal
tem o perfil autoritário de Bolsonaro, quanto mais poder tiver, mais poder vai
buscar.
Se
a Justiça Eleitoral fizer vista grossa, tal como fez com Bolsonaro, vai criar
mais um Bolsonaro, uma ameaça à democracia.
A
prefeitura é um trampolim para o governo do estado, que é um trampolim para a
presidência da República.
Que
pode, é claro, ser um trampolim para a cadeia.
<><> Ele zomba da lei: Marçal faz motociata sem
capacete em avenida de SP
Ele
zomba da lei e, seguindo os passos do “mestre” Jair Bolsonaro (PL), que levou a
arruaça e o medo às ruas do país, pretende comandar a Prefeitura de São Paulo a
partir de 1° de janeiro de 2025. Pablo Marçal (PRTB), o coach condenado por
integrar uma quadrilha de fraude a bancos, no mesmo dia que teve suas redes sociais suspensas pela Justiça
Eleitoral, por violar as regras previstas legalmente, resolveu fazer uma “motociata”. E sim, ele agiu como Bolsonaro
e saiu por uma movimentada avenida da maior cidade do Brasil sem capacete.
O
vídeo com a grave infração de trânsito foi registrado por sua própria equipe de
campanha e postado em seus perfis oficiais, que no fim da tarde deste sábado
(24) ainda seguiam no ar. Marçal aparece conduzindo uma BMW R1250 GS, com
aparente estética personalizada, uma motocicleta que zero quilômetro chega a
custar R$ 120 mil.
Nas
imagens ele aparece cercado por várias outras motos, em meio ao trânsito, sem
usar capacete, carregando uma mulher na garupa. Ela tem uma bandeira do Brasil
nas mãos e estende o pendão para tremulá-lo durante todo o trajeto. Conduzir
uma motocicleta sem capacete, segundo o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), é
uma infração gravíssima, que rende multa e a cassação da carteira de
habilitação. Este é o homem que quer ser o responsável por coordenar o trânsito
da maior e mais caótica megalópole do hemisfério sul do planeta Terra.
¨
Marçal prefeito seria
uma página infeliz da história de São Paulo. Por Ricardo Noblat
A
princípio, ao pensar no Sudeste e no Sul, as regiões mais desenvolvidas do
Brasil, apoiar para prefeito de uma grande capital um sacripanta como Pablo
Marçal pareceria algo capaz de acontecer no Rio de Janeiro, e em nenhum outro
lugar.
Pelé,
uma vez, disse que o povo não sabe votar e o mundo desabou na cabeça dele. Não
me arrisco a dizer que os moradores do Rio não sabem votar. Mas, desde a
redemocratização do país, apenas dois governadores do Rio não foram
investigados por corrupção.
A
saber: Leonel Brizola e Marcello Alencar. Outros três, vices que assumiram
temporariamente o cargo, também não foram investigados por corrupção: Nilo
Batista, Benedita Silva e Francisco Dornelles. Cinco governadores já foram
presos.
O
atual, Cláudio Castro (PL), foi indiciado pela Polícia Federal por suspeitas de
corrupção passiva e peculato em um esquema de desvio de recursos públicos do
Estado. Virou um governador pato manco, que se assusta ao ouvir a sirene de uma
ambulância.
Manda
a cautela que esperemos a próxima pesquisa Datafolha para saber se a
candidatura de Marçal (PRTB) está aos saltos e ladeira acima, como sugere a que
foi divulgada na última quinta-feira (22). Pode estar. Pode ter sido apenas um
soluço. A ver.
Se
estiver ladeira acima, os orgulhosos paulistanos, que já foram governados de
1985 para cá por prefeitos acima de suspeitas (à exceção de dois: Paulo Maluf e
Celso Pitta) e que se revelaram bons administradores, estarão diante de um
baita desafio.
O
que fazer para impedir que se eleja prefeito um sujeito de péssima reputação,
condenado no passado por falcatruas em bancos, parceiro de pessoas suspeitas de
ligações com o crime organizado, e candidato sem ideias de um partido de
aluguel?
Marçal
promete revelar em breve as ideias que diz ter para governar a mais populosa e
importante cidade do país. “Não é isso o que vocês querem?” –
ele perguntou, ontem, a um grupo de jornalistas. Outro dia, ele falou em encher
a cidade de teleféricos.
Falou
em construir o mais alto prédio da América Latina. E, num surto de falsa
humildade, pediu perdão porque, para chegar aonde chegou, sentiu-se obrigado
a “chamar atenção de um jeito” que talvez não tenha agradado a
uma grande parcela de eleitores.
É
possível acreditar em quem se tornou famoso por mentir compulsivamente, a
exemplo do seu mentor? A resposta é sim. Bolsonaro construiu sua carreira à
base de mentiras e quase se reelegeu presidente. Marçal não passa de uma cópia
dele.
Fonte:
Metrópoles/Brasil 247/Fórum
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