segunda-feira, 26 de agosto de 2024

Mortalidade de idosos por desnutrição diminui, mas taxas permanecem elevadas

As taxas de mortalidade por desnutrição em idosos brasileiros tiveram tendência geral de queda nas últimas duas décadas. Porém, os números ainda são preocupantes, já que foram registrados mais de 93 mil óbitos no período de 2000 a 2021 e não houve redução da mortalidade por essa causa entre a população de 80 anos ou mais.

As conclusões são de pesquisadores da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), publicadas em artigo na “Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia”.

A condição vitimou especialmente pessoas com 80 anos ou mais (63% do total) e analfabetas (33%). Entre toda a população acima de 60 anos, a maior taxa de mortalidade foi observada em 2006 – quase 29 mortes por desnutrição a cada 100 mil habitantes – e a menor, em 2021 – cerca de dez mortes por essa causa para cada 100 mil habitantes.

O estudo analisou a tendência de mortalidade de idosos por desnutrição proteico-calórica, caracterizada como uma deficiência grave de proteínas e calorias devido ao consumo insuficiente por um longo período. Os autores reuniram dados de 2000 a 2021 do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), vinculado ao Departamento de Informática do SUS (DATASUS), e observaram as características da população afetada.

“São achados que, de um modo geral, nos surpreendem, visto que a desnutrição proteico-calórica é uma causa comum de óbito, sobretudo em idosos, mas que pode ser evitada”, explica Ronilson Ferreira Freitas, pesquisador da UFAM e um dos autores do artigo. As taxas são maiores entre indivíduos do sexo masculino, o que indica possível negligência em relação a um estilo de vida saudável e a práticas de cuidado com a saúde. Para Freitas, os resultados evidenciam a necessidade de fortalecer uma abordagem de prevenção nos serviços de saúde.

O autor destaca a necessidade de mais estudos sobre o tema, avaliando as taxas por regiões e unidades da federação, assim como em estudos longitudinais. “É preciso entender melhor quem são e onde estão os idosos expostos a maior risco de desnutrição proteico-calórica, e identificar, no contexto atual, quais são as condições que aumentam o risco de tal evento”.

No contexto da formalização de uma aliança global contra a fome e a pobreza, anunciada em 24 de julho em reunião de países do G20 no Brasil, a pesquisa pode contribuir na proposição de políticas públicas específicas para garantir uma alimentação adequada à população idosa. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), vivem no Brasil cerca de 32 milhões de pessoas com mais de 60 anos, o que equivale a 15% da população.

Freitas ressalta a importância de que a sociedade e o Estado brasileiro se preparem para o aumento da parcela idosa da população. O autor cita o número crescente de pessoas idosas em instituições de longa permanência, que sobrevivem com poucas verbas públicas e dependem, muitas vezes, de doações da comunidade. “As características próprias do envelhecimento expõem a população mais longeva a um risco maior de desnutrição. É importante que as políticas públicas já existentes sejam discutidas e aprimoradas”, conclui o pesquisador.

 

•                                          Mais de 47 mil pessoas morreram na Europa em 2023 devido ao calor, diz pesquisa

Mais de 47 mil pessoas morreram na Europa devido às altas temperaturas em 2023. Os países do sul do continente foram os mais atingidos, de acordo com um relatório do Instituto de Saúde Global de Barcelona (ISGlobal) publicado nesta segunda-feira (12).

À medida que as alterações climáticas continuam aumentando as temperaturas, os europeus vivem no continente com o aquecimento mais rápido do mundo, lidando com o crescimento de riscos para a saúde, ocasionados pelo calor intenso.

“Os nossos resultados mostram a existência de processos de adaptação social às altas temperaturas durante o presente século, que reduziram drasticamente a vulnerabilidade relacionada com o calor e a carga de mortalidade dos últimos verões, especialmente entre os idosos”, disse Elisa Gallo, pesquisadora do ISGlobal e autora líder do estudo.

Os pesquisadores usaram registos de mortes e temperaturas de 35 países europeus. Eles estimam que 47.690 morreram por causas relacionadas às altas temperaturas.

Ajustando os dados pela população, a Grécia, Bulgária, Itália e Espanha foram os países com as taxas de mortalidade relacionadas com o calor mais elevadas.

<><> Verão de 2023 foi o mais quente em 2 mil anos no hemisfério norte, diz estudo

O calor intenso do verão no hemisfério norte que causou incêndios no Mediterrâneo, fechou estradas no Texas e rompeu redes elétricas na China no ano passado fizeram com que não fosse apenas o verão mais quente já registrado – mas o mais quente em cerca de 2 mil anos, aponta uma nova pesquisa.

A descoberta vem de um dos dois novos estudos divulgados nesta terça-feira (14).

Os cientistas rapidamente declararam o período de junho a agosto do ano passado como o mais quente desde o início dos registros na década de 1940.

O novo documento publicado na revista Nature sugere que o calor de 2023 colapsou as temperaturas e bateu recordes históricos, ao comparar registros meteorológicos de meados de 1800.

“Quando você olha para a história, você pode ver o quão dramático é o aquecimento global”, disse o coautor do estudo Jan Esper, cientista climático da Universidade Johannes Gutenberg, na Alemanha.

As temperaturas da temporada de verão do ano passado no hemisfério norte foram 2,07 °C mais altas do que as médias pré-industriais, disse o estudo.

Com base nos dados do anel arbóreo, os meses de verão em 2023 foram, em média, 2,2 °C mais quentes do que a temperatura média estimada ao longo dos anos de 1 a 1890.

A descoberta, no entanto, não foi uma surpresa. Em janeiro, cientistas do Serviço de Mudança Climática Copernicus da União Europeia disseram que o ano de 2023 era “muito provável” ter sido o mais quente em cerca de 100 mil anos.

No entanto, provar um recorde tão longo é muito difícil, disse Esper. Ele e dois outros cientistas europeus argumentaram em um artigo no ano passado que as comparações ano a ano não poderiam ser estabelecidas em uma escala de tempo tão vasta com os métodos científicos atuais.

“Não temos esses dados”, disse Esper. “Isso foi um exagero.”

O calor intenso do verão do ano passado foi amplificado pelo padrão climático El Nino, que normalmente coincide com temperaturas globais mais quentes, gerando “ondas de calor mais longas, mais severas e longos períodos de seca”, disse Esper.

As ondas de calor já estão afetando a saúde das pessoas. Mais de 150 mil mortes em 43 países ligadas a ondas de calor foram registradas entre 1990 e 2019, de acordo com os detalhes de um segundo estudo publicado nesta terça-feira (14), na revista PLOS Medicine.

Isso representa cerca de 1% das mortes globais – aproximadamente o mesmo número de vítimas da pandemia da Covid-19.

Mais da metade dessas mortes relacionadas a ondas de calor ocorreram na Ásia.

Quando os dados são ajustados para o tamanho da população, a Europa teve o maior número per capita, com uma média de 655 mortes relacionadas ao calor por ano, a cada 10 milhões de habitantes. Na região da Grécia, Malta e Itália foram registrados o maior número de mortes.

O calor extremo pode desencadear problemas cardíacos e dificuldade respiratória.

 

Fonte: Marco Zero/CNN Brasil 

 

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