terça-feira, 27 de agosto de 2024

Censura e menos liberdade de expressão estão no cerne da repressão ao dono do Telegram, diz analista

A oposição à plataforma de mensagens criptografadas Telegram é motivada pelo desejo do Ocidente de vigiar a atividade on-line e suprimir as críticas à sua política externa, de acordo com o ex-analista da CIA Larry Johnson.

Em entrevista à Sputnik, o analista, após saber que o fundador do Telegram, Pavel Durov, havia sido preso pelas autoridades francesas quando seu jato particular pousou em um aeroporto nos arredores de Paris, afirmou acreditar que o Ocidente está tentando acabar com as críticas à sua política externa na Ucrânia e em Gaza.

"Acho que todas as acusações são implausíveis, falsas", disse o cofundador da Veteran Intelligence Professionals for Sanity. "Eles estão o acusando de terrorismo e de fraude. Então isso claramente cheira a um caso político forjado."

Durov supostamente enfrenta uma série de acusações relacionadas à falta de moderação do Telegram, e as autoridades alegam que isso o implica no compartilhamento de conteúdo relacionado a terrorismo, tráfico de drogas, fraude e lavagem de dinheiro.

A plataforma se tornou conhecida entre os dissidentes políticos no Ocidente, que podem publicar conteúdo desencorajado ou proibido em outras plataformas on-line.

"Houve um tempo em que [Pavel Durov] era considerado amigável em relação ao [presidente francês Emmanuel] Macron", lembrou Johnson. "Mas isso claramente já não é assim porque esse tipo de prisão não teria acontecido sem o conhecimento e a aprovação de Macron. É possível que ele esteja sendo transformado em uma moeda de troca. Mas a questão é: quem vai negociar por ele? Ele saiu da Rússia", observou o analista ao lembrar que o empreendedor de tecnologia deixou o país em 2014.

Anteriormente, Durov afirmou durante uma entrevista com o jornalista Tucker Carlson que o FBI tentou encorajar um dos engenheiros do Telegram a criar um backdoor no aplicativo para uso de agências de inteligência ocidentais.

Johnson afirmou que as críticas aos eventos na Ucrânia e à operação militar de Israel em Gaza no Telegram irritaram particularmente as autoridades ocidentais. O aplicativo de mídia social TikTok foi atacado de forma semelhante por legisladores dos EUA no início deste ano, quando foi aprovada legislação para proibir o aplicativo após a eleição presidencial deste outono (no Hemisfério Norte).

O lobby pró-Israel foi implicado na aprovação do projeto de lei, com o executivo da Liga Antidifamação, Jonathan Greenblatt, lamentando a popularidade do conteúdo pró-Palestina na plataforma.

"Acho que a principal questão com relação ao Ocidente é a cobertura que [o Telegram] fornece sobre o que está acontecendo na Ucrânia e a cobertura que ele permite com relação ao genocídio israelense contra palestinos no Oriente Médio e em Gaza e na Cisjordânia", afirmou Johnson. "Acho que particularmente a última questão irritou bastante os israelenses. E eles têm procurado calá-lo. Os franceses supostamente estão querendo fechar o Telegram. Então veremos."

Johnson afirmou que os colaboradores norte-americanos de veículos de mídia russos como a Sputnik e o Russia Today (RT) podem continuar enfrentando intimidação após as batidas do FBI nas casas de Scott Ritter e Dimitri Simes neste mês.

"Se isso pode acontecer com alguém como Dimitri [Simes, que se naturalizou norte-americano em 1970], pode acontecer com qualquer um", concluiu.

<><> Caso Durov abre precedente para responsabilizar criadores de apps por conteúdo de usuários, diz analista

O caso do fundador do Telegram, Pavel Durov, pode se tornar um precedente para responsabilizar criadores de plataformas pelo conteúdo publicado por seus usuários, afirmou à Sputnik o advogado Ilia Rusayev.

A mídia francesa relatou neste sábado (24) que o fundador do Telegram, Pavel Durov, foi detido no aeroporto de Le Bourget, nos arredores de Paris. A prisão ocorreu ao desembarcar de um avião particular, que, supostamente, chegou do Azerbaijão. Segundo a imprensa do país, Durov, que possui cidadania francesa, estava na lista de procurados e é investigado por diversos crimes, ligados à recusa do Telegram em colaborar com as autoridades francesas.

"Este caso pode se tornar um precedente no contexto da responsabilidade dos criadores de plataformas tecnológicas pelo conteúdo disseminado pelos usuários. Ele levanta questões importantes sobre o equilíbrio entre liberdade de expressão, direito à privacidade e a necessidade de combater o crime na era digital", afirmou Rusayev.

O advogado observa que a detenção de Durov ainda está em andamento, e muito dependerá das ações futuras das autoridades francesas, além da reação da comunidade internacional e da estratégia jurídica de defesa do próprio empresário.

"A situação é complicada pelo fato de Durov ser uma figura pública e criador de um popular aplicativo de mensagens, que frequentemente é criticado por autoridades de diferentes países por moderar inadequadamente o conteúdo e recusar colaborar com as forças de segurança", acrescentou Rusayev, observando que isso pode influenciar a opinião pública e, potencialmente, o andamento do processo judicial.

O fundador do aplicativo de mensagens pode enfrentar diversas acusações, incluindo terrorismo, tráfico de drogas, fraude e lavagem de dinheiro. Juntos, os crimes podem somar 20 anos de prisão.

¨      Moscou envia nota exigindo acesso a Durov, mas Paris considera sua cidadania francesa a principal

A Rússia vai acompanhar a reação de organizações internacionais à prisão do fundador e diretor executivo do Telegram, Pavel Durov, disse a representante do Ministério das Relações Exteriores russo, Maria Zakharova, neste domingo (25).

"Vamos levar em consideração o comportamento e as reações das organizações internacionais que em outros casos fizeram pressão política, informacional e psicológica sobre nosso país, sobre nosso trabalho. Realmente queremos ver e monitoraremos que tipo de atenção elas darão à proteção dos direitos humanos e à liberdade de expressão", disse Zakharova à emissora Rossiya 24.

Quando questionada se Moscou recorreria a organizações internacionais se a detenção de Durov se prolongar, Zakharova disse que seus advogados deveriam discutir as etapas necessárias.

Além disso, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia enviou uma nota à França exigindo acesso consular ao fundador do Telegram detido em um aeroporto ao norte de Paris, no subúrbio parisiense de Le Bourget, no sábado (24).

"Foi enviada uma nota para exigir acesso. Mas ele tem cidadania francesa, que a França considera como primária", disse Zakharova.

Pavel Durov, de 39 anos e com dupla nacionalidade russa e francesa, deve comparecer perante um juiz neste domingo, sob acusações de que seu aplicativo de mídia social estaria sendo usado para cometer crimes, incluindo terrorismo, tráfico de drogas e lavagem de dinheiro, o que pode levá-lo à prisão por até 20 anos.

¨      Criador do Telegram, bilionário Pavel Durov foi preso no aeroporto de Paris

O fundador do Telegram, Pavel Durov, foi detido neste sábado (24) no aeroporto de Le Bourget, nos arredores de Paris, de acordo com a mídia francesa.

Conforme relatos, Durov foi detido na pista do aeroporto ao desembarcar de um avião particular, que teria chegado do Azerbaijão.

Segundo a mídia do país, Durov, que possui cidadania francesa, foi incluído na lista federal de procurados. O fundador do Telegram teria sido alvo de um mandado de busca emitido pela Direção Nacional da Polícia Judiciária com base em uma "investigação preliminar".

O pedido tem como justificativa a falta de cooperação de Durov com as autoridades francesas, o que, conforme relatos, o tornou cúmplice de tráfico de drogas e outros crimes graves.

Entre as possíveis acusações estão: terrorismo, tráfico de drogas, cumplicidade, fraude, lavagem de dinheiro, ocultação, conteúdo com pedofilia, relata a mídia.

Após a detenção de Durov, a criptomoeda Toncoin, criada pelo bilionário, apresentou queda de mais de 5%.

O período de detenção pode chegar a 20 anos, segundo a mídia. O criador do Telegram deverá em breve comparecer em tribunal como cidadão francês.

<><> Ocidente não perdoou Durov por criar uma plataforma independente

O fundador do Telegram, Pavel Durov, preso na França, criou uma plataforma independente que se tornou popular em muitos países, e o Ocidente não o perdoou por isso, não havia e não há liberdade lá, disse o deputado russo Yevgeny Revenko.

Além dele, o vice-presidente da Duma de Estado da Rússia, Vladislav Davankov, também se posicionou sobre a detenção de Durov, não descartando que possa haver motivos políticos por trás da prisão.

"Sua prisão pode ter motivação política e ser uma ferramenta para obter acesso às informações pessoais dos usuários do Telegram. Isso não pode ser permitido", escreveu Davankov em seu canal no Telegram.

<><> Jornalista: prisão de Durov é recado para donos de plataforma que se recusam a censurar a verdade

A prisão do fundador do Telegram, Pavel Durov, na França, é um recado a todos os proprietários de plataformas on-line que não querem censurar a verdade, disse o jornalista norte-americano Tucker Carlson, em uma publicação nas redes sociais.

"Pavel Durov deixou a Rússia quando o governo tentou controlar sua empresa de mídia social, o Telegram. Mas, no final, não foi [o presidente russo, Vladimir] Putin quem o prendeu por permitir que o público exercesse a liberdade de expressão. Foi um país ocidental, um aliado do governo [norte-americano, do presidente Joseph] Biden e um membro entusiasmado da [Organização do Tratado do Atlântico Norte] OTAN que o trancou", escreveu.

Segundo o jornalista, a prisão de Durov funciona como "um aviso vivo para qualquer proprietário de plataforma que se recuse a censurar a verdade a mando de governos e agências de inteligência".

"A escuridão está descendo rapidamente sobre o mundo anteriormente livre", afirmou.

¨      O que se sabe sobre detenção do CEO do Telegram na França

O presidente-executivo do Telegram, Pavel Durov, foi preso pela polícia francesa em um aeroporto ao norte de Paris, na França.

Durov foi detido depois que seu jato particular pousou no Aeroporto Le Bourget, informou a imprensa francesa.

De acordo com autoridades, o bilionário de 39 anos foi preso sob um mandado relacionado a delitos envolvendo o aplicativo de mensagens.

A investigação, segundo relatos, trata da falta de moderadores, com Durov acusado de não tomar medidas para conter usos criminosos do Telegram.

Pavel Durov nasceu na Rússia e vive em Dubai. Ele possui dupla cidadania dos Emirados Árabes Unidos e da França.

O Telegram é particularmente popular na Rússia, Ucrânia e estados da ex-União Soviética.

No Brasil, o aplicativo já foi suspenso algumas vezes por decisões da Justiça ao se recusar a cumprir determinações judiciais.

Em 2023, por exemplo, o Telegram foi suspenso no país depois que a empresa "cumpriu apenas parcialmente" ordem judicial para fornecer dados de participantes de grupos com conteúdo neonazista dentro do aplicativo.

Em 2022, o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, determinou que a atividade do aplicativo fosse interrompida no Brasil após o Telegram cumprir apenas parcialmente ordens judiciais relacionadas a perfis ligados ao blogueiro bolsonarista Allan do Santos.

O aplicativo foi banido na Rússia em 2018, após uma recusa anterior de Durov em entregar dados do usuário. Mas a proibição foi revertida em 2021.

O Telegram é uma das principais plataformas de comunicação social depois do Facebook, YouTube, WhatsApp, Instagram, TikTok e Wechat.

Durov fundou o Telegram em 2013 e deixou a Rússia em 2014 após se recusar a cumprir as exigências do governo de fechar comunidades de oposição em sua plataforma de mídia social VKontakte, que ele vendeu.

A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, postou no Telegram perguntando se ONGs ocidentais de direitos humanos permaneceriam em silêncio sobre a prisão de Durov, após terem criticado a decisão da Rússia de "criar obstáculos" ao trabalho do Telegram na Rússia em 2018.

A embaixada da Rússia na França está tomando "medidas imediatas" para esclarecer a situação, de acordo com a agência de notícias estatal russa Tass.

Vários oficiais russos condenaram a prisão do empresário.

O proprietário do X, Elon Musk, que enfrentou extensas críticas sobre moderação e material hospedado em sua própria rede social, postou repetidamente sobre a situação. Ele marcou um post com #freepavel e, em outro, escreveu: "POV: É 2030 na Europa e você está sendo executado por gostar de um meme."

 

Fonte: Sputnik Brasil/BBC News Mundo

 

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