Censura e menos liberdade de expressão
estão no cerne da repressão ao dono do Telegram, diz analista
A oposição à
plataforma de mensagens criptografadas Telegram é motivada pelo desejo do
Ocidente de vigiar a atividade on-line e suprimir as críticas à sua política
externa, de acordo com o ex-analista da CIA Larry Johnson.
Em entrevista à
Sputnik, o analista, após saber que o fundador do Telegram, Pavel Durov, havia
sido preso pelas autoridades francesas quando seu jato particular pousou em um
aeroporto nos arredores de Paris, afirmou acreditar que o Ocidente está
tentando acabar com as críticas à sua política externa na Ucrânia e em Gaza.
"Acho que todas
as acusações são implausíveis, falsas", disse o cofundador da Veteran
Intelligence Professionals for Sanity. "Eles estão o acusando de
terrorismo e de fraude. Então isso claramente cheira a um caso político
forjado."
Durov supostamente
enfrenta uma série de acusações relacionadas à falta de moderação do Telegram,
e as autoridades alegam que isso o implica no compartilhamento de conteúdo
relacionado a terrorismo, tráfico de drogas, fraude e lavagem de dinheiro.
A plataforma se tornou
conhecida entre os dissidentes políticos no Ocidente, que podem publicar
conteúdo desencorajado ou proibido em outras plataformas on-line.
"Houve um tempo
em que [Pavel Durov] era considerado amigável em relação ao [presidente francês
Emmanuel] Macron", lembrou Johnson. "Mas isso claramente já não é
assim porque esse tipo de prisão não teria acontecido sem o conhecimento e a aprovação
de Macron. É possível que ele esteja sendo transformado em uma moeda de troca.
Mas a questão é: quem vai negociar por ele? Ele saiu da Rússia", observou
o analista ao lembrar que o empreendedor de tecnologia deixou o país em 2014.
Anteriormente, Durov
afirmou durante uma entrevista com o jornalista Tucker Carlson que o FBI tentou
encorajar um dos engenheiros do Telegram a criar um backdoor no aplicativo para
uso de agências de inteligência ocidentais.
Johnson afirmou que as
críticas aos eventos na Ucrânia e à operação militar de Israel em Gaza no
Telegram irritaram particularmente as autoridades ocidentais. O aplicativo de
mídia social TikTok foi atacado de forma semelhante por legisladores dos EUA no
início deste ano, quando foi aprovada legislação para proibir o aplicativo após
a eleição presidencial deste outono (no Hemisfério Norte).
O lobby pró-Israel foi
implicado na aprovação do projeto de lei, com o executivo da Liga
Antidifamação, Jonathan Greenblatt, lamentando a popularidade do conteúdo
pró-Palestina na plataforma.
"Acho que a
principal questão com relação ao Ocidente é a cobertura que [o Telegram]
fornece sobre o que está acontecendo na Ucrânia e a cobertura que ele permite
com relação ao genocídio israelense contra palestinos no Oriente Médio e em
Gaza e na Cisjordânia", afirmou Johnson. "Acho que particularmente a
última questão irritou bastante os israelenses. E eles têm procurado calá-lo.
Os franceses supostamente estão querendo fechar o Telegram. Então
veremos."
Johnson afirmou que os
colaboradores norte-americanos de veículos de mídia russos como a Sputnik e o
Russia Today (RT) podem continuar enfrentando intimidação após as batidas do
FBI nas casas de Scott Ritter e Dimitri Simes neste mês.
"Se isso pode
acontecer com alguém como Dimitri [Simes, que se naturalizou norte-americano em
1970], pode acontecer com qualquer um", concluiu.
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Caso Durov abre precedente para responsabilizar criadores de apps por conteúdo
de usuários, diz analista
O caso do fundador do
Telegram, Pavel Durov, pode se tornar um precedente para responsabilizar
criadores de plataformas pelo conteúdo publicado por seus usuários, afirmou à
Sputnik o advogado Ilia Rusayev.
A mídia francesa
relatou neste sábado (24) que o fundador do Telegram, Pavel Durov, foi detido
no aeroporto de Le Bourget, nos arredores de Paris. A prisão ocorreu ao
desembarcar de um avião particular, que, supostamente, chegou do Azerbaijão.
Segundo a imprensa do país, Durov, que possui cidadania francesa, estava na
lista de procurados e é investigado por diversos crimes, ligados à recusa do
Telegram em colaborar com as autoridades francesas.
"Este caso pode
se tornar um precedente no contexto da responsabilidade dos criadores de
plataformas tecnológicas pelo conteúdo disseminado pelos usuários. Ele levanta
questões importantes sobre o equilíbrio entre liberdade de expressão, direito à
privacidade e a necessidade de combater o crime na era digital", afirmou
Rusayev.
O advogado observa que
a detenção de Durov ainda está em andamento, e muito dependerá das ações
futuras das autoridades francesas, além da reação da comunidade internacional e
da estratégia jurídica de defesa do próprio empresário.
"A situação é
complicada pelo fato de Durov ser uma figura pública e criador de um popular
aplicativo de mensagens, que frequentemente é criticado por autoridades de
diferentes países por moderar inadequadamente o conteúdo e recusar colaborar
com as forças de segurança", acrescentou Rusayev, observando que isso pode
influenciar a opinião pública e, potencialmente, o andamento do processo
judicial.
O fundador do
aplicativo de mensagens pode enfrentar diversas acusações, incluindo
terrorismo, tráfico de drogas, fraude e lavagem de dinheiro. Juntos, os crimes
podem somar 20 anos de prisão.
¨ Moscou envia nota exigindo acesso a Durov, mas Paris considera
sua cidadania francesa a principal
A Rússia vai
acompanhar a reação de organizações internacionais à prisão do fundador e
diretor executivo do Telegram, Pavel Durov, disse a representante do Ministério
das Relações Exteriores russo, Maria Zakharova, neste domingo (25).
"Vamos levar em
consideração o comportamento e as reações das organizações internacionais que
em outros casos fizeram pressão política, informacional e psicológica sobre
nosso país, sobre nosso trabalho. Realmente queremos ver e monitoraremos que tipo
de atenção elas darão à proteção dos direitos humanos e à liberdade de
expressão", disse Zakharova à emissora Rossiya 24.
Quando questionada se
Moscou recorreria a organizações internacionais se a detenção de Durov se
prolongar, Zakharova disse que seus advogados deveriam discutir as etapas
necessárias.
Além disso, o
Ministério das Relações Exteriores da Rússia enviou uma nota à França exigindo
acesso consular ao fundador do Telegram detido em um aeroporto ao norte de
Paris, no subúrbio parisiense de Le Bourget, no sábado (24).
"Foi enviada uma
nota para exigir acesso. Mas ele tem cidadania francesa, que a França considera
como primária", disse Zakharova.
Pavel Durov, de 39
anos e com dupla nacionalidade russa e francesa, deve comparecer perante um
juiz neste domingo, sob acusações de que seu aplicativo de mídia social estaria
sendo usado para cometer crimes, incluindo terrorismo, tráfico de drogas e lavagem
de dinheiro, o que pode levá-lo à prisão por até 20 anos.
¨ Criador do Telegram, bilionário Pavel Durov foi preso no
aeroporto de Paris
O fundador do
Telegram, Pavel Durov, foi detido neste sábado (24) no aeroporto de Le Bourget,
nos arredores de Paris, de acordo com a mídia francesa.
Conforme relatos,
Durov foi detido na pista do aeroporto ao desembarcar de um avião particular,
que teria chegado do Azerbaijão.
Segundo a mídia do
país, Durov, que possui cidadania francesa, foi incluído na lista federal de
procurados. O fundador do Telegram teria sido alvo de um mandado de busca
emitido pela Direção Nacional da Polícia Judiciária com base em uma
"investigação preliminar".
O pedido tem como
justificativa a falta de cooperação de Durov com as autoridades francesas, o
que, conforme relatos, o tornou cúmplice de tráfico de drogas e outros crimes
graves.
Entre as possíveis
acusações estão: terrorismo, tráfico de drogas, cumplicidade, fraude, lavagem
de dinheiro, ocultação, conteúdo com pedofilia, relata a mídia.
Após a detenção de
Durov, a criptomoeda Toncoin, criada pelo bilionário, apresentou queda de mais
de 5%.
O período de detenção
pode chegar a 20 anos, segundo a mídia. O criador do Telegram deverá em breve
comparecer em tribunal como cidadão francês.
<><> Ocidente
não perdoou Durov por criar uma plataforma independente
O fundador do
Telegram, Pavel Durov, preso na França, criou uma plataforma independente que
se tornou popular em muitos países, e o Ocidente não o perdoou por isso, não
havia e não há liberdade lá, disse o deputado russo Yevgeny Revenko.
Além dele, o
vice-presidente da Duma de Estado da Rússia, Vladislav Davankov, também se
posicionou sobre a detenção de Durov, não descartando que possa haver motivos
políticos por trás da prisão.
"Sua prisão pode
ter motivação política e ser uma ferramenta para obter acesso às informações
pessoais dos usuários do Telegram. Isso não pode ser permitido", escreveu
Davankov em seu canal no Telegram.
<><> Jornalista:
prisão de Durov é recado para donos de plataforma que se recusam a censurar a
verdade
A prisão do fundador
do Telegram, Pavel Durov, na França, é um recado a todos os proprietários de
plataformas on-line que não querem censurar a verdade, disse o jornalista
norte-americano Tucker Carlson, em uma publicação nas redes sociais.
"Pavel Durov
deixou a Rússia quando o governo tentou controlar sua empresa de mídia social,
o Telegram. Mas, no final, não foi [o presidente russo, Vladimir] Putin quem o
prendeu por permitir que o público exercesse a liberdade de expressão. Foi um país
ocidental, um aliado do governo [norte-americano, do presidente Joseph] Biden e
um membro entusiasmado da [Organização do Tratado do Atlântico Norte] OTAN que
o trancou", escreveu.
Segundo o jornalista,
a prisão de Durov funciona como "um aviso vivo para qualquer proprietário
de plataforma que se recuse a censurar a verdade a mando de governos e agências
de inteligência".
"A escuridão está
descendo rapidamente sobre o mundo anteriormente livre", afirmou.
¨ O que se sabe sobre detenção do CEO do Telegram na França
O presidente-executivo
do Telegram, Pavel Durov, foi
preso pela polícia francesa em um aeroporto ao norte de Paris, na França.
Durov foi detido
depois que seu jato particular pousou no Aeroporto Le Bourget, informou a
imprensa francesa.
De acordo com
autoridades, o bilionário de 39 anos foi preso sob um mandado relacionado a
delitos envolvendo o aplicativo de mensagens.
A investigação,
segundo relatos, trata da falta de moderadores, com Durov acusado de não tomar
medidas para conter usos criminosos do Telegram.
Pavel Durov nasceu na
Rússia e vive em Dubai. Ele possui dupla cidadania dos Emirados Árabes Unidos e
da França.
O Telegram é
particularmente popular na Rússia, Ucrânia e estados da ex-União Soviética.
No Brasil, o
aplicativo já foi suspenso algumas vezes por decisões da Justiça ao se recusar
a cumprir determinações judiciais.
Em 2023, por exemplo,
o Telegram foi suspenso no país depois que a empresa "cumpriu apenas
parcialmente" ordem judicial para fornecer dados de participantes de
grupos com conteúdo neonazista dentro do aplicativo.
Em 2022, o ministro do
Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, determinou que a atividade do
aplicativo fosse interrompida no Brasil após o Telegram cumprir apenas
parcialmente ordens judiciais relacionadas a perfis ligados ao blogueiro
bolsonarista Allan do Santos.
O aplicativo foi banido na Rússia em 2018, após uma
recusa anterior de Durov em entregar dados do usuário. Mas a proibição foi
revertida em 2021.
O Telegram é uma das
principais plataformas de comunicação social depois do Facebook, YouTube,
WhatsApp, Instagram, TikTok e Wechat.
Durov fundou o
Telegram em 2013 e deixou a Rússia em 2014 após se recusar a cumprir as
exigências do governo de fechar comunidades de oposição em sua plataforma de
mídia social VKontakte, que ele vendeu.
A porta-voz do
Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, postou no
Telegram perguntando se ONGs ocidentais de direitos humanos permaneceriam em
silêncio sobre a prisão de Durov, após terem criticado a decisão da Rússia de
"criar obstáculos" ao trabalho do Telegram na Rússia em 2018.
A embaixada da Rússia
na França está tomando "medidas imediatas" para esclarecer a
situação, de acordo com a agência de notícias estatal russa Tass.
Vários oficiais russos
condenaram a prisão do empresário.
O proprietário do X,
Elon Musk, que enfrentou extensas críticas sobre moderação e material hospedado
em sua própria rede social, postou repetidamente sobre a situação. Ele marcou
um post com #freepavel e, em outro, escreveu: "POV: É 2030 na Europa e
você está sendo executado por gostar de um meme."
Fonte: Sputnik Brasil/BBC
News Mundo
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