Antonio
Mello: Que Argentina nasceu após 9 meses do governo Milei?
Eleito
por um misto de desespero e última esperança de boa parte do povo argentino, o
presidente bufão Javier Milei passou como um furacão sobre o país em nove meses
de seu governo.
Cansado
de ver fracassarem soluções paliativas em meio a uma crise constante do
neoliberalismo no país, o povo argentino resolveu apostar alto num homem que
confessadamente diz ser aconselhado pela alma de seu cachorro morto e três de
seus clones.
Milei
prometeu ao país que varreria a classe política e acabaria com a presença do
Estado na economia, o que segundo ele eram as causas de todos os males do país.
E
cumpriu o que prometera. Desde 10 de dezembro do ano passado, quando tomou
posse e editou um pacotaço de mais de 600 medidas, Milei tirou todos os
subsídios das tarifas de água, gás, luz, transporte público e serviços
essenciais. Liberou o aumento de preços dos aluguéis, que passaram a ser
regidos apenas pelas leis do Mercado, assim como toda a economia argentina.
Desde
que assumiu o cargo, Milei cortou pensões e salários públicos, interrompeu
quase todos os projetos de infraestrutura pública, desvalorizou o peso em mais
de 50% e eliminou os controles de preços de tudo, desde leite até contas de
telefone celular.
Gasto
público zero. Assim acabariam com a inflação, que estava em quase 150% ao ano.
E
deu certo. A inflação cedeu, os juros começaram a cair, o país conseguiu um
empréstimo no FMI de US$ 800 milhões e está reivindicando ainda mais.
Conseguiu no primeiro trimestre deste ano um superávit primário (quando as
receitas do governo são maiores que as despesas), o primeiro desde 2008. A
economia se recupera aparentemente.
Mas
a que custo? E a vida do argentino?
<><> Nove meses de governo Milei
O
jornalista Rogério Tomaz resumiu num post na rede X a consequência dos nove
meses do governo Milei para o povo argentino.
- 73,3% de pobreza
- 7,8 milhões de novos pobres
- 9.153 fábricas fechadas
- 655 mil empregos destruídos
- 91,95% de inflação
- Queda de 3,2% do PIB no 1º semestre
- Menor consumo de carne desde 1920
<><> Valeu a pena?
Os
argentinos ainda continuam apostando em Milei. Sua popularidade está em 52%. A
principal causa disso: a queda da inflação. Apostam num "aperto
necessário" à espera de melhores dias no futuro. Em meio ao aumento da
miséria.
Mas
a inflação tem voltado a aumentar, o que significa más notícias para o país. E
para Milei.
¨
Disputa de poder no
círculo íntimo de Milei gera tensão em Buenos Aires e enfraquece governo
Desde
o começo de sua presidência, até mesmo durante a campanha, Javier Milei é
caracterizado como um político que tem um círculo íntimo minúsculo, quase
impenetrável, no qual se apoia para tomar suas principais decisões de governo.
Fontes
da Casa Rosada disseram ao jornal O Globo que esse círculo, atualmente, é
constituído por apenas duas pessoas: a secretária-geral da Presidência, Karina
Milei, irmã do presidente, e o estrategista Santiago Caputo, que não tem cargo,
mas acumula cada vez mais poder no governo argentino.
De
acordo com a mídia, nas últimas duas semanas, Karina e Caputo expuseram nas
redes sociais sua guerra interna, gerando um clima de tensão pelas
consequências negativas que a disputa poderia ter para a administração
argentina.
"Os
dois estão construindo uma estrutura de poder e o crescimento de Caputo
incomoda Karina. A falta de experiência política deste governo fica evidente
quando os dois principais assessores do presidente não conseguem esconder uma
tensão interna, expondo, assim, uma fragilidade institucional", comentou o
jornalista Julián Alvez, do jornal El Cronista, que cobre diariamente os
movimentos na Casa Rosada.
Nos
últimos meses, relata a mídia, Caputo desembarcou com seus colaboradores em
organismos do Estado como a Agência Federal de Inteligência (AFI), a Receita
Federal local (AFIP), e a companhia estatal de petróleo YPF, entre outras áreas
do governo.
Sempre
com o aval do presidente, o estrategista conseguiu a nomeação de funcionários
amigos, e, assim, acesso aos recursos econômicos administrados por cada um dos
organismos que passou a, indiretamente, controlar, diz a mídia.
Já
o poder de Karina Milei é, assegura o jornalista e escritor Juan Luis González,
biógrafo não autorizado do presidente, "impossível de ser desafiado".
As jogadas de Caputo, acrescentou o escritor, "estão fadadas ao
fracasso".
Um
dos exemplos desse "poder" foi o fato de Milei viajar para cúpula do
G7 na Itália apenas com a irmã.
"Até
a chegada de Caputo, a irmã do presidente estava acostumada a ter empregados.
Com Caputo selou uma sociedade por conveniência. Mas com os irmãos Milei é
sempre assim, quando alguém cresce, passa a ser visto como ameaça e rapidamente
é excluído", apontou González, citado pelo Globo.
O
jornal ainda afirma que o novo conflito no governo argentino se soma a outro
que existe desde o primeiro dia de gestão de Milei, entre o presidente e sua
vice, Victoria Villarruel, vista com desconfiança pelo chefe de Estado e por
Karina.
A
relação entre ambos é bastante similar a que tiveram o ex-presidente Alberto
Fernández e sua vice, Cristina Kirchner, com a diferença de que Villarruel tem
menos poder que Kirchner, "e a única coisa que consegue com suas jogadas
contra o presidente é incomodar um pouco", escreve a mídia.
"O
conflito entre Karina e Caputo é preocupante, porque poderia abrir a porta para
uma crise maior. Ele mostra um governo dividido, e profundamente improvisado.
[...] a economia está mais estável, mas muitos problemas continuam sem serem
resolvidos. Se Milei não conseguir melhorar de forma consistente a situação
econômica, os problemas podem aumentar. Nesse caso, um governo dominado por
tensões internas seria catastrófico", explicou Juan Negri, doutor e mestre
em Ciência Política da Universidade Torcuato Di Tella, localizada em Buenos
Aires.
Gónzalez
acrescenta que "Karina e Javier são pessoas muito solitárias, e com
grandes ambições. Para quem observou seus movimentos nos últimos anos, é
impressionante ver como pessoas que eram muito próximas de ambos foram ejetadas
das estruturas de poder por desconfiança. Ambos são paranoicos", frisou o
biógrafo.
¨
Militares bolivianos
reconhecem participação na tentativa de golpe de Estado frustrada em junho
Seis
integrantes das Forças Armadas da Bolívia admitiram nesta sexta-feira (23)
responsabilidade no movimento de 26 de junho, quando vários chefes militares
tentaram derrubar o presidente Luis Arce.
Dois
meses após o fracassado golpe de Estado militar, o governo de Luis Arce
continua com as investigações sobre 30 pessoas, entre civis e militares, das
quais 11 estão na prisão.
Ao
todo, cinco dos militares detidos solicitaram à Promotoria a realização de um
julgamento abreviado para reconhecer participação nos atos na Praça Murillo, em
26 de junho.
O
Ministério do Governo informou à Sputnik que as investigações continuam e estão
próximas de serem concluídas. Garantiram que nas próximas semanas haverá
novidades sobre o caso, cujo principal responsável até o momento é o
ex-comandante-geral do Exército, Juan José Zuñiga.
Reymi
Ferreyra foi ministro da Defesa durante o governo de Evo Morales (2006-2019).
Em entrevista à Sputnik, compartilhou suas impressões sobre o ocorrido no dia
26 de junho. Ele lembrou que, em um primeiro momento, acreditou que o ato fosse
um protesto, "uma bravata dos militares para evitar a mudança do
comandante do Exército".
"Mas
havia evidentemente um plano para tomar o poder. Havia todo um movimento
prévio, que não chegou a se concretizar", disse o ex-ministro, ao afirmar
que o estopim do particular da tentativa de golpe foi a destituição do
comandante do Exército, que na época era Zuñiga.
Nos
dias que precederam o golpe falho, o então general Zuñiga concedeu várias
entrevistas nas quais afirmava que o ex-presidente Morales não poderia mais se
candidatar. Afirmou que se o atual presidente do Movimento ao Socialismo (MAS)
continuasse tentando se candidatar novamente, seria detido.
Essas
declarações foram interpretadas pelo governo de Arce como uma intromissão nos
assuntos políticos do chefe militar, o que levou à sua remoção horas antes de
dezenas de militares e tanques ocuparem a central Praça Murillo. Um dos
veículos foi usado para derrubar a porta do Palácio Quemado, onde funciona o
órgão do Poder Executivo.
<><>
Queda da tese do autogolpe
Diante
das evidências coletadas nos últimos meses, Ferreyra afirmou:
"Não
concordo nem é racional pensar que tenha sido um autogolpe. É ilógico. De
nenhuma forma seria conveniente para o governo manter esse tipo de conduta. O
que menos o presidente Arce precisa é enfrentar uma política de
desestabilização para promover a mudança do seu próprio governo".
O
ex-ministro comentou que uma das linhas investigativas passa por esclarecer o
papel de um grupo interno formado por vários chefes militares: "O
movimento que ocorreu parece ter suas raízes em um grupo muito limitado, os
Pachajchos, uma espécie de camarilha dentro das Forças Armadas".
Zuñiga
foi identificado como um dos líderes desse grupo, que, segundo o ex-presidente
Morales, foi criado em 2015 para realizar espionagem ilegal sobre funcionários
do governo e outros cidadãos do país.
De
acordo com um artigo publicado naquele ano pelo jornal El Deber, Zuñiga, na
época chefe do Estado-Maior do Exército, reconheceu a existência dos
Pachajchos:
"O
grupo é composto por excelentes oficiais, suboficiais e sargentos que trabalham
no Estado-Maior. Eles também são vítimas de mentiras e calúnias. Eles trabalham
pela pátria, pela instituição".
<><>
Leitura errada dos militares
Segundo
Ferreyra, os militares não tinham dúvidas de que triunfariam em seu movimento
golpista:
"Evidentemente,
cometeram um erro de cálculo. Eles exageraram ao avaliar a fraqueza do governo
e sobrevalorizavam a possibilidade de que a oposição os apoiasse". Mas
"para surpresa deles, nenhum setor nem nenhum opositor os apoiou. Esse fato
os desorientou totalmente. Eles acreditavam que aconteceria o mesmo que em 2019
[quando Morales foi derrubado]. Naquela época, amplos setores civis apoiaram as
Forças Armadas. Desta vez, isso não ocorreu".
O
ex-ministro lembrou que durante o governo de Morales funcionava a Escola de
Comando Anti-imperialista, cujos alunos eram chefes militares, "com a
ideia de que o povo nunca mais fosse vítima de seus próprios militares,
submetidos a interesses de transnacionais ou governos estrangeiros".
Com
as mudanças de governo, essa escola foi fechada. "A mentalidade
reacionária e conservadora permanece nas Forças Armadas. É o que demonstrou
este movimento", considerou Ferreyra.
No
dia 1º de agosto, as Forças Armadas anunciaram a demissão definitiva de cinco
altos comandantes militares devido à sua participação no golpe fracassado. A
eles foram retirados o grau, as honras, os uniformes e todos os direitos a
receber qualquer pagamento da instituição militar.
Além
de Zuñiga, foram afastados o vice-almirante Juan Arnez, ex-comandante da
Armada; o general Marcelo Zegarra, ex-comandante da Aeronáutica; o general Juan
Mario Paulsen, ex-inspector-geral do Exército; e o general Franz Ordoñez,
ex-chefe do Departamento Terceiro de Operações do Exército.
¨
López Obrador adverte
embaixador 'desrespeitoso' dos EUA para 'não se intrometer no México'
O
embaixador de Washington no México se comportou desrespeitosamente ao criticar
os planos mexicanos de reformar seu judiciário, disse o presidente Andrés
Manuel López Obrador (AMLO), na sexta-feira (24).
O
México não aceita interferência estrangeira em seus assuntos, disse López
Obrador, depois que o embaixador norte-americano, Ken Salazar, alertou que a
proposta do governo de eleger juízes é uma ameaça à sua democracia.
"Ultimamente,
houve atos de desrespeito, como esta declaração infeliz e imprudente feita pelo
embaixador Ken Salazar ontem [22], e uma nota diplomática de condenação já foi
emitida", disse o presidente mexicano durante sua entrevista coletiva diária,
citada pela Bloomberg.
Na
quinta-feira (22), Salazar disse que os cartéis de drogas terão mais facilidade
para se infiltrar no judiciário mexicano se um plano para que todos os juízes
sejam eleitos por voto popular for aprovado, uma medida que o governo cessante
de López Obrador está discutido no Congresso.
AMLO,
como o presidente mexicano é conhecido, rejeitou os argumentos e disse que a
reforma impedirá que o crime organizado domine o judiciário.
"Se
os juízes forem eleitos, que é o que estamos propondo, poderemos limpar o
judiciário da corrupção, e esses juízes saberão que representam o povo, a
nação, e que sua função é fazer justiça", disse o presidente.
Salazar
também disse que a reforma pode minar a confiança no sistema jurídico mexicano
e ameaçar as relações comerciais.
O
governo mexicano anunciou que enviou uma nota diplomática dizendo que os
comentários dos EUA "representam uma interferência inaceitável, uma
violação da soberania do México".
¨
Países amazônicos
criam Centro de Cooperação Policial Internacional para proteger a floresta
A
Polícia Federal brasileira participou nesta sexta-feira (23) do encontro com os
representantes dos países-membros da Organização do Tratado de Cooperação
Amazônica (OTCA), na sede da organização em Brasília.
O
evento teve por objetivo a apresentação do "Plano AMAS: Amazônia,
Segurança e Soberania", com foco no fortalecimento do Sistema de Segurança
Pública para Amazônia Legal e a implementação do Centro de Cooperação Policial
Internacional da Amazônia (CCPI-Amazônia), uma iniciativa estratégica da
Polícia Federal do Brasil.
O
Plano AMAS foi desenvolvido pela Polícia Federal brasileira em parceria com
forças estaduais, é fundamental para alcançar essa meta.
As
principais áreas de atuação do plano serão no combate ao desmatamento, ao
garimpo ilegal e a outros crimes ambientais, além de mitigar os desafios
gerados pelo crime organizado na região.
O
CCPI-Amazônia, segundo a entidade, reunirá representantes das secretarias de
segurança pública dos nove estados da Amazônia Legal, além da Secretaria
Nacional de Segurança Pública (SENASP) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF),
sob a coordenação da Polícia Federal, que assumiu a responsabilidade pela
implementação e direção do centro.
A
OTCA informou ainda que o centro permitirá a troca de técnicas e doutrinas
avançadas, como imageamento por satélite e projetos colaborativos; o
compartilhamento de informações e inteligência para o combate a crimes
ambientais; além da colaboração em operações conjuntas e na troca de provas
entre entidades, com o objetivo de enfrentar o crime organizado e proteger o
bioma amazônico.
O
Plano AMAS inclui estratégias governamentais para zerar o desmatamento ilegal,
com ações coordenadas pela Polícia Federal e outras instituições. O Brasil
assumiu o compromisso de zerar o desmatamento ilegal na região até 2030,
conforme acordado na COP27, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças
Climáticas de 2022.
Também
são descritos eixos estratégicos de atuação que incluem o fortalecimento das
estruturas de governança, a modernização normativa, o reaparelhamento das
instituições e a ampliação dos recursos aéreos e fluviais.
<><>
OTCA
Criada
em 1995, a OTCA é uma organização intergovernamental composta por Bolívia,
Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela, países que
possuem o bioma Amazônia.
A
entidade é o único bloco socioambiental de países dedicado à Amazônia e
coordena os procedimentos do Tratado de Cooperação Amazônica (TCA).
O
TCA foi assinado pelos países amazônicos em julho de 1978, com o objetivo de
promover o desenvolvimento harmônico da região com ações conjuntas para gerar
"resultados equitativos e mutuamente benéficos para alcançar o
desenvolvimento sustentável" do território. Como parte do tratado, os
países-membros assumiram o compromisso comum para a preservação do meio
ambiente e o uso racional dos recursos naturais da Amazônia.
A
emenda ao TCA foi aprovada em 1998. A Secretaria Permanente foi estabelecida em
Brasília em dezembro de 2002 e instalada definitivamente em março de 2003.
Fonte:
Fórum/Sputnik Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário