O que se sabe sobre brasileiro acusado por
ataque com espada que matou adolescente em Londres
O brasileiro Marcus
Arduini Monzo, de 36 anos, compareceu nesta quinta-feira (2/5) a um tribunal em
Londres, depois de ter sido acusado de assassinar um menino em um ataque com uma espada na capital britânica.
Na terça-feira (30/4),
a polícia foi chamada após relatos de um carro ter batido em uma casa e pessoas
sendo atacadas com a espada por volta das 7h (3h no horário de Brasília) de
terça-feira.
Um menino — Daniel
Anjorin, de 14 anos — morreu devido ao ataque com espada. Outras quatro
pessoas, incluindo dois policiais, ficaram feridas.
Monzo também é acusado
de tentativa de homicídio, causar lesões corporais graves, roubo qualificado e
posse de artigo laminado. A polícia não classificou o incidente como um ato
terrorista.
Nesta quinta-feira,
Monzo estava no banco dos réus com um agasalho cinza e o braço esquerdo cruzado
sobre o peito no Tribunal de Magistrados de Westminster.
Ele falou lentamente
para fornecer seu nome e deve comparecer ao Tribunal Central Criminal,
conhecido como Old Bailey, em 7 de maio, caso não haja audiência na sexta-feira
(3/5), disse o magistrado-chefe, Paul Goldspring.
A polícia de Londres
disse que um homem de 33 anos ficou ferido quando uma van bateu em uma
propriedade na rua Laing Close. Ele foi então atacado e sofreu um ferimento no
pescoço.
Outro homem, de 35
anos, foi cortado no braço dentro de uma casa próxima. Ele não corre risco de
morte.
Em seguida, Daniel foi
atacado. Ele morreu mais tarde no hospital.
Em fala à Press
Association, Aiste Dabasinskaite, vizinha de Daniel, disse: "Estávamos
gritando e acenando para Daniel quando ele saiu. Ele estava com os fones de
ouvido então não conseguiu nos ouvir. Aconteceu bem diante dos nossos olhos,
foi horrível."
Dois policiais ficaram
gravemente feridos enquanto compareciam à cena do crime. Uma policial sofreu
ferimentos "terrivelmente graves" no braço e precisou passar por uma
cirurgia. Um policial sofreu um ferimento na mão.
A escola do menino em
Woodford Green emitiu um comunicado onde diz que Daniel era "muito
estudioso" que tinha uma "natureza positiva e caráter gentil".
Segundo a escola,
Daniel era "integrante fundamental" da comunidade,
"Perder um aluno
tão jovem é algo que sempre teremos dificuldade em aceitar."
A promotora-chefe do
caso, Jaswant Narwal, disse: "Nossos pensamentos estão fortemente com a
família de Daniel e todos aqueles que foram afetados por este terrível
incidente".
O primeiro-ministro
britânico, Rishi Sunak, elogiou a bravura dos serviços de emergência.
Em comunicado, Sunak
enviou suas "sinceras condolências à família" do menino de 14 anos
morto.
Ele também reforçou a
necessidade de dar à polícia tempo e espaço para realizar suas investigações.
·
'Quieto e discreto'
A polícia divulgou que Monzo é morador de Newham, no leste
de Londres.
O mineiro Rafael
Ericson, de 37 anos, afirma que, como vizinho de Monzo, tem a impressão de que
ele é uma pessoa "quieta, discreta, sempre educada". Disse, ainda,
que a vizinhança está em choque com o ocorrido.
"(Monzo é)
simplesmente um vizinho normal. Muito discreto, muito na dele, nada que fugia
da normalidade", afirmou à BBC News Brasil.
Ele afirma que não
tinha proximidade com Monzo. A relação, segundo ele, era "de oi, boa
noite, tchau".
Monzo parecia viver
sozinho e "não parecia ter muito contato com outras pessoas", diz
Ericson. "Uma pessoa muito discreta e um pouco isolada, talvez, porque
você não via movimento de gente (na casa dele)", disse.
Ericson alerta que um
caso como esse pode gerar "muita especulação sobre motivação e
preconceito" e diz que "isso afeta a comunidade brasileira".
·
Como foi o ataque?
Pouco antes das 7h da
manhã (3h de Brasília) de terça-feira (1/5), a polícia recebeu relatos de um
acidente com um carro que teria batido contra uma casa perto da estação de
Hainault, na linha vermelha do metrô de Londres.
Uma testemunha disse à
agência de notícias PA que ouviu gritos e policiais confrontando o suspeito.
A testemunha disse:
"Olhei pela janela de trás porque o barulho vinha lá de trás, vi um cara
vestido de amarelo pulando umas cercas... Vi um policial e uma policial -
policiais normais com camisa de manga curta — que o perseguiram e eles estavam
gritando para que ele largasse [a arma]."
A testemunha Manpreet
Singh disse à BBC que viu um "grupo de pessoas, cinco ou seis delas,
tentando lutar contra um cara – ele tinha uma espada na mão".
Ele disse que viu o
homem correndo em direção à estação de metrô próxima de Hainault e pegando uma
rua próxima, antes de tentar entrar em uma casa.
Singh disse que o
homem estava tentando lutar contra os policiais e foi eletrocutado com um
taser.
Outra testemunha,
James Fernando, disse que uma van cinza parou e um "homem desceu com uma
espada de samurai". O homem tentou falar com uma moradora que fugiu dele,
segundo Fernando.
Ele disse que quando o
homem puxou a espada para o alto, a mulher tentou avisar outro vizinho que se
virou, mas foi atingido na cabeça.
Mesmo depois de os
policiais chegarem ao local, o homem ainda estava correndo solto com a espada
na mão, disse Fernando.
Em um vídeo, o homem
aparece olhando casas ao longo da rua Laing Close. Na imagem, é possível ver
uma pessoa imóvel caída na rua.
Uma pessoa parece ter
escapado com sorte. As imagens capturaram o momento em que essa pessoa estava
saindo de uma das casa, perto de onde o acusado estava poucos momentos antes.
A pessoa é vista
enfiando a cabeça para fora da porta e vendo o agressor, antes de voltar
rapidamente para dentro.
Outra testemunha
capturou imagens do homem sendo perseguido pela polícia enquanto pulava cercas
e garagens e entrava em jardins.
No vídeo, ouve-se um
homem alertando os moradores com gritos: "todos tranquem as portas".
A polícia afirma que
prendeu um suspeito 22 minutos depois de receber a primeira ligação para o 999
— o telefone dos serviços de emergência do país.
·
O que a polícia disse
sobre o ataque?
O ataque não foi
classificado como ato terrorista. O investigador do caso, Larry Smith, disse:
"Este é um
incidente incrivelmente trágico que resultou na perda da vida de um menino e na
destruição de sua família. Em nome da família, peço que a sua privacidade seja
respeitada."
"Esta é uma
investigação complexa devido ao número de cenas de crime, evidências forenses,
horas de imagens de CCTV e testemunhas com quem precisamos falar. Sei que
muitas pessoas vão querer respostas e estamos trabalhando para fornecê-las o
mais rápido possível. Gostaria também de reiterar os pedidos anteriores por
paciência enquanto os meus agentes realizam uma investigação meticulosa para
fazer justiça a Daniel, à sua família, aos feridos e à comunidade em
geral."
"Estamos
começando a construir uma imagem do que aconteceu na terça-feira e quero
agradecer a todos que se apresentaram para compartilhar conosco imagens da
câmera do painel dos seus carros, de câmeras de segurança das casas e do
celular."
"Da mesma forma,
obrigado às testemunhas, que sem dúvida ficaram aterrorizadas com o que viram e
que deram contribuições fundamentais para a nossa investigação. Qualquer pessoa
que ainda não tenha falado com a polícia e tenha alguma informação deve entrar
em contato conosco o mais rápido possível."
Fonte: BBC News Mundo
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