Guerra na Ucrânia provavelmente não
terminará tão cedo, diz inteligência dos EUA
As táticas agressivas da Rússia na Ucrânia
devem continuar, sendo improvável que a guerra termine em
breve, disse a principal funcionária da inteligência dos Estados Unidos nesta
quinta-feira (2).
A Diretora de
Inteligência Nacional dos EUA, Avril Haines, pontuou ainda que desenvolvimentos
nacionais e internacionais tendem a favor do presidente da Rússia, Vladimir
Putin.
A fala aconteceu ao
Comitê de Serviços Armados do Senado americano, onde ela destacou ainda que a
Rússia intensificou os ataques à infraestrutura da Ucrânia para dificultar a
movimentação de armas e tropas, desacelerar a produção da indústria de Defesa e
forçar o país a considerar negociações.
“As táticas cada vez mais agressivas de
Putin contra a Ucrânia, tais como os ataques
à infraestrutura elétrica, têm como objetivo mostrar à Ucrânia que continuar
lutando apenas aumentará os danos e não oferecerá nenhum caminho plausível para
a vitória”, avaliou ela.
“Essas táticas
agressivas provavelmente continuarão e é improvável que a guerra termine tão
cedo”, comentou Haines.
·
Reunião sobre ameaças contra os EUA
Avril Haines e o
tenente-general Jeffrey Kruse, diretor da Agência de Inteligência de Defesa dos
EUA, testemunharam perante o comitê sobre a avaliação de 2024 da comunidade de
inteligência sobre as ameaças que os Estados Unidos enfrentam.
Sobre a China,
considerada pelos EUA seu principal rival global, Haines ressaltou que o
presidente chinês, Xi Jinping, e os seus principais líderes esperam alguma
instabilidade nas relações com Washington no futuro.
Mas, continuou ela,
vão procurar projetar estabilidade nesses laços diplomáticos, uma vez que sua
principal prioridade é lidar com a conturbada economia da China.
Em vez de prosseguir
políticas para estimular os gastos dos consumidores ou encorajar o
investimento, parecem estar “duplicando” uma estratégia de longo prazo
impulsionada pela indústria transformadora e pela inovação tecnológica,
avaliou.
Essa abordagem, no
entanto, “quase certamente aprofundará o pessimismo público e de investimento
no curto prazo”, adicionou.
A China está
enfrentando dificuldades econômicas adversas, incluindo a fraca procura
interna, o elevado desemprego juvenil e uma crise imobiliária.
Pequim intensificou o
investimento em infraestruturas e passou a investir na indústria transformadora
de alta tecnologia, mas alguns economistas alertam que isso poderá aumentar os
desequilíbrios a longo prazo.
Xi e os seus
principais líderes estão cada vez mais preocupados com a capacidade dos EUA de
impactar os objetivos tecnológicos da China e “modificaram a sua abordagem à
retaliação econômica contra os Estados Unidos” ao “impor pelo menos alguns
custos tangíveis às empresas norte-americanas”, disse Haines.
Aparentemente, Haines
estava se referindo aos ataques a empresas dos EUA que esfriaram o ambiente de
negócios estrangeiros da China, e à expansão das restrições de Pequim às
aplicações de tecnologia dos EUA por questões de segurança nacional.
No entanto, as
agências de inteligência americanas avaliam que, nos próximos meses, a China
provavelmente limitará essa retaliação econômica para evitar danos à sua
economia interna, ponderou.
“Em particular, o
declínio significativo no investimento direto estrangeiro na China, uma queda
de 77% em 2023, provavelmente levará a RPC (República Popular da China) a ser
mais comedida nas suas respostas, na ausência de uma escalada inesperada por
parte dos Estados Unidos”, concluiu.
¨ 'Estavam despreparados': mídia aponta como a Rússia está
superando as forças ucranianas
Manobras competentes
permitiram que a Rússia pegasse as Forças Armadas da Ucrânia despreparadas para
repelir uma ofensiva, escreve Patrick Drennan, colunista do jornal
norte-americano The Hill.
A Ucrânia foi superada
na arte da manobra. Eles [as Forças Armadas da Ucrânia] não estavam preparados
para poderosos […] contra-ataques da Rússia [após do fracasso da ofensiva
ucraniana em 2023], e suas posições defensivas podem entrar em colapso", escreveu
ele.
O jornalista observou
que o Exército russo se distingue por uma estrutura de comando desenvolvida e
boa logística na zona da operação militar especial. Além disso, as Forças
Armadas da Rússia mostraram que são capazes de resistir de forma muito eficaz
aos drones ucranianos no campo de batalha, acrescentou ele.
"A Ucrânia foi
superada em número [de tropas], armamento e arte operacional. Em geral, a
Rússia tem uma grande vantagem estratégica e logística", concluiu o
colunista.
Anteriormente, o
comandante-chefe das forças ucranianas, Aleksandr Syrsky, falou sobre a
situação complicada das tropas da Ucrânia na linha de frente. Segundo ele, a
Rússia tem uma vantagem significativa e ataca ativamente ao longo de toda a
linha de contato, o que leva a sucessos táticos.
¨ Kiev terá que negociar com Rússia porque não poderá vencer
sozinha, diz inteligência da Ucrânia
Além de sinalizar que
"é questão de tempo" para cidade de Chasov Yar cair, o vice-chefe da
Diretoria Principal de Inteligência da Ucrânia, Vadim Skibitsky, afirmou que
Kiev terá que entrar em negociações com a Rússia para pôr fim ao conflito, visto
que "não vê uma maneira de a Ucrânia vencer a guerra sozinha".
De acordo com a
entrevista do general da inteligência ucraniana publicada pelo The Economist na
quinta-feira (2), a "Ucrânia está no seu limite", e com a
"velocidade do avanço" russo, Moscou prosseguirá com o seu plano
libertar todo o território das Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk.
"Nosso problema é
muito simples: não temos armas. Eles sempre souberam que abril e maio seriam
tempos difíceis para nós", afirmou Skibitsky.
Ele também disse que,
em algum momento, Kiev terá que entrar em negociações com a Rússia.
O presidente ucraniano
Vladimir Zelensky descartou repetidamente qualquer negociação com Moscou, e
emitiu um decreto em 2022 no qual sublinhou que as tratativas "eram
impossíveis". No entanto, as declarações feitas ontem (2) pelo general da
inteligência vão em direção contrária.
"O general
Skibitsky diz que não vê uma maneira de a Ucrânia vencer a guerra sozinha no
campo de batalha. Mesmo que fosse capaz de empurrar as forças russas de volta
às fronteiras – uma perspectiva cada vez mais distante – não acabaria com a
guerra", escreveu o The Economist.
"Essas guerras só
podem terminar com tratados. Neste momento, ambos os lados estão competindo
pela 'posição mais favorável' antes de potenciais diálogos. Mas negociações
significativas só podem começar no segundo semestre de 2025, no mínimo", disse
o militar ucraniano.
A Reuters também
reportou a entrevista acrescentando que o chanceler ucraniano, Dmitry Kuleba,
pareceu ecoar os pensamentos de Skibitsky em uma entrevista separada nesta
semana na qual disse que o objetivo da cúpula de junho na Suíça era "unir
países que compartilham princípios e abordagens sobre os quais construirão
futuras ações".
"Depois disso, a
comunicação com a Rússia poderá ocorrer e a Rússia poderá fazer parte das
negociações. Porque você está certo: no final, você não pode pôr fim à guerra
sem ambas as partes", declarou o ministro, citado pela mídia.
Moscou se posicionou
sobre a cúpula, relembrado que a Suíça não tem cumprido seu princípio de
neutralidade, visto que aplicou sanções contra o Estado russo, o que a descarta
de ser um mediador neutro.
Ao mesmo tempo, o
porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse na quinta-feira (2) que a reunião de
junho não poderia ser uma "conferência séria com sérias expectativas de
algum tipo de resultado sem a presença da Rússia".
¨ MRE do Reino Unido expressa oposição à ideia de Macron de enviar
tropas à Ucrânia
David Cameron comentou
as declarações do líder francês, deixando claro que seria errado "os
soldados da OTAN [Organização do Tratado do Atlântico Norte] matarem militares
russos".
David Cameron,
ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, disse em uma entrevista à
emissora britânica Sky News que não acredita que a ideia do presidente francês
Emmanuel Macron de enviar tropas para a Ucrânia seja correta.
Anteriormente, o
presidente francês falou sobre essa possibilidade, detalhando que isso
aconteceria se o Exército russo rompesse a linha do front e houvesse uma
solicitação correspondente de Kiev para o apoio militar estrangeiro. O
presidente francês afirma que "muitos países da União Europeia"
concordaram com essa abordagem de Paris.
"Ele [Cameron]
advertiu contra a implementação da ideia de Macron de considerar o envio de
tropas da OTAN para a Ucrânia para participar dos combates se o Exército do
[presidente russo] Vladimir Putin fizer um avanço, dizendo que tal medida seria
uma 'escalada perigosa'", disse o ministro britânico, segundo a Sky News.
O ministro das
Relações Exteriores britânico acrescentou que "seria errado os soldados da
OTAN matarem militares russos", crendo não haver necessidade disso, dado o
programa de treinamento para os soldados ucranianos enviados ao Ocidente.
¨ Alemanha diz que Rússia sofrerá consequências de suposto ataque
de hackers
A Rússia enfrentará
consequências por um ataque cibernético supostamente orquestrado por um grupo
ligado à sua inteligência militar, disse a ministra das Relações Exteriores da
Alemanha, Annalena Baerbock, nesta sexta-feira (3).
A Alemanha tem estado
entre as nações ocidentais que prestam apoio militar à Ucrânia na sua guerra
com a Rússia, com o presidente Vladimir Putin afirmando em dezembro que os
laços entre os dois países permanecem em grande parte congelados.
Desde dezembro de
2022, os social-democratas no poder na Alemanha e as empresas dos setores de
logística, defesa, aeroespacial e TI foram alvo de hackers russos, de acordo com o Ministério do Interior.
“Podemos agora
atribuir claramente o ataque ao grupo russo APT28, que é controlado pelo
serviço de inteligência militar russo GRU”, disse Baerbock numa conferência de
imprensa em Adelaide.
“Por outras palavras,
os hackers estatais
russos atacaram a Alemanha no ciberespaço”, acrescentou Baerbock, que está de
visita à Austrália para se encontrar com a sua homóloga Penny Wong. “Isso é
completamente inaceitável e não ficará sem consequências.”
Em março, a agência de
segurança cibernética da Alemanha e investigadores que trabalham para a
Alphabet, proprietária do Google, disseram que um grupo semelhante, chamado
APT29, foi pego atacando vários partidos políticos alemães, com o objetivo de
se infiltrar nas suas redes e roubar dados.
Fonte: CNN Brasil/Sputnik
Brasil
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