Covid-19: risco para pulmões pode persistir
por anos após infecção grave
Embora a Organização
Mundial da Saúde (OMS) tenha decretado o fim da emergência sanitária em
covid-19, uma pesquisa conduzida pela Universidade de São Paulo e publicada na
revista científica The Lancet Regional Health, aponta que pessoas infectadas
pelo vírus e que tiveram casos graves correm risco de desenvolver problemas
pulmonares associados à doença mesmo após anos da alta hospitalar.
O estudo,
feito com 237 pacientes que estiveram internados no Hospital das Clínicas da
Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) em São Paulo, revelou que 92,4% deles
tinham algum tipo de comprometimento respiratório após se recuperar da doença.
Isso inclui casos graves, como sinais de inflamação pulmonar e o
desenvolvimento de fibrose. A análise foi feita de 18 a 24 meses após a alta
hospitalar.
A pesquisa, coordenada
pelo professor Carlos Carvalho, titular da disciplina de Pneumologia da FMUSP,
só considerou pacientes internados entre março e agosto de 2020, período em que
ainda não havia vacina disponível contra a covid-19. Além disso, todos os participantes do estudo tiveram casos
graves da doença.
Esse ponto é
importante pela mutação do vírus. Análise feita há um ano mostrou que os
americanos infectados com a variante ômicron do coronavírus tinham, por
exemplo, menos probabilidade de desenvolver sintomas típicos de covid longa.
A análise de quase 5
milhões de pacientes americanos que tiveram covid, em um estudo baseado em uma
colaboração entre o jornal The Washington Post e parceiros de pesquisa, mostrou
que uma em cada 16 pessoas com Ômicron recebeu atendimento médico para sintomas associados à covid longa meses após a infecção.
Outro ponto confirmado
pelo estudo é que o maior tempo de internação, assim como a necessidade de
ventilação mecânica invasiva e o avanço da idade, foram fatores determinantes
para o desenvolvimento de lesões tardias, como a fibrose pulmonar — condição causada
por lesões nos pulmões seguidas de problemas na cicatrização, resultando em
falta de ar progressiva e tosse seca frequente.
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Mais pesquisas
Ao Jornal da
USP, Carvalho ressaltou que o período pós-covid ainda representa um desafio
à comunidade médica e científica, que segue descobrindo novos aspectos sobre a
fase crônica da doença “Devido à evolução não homogênea dos pacientes com
sequelas pós-covid-19, é crucial manter um monitoramento de longo prazo de sua
saúde pulmonar.”
¨ Entenda como o sistema imunológico atua além da defesa do corpo
Popularmente,
o sistema imunológico é conhecido por sua atuação na defesa do
organismo contra vírus e bactérias causadoras de doenças como gripe, resfriado,
Covid-19, entre outras. No entanto, manter a imunidade fortalecida é importante
para a saúde de todo o corpo, com benefícios que vão além do combate aos
microrganismos causadores de infecções.
É o que reforça
um estudo publicado
no fim do ano passado na BMJ Nutrition, Prevention & Health,
elaborado a pedido do negócio de Consumer Health, da Bayer. Nele,
um grupo internacional de especialistas revisou as evidências científicas já
existentes sobre o papel do sistema imunológico na manutenção da saúde, além de
entender o papel da nutrição nas funções imunitárias.
De acordo com a
pesquisa, o sistema imunológico funciona não apenas como defesa contra doenças
sazonais, mas, também, como um agente ativo na manutenção da saúde geral
do organismo, durante todo o ano.
“Por muito tempo, foi
implantado na cabeça das pessoas que o sistema imunológico luta apenas contra a
gripe ou alguma outra infecção. Porém, a partir desse estudo, conseguimos
entender que grande parte do funcionamento da imunidade acontece quando estamos
saudáveis, e nós precisamos da manutenção do sistema imunológico para ele
continuar cumprindo com essas funções como um todo”, explica Augusto Vieira,
Líder Médico da divisão de Consumer Health da Bayer Brasil,
à CNN.
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O papel do sistema imunológico no organismo
como um todo
Além de nos proteger
contra infecções, o sistema imunológico ajuda a manter a homeostase, que é
a estabilidade das funções do organismo como um todo. Esse equilíbrio é
fundamental para a saúde cerebral, cognitiva, metabólica, reprodutiva, muscular,
óssea e, até mesmo, cardiovascular.
De acordo com os
autores do estudo, “o sistema imunológico pode ser pensado como um sistema de
gestão de informação, que recolhe, interpreta, comunica e armazena
continuamente dados, e põe em ação eventos para manter ou restaurar a
homeostase”. Consequentemente, ele desempenha um papel na redução do risco de
doenças crônicas comuns ao envelhecimento, por
exemplo.
“Existem condições
que, às vezes, não consideramos que tenham a ver com o sistema imunológico. É o
caso, por exemplo, do diabetes“, afirma Vieira.
“Hoje sabemos que parte do desenvolvimento do diabetes tem relação com
características genéticas, parte com o que a pessoa faz ao longo da vida e
existe, também, uma relação com o sistema imune”, completa.
O especialista explica
que uma das características do diabetes é a inflamação dos vasos
sanguíneos, cenário que pode ser reduzido através do maior aporte de vitaminas
e sais minerais. “Esses nutrientes ajudam a diminuir a inflamação, que também é
regulada pelo sistema imunológico. Então, a imunidade não atua somente contra
infecções, mas, também, contra essas doenças crônicas”, afirma.
Outra ação importante
do sistema imunológico, quando está funcionando em equilíbrio, é a redução
dos processos oxidativos, causados pela ação de radicais livres no organismo.
Essas moléculas, quando estão em abundância no organismo, podem intoxicar células
saudáveis. Isso, à longo prazo, pode levar ao desenvolvimento de doenças
crônicas e ao declínio cognitivo associado ao Parkinson e ao Alzheimer.
“Em grande parte dos
processos oxidativos, quando a cronicidade deles é relevante, o impacto não é
visto somente na função do órgão, mas, também, na sua estrutura. Por isso,
quando vemos um paciente com Alzheimer já latente e fazemos uma ressonância em
seu cérebro, vemos um órgão anatomicamente diferente”, explica Vieira.
Quando o sistema
imunológico não está funcionando como deveria, ele não consegue combater esses
processos oxidativos que, com o passar dos anos e com o envelhecimento, pode
prejudicar a função e a estrutura dos órgãos. “Por isso, temos que pensar no
fortalecimento da imunidade para o longo ou longuíssimo prazo”, ressalta.
O especialista cita,
ainda, a relação entre o sistema imunológico e a saúde óssea e articular.
“Parte da produção de colágeno, proteína presente
nos ossos, articulações e tendões, quem faz é o sistema imune”, diz Vieira.
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Como fortalecer o sistema imunológico?
A pesquisa também
ressalta que hábitos saudáveis, como uma
alimentação equilibrada e adequada, ajudam a fortalecer o sistema imunológico e
a manter o bom funcionamento do organismo como um todo.
“Uma dieta pobre está
associada a deficiências imunológicas e, consequentemente, ao aumento do risco
de contrair uma série de doenças – inclusive doenças crônicas não
transmissíveis”, afirma Vieira.
Por isso, a dica
é investir em alimentos ricos em vitaminas e minerais necessários
para a regulação do sistema imunológico, como vitamina C, vitamina D, magnésio, molibdênio
e ferro. “A própria vitamina C nos ajuda a absorver outros nutrientes, como o
ferro, que, quando está em abundância no organismo, previne a anemia”,
exemplifica o especialista.
Por isso, o médico
ressalta que é essencial buscar o autocuidado nutricional. A orientação de
um profissional de nutrição ou nutrologia é importante para indicar uma
alimentação equilibrada e adequada às necessidades individuais, bem como o uso
de suplementos alimentares para
ajudar a preencher lacunas quando a dieta é insuficiente.
Além da alimentação, o
estudo também aponta para outros fatores essenciais para o fortalecimento do
sistema imunológico: a prática regular de exercícios físicos, controle
do peso corporal, resiliência mental, além de uma boa qualidade e quantidade de sono.
De acordo com os
autores do estudo, todos esses fatores, quando combinados, resultam em um
sistema imunológico robusto e rápido na defesa do organismo contra o
ataque de vírus, bactérias e fungos, além de fortalecer a atuação da imunidade
nas outras áreas e funções do organismo.
Fonte: CNN Brasil
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