sexta-feira, 3 de maio de 2024

Covid-19: risco para pulmões pode persistir por anos após infecção grave

Embora a Organização Mundial da Saúde (OMS) tenha decretado o fim da emergência sanitária em covid-19, uma pesquisa conduzida pela Universidade de São Paulo e publicada na revista científica The Lancet Regional Health, aponta que pessoas infectadas pelo vírus e que tiveram casos graves correm risco de desenvolver problemas pulmonares associados à doença mesmo após anos da alta hospitalar.

estudo, feito com 237 pacientes que estiveram internados no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) em São Paulo, revelou que 92,4% deles tinham algum tipo de comprometimento respiratório após se recuperar da doença. Isso inclui casos graves, como sinais de inflamação pulmonar e o desenvolvimento de fibrose. A análise foi feita de 18 a 24 meses após a alta hospitalar.

A pesquisa, coordenada pelo professor Carlos Carvalho, titular da disciplina de Pneumologia da FMUSP, só considerou pacientes internados entre março e agosto de 2020, período em que ainda não havia vacina disponível contra a covid-19. Além disso, todos os participantes do estudo tiveram casos graves da doença.

Esse ponto é importante pela mutação do vírus. Análise feita há um ano mostrou que os americanos infectados com a variante ômicron do coronavírus tinham, por exemplo, menos probabilidade de desenvolver sintomas típicos de covid longa.

A análise de quase 5 milhões de pacientes americanos que tiveram covid, em um estudo baseado em uma colaboração entre o jornal The Washington Post e parceiros de pesquisa, mostrou que uma em cada 16 pessoas com Ômicron recebeu atendimento médico para sintomas associados à covid longa meses após a infecção.

Outro ponto confirmado pelo estudo é que o maior tempo de internação, assim como a necessidade de ventilação mecânica invasiva e o avanço da idade, foram fatores determinantes para o desenvolvimento de lesões tardias, como a fibrose pulmonar — condição causada por lesões nos pulmões seguidas de problemas na cicatrização, resultando em falta de ar progressiva e tosse seca frequente.

·        Mais pesquisas

Ao Jornal da USP, Carvalho ressaltou que o período pós-covid ainda representa um desafio à comunidade médica e científica, que segue descobrindo novos aspectos sobre a fase crônica da doença “Devido à evolução não homogênea dos pacientes com sequelas pós-covid-19, é crucial manter um monitoramento de longo prazo de sua saúde pulmonar.”

 

¨      Entenda como o sistema imunológico atua além da defesa do corpo

 

Popularmente, o sistema imunológico é conhecido por sua atuação na defesa do organismo contra vírus e bactérias causadoras de doenças como gripe, resfriado, Covid-19, entre outras. No entanto, manter a imunidade fortalecida é importante para a saúde de todo o corpo, com benefícios que vão além do combate aos microrganismos causadores de infecções.

É o que reforça um estudo publicado no fim do ano passado na BMJ Nutrition, Prevention & Health, elaborado a pedido do negócio de Consumer Health, da Bayer. Nele, um grupo internacional de especialistas revisou as evidências científicas já existentes sobre o papel do sistema imunológico na manutenção da saúde, além de entender o papel da nutrição nas funções imunitárias.

De acordo com a pesquisa, o sistema imunológico funciona não apenas como defesa contra doenças sazonais, mas, também, como um agente ativo na manutenção da saúde geral do organismo, durante todo o ano.

“Por muito tempo, foi implantado na cabeça das pessoas que o sistema imunológico luta apenas contra a gripe ou alguma outra infecção. Porém, a partir desse estudo, conseguimos entender que grande parte do funcionamento da imunidade acontece quando estamos saudáveis, e nós precisamos da manutenção do sistema imunológico para ele continuar cumprindo com essas funções como um todo”, explica Augusto Vieira, Líder Médico da divisão de Consumer Health da Bayer Brasil, à CNN.

·        O papel do sistema imunológico no organismo como um todo

Além de nos proteger contra infecções, o sistema imunológico ajuda a manter a homeostase, que é a estabilidade das funções do organismo como um todo. Esse equilíbrio é fundamental para a saúde cerebral, cognitiva, metabólica, reprodutiva, muscular, óssea e, até mesmo, cardiovascular.

De acordo com os autores do estudo, “o sistema imunológico pode ser pensado como um sistema de gestão de informação, que recolhe, interpreta, comunica e armazena continuamente dados, e põe em ação eventos para manter ou restaurar a homeostase”. Consequentemente, ele desempenha um papel na redução do risco de doenças crônicas comuns ao envelhecimento, por exemplo.

“Existem condições que, às vezes, não consideramos que tenham a ver com o sistema imunológico. É o caso, por exemplo, do diabetes“, afirma Vieira. “Hoje sabemos que parte do desenvolvimento do diabetes tem relação com características genéticas, parte com o que a pessoa faz ao longo da vida e existe, também, uma relação com o sistema imune”, completa.

O especialista explica que uma das características do diabetes é a inflamação dos vasos sanguíneos, cenário que pode ser reduzido através do maior aporte de vitaminas e sais minerais. “Esses nutrientes ajudam a diminuir a inflamação, que também é regulada pelo sistema imunológico. Então, a imunidade não atua somente contra infecções, mas, também, contra essas doenças crônicas”, afirma.

Outra ação importante do sistema imunológico, quando está funcionando em equilíbrio, é a redução dos processos oxidativos, causados pela ação de radicais livres no organismo. Essas moléculas, quando estão em abundância no organismo, podem intoxicar células saudáveis. Isso, à longo prazo, pode levar ao desenvolvimento de doenças crônicas e ao declínio cognitivo associado ao Parkinson e ao Alzheimer.

“Em grande parte dos processos oxidativos, quando a cronicidade deles é relevante, o impacto não é visto somente na função do órgão, mas, também, na sua estrutura. Por isso, quando vemos um paciente com Alzheimer já latente e fazemos uma ressonância em seu cérebro, vemos um órgão anatomicamente diferente”, explica Vieira.

Quando o sistema imunológico não está funcionando como deveria, ele não consegue combater esses processos oxidativos que, com o passar dos anos e com o envelhecimento, pode prejudicar a função e a estrutura dos órgãos. “Por isso, temos que pensar no fortalecimento da imunidade para o longo ou longuíssimo prazo”, ressalta.

O especialista cita, ainda, a relação entre o sistema imunológico e a saúde óssea e articular. “Parte da produção de colágeno, proteína presente nos ossos, articulações e tendões, quem faz é o sistema imune”, diz Vieira.

·        Como fortalecer o sistema imunológico?

A pesquisa também ressalta que hábitos saudáveis, como uma alimentação equilibrada e adequada, ajudam a fortalecer o sistema imunológico e a manter o bom funcionamento do organismo como um todo.

“Uma dieta pobre está associada a deficiências imunológicas e, consequentemente, ao aumento do risco de contrair uma série de doenças – inclusive doenças crônicas não transmissíveis”, afirma Vieira.

Por isso, a dica é investir em alimentos ricos em vitaminas e minerais necessários para a regulação do sistema imunológico, como vitamina Cvitamina D, magnésio, molibdênio e ferro. “A própria vitamina C nos ajuda a absorver outros nutrientes, como o ferro, que, quando está em abundância no organismo, previne a anemia”, exemplifica o especialista.

Por isso, o médico ressalta que é essencial buscar o autocuidado nutricional. A orientação de um profissional de nutrição ou nutrologia é importante para indicar uma alimentação equilibrada e adequada às necessidades individuais, bem como o uso de suplementos alimentares para ajudar a preencher lacunas quando a dieta é insuficiente.

Além da alimentação, o estudo também aponta para outros fatores essenciais para o fortalecimento do sistema imunológico: a prática regular de exercícios físicos, controle do peso corporal, resiliência mental, além de uma boa qualidade e quantidade de sono.

De acordo com os autores do estudo, todos esses fatores, quando combinados, resultam em um sistema imunológico robusto e rápido na defesa do organismo contra o ataque de vírus, bactérias e fungos, além de fortalecer a atuação da imunidade nas outras áreas e funções do organismo.

 

Fonte: CNN Brasil

 

Nenhum comentário: