sexta-feira, 3 de maio de 2024

China define novas sanções dos EUA por comércio com Rússia como 'ilegais' e diz que 'tomará medidas'

Pequim disse nesta quinta-feira (2) que tomaria "medidas necessárias" depois que os Estados Unidos anunciaram novas sanções destinadas a paralisar as capacidades militares e industriais da Rússia, e puniu empresas chinesas e de outros países para concretizar isso.

Em um pacote abrangente anunciado pelo Departamento do Tesouro dos EUA na quarta-feira (1º), Washington visou quase 300 entidades na Rússia, China e outros países.

"O lado chinês insta os EUA a deixarem de difamar e conter a China e a parar de implementar sanções ilegais e unilaterais de forma desenfreada. A China tomará todas as medidas necessárias para defender resolutamente os direitos e interesses legais das empresas chinesas", disse um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China em mensagem à agência AFP.

Pequim ainda acrescentou novamente que "não era nem criador nem parte" na crise na Ucrânia, e disse que tinha o direito de desenvolver "relações comerciais normais" com todos os países, incluindo a Rússia.

"A China sempre se opôs resolutamente à implementação de sanções ilegais e unilaterais pelos Estados Unidos contra empresas chinesas e ao exercício de 'jurisdição de braço longo'", disse o porta-voz.

A última onda de sanções dos Estados Unidos ocorreu uma semana depois que o presidente Joe Biden assinou um projeto de lei muito adiado para fornecer novo financiamento à Ucrânia, enquanto os militares de Kiev lutam para conter os avanços russos.

Como parte das medidas, o Departamento de Estado colocou na lista negra indivíduos e empresas adicionais envolvidos nos setores energético, mineiro e metalúrgico de Moscou. Os quase 300 alvos atingidos incluíam empresas que supostamente permitiriam à Rússia adquirir tecnologia e equipamentos necessários do exterior.

Alguns deles estavam baseados em países como a China, que enfrenta pressão crescente de Washington durante a operação russa na Ucrânia. Além de Pequim, as entidades não russas visadas estavam localizadas no Azerbaijão, na Bélgica, Eslováquia, Turquia e nos Emirados Árabes Unidos (EAU).

O embaixador russo em Washington, Anatoly Antonov, disse nesta quinta-feira (2) que as novas sanções "são outro subterfúgio ilegítimo que não será capaz de intimidar a Rússia".

"O mundo inteiro assistiu a outra 'mistura' de restrições elaboradas pela administração [dos EUA]. Este é um exemplo da continuação de numerosas ações russofóbicas levadas a cabo pelos EUA nos últimos dias. Estas incluem um pacote de ajuda multibilionário a Kiev, as entregas de munições perigosas de longo alcance aos seus fantoches e promessas de algumas garantias de segurança efêmeras ao regime", afirmou Antonov.

O embaixador acrescentou que Washington, por meio de um estratagema ilegítimo, "apenas combate outros Estados e enriquece o solo de dúvidas sobre a construtividade do atual papel da América no mundo […]. Os Estados Unidos estão a tentar intimidar os nossos parceiros, incluindo a China, procurando interromper os canais normais de cooperação comercial externa. Estão novamente a visar empresas nacionais de alta tecnologia, transportes e energia, em uma tentativa de 'expulsar' os concorrentes dos mercados", afirmou.

¨      Biden acusa China, Japão, Índia e Rússia de 'xenofobia'; Kremlin responde

O presidente dos EUA afirmou na quarta-feira (1º) que a "xenofobia" na China, no Japão e na Índia está prejudicando seu crescimento, e que a migração tem sido boa para a economia dos Estados Unidos.

"Uma das razões pelas quais nossa economia está crescendo é por causa de vocês e de muitos outros. Por quê? Porque damos as boas-vindas aos imigrantes", disse Biden em um evento de arrecadação de fundos em Washington para sua campanha de reeleição em 2024, no início do Mês da Herança Asiático-Americana, Havaiana Nativa e das Ilhas do Pacífico nos EUA.

"Por que a China está tendo um desempenho econômico tão ruim, por que o Japão está tendo problemas, por que a Rússia, por que a Índia, porque eles são xenófobos. Eles não querem imigrantes. Os imigrantes são o que nos torna fortes", concluiu.

Em resposta, o secretário presidencial da Rússia disse que "essa declaração reflete a realidade exatamente oposta", e deu uma série de exemplos de ações dos EUA.

"É a Rússia que força suas empresas a recusar contratos com qualquer pessoa? É a Rússia que impõe restrições, às vezes absolutamente brutais, contra algumas empresas com base apenas em critérios de nacionalidade? É a Rússia que exerce pressão inescrupulosa, pressão ilegal sobre países terceiros para persuadi-los a não se comunicarem com empresas de determinado país? É a Rússia que está perseguindo pessoas de determinada nacionalidade, de determinada cidadania em todo o mundo?"

"Não, não é a Rússia que está fazendo isso, é um país completamente diferente", destacou Dmitry Peskov.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) deu em abril as previsões para o crescimento das economias mundiais. Em 2024, previu o FMI, o Japão cresceria 0,9%, os EUA 2,7%, a Rússia 3,2%, a China 4,9%, e a Índia 6,8%.

¨      Acusações dos EUA contra Rússia sobre uso de armas químicas são infundadas, diz Kremlin

A Rússia negou nesta quinta-feira (2) a acusação dos Estados Unidos de que suas forças na Ucrânia violaram uma proibição internacional de uso de armas químicas.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse a repórteres que Moscou continua vinculado às suas obrigações sob o tratado que proíbe armas químicas.

"Vimos as notícias a este respeito. Como sempre, tais anúncios são absolutamente infundados e não são apoiados por nada. A Rússia esteve e continua comprometida com as suas obrigações sob o direito internacional nesta área", disse Peskov.

Na quarta-feira (1º), o Departamento de Estado dos EUA impôs sanções a mais de 280 indivíduos e entidades na Rússia, incluindo três estruturas governamentais e quatro empresas relacionadas ao desenvolvimento de armas químicas e biológicas.

Em sua declaração oficial, que não cita quaisquer provas, Washington afirma que a Rússia utilizou armas químicas como a cloropicrina e possivelmente também agentes antimotim na Ucrânia para desalojar as forças ucranianas de posições fortificadas e alcançar avanços táticos no campo de batalha.

A cloropicrina é um líquido incolor com odor pungente que causa lacrimejamento. É utilizado como fumigante, inseticida e fungicida, mas também na fabricação de corantes e como gás lacrimogêneo. A substância foi amplamente utilizada durante a Primeira Guerra Mundial e armazenada durante a Segunda, mas seu uso militar está atualmente proibido.

Sobre as sanções, o embaixador russo em Washington, Anatoly Antonov, disse que as mesmas "são outro subterfúgio ilegítimo que não será capaz de intimidar a Rússia", declarou o embaixador, nesta quinta-feira (2).

¨      EUA poderiam regressar ao Chade em 1 mês após conversas bilaterais, diz Washington

As Forças Armadas dos EUA planejam retornar ao Chade dentro de um mês para conversações sobre a revisão de um acordo que permite a manutenção das tropas baseadas no país, disse na quarta-feira (1º) um general norte-americano.

Michael Langley, general do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA, e comandante do Comando Africano dos EUA, declarou que a retirada das tropas americanas do Chade deveria ser temporária, e que Ndjamena comunicou a Washington que desejava continuar com a parceria de segurança após a eleição presidencial no país.

"Voltaremos a conversar dentro de um mês para ver de que forma e do que eles precisam para poderem continuar construindo sua segurança e também contra o terrorismo", disse Langley em comentários aos repórteres em Gana, durante a segunda Cúpula Anual das Forças Marítimas Africanas (AMFS, na sigla em inglês).

Langley disse que a retirada das forças dos EUA foi uma medida temporária "como parte de uma revisão contínua de nossa cooperação de segurança, que será retomada após a eleição presidencial de 6 de maio no Chade".

Os Estados Unidos disseram no mês passado que estavam retirando a maior parte de seu contingente de cerca de 100 soldados do Chade depois que o governo questionou a legalidade de suas operações no país. Tal ocorreu após a decisão do Níger de ordenar a saída de todas as tropas americanas do país.

¨      Rússia produz mais armas 'do que toda a aliança ocidental', reconhece chanceler da Ucrânia

Segundo Dmitry Kuleba, o Ocidente não se mostrou capaz de acompanhar a produção militar da Rússia, "apesar de seus esforços".

A Rússia está mais eficaz em seus esforços militares, disse o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia em uma entrevista de quarta-feira (1º) à revista norte-americana Foreign Policy.

Em resposta à questão se a ajuda recentemente aprovada pelos EUA a Kiev altera a estratégia militar da Ucrânia, Dmitry Kuleba reconheceu que a ajuda ainda não chegou, e que o momento do recebimento é tão importante quanto as entregas em si.

Para ele, "os aliados da Ucrânia estão atrasados, apesar de seus esforços".

"[…] quando vejo o que a Rússia conseguiu na reconstrução de sua base industrial […] e o que todo o Ocidente conseguiu até agora, temos que encarar a verdade e reconhecer que a Rússia é mais eficaz no seu esforço militar", disse ele.

De acordo com Kuleba, isso significa que o Ocidente enfrenta uma "questão mais fundamental" sobre sua capacidade militar.

"Se ele [o Ocidente] não consegue ser suficientemente eficaz neste esforço militar específico, então quão eficaz poderá ser se outras guerras e crises de escala semelhante começarem?", indagou o alto responsável ucraniano.

O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia também admitiu que a Rússia aumentou a capacidade de produção de armas para um nível "maior do que toda a aliança ocidental" durante os dois anos do conflito, e que isso é um "sinal ruim".

"Os mísseis balísticos russos são a verdadeira praga dessa guerra", acrescentou.

¨      Retirada ucraniana mostra que suas linhas de defesa mal existem e 'não há onde se esconder'

Um recente artigo sublinhou que os soldados ucranianos estão em desvantagem e desarmados e muitas vezes são forçados a recuar para defesas traseiras deficientes.

Os soldados ucranianos não encontram abrigo mesmo depois de recuar das linhas de frente, uma vez que as defesas traseiras quase não existem, revelou um novo artigo da Associated Press.

De acordo com o veículo, a Ucrânia está atualmente se preparando para construir trincheiras fortificadas com concreto, mas isto ocorre em um contexto de bombardeios constantes por parte do Exército russo e na ausência de equipamento adequado acaba limitando o impacto da medida.

Kiev destinou US$ 960 milhões (cerca de R$ 4,9 bilhões) para criar uma rede fortificada, mas a corrupção e a burocracia afetam o processo. De acordo com os dados, foram submetidos contratos às empresas de construção para erguer a terceira linha defensiva sem um processo de licitação típico – aumentando claramente o risco de corrupção. Os diretores executivos destas empresas lamentam a passividade do Estado ucraniano.

"Esta é uma grande questão para a nossa liderança: por que não compraram o equipamento que os engenheiros militares precisavam para fazer o seu trabalho?", se perguntou um dos executivos.

Outro proprietário de uma construtora afirmou que os funcionários estão exagerando nos relatos em prol de suas carreiras.

"Eu vi os números e, sabendo o que sei sobre os suprimentos, sei que não podem ser verdadeiros", admitiu outro empreiteiro.

Um soldado ucraniano que falou com os repórteres admitiu que esperava encontrar uma sofisticada rede subterrânea de túneis que ligasse as posições de tiro, mas tudo o que viu foram vários fossos que não são suficientes para se esconder dos canhões russos. Como resultado, muitos oficiais de sua brigada foram mortos.

"Perdemos comandantes de departamento, comandantes de pelotão, comandantes de companhia e sargentos", admitiu.

O tom do artigo sugere que os soldados ucranianos estão cada vez mais desmoralizados e perdendo a esperança, ao mesmo tempo que se sentem traídos pelo fracasso dos seus líderes na construção de linhas defensivas.

"O inimigo vê tudo", admitiu um dos soldados que falou à AP.

¨      Muitos Estados da UE concordam com a França sobre possível envio de tropas à Ucrânia, diz Macron

Nesta quinta-feira (2), o The Economist publicou uma entrevista com o presidente da França, Emmanuel Macron, na qual o mandatário voltou a abordar o envio de tropas para Kiev, acrescentando que a Europa está de frente com alguém "que não descarta nada".

Segundo o presidente, muitos países da União Europeia compreenderam a sugestão de Paris em relação ao envio de tropas, e concordaram com ela.

"Na verdade, muitos países disseram nas semanas que se seguiram [ao anúncio da ideia em fevereiro] que compreenderam a nossa abordagem, que concordaram com a nossa posição e que esta posição era uma coisa boa", afirmou.

Para o líder francês, "se a Rússia decidir ir mais longe, em qualquer caso, todos teremos que nos perguntar esta questão" de enviar tropas, descrevendo a sua recusa em descartar tal medida como um "alerta estratégico para os meus homólogos".

"Não estou descartando nada, porque estamos diante de alguém que não descarta nada", acrescentou.

Apesar da confiança expressada nas declarações do mandatário, pelo o menos publicamente, outros países europeus reagiram negativamente quando ele ventilou a ideia há dois meses atrás.

A Alemanha, por exemplo, disse mais de uma vez através de seu chanceler e ministro da Defesa que não enviaria. O mesmo foi seguido por Polônia, República Tcheca, Hungria, entre outros.

Na época, o Kremlin reagiu à sugestão de Macron e disse, através do porta-voz da Presidência Dmitry Peskov que, com o envio, "teremos que falar não sobre a probabilidade, mas sobre a inevitabilidade de um confronto direto entre a Rússia e a OTAN".

Ainda na entrevista desta quinta-feira (2), o presidente francês descreveu a Rússia como "uma potência de desestabilização regional" e "uma ameaça à segurança dos europeus", principalmente aos Países Bálticos e à Polônia.

"Tenho um objetivo estratégico claro: a Rússia não pode vencer na Ucrânia. Se a Rússia vencer na Ucrânia, não haverá segurança na Europa. Quem pode fingir que a Rússia pararia aí? Que segurança haverá para os outros países vizinhos, Moldávia, Romênia, Polônia, Lituânia e outros?" indagou.

A entrevista de Macron acontece após o presidente dizer na semana passada que a "Europa pode morrer".

Moscou já declarou diversas vezes que não tem a intenção de escalar ou ampliar o conflito, na verdade, o governo russo continua a observar o movimento contrário: o da OTAN expandindo seu potencial militar até fronteiras russas, conforme observado pelo secretário do Conselho de Segurança russo, Nikolai Patrushev, no início de abril.

"[…] Só no ano passado, a OTAN e os seus Estados-membros realizaram 130 coligações e mais de mil exercícios militares nacionais. Vejam, não em uma década, mas em um ano, 2023", apontou.

Em um artigo recém-publicado pela revista norte-americana Foreign Affairs, é reportado que o conflito ucraniano poderia ter sido solucionado ainda em maio de 2022, quando Rússia e Ucrânia publicaram um acordo para colocar fim às hostilidades.

Os autores do artigo confirmam: Moscou e Kiev publicaram um acordo chamado Comunicado de Istambul e estavam a um passo da paz, quando países ocidentais interferiram para impedir a assinatura do armistício.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

 

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