China define novas sanções dos EUA por
comércio com Rússia como 'ilegais' e diz que 'tomará medidas'
Pequim disse nesta
quinta-feira (2) que tomaria "medidas necessárias" depois que os
Estados Unidos anunciaram novas sanções destinadas a paralisar as capacidades
militares e industriais da Rússia, e puniu empresas chinesas e de outros países
para concretizar isso.
Em um pacote
abrangente anunciado pelo Departamento do Tesouro dos EUA na quarta-feira (1º),
Washington visou quase 300 entidades na Rússia, China e outros países.
"O lado chinês
insta os EUA a deixarem de difamar e conter a China e a parar de implementar
sanções ilegais e unilaterais de forma desenfreada. A China tomará todas as
medidas necessárias para defender resolutamente os direitos e interesses legais
das empresas chinesas", disse um porta-voz do Ministério das Relações
Exteriores da China em mensagem à agência AFP.
Pequim ainda
acrescentou novamente que "não era nem criador nem parte" na crise na
Ucrânia, e disse que tinha o direito de desenvolver "relações comerciais
normais" com todos os países, incluindo a Rússia.
"A China sempre
se opôs resolutamente à implementação de sanções ilegais e unilaterais pelos
Estados Unidos contra empresas chinesas e ao exercício de 'jurisdição de braço
longo'", disse o porta-voz.
A última onda de
sanções dos Estados Unidos ocorreu uma semana depois que o presidente Joe Biden
assinou um projeto de lei muito adiado para fornecer novo financiamento à
Ucrânia, enquanto os militares de Kiev lutam para conter os avanços russos.
Como parte das
medidas, o Departamento de Estado colocou na lista negra indivíduos e empresas
adicionais envolvidos nos setores energético, mineiro e metalúrgico de Moscou.
Os quase 300 alvos atingidos incluíam empresas que supostamente permitiriam à
Rússia adquirir tecnologia e equipamentos necessários do exterior.
Alguns deles estavam
baseados em países como a China, que enfrenta pressão crescente de Washington
durante a operação russa na Ucrânia. Além de Pequim, as entidades não russas
visadas estavam localizadas no Azerbaijão, na Bélgica, Eslováquia, Turquia e nos
Emirados Árabes Unidos (EAU).
O embaixador russo em
Washington, Anatoly Antonov, disse nesta quinta-feira (2) que as novas sanções
"são outro subterfúgio ilegítimo que não será capaz de intimidar a
Rússia".
"O mundo inteiro
assistiu a outra 'mistura' de restrições elaboradas pela administração [dos
EUA]. Este é um exemplo da continuação de numerosas ações russofóbicas levadas
a cabo pelos EUA nos últimos dias. Estas incluem um pacote de ajuda multibilionário
a Kiev, as entregas de munições perigosas de longo alcance aos seus fantoches e
promessas de algumas garantias de segurança efêmeras ao regime", afirmou
Antonov.
O embaixador
acrescentou que Washington, por meio de um estratagema ilegítimo, "apenas
combate outros Estados e enriquece o solo de dúvidas sobre a construtividade do
atual papel da América no mundo […]. Os Estados Unidos estão a tentar intimidar
os nossos parceiros, incluindo a China, procurando interromper os canais
normais de cooperação comercial externa. Estão novamente a visar empresas
nacionais de alta tecnologia, transportes e energia, em uma tentativa de
'expulsar' os concorrentes dos mercados", afirmou.
¨ Biden acusa China, Japão, Índia e Rússia de 'xenofobia'; Kremlin
responde
O presidente dos EUA
afirmou na quarta-feira (1º) que a "xenofobia" na China, no Japão e
na Índia está prejudicando seu crescimento, e que a migração tem sido boa para
a economia dos Estados Unidos.
"Uma das razões
pelas quais nossa economia está crescendo é por causa de vocês e de muitos
outros. Por quê? Porque damos as boas-vindas aos imigrantes", disse Biden
em um evento de arrecadação de fundos em Washington para sua campanha de reeleição
em 2024, no início do Mês da Herança Asiático-Americana, Havaiana Nativa e das
Ilhas do Pacífico nos EUA.
"Por que a China
está tendo um desempenho econômico tão ruim, por que o Japão está tendo
problemas, por que a Rússia, por que a Índia, porque eles são xenófobos. Eles
não querem imigrantes. Os imigrantes são o que nos torna fortes",
concluiu.
Em resposta, o
secretário presidencial da Rússia disse que "essa declaração reflete a
realidade exatamente oposta", e deu uma série de exemplos de ações dos
EUA.
"É a Rússia que
força suas empresas a recusar contratos com qualquer pessoa? É a Rússia que
impõe restrições, às vezes absolutamente brutais, contra algumas empresas com
base apenas em critérios de nacionalidade? É a Rússia que exerce pressão inescrupulosa,
pressão ilegal sobre países terceiros para persuadi-los a não se comunicarem
com empresas de determinado país? É a Rússia que está perseguindo pessoas de
determinada nacionalidade, de determinada cidadania em todo o mundo?"
"Não, não é a
Rússia que está fazendo isso, é um país completamente diferente", destacou
Dmitry Peskov.
O Fundo Monetário
Internacional (FMI) deu em abril as previsões para o crescimento das economias
mundiais. Em 2024, previu o FMI, o Japão cresceria 0,9%, os EUA 2,7%, a Rússia
3,2%, a China 4,9%, e a Índia 6,8%.
¨ Acusações dos EUA contra Rússia sobre uso de armas químicas são
infundadas, diz Kremlin
A Rússia negou nesta
quinta-feira (2) a acusação dos Estados Unidos de que suas forças na Ucrânia
violaram uma proibição internacional de uso de armas químicas.
O porta-voz do
Kremlin, Dmitry Peskov, disse a repórteres que Moscou continua vinculado às
suas obrigações sob o tratado que proíbe armas químicas.
"Vimos as
notícias a este respeito. Como sempre, tais anúncios são absolutamente
infundados e não são apoiados por nada. A Rússia esteve e continua comprometida
com as suas obrigações sob o direito internacional nesta área", disse
Peskov.
Na quarta-feira (1º),
o Departamento de Estado dos EUA impôs sanções a mais de 280 indivíduos e
entidades na Rússia, incluindo três estruturas governamentais e quatro empresas
relacionadas ao desenvolvimento de armas químicas e biológicas.
Em sua declaração
oficial, que não cita quaisquer provas, Washington afirma que a Rússia utilizou
armas químicas como a cloropicrina e possivelmente também agentes antimotim na
Ucrânia para desalojar as forças ucranianas de posições fortificadas e alcançar
avanços táticos no campo de batalha.
A cloropicrina é um
líquido incolor com odor pungente que causa lacrimejamento. É utilizado como
fumigante, inseticida e fungicida, mas também na fabricação de corantes e como
gás lacrimogêneo. A substância foi amplamente utilizada durante a Primeira Guerra
Mundial e armazenada durante a Segunda, mas seu uso militar está atualmente
proibido.
Sobre as sanções, o
embaixador russo em Washington, Anatoly Antonov, disse que as mesmas "são
outro subterfúgio ilegítimo que não será capaz de intimidar a Rússia",
declarou o embaixador, nesta quinta-feira (2).
¨ EUA poderiam regressar ao Chade em 1 mês após conversas
bilaterais, diz Washington
As Forças Armadas dos
EUA planejam retornar ao Chade dentro de um mês para conversações sobre a
revisão de um acordo que permite a manutenção das tropas baseadas no país,
disse na quarta-feira (1º) um general norte-americano.
Michael Langley,
general do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA, e comandante do Comando Africano
dos EUA, declarou que a retirada das tropas americanas do Chade deveria ser
temporária, e que Ndjamena comunicou a Washington que desejava continuar com a
parceria de segurança após a eleição presidencial no país.
"Voltaremos a
conversar dentro de um mês para ver de que forma e do que eles precisam para
poderem continuar construindo sua segurança e também contra o terrorismo",
disse Langley em comentários aos repórteres em Gana, durante a segunda Cúpula Anual
das Forças Marítimas Africanas (AMFS, na sigla em inglês).
Langley disse que a
retirada das forças dos EUA foi uma medida temporária "como parte de uma
revisão contínua de nossa cooperação de segurança, que será retomada após a
eleição presidencial de 6 de maio no Chade".
Os Estados Unidos
disseram no mês passado que estavam retirando a maior parte de seu contingente
de cerca de 100 soldados do Chade depois que o governo questionou a legalidade
de suas operações no país. Tal ocorreu após a decisão do Níger de ordenar a saída
de todas as tropas americanas do país.
¨ Rússia produz mais armas 'do que toda a aliança ocidental',
reconhece chanceler da Ucrânia
Segundo Dmitry Kuleba,
o Ocidente não se mostrou capaz de acompanhar a produção militar da Rússia,
"apesar de seus esforços".
A Rússia está mais
eficaz em seus esforços militares, disse o ministro das Relações Exteriores da
Ucrânia em uma entrevista de quarta-feira (1º) à revista norte-americana
Foreign Policy.
Em resposta à questão
se a ajuda recentemente aprovada pelos EUA a Kiev altera a estratégia militar
da Ucrânia, Dmitry Kuleba reconheceu que a ajuda ainda não chegou, e que o
momento do recebimento é tão importante quanto as entregas em si.
Para ele, "os
aliados da Ucrânia estão atrasados, apesar de seus esforços".
"[…] quando vejo
o que a Rússia conseguiu na reconstrução de sua base industrial […] e o que
todo o Ocidente conseguiu até agora, temos que encarar a verdade e reconhecer
que a Rússia é mais eficaz no seu esforço militar", disse ele.
De acordo com Kuleba,
isso significa que o Ocidente enfrenta uma "questão mais fundamental"
sobre sua capacidade militar.
"Se ele [o
Ocidente] não consegue ser suficientemente eficaz neste esforço militar
específico, então quão eficaz poderá ser se outras guerras e crises de escala
semelhante começarem?", indagou o alto responsável ucraniano.
O ministro das
Relações Exteriores da Ucrânia também admitiu que a Rússia aumentou a
capacidade de produção de armas para um nível "maior do que toda a aliança
ocidental" durante os dois anos do conflito, e que isso é um "sinal
ruim".
"Os mísseis
balísticos russos são a verdadeira praga dessa guerra", acrescentou.
¨ Retirada ucraniana mostra que suas linhas de defesa mal existem
e 'não há onde se esconder'
Um recente artigo
sublinhou que os soldados ucranianos estão em desvantagem e desarmados e muitas
vezes são forçados a recuar para defesas traseiras deficientes.
Os soldados ucranianos
não encontram abrigo mesmo depois de recuar das linhas de frente, uma vez que
as defesas traseiras quase não existem, revelou um novo artigo da Associated
Press.
De acordo com o
veículo, a Ucrânia está atualmente se preparando para construir trincheiras
fortificadas com concreto, mas isto ocorre em um contexto de bombardeios
constantes por parte do Exército russo e na ausência de equipamento adequado
acaba limitando o impacto da medida.
Kiev destinou US$ 960
milhões (cerca de R$ 4,9 bilhões) para criar uma rede fortificada, mas a
corrupção e a burocracia afetam o processo. De acordo com os dados, foram
submetidos contratos às empresas de construção para erguer a terceira linha
defensiva sem um processo de licitação típico – aumentando claramente o risco
de corrupção. Os diretores executivos destas empresas lamentam a passividade do
Estado ucraniano.
"Esta é uma
grande questão para a nossa liderança: por que não compraram o equipamento que
os engenheiros militares precisavam para fazer o seu trabalho?", se
perguntou um dos executivos.
Outro proprietário de
uma construtora afirmou que os funcionários estão exagerando nos relatos em
prol de suas carreiras.
"Eu vi os números
e, sabendo o que sei sobre os suprimentos, sei que não podem ser
verdadeiros", admitiu outro empreiteiro.
Um soldado ucraniano
que falou com os repórteres admitiu que esperava encontrar uma sofisticada rede
subterrânea de túneis que ligasse as posições de tiro, mas tudo o que viu foram
vários fossos que não são suficientes para se esconder dos canhões russos. Como
resultado, muitos oficiais de sua brigada foram mortos.
"Perdemos
comandantes de departamento, comandantes de pelotão, comandantes de companhia e
sargentos", admitiu.
O tom do artigo sugere
que os soldados ucranianos estão cada vez mais desmoralizados e perdendo a
esperança, ao mesmo tempo que se sentem traídos pelo fracasso dos seus líderes
na construção de linhas defensivas.
"O inimigo vê
tudo", admitiu um dos soldados que falou à AP.
¨
Muitos Estados da UE
concordam com a França sobre possível envio de tropas à Ucrânia, diz Macron
Nesta quinta-feira
(2), o The Economist publicou uma entrevista com o presidente da França,
Emmanuel Macron, na qual o mandatário voltou a abordar o envio de tropas para
Kiev, acrescentando que a Europa está de frente com alguém "que não
descarta nada".
Segundo o presidente,
muitos países da União Europeia compreenderam a sugestão de Paris em relação ao
envio de tropas, e concordaram com ela.
"Na verdade,
muitos países disseram nas semanas que se seguiram [ao anúncio da ideia em
fevereiro] que compreenderam a nossa abordagem, que concordaram com a nossa
posição e que esta posição era uma coisa boa", afirmou.
Para o líder francês,
"se a Rússia decidir ir mais longe, em qualquer caso, todos teremos que
nos perguntar esta questão" de enviar tropas, descrevendo a sua recusa em
descartar tal medida como um "alerta estratégico para os meus homólogos".
"Não estou
descartando nada, porque estamos diante de alguém que não descarta nada",
acrescentou.
Apesar da confiança
expressada nas declarações do mandatário, pelo o menos publicamente, outros
países europeus reagiram negativamente quando ele ventilou a ideia há dois
meses atrás.
A Alemanha, por
exemplo, disse mais de uma vez através de seu chanceler e ministro da Defesa
que não enviaria. O mesmo foi seguido por Polônia, República Tcheca, Hungria,
entre outros.
Na época, o Kremlin
reagiu à sugestão de Macron e disse, através do porta-voz da Presidência Dmitry
Peskov que, com o envio, "teremos que falar não sobre a probabilidade, mas
sobre a inevitabilidade de um confronto direto entre a Rússia e a OTAN".
Ainda na entrevista
desta quinta-feira (2), o presidente francês descreveu a Rússia como "uma
potência de desestabilização regional" e "uma ameaça à segurança dos
europeus", principalmente aos Países Bálticos e à Polônia.
"Tenho um
objetivo estratégico claro: a Rússia não pode vencer na Ucrânia. Se a Rússia
vencer na Ucrânia, não haverá segurança na Europa. Quem pode fingir que a
Rússia pararia aí? Que segurança haverá para os outros países vizinhos,
Moldávia, Romênia, Polônia, Lituânia e outros?" indagou.
A entrevista de Macron
acontece após o presidente dizer na semana passada que a "Europa pode
morrer".
Moscou já declarou
diversas vezes que não tem a intenção de escalar ou ampliar o conflito, na
verdade, o governo russo continua a observar o movimento contrário: o da OTAN
expandindo seu potencial militar até fronteiras russas, conforme observado pelo
secretário do Conselho de Segurança russo, Nikolai Patrushev, no início de
abril.
"[…] Só no ano
passado, a OTAN e os seus Estados-membros realizaram 130 coligações e mais de
mil exercícios militares nacionais. Vejam, não em uma década, mas em um ano,
2023", apontou.
Em um artigo
recém-publicado pela revista norte-americana Foreign Affairs, é reportado que o
conflito ucraniano poderia ter sido solucionado ainda em maio de 2022, quando
Rússia e Ucrânia publicaram um acordo para colocar fim às hostilidades.
Os autores do artigo
confirmam: Moscou e Kiev publicaram um acordo chamado Comunicado de Istambul e
estavam a um passo da paz, quando países ocidentais interferiram para impedir a
assinatura do armistício.
Fonte: Sputnik Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário