Bolívia está cada vez mais perto do seu tão
esperado lugar no BRICS graças à Rússia, diz analista
O governo de Luis Arce
avança diplomaticamente para conseguir a sua incorporação ao bloco de países
emergentes que representam 35% do Produto Interno Bruto (PIB) global. O
analista Federico Serra conversou com a Sputnik sobre as vantagens que esta
aliança traria ao comércio boliviano.
As declarações da
Rússia em apoio à incorporação da Bolívia ao BRICS geraram expectativas
positivas dentro do Estado Plurinacional, onde se acredita que a entrada no
grupo é uma oportunidade para avançar no plano de industrialização empreendido
pelo governo de Luis Arce.
O governo boliviano
tem insistido nos últimos anos em conseguir a sua incorporação ao BRICS, com
avanços diplomáticos que lhe permitiram reforçar as relações com Rússia,
Brasil, Índia e China, que juntamente com a África do Sul fundaram este bloco
político-econômico em 2009.
Em 2023, a vizinha
Argentina foi convidada a aderir ao BRICS. Mas quando Javier Milei assumiu a
presidência, rejeitou a aliança e optou por se incluir no eixo formado por
Estados Unidos, Reino Unido e Israel. O mandatário até solicitou a adesão do
país à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).
A Bolívia poderia
aproveitar a vaga deixada pela Argentina. O analista político Federico Serra
disse à Sputnik que a eventual incorporação abriria o país a um imenso mercado
internacional, cobrindo 35% do comércio mundial. A associação com potências
emergentes também resultaria em uma transferência de tecnologia fundamental
para dar continuidade ao plano de industrialização de Arce.
"Os países
associados ao BRICS têm um PIB muito superior ao que chamo de Anglosfera. A
economia chinesa já superou em muito a economia norte-americana, aceitando as
regras do mercado e com um planejamento praticamente imbatível", explicou
Serra.
"De Washington,
Londres ou Nova Zelândia, o que era a Commonwealth, percebem que o BRICS os
superou em PIB, apesar de todas as sanções que impuseram à Rússia como
resultado da operação militar especial na Ucrânia", avaliou o analista.
Ele acrescentou ainda
que "o BRICS representa um tipo de desenvolvimento econômico não mais
baseado na acumulação, mas em uma economia de desenvolvimento apoiada em
ecúmens, tomando a definição proposta por Aleksandr Dugin", ou seja,
"comunidades, coletividades, pessoas unidas pelas culturas, pela história,
pelas etnias, pela língua", como partilham muitas populações da América
Latina, explica Serra.
Nesse sentido, "a
Anglosfera aposta no lado financeiro. Oferece lançamentos contábeis para
dinheiro que nunca entra nos países, o que se traduz em mais dívida, como é o
caso da Argentina", enquanto o BRICS "dá um bem de capital, como um
trator por exemplo, para a modernização do campo, ou outros elementos",
exemplificou o analista.
·
Um bloco crescente
O BRICS inclui uma
população de 3,5 bilhões de pessoas, representando 40% dos habitantes do mundo.
Além dos países fundadores, aderiram recentemente a Arábia Saudita, o Egito, os
Emirados Árabes Unidos, a Etiópia e o Irã.
Além da Bolívia, Cuba,
Venezuela, Argélia, Senegal, Turquia, Cazaquistão, Bahrein, Belarus, Mianmar,
Tailândia e Bangladesh solicitaram entrada.
Segundo o ministro das
Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, serão feitos esforços para resolver
estes pedidos nos próximos meses.
"A Rússia apoia
as aspirações da Bolívia. Como presidente do BRICS neste ano, está interessada
em garantir que o maior número possível de países que queiram se aproximar do
BRICS, seja para se tornarem membros ou para estabelecer associações estáveis e
permanentes, recebam uma resposta positiva concreta", disse ele em Moscou
dias atrás, quando se encontrou com a ministra das Relações
De acordo com Lavrov,
"a Bolívia é um dos parceiros prioritários e promissores da Rússia na
América Latina e no Caribe. Destacamos que os laços bilaterais se
intensificaram visivelmente em quase todas as áreas e estão se desenvolvendo
solidamente".
·
Tudo o que você precisa
Serra avaliou que
"a Bolívia tem tudo o que é necessário para fazer parte do BRICS: tem
extensão geográfica, recursos naturais e capacidade de geração de energia, o
que é fundamental para o desenvolvimento".
Com o apoio do bloco,
o Estado Plurinacional poderá aceder às novas tecnologias "para não mais
apenas produzir bens e serviços, mas adquirir uma capacidade industrial que nos
permita avançar na engenharia genética, na produção de materiais sintéticos, no
desenvolvimento da robótica, computação e inteligência artificial [IA]",
postulou Serra.
¨ Suíça convida Brasil para discutir paz na Ucrânia e Planalto
sinaliza que vai se Rússia comparecer
A Suíça manifestou
interesse de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participe da cúpula que
pretende debater a paz entre Rússia e Ucrânia, em junho, informou o Itamaraty.
De acordo com o
Ministério das Relações Exteriores brasileiro, durante agenda do chanceler
Mauro Vieira na Suíça, Berna manifestou sua intenção de poder contar com o
Brasil na conferência que vai sediar em prol da paz na Ucrânia.
A cúpula, que vai
acontecer entre os dias 15 e 16 de junho nos arredores da cidade de Lucerna, na
Suíça, deve contar com a participação de diversos chefes de Estado, dentre os
quais, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.
Mais de 100 países
estão sendo convidados para o evento e antes mesmo de receber o convite
oficial, o alto representante da diplomacia brasileira sinalizou que Brasília
só aceita participar do debate com a presença da Rússia. O que ocorre, no
entanto, é que o Kremlin já deixou claro que não pretende participar da
iniciativa, já que considera o evento um projeto dos "democratas
americanos", segundo apuração do G1.
O evento, que vem
sendo debatido desde janeiro no âmbito da União Europeia (UE), foi um pedido do
presidente ucraniano Vladimir Zelensky aos membros do G7 (grupo composto por
Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido) e países
como China e Índia.
O Brasil, bem como a
China, entende que os russos devem participar de qualquer iniciativa
internacional que debata a paz e passe por uma negociação com Kiev já que na
avaliação da diplomacia de ambos os Estados, não é possível debater o conflito
entre dois atores sem a participação de um deles.
Moscou já reiterou
inúmeras vezes que não é contra as negociações pela paz, mas não vai participar
dos debates na Suíça porque não considera Berna um ator neutro, uma vez que o
país se uniu ao esforço unilateral ocidental nas sanções à Rússia, descredibilizando
assim seu papel como mediador em relação ao conflito.
¨ China está pronta para ser 'parceira confiável' da Argentina
para ajudá-la economicamente
Pequim está preparada
para ser uma parceira confiável de Buenos Aires e continuar prestando
assistência na esfera econômica e financeira, afirmou o ministro das Relações
Exteriores chinês, Wang Yi, durante encontro com a sua homóloga argentina Diana
Mondino, nesta terça-feira (30).
"A China está
disposta a ser uma parceira confiável e de longo prazo da Argentina e, juntas,
aproveitar o 10º aniversário da Parceria Estratégica Abrangente deste ano entre
os países como uma oportunidade para fortalecer os laços, aprofundar a confiança
mútua e expandir a cooperação", afirmou Wang, citado pelo Ministério das
Relações Exteriores.
O chanceler chinês
destacou que a confiança política mútua é uma base sólida para o
desenvolvimento estável das relações entre a China e a Argentina.
Wang também expressou
a necessidade de continuar desenvolvendo a cooperação bilateral nos campos
espacial, aeroespacial, oceânico, ártico e outros, bem como a necessidade de
promover o desenvolvimento sustentável, saudável e equilibrado do comércio
entre os dois países.
"A China sempre
apoiou os esforços da Argentina para manter a estabilidade econômica e
financeira e está disposta a continuar a prestar assistência nesta área dentro
das suas capacidades", acrescentou o ministro.
Mondino encerrou sua
viagem de três dias pela China após as críticas iniciais do presidente
argentino Javier Milei ao governo do país asiático.
No final de 2023,
Milei, que venceu as eleições presidenciais argentinas, declarou em diversas
ocasiões durante a campanha eleitoral a sua intenção de centrar a política
externa nos Estados Unidos e em Israel e defendeu a rejeição da cooperação com
a China, o Brasil e a Rússia.
Da mesma forma, as
novas autoridades do país sul-americano rejeitaram a adesão da Argentina ao
grupo BRICS.
Porém, após assumir a
presidência, Milei suavizou sua postura em diversos assuntos. Em particular, o
presidente afirmou que o seu governo atribui grande importância às relações
Argentina-China e está disposto a continuar a contribuir para o aprofundamento
e desenvolvimento da cooperação bilateral em diversas áreas.
Além disso, pouco
depois de assumir o seu mandato, o presidente argentino enviou uma carta ao seu
homólogo chinês Xi Jinping, solicitando o seu apoio à renovação do acordo de
swap cambial para continuar a pagar em yuan pelos produtos chineses e poder saldar
algumas dívidas com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
¨ Chineses aceitam pagar mais por carne do Brasil 'sem
desmatamento' voluntariamente, diz pesquisa
Em uma pesquisa
realizada pela FGV Agro, da Fundação Getulio Vargas, e pela Academia Chinesa de
Ciências Sociais, foi apontado que os chineses estão dispostos a pagar mais
pela carne bovina brasileira se ela não estiver associada ao desmatamento da
Amazônia. Diferentemente da União Europeia, proposta é feita de forma
voluntária e não mandatória.
Mesmo com uma amostra
pequena de consumidores que compram carne bovina brasileira na China — 720
foram ouvidos, em Pequim e Xangai —, o resultado surpreendeu os pesquisadores.
Em média, os
entrevistados afirmaram que pagariam 22,5% a mais do que pagam hoje pela carne
do Brasil se ela viesse com alguma garantia de que é de criações de gado em
áreas de desmatamento zero, relata o Globo Rural.
Um quilo de
filé-mignon chega aos chineses atualmente a preços que variam de cerca de US$
40 a US$ 70 (o equivalente a R$ 204 a R$ 357).
Segundo Kevin Chen,
acadêmico chinês e membro da Universidade de Zhejiang, a perspectiva é que, em
algum momento, a carne possa ser vendida nos mercados chineses com um selo que
ateste sua rastreabilidade. Chen está no Brasil nesta semana para reuniões e
para apresentar detalhes da pesquisa, em um encontro que ocorre nesta
terça-feira (30), em São Paulo.
A mídia destaca que o
acadêmico é uma voz influente no governo chinês em temas relacionados à
sustentabilidade e à alimentação. E estabelece uma diferença marcante entre o
caminho que está propondo a China e o caminho adotado pela União Europeia.
Os europeus aprovaram
regras que impedirão a entrada no bloco de um conjunto de produtos que não
tiverem sinal verde de um sistema de controle e auditoria.
"Não queremos que
um futuro sistema de selo seja mandatório. Queremos que seja voluntário. Quando
é mandatório, seja ou não uma boa política, se torna um tema polêmico. Se é
voluntário, deixamos que o mercado decida", diz Chen.
Em março, a China
habilitou 38 novas plantas para receber carne importada do Brasil, o que fez
com que o número de instalações saltasse de 107 para 145. Somadas, elas vão
gerar um incremento de R$ 10 bilhões à balança comercial brasileira no decorrer
dos próximos 12 meses.
No ano passado, as
exportações brasileiras de carne bovina totalizaram US$ 5,73 bilhões (R$ 29,7
bilhões) — quase 1,2 milhão de toneladas. O Brasil responde por cerca de 60% da
carne importada pela China.
¨ Presidente da Colômbia denuncia rede de tráfico de armas dentro
do Exército do país
O presidente da
Colômbia, Gustavo Petro, denunciou nesta terça-feira (30), uma rede ilegal de
tráfico de armas dentro do Exército Nacional, que estaria roubando e vendendo
munições e outros tipos de armas para conflitos como o do Haiti.
"Há muito tempo
que existem redes — formadas por pessoas das forças militares e civis —
dedicadas ao comércio em massa de armas, utilizando as armas legais do Estado
colombiano (...), destinando-as à grupos armados na Colômbia (...),
provavelmente a conflitos estrangeiros, sendo o mais próximo o Haiti (...) e
provavelmente também ao mercado internacional de contrabando de armas",
disse o presidente durante uma coletiva de imprensa.
Segundo o presidente
colombiano, mais de um milhão de projéteis e munições foram roubados das bases
militares de Tolemaida e La Guajira.
No dia 12 de fevereiro
foi realizada uma inspeção na base aérea de Tolemaida, após a qual foi
descoberto o desaparecimento de 746 granadas calibre 81 mm; 3.712 granadas de
mão M26; 2.880 granadas de 40 mm; 1.590 granadas de 60 mm; 797 granadas de
arame de 40 mm; 8.203 munições calibre 162; 41.745 munições calibre 556;
131.577 munições calibre 762 vinculadas; além de 626.614 munições calibre 556.
Da mesma forma, após
uma inspeção em La Guajira no dia 1º de abril, as autoridades colombianas
descobriram o desaparecimento de dois mísseis Spike; 37 mísseis Nimrod; 550
foguetes RPG; 22 granadas de 155 mm; 621 granadas de 106 mm; 1.077 granadas de
105 mm para obus; 1.077 granadas calibre 90 mm; 960 granadas calibre 81 mm;
1218 gravado 60 mm; 4.171 granadas calibre 40 mm; 24 cartuchos L70HE calibre 40
mm; 1.494 granadas de arame de 40 mm; 3.694 granadas de mão M26; 17.456 cargas
antitanque; 22.293,50 cargas antitanque da TAP; 330.419 munições calibre 762
tapa; 9.829 munições calibre 162; 761.551 munições 556; 57.992 munições calibre
556 SLAP; bem como 1.262 munições especiais calibre .38.
Petro destacou que
estão sendo tomadas medidas nas bases militares de todo o país para evitar o
roubo de armas e afirmou que é necessário "separar a força pública de
qualquer evento público".
"O único caminho
é que este bando de criminosos seja desmantelado o quanto antes e é uma ordem
que foi dada no seio da nossa Força Pública, mas que, obviamente, tem
investigações relevantes nas autoridades judiciárias competentes",
indicou.
Ao mesmo tempo, o
presidente colombiano utilizou as suas redes sociais para reiterar que o roubo
de quase dois milhões de artefatos militares das bases de Tolemaida e La
Guajira demonstra como "as máfias" penetraram nas instituições do
Estado através do uso de falsas ideologias.
"Com estas
munições matam hoje os mesmos membros da Força Pública, os cidadãos e, talvez,
os jovens e o povo do Haiti e de outros lugares do mundo", disse Petro.
"Eles são
mercenários da violência e da ganância, e a justiça deve descobrir as suas
ligações, os militares do alto escalão envolvidos e os seus contatos nacionais
e internacionais", acrescentou.
¨ Equador decreta novo estado de emergência em 5 províncias devido
a 'conflito armado interno'
O presidente do
Equador, Daniel Noboa, estabeleceu na terça-feira (30) um novo decreto de
estado de emergência para cinco das 24 províncias do país devido à persistência
do "conflito armado interno", declarado no início de janeiro deste
ano para tentar conter um surto de gangues criminosas nas ruas e nas prisões.
"Declaro estado
de exceção nas províncias de El Oro, Guayas, Los Ríos, Manabí e Santa Elena, no
marco da persistência do conflito armado interno", afirma o decreto
publicado no site oficial da presidência do Equador.
A medida vale por 60
dias e responde ao aumento das hostilidades, bem como à necessidade de realizar
operações de combate tático contra grupos armados organizados nas cinco
províncias citadas no texto oficial.
Ao abrigo da nova
disposição, o direito à inviolabilidade de domicílio fica suspenso nas
províncias afetadas pela medida, podendo ser efetuadas inspeções e buscas pelas
Forças Armadas e pela Polícia Nacional.
A declaração, em
janeiro deste ano, de um "conflito armado interno", permitiu ao
governo estabelecer uma lista de cerca de 20 organizações criminosas que operam
no Equador e classificá-las como "terroristas e atores beligerantes não
estatais".
As gangues
identificadas foram: Águilas, ÁguilasKiller, Ak47, Caballeros Oscuros,
ChoneKiller, Choneros, Covicheros, Cuartel de las Feas, Cubanos, Fatales,
Gánster, Kater Piler, Lagartos, Latin Kings, Lobos, Los p.27, Los Tiburones,
Mafia 18, Máfia Trébol, Patrones, R7 e Tiguerones.
Neste contexto, foram
registrados acontecimentos violentos nas ruas com explosões, incêndio de carros
e o assassinato de pelo menos dois policiais, enquanto nas prisões ocorreram
tumultos de presos que se recusaram a ser transferidos para outras prisões, bem
como a retenção de cerca de 200 guias penitenciários e administrativos,
posteriormente liberados.
A situação de
insegurança se agravou após relatos da fuga da Penitenciária do Litoral,
localizada no sudoeste do país, do líder da quadrilha criminosa Los Choneros,
Adolfo Macías, vulgo Fito, que cumpria pena de 34 anos por crimes de
assassinato e tráfico de drogas, ligados a um cartel de drogas mexicano, que
atualmente ainda está foragido.
No dia 21 de abril, os
equatorianos aprovaram nas urnas as propostas de segurança do governo, entre
elas que as Forças Armadas complementem o trabalho da Polícia Nacional no
enfrentamento à violência e à insegurança que afetam o país.
Em 2023, o Equador
tornou-se um dos três países mais violentos da região, com mais de 7,5 mil
mortes intencionais, elevando a taxa de homicídios para mais de 40 por 100 mil
habitantes.
Fonte: Sputnik Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário