quinta-feira, 2 de maio de 2024

Bolívia está cada vez mais perto do seu tão esperado lugar no BRICS graças à Rússia, diz analista

O governo de Luis Arce avança diplomaticamente para conseguir a sua incorporação ao bloco de países emergentes que representam 35% do Produto Interno Bruto (PIB) global. O analista Federico Serra conversou com a Sputnik sobre as vantagens que esta aliança traria ao comércio boliviano.

As declarações da Rússia em apoio à incorporação da Bolívia ao BRICS geraram expectativas positivas dentro do Estado Plurinacional, onde se acredita que a entrada no grupo é uma oportunidade para avançar no plano de industrialização empreendido pelo governo de Luis Arce.

O governo boliviano tem insistido nos últimos anos em conseguir a sua incorporação ao BRICS, com avanços diplomáticos que lhe permitiram reforçar as relações com Rússia, Brasil, Índia e China, que juntamente com a África do Sul fundaram este bloco político-econômico em 2009.

Em 2023, a vizinha Argentina foi convidada a aderir ao BRICS. Mas quando Javier Milei assumiu a presidência, rejeitou a aliança e optou por se incluir no eixo formado por Estados Unidos, Reino Unido e Israel. O mandatário até solicitou a adesão do país à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).

A Bolívia poderia aproveitar a vaga deixada pela Argentina. O analista político Federico Serra disse à Sputnik que a eventual incorporação abriria o país a um imenso mercado internacional, cobrindo 35% do comércio mundial. A associação com potências emergentes também resultaria em uma transferência de tecnologia fundamental para dar continuidade ao plano de industrialização de Arce.

"Os países associados ao BRICS têm um PIB muito superior ao que chamo de Anglosfera. A economia chinesa já superou em muito a economia norte-americana, aceitando as regras do mercado e com um planejamento praticamente imbatível", explicou Serra.

"De Washington, Londres ou Nova Zelândia, o que era a Commonwealth, percebem que o BRICS os superou em PIB, apesar de todas as sanções que impuseram à Rússia como resultado da operação militar especial na Ucrânia", avaliou o analista.

Ele acrescentou ainda que "o BRICS representa um tipo de desenvolvimento econômico não mais baseado na acumulação, mas em uma economia de desenvolvimento apoiada em ecúmens, tomando a definição proposta por Aleksandr Dugin", ou seja, "comunidades, coletividades, pessoas unidas pelas culturas, pela história, pelas etnias, pela língua", como partilham muitas populações da América Latina, explica Serra.

Nesse sentido, "a Anglosfera aposta no lado financeiro. Oferece lançamentos contábeis para dinheiro que nunca entra nos países, o que se traduz em mais dívida, como é o caso da Argentina", enquanto o BRICS "dá um bem de capital, como um trator por exemplo, para a modernização do campo, ou outros elementos", exemplificou o analista.

·        Um bloco crescente

O BRICS inclui uma população de 3,5 bilhões de pessoas, representando 40% dos habitantes do mundo. Além dos países fundadores, aderiram recentemente a Arábia Saudita, o Egito, os Emirados Árabes Unidos, a Etiópia e o Irã.

Além da Bolívia, Cuba, Venezuela, Argélia, Senegal, Turquia, Cazaquistão, Bahrein, Belarus, Mianmar, Tailândia e Bangladesh solicitaram entrada.

Segundo o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, serão feitos esforços para resolver estes pedidos nos próximos meses.

"A Rússia apoia as aspirações da Bolívia. Como presidente do BRICS neste ano, está interessada em garantir que o maior número possível de países que queiram se aproximar do BRICS, seja para se tornarem membros ou para estabelecer associações estáveis e permanentes, recebam uma resposta positiva concreta", disse ele em Moscou dias atrás, quando se encontrou com a ministra das Relações

De acordo com Lavrov, "a Bolívia é um dos parceiros prioritários e promissores da Rússia na América Latina e no Caribe. Destacamos que os laços bilaterais se intensificaram visivelmente em quase todas as áreas e estão se desenvolvendo solidamente".

·        Tudo o que você precisa

Serra avaliou que "a Bolívia tem tudo o que é necessário para fazer parte do BRICS: tem extensão geográfica, recursos naturais e capacidade de geração de energia, o que é fundamental para o desenvolvimento".

Com o apoio do bloco, o Estado Plurinacional poderá aceder às novas tecnologias "para não mais apenas produzir bens e serviços, mas adquirir uma capacidade industrial que nos permita avançar na engenharia genética, na produção de materiais sintéticos, no desenvolvimento da robótica, computação e inteligência artificial [IA]", postulou Serra.

¨      Suíça convida Brasil para discutir paz na Ucrânia e Planalto sinaliza que vai se Rússia comparecer

A Suíça manifestou interesse de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participe da cúpula que pretende debater a paz entre Rússia e Ucrânia, em junho, informou o Itamaraty.

De acordo com o Ministério das Relações Exteriores brasileiro, durante agenda do chanceler Mauro Vieira na Suíça, Berna manifestou sua intenção de poder contar com o Brasil na conferência que vai sediar em prol da paz na Ucrânia.

A cúpula, que vai acontecer entre os dias 15 e 16 de junho nos arredores da cidade de Lucerna, na Suíça, deve contar com a participação de diversos chefes de Estado, dentre os quais, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.

Mais de 100 países estão sendo convidados para o evento e antes mesmo de receber o convite oficial, o alto representante da diplomacia brasileira sinalizou que Brasília só aceita participar do debate com a presença da Rússia. O que ocorre, no entanto, é que o Kremlin já deixou claro que não pretende participar da iniciativa, já que considera o evento um projeto dos "democratas americanos", segundo apuração do G1.

O evento, que vem sendo debatido desde janeiro no âmbito da União Europeia (UE), foi um pedido do presidente ucraniano Vladimir Zelensky aos membros do G7 (grupo composto por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido) e países como China e Índia.

O Brasil, bem como a China, entende que os russos devem participar de qualquer iniciativa internacional que debata a paz e passe por uma negociação com Kiev já que na avaliação da diplomacia de ambos os Estados, não é possível debater o conflito entre dois atores sem a participação de um deles.

Moscou já reiterou inúmeras vezes que não é contra as negociações pela paz, mas não vai participar dos debates na Suíça porque não considera Berna um ator neutro, uma vez que o país se uniu ao esforço unilateral ocidental nas sanções à Rússia, descredibilizando assim seu papel como mediador em relação ao conflito.

¨      China está pronta para ser 'parceira confiável' da Argentina para ajudá-la economicamente

Pequim está preparada para ser uma parceira confiável de Buenos Aires e continuar prestando assistência na esfera econômica e financeira, afirmou o ministro das Relações Exteriores chinês, Wang Yi, durante encontro com a sua homóloga argentina Diana Mondino, nesta terça-feira (30).

"A China está disposta a ser uma parceira confiável e de longo prazo da Argentina e, juntas, aproveitar o 10º aniversário da Parceria Estratégica Abrangente deste ano entre os países como uma oportunidade para fortalecer os laços, aprofundar a confiança mútua e expandir a cooperação", afirmou Wang, citado pelo Ministério das Relações Exteriores.

O chanceler chinês destacou que a confiança política mútua é uma base sólida para o desenvolvimento estável das relações entre a China e a Argentina.

Wang também expressou a necessidade de continuar desenvolvendo a cooperação bilateral nos campos espacial, aeroespacial, oceânico, ártico e outros, bem como a necessidade de promover o desenvolvimento sustentável, saudável e equilibrado do comércio entre os dois países.

"A China sempre apoiou os esforços da Argentina para manter a estabilidade econômica e financeira e está disposta a continuar a prestar assistência nesta área dentro das suas capacidades", acrescentou o ministro.

Mondino encerrou sua viagem de três dias pela China após as críticas iniciais do presidente argentino Javier Milei ao governo do país asiático.

No final de 2023, Milei, que venceu as eleições presidenciais argentinas, declarou em diversas ocasiões durante a campanha eleitoral a sua intenção de centrar a política externa nos Estados Unidos e em Israel e defendeu a rejeição da cooperação com a China, o Brasil e a Rússia.

Da mesma forma, as novas autoridades do país sul-americano rejeitaram a adesão da Argentina ao grupo BRICS.

Porém, após assumir a presidência, Milei suavizou sua postura em diversos assuntos. Em particular, o presidente afirmou que o seu governo atribui grande importância às relações Argentina-China e está disposto a continuar a contribuir para o aprofundamento e desenvolvimento da cooperação bilateral em diversas áreas.

Além disso, pouco depois de assumir o seu mandato, o presidente argentino enviou uma carta ao seu homólogo chinês Xi Jinping, solicitando o seu apoio à renovação do acordo de swap cambial para continuar a pagar em yuan pelos produtos chineses e poder saldar algumas dívidas com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

¨      Chineses aceitam pagar mais por carne do Brasil 'sem desmatamento' voluntariamente, diz pesquisa

Em uma pesquisa realizada pela FGV Agro, da Fundação Getulio Vargas, e pela Academia Chinesa de Ciências Sociais, foi apontado que os chineses estão dispostos a pagar mais pela carne bovina brasileira se ela não estiver associada ao desmatamento da Amazônia. Diferentemente da União Europeia, proposta é feita de forma voluntária e não mandatória.

Mesmo com uma amostra pequena de consumidores que compram carne bovina brasileira na China — 720 foram ouvidos, em Pequim e Xangai —, o resultado surpreendeu os pesquisadores.

Em média, os entrevistados afirmaram que pagariam 22,5% a mais do que pagam hoje pela carne do Brasil se ela viesse com alguma garantia de que é de criações de gado em áreas de desmatamento zero, relata o Globo Rural.

Um quilo de filé-mignon chega aos chineses atualmente a preços que variam de cerca de US$ 40 a US$ 70 (o equivalente a R$ 204 a R$ 357).

Segundo Kevin Chen, acadêmico chinês e membro da Universidade de Zhejiang, a perspectiva é que, em algum momento, a carne possa ser vendida nos mercados chineses com um selo que ateste sua rastreabilidade. Chen está no Brasil nesta semana para reuniões e para apresentar detalhes da pesquisa, em um encontro que ocorre nesta terça-feira (30), em São Paulo.

A mídia destaca que o acadêmico é uma voz influente no governo chinês em temas relacionados à sustentabilidade e à alimentação. E estabelece uma diferença marcante entre o caminho que está propondo a China e o caminho adotado pela União Europeia.

Os europeus aprovaram regras que impedirão a entrada no bloco de um conjunto de produtos que não tiverem sinal verde de um sistema de controle e auditoria.

"Não queremos que um futuro sistema de selo seja mandatório. Queremos que seja voluntário. Quando é mandatório, seja ou não uma boa política, se torna um tema polêmico. Se é voluntário, deixamos que o mercado decida", diz Chen.

Em março, a China habilitou 38 novas plantas para receber carne importada do Brasil, o que fez com que o número de instalações saltasse de 107 para 145. Somadas, elas vão gerar um incremento de R$ 10 bilhões à balança comercial brasileira no decorrer dos próximos 12 meses.

No ano passado, as exportações brasileiras de carne bovina totalizaram US$ 5,73 bilhões (R$ 29,7 bilhões) — quase 1,2 milhão de toneladas. O Brasil responde por cerca de 60% da carne importada pela China.

¨      Presidente da Colômbia denuncia rede de tráfico de armas dentro do Exército do país

O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, denunciou nesta terça-feira (30), uma rede ilegal de tráfico de armas dentro do Exército Nacional, que estaria roubando e vendendo munições e outros tipos de armas para conflitos como o do Haiti.

"Há muito tempo que existem redes — formadas por pessoas das forças militares e civis — dedicadas ao comércio em massa de armas, utilizando as armas legais do Estado colombiano (...), destinando-as à grupos armados na Colômbia (...), provavelmente a conflitos estrangeiros, sendo o mais próximo o Haiti (...) e provavelmente também ao mercado internacional de contrabando de armas", disse o presidente durante uma coletiva de imprensa.

Segundo o presidente colombiano, mais de um milhão de projéteis e munições foram roubados das bases militares de Tolemaida e La Guajira.

No dia 12 de fevereiro foi realizada uma inspeção na base aérea de Tolemaida, após a qual foi descoberto o desaparecimento de 746 granadas calibre 81 mm; 3.712 granadas de mão M26; 2.880 granadas de 40 mm; 1.590 granadas de 60 mm; 797 granadas de arame de 40 mm; 8.203 munições calibre 162; 41.745 munições calibre 556; 131.577 munições calibre 762 vinculadas; além de 626.614 munições calibre 556.

Da mesma forma, após uma inspeção em La Guajira no dia 1º de abril, as autoridades colombianas descobriram o desaparecimento de dois mísseis Spike; 37 mísseis Nimrod; 550 foguetes RPG; 22 granadas de 155 mm; 621 granadas de 106 mm; 1.077 granadas de 105 mm para obus; 1.077 granadas calibre 90 mm; 960 granadas calibre 81 mm; 1218 gravado 60 mm; 4.171 granadas calibre 40 mm; 24 cartuchos L70HE calibre 40 mm; 1.494 granadas de arame de 40 mm; 3.694 granadas de mão M26; 17.456 cargas antitanque; 22.293,50 cargas antitanque da TAP; 330.419 munições calibre 762 tapa; 9.829 munições calibre 162; 761.551 munições 556; 57.992 munições calibre 556 SLAP; bem como 1.262 munições especiais calibre .38.

Petro destacou que estão sendo tomadas medidas nas bases militares de todo o país para evitar o roubo de armas e afirmou que é necessário "separar a força pública de qualquer evento público".

"O único caminho é que este bando de criminosos seja desmantelado o quanto antes e é uma ordem que foi dada no seio da nossa Força Pública, mas que, obviamente, tem investigações relevantes nas autoridades judiciárias competentes", indicou.

Ao mesmo tempo, o presidente colombiano utilizou as suas redes sociais para reiterar que o roubo de quase dois milhões de artefatos militares das bases de Tolemaida e La Guajira demonstra como "as máfias" penetraram nas instituições do Estado através do uso de falsas ideologias.

"Com estas munições matam hoje os mesmos membros da Força Pública, os cidadãos e, talvez, os jovens e o povo do Haiti e de outros lugares do mundo", disse Petro.

"Eles são mercenários da violência e da ganância, e a justiça deve descobrir as suas ligações, os militares do alto escalão envolvidos e os seus contatos nacionais e internacionais", acrescentou.

¨      Equador decreta novo estado de emergência em 5 províncias devido a 'conflito armado interno'

O presidente do Equador, Daniel Noboa, estabeleceu na terça-feira (30) um novo decreto de estado de emergência para cinco das 24 províncias do país devido à persistência do "conflito armado interno", declarado no início de janeiro deste ano para tentar conter um surto de gangues criminosas nas ruas e nas prisões.

"Declaro estado de exceção nas províncias de El Oro, Guayas, Los Ríos, Manabí e Santa Elena, no marco da persistência do conflito armado interno", afirma o decreto publicado no site oficial da presidência do Equador.

A medida vale por 60 dias e responde ao aumento das hostilidades, bem como à necessidade de realizar operações de combate tático contra grupos armados organizados nas cinco províncias citadas no texto oficial.

Ao abrigo da nova disposição, o direito à inviolabilidade de domicílio fica suspenso nas províncias afetadas pela medida, podendo ser efetuadas inspeções e buscas pelas Forças Armadas e pela Polícia Nacional.

A declaração, em janeiro deste ano, de um "conflito armado interno", permitiu ao governo estabelecer uma lista de cerca de 20 organizações criminosas que operam no Equador e classificá-las como "terroristas e atores beligerantes não estatais".

As gangues identificadas foram: Águilas, ÁguilasKiller, Ak47, Caballeros Oscuros, ChoneKiller, Choneros, Covicheros, Cuartel de las Feas, Cubanos, Fatales, Gánster, Kater Piler, Lagartos, Latin Kings, Lobos, Los p.27, Los Tiburones, Mafia 18, Máfia Trébol, Patrones, R7 e Tiguerones.

Neste contexto, foram registrados acontecimentos violentos nas ruas com explosões, incêndio de carros e o assassinato de pelo menos dois policiais, enquanto nas prisões ocorreram tumultos de presos que se recusaram a ser transferidos para outras prisões, bem como a retenção de cerca de 200 guias penitenciários e administrativos, posteriormente liberados.

A situação de insegurança se agravou após relatos da fuga da Penitenciária do Litoral, localizada no sudoeste do país, do líder da quadrilha criminosa Los Choneros, Adolfo Macías, vulgo Fito, que cumpria pena de 34 anos por crimes de assassinato e tráfico de drogas, ligados a um cartel de drogas mexicano, que atualmente ainda está foragido.

No dia 21 de abril, os equatorianos aprovaram nas urnas as propostas de segurança do governo, entre elas que as Forças Armadas complementem o trabalho da Polícia Nacional no enfrentamento à violência e à insegurança que afetam o país.

Em 2023, o Equador tornou-se um dos três países mais violentos da região, com mais de 7,5 mil mortes intencionais, elevando a taxa de homicídios para mais de 40 por 100 mil habitantes.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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