Quem é
mais culpado pela Guerra Fria, os EUA ou a URSS?
Determinar
culpa em guerras é sempre problemático.
O culpado
é sempre o perdedor, enquanto for, é claro.
Mas, no
caso, a resposta são os EUA.
A URSS não
tinha interesse algum no conflito, sua política externa era a busca de uma
coexistência pacífica.
O próprio Stalin
era acusado pela esquerda de ter concebido, e submetido todo o movimento
Comunista internacional – a extinção da III Internacional é o exemplo cabal –,
à ideia de "socialismo em um só país", de cooperação com o mundo
Capitalista.
O que a
União Soviética procurava eram fronteiras seguras. Sabia que o Ocidente
Capitalista desde 1917, com o suporte aos Brancos e a intervenção militar de
mais de uma dezena de forças expedicionárias estrangeiras, procurava, tanto
impedir a emergência de uma potência continental européia contrária quanto
destruir a experiência socialista.
À Alemanha
foi permitido armar-se impunemente e suas agressões toleradas com o claro
intuito de jogar as forças nazistas contra a URSS. A retirada quase pacífica
dos exércitos britânicos e a rendição disfarçada da França eram claros sinais
do que estava por vir. Esperavam que Alemanha e União Soviética se destruíssem
mutuamente enquanto aguardavam, seguros e intocados, a hora de recolher o
botim.
A URSS se
propunha a se retirar de todos os territórios ocupados durante a II GG mediante
garantias de neutralidade. Ocupar o Leste Europeu não lhe trazia vantagens,
apenas despesas e problemas políticos. Onde essas garantias puderam ser
estabelecidas, Áustria, Finlândia etc. e mesmo o caso mais elucidativo, a
Grécia, onde os socialistas estavam próximos de vencer a guerra civil, isso até
serem abandonados pelos soviéticos e verem o outro lado ser fortemente apoiado
pelos britânicos, se retiraram.
A
tolerância com a Iugoslávia de Tito é outro exemplo. Essa só pode ser destruída
após o fim da Guerra Fria. Deixou de ser útil.
Os EUA
garantiram, ou melhor compraram, a lealdade do Ocidente Europeu com o Plano
Marshall, financiado com capitais extraídos da América Latina, enriquecida com
a guerra, ou com uma política de suporte dissimulado aos regimes fascistas da
península ibérica, o "amigo americano" de Franco e Salazar.
No Leste
Europeu sob controle soviético provocaram, com promessas de extensão do Plano
Marshall, revoltas internas. As "revoluções coloridas" da época.
Na França
inventaram um general vitorioso, De Gaulle, para barrar a força do Partido
Comunista Francês. Na Itália, a corrupção e a máfia, e o Vaticano, asseguraram,
com o "compromisso histórico", a impossibilidade de vitória eleitoral
do Partido Comunista Italiano.
A partir
de Berlim, tentaram desestabilizar a Alemanha Oriental e a seguir, alcançar a
Polônia, porta de entrada do território soviético.
O cerco e
a corrida arnamentista bloqueavam qualquer possibilidade de investimentos
sociais. O objetivo era produzir, estratégia até hoje empregada,
descontentamento político interno.
Mas o
surpreendente foi que a pá de cal não veio diretamente disso, mas de outro país
socialista: a China.
O que teria acontecido se os japoneses
não tivessem atacado os chineses durante a Segunda Guerra Mundial, mas
concentrado suas forças aos americanos?
Os
japoneses não estavam interessados nos EUA.
Eram os
EUA que estavam incomodados com o Japão.
A questão
era que os EUA queriam impedir a expansão Imperialista do Capitalismo japonês,
que era exatamente calcada no controle da China.
A China
era para o Japão o que a África era para a Europa Ocidental, a Índia para a
Grã-Bretanha, a América Latina para os EUA, o Leste Europeu para a Alemanha:
seu Lebensraum.
A Guerra
Russo-japonesa foi motivada pela necessidade de expulsar um concorrente da
área.
Pearl
Harbor é uma tentativa de reproduzir a mesma tática. Um ataque de surpresa para
destruir o poder militar de um inimigo superior e obter uma paz vantajosa.
Só que
pouco inteligente. As condições eram completamente diferentes.
A Rússia,
desde sempre, contava com a animosidade do Imperialismo Ocidental, ou seja, não
só iria lutar sozinha como ainda seria embargada por todos os meios.
O fascismo
japonês esperava que funcionasse do mesmo modo com os EUA. Que a Alemanha
nazista faria papel semelhante ao do Imperialismo Ocidental drenando os
recursos dos EUA.
Isso
também ajuda a explicar o porquê do Japão não atacar a URSS. Não desejava
facilitar a vida dos EUA na Europa. Uma Alemanha prematuramente vitoriosa
liberaria recursos dos Imperialistas Ocidentais para serem aplicados na Ásia.
Se não
existisse Capitalismo japonês, não existiria Imperialismo, não existiria
invasão da China, e não existiria conflito com os EUA.
O Nazismo existiu porque a Alemanha
perdeu na 1º Guerra Mundial? Como ele se formou?
Basicamente
sim.
O
Fascismo, o Nazismo é um tipo específico de Fascismo, é a forma que o
Capitalismo radicalizado toma. Sob a pressão da rebelião do Proletariado, e da
possibilidade iminente de Revolução, o Capitalismo "manda às favas os
escrúpulos" Liberais e apela para todo e qualquer meio ao seu alcance.
Então o
Nazismo é produto da Crise Capitalista do início do século XX, iniciada no
final do século XIX e que redundou na quebra da bolsa de Nova Iorque em 1929. O
mundo esteve à beira de uma Revolução proletária mundial. Nos países mais
afetados pela revolta popular o Fascismo se instalou como única forma de
enfrentamento da ameaça. A URSS é onde o resultado foi outro.
A Alemanha
era talvez a mais atingida. De grande potência se viu reduzida à miséria. Na
economia, transformada em colônia pelas dívidas de guerra. Na política mundial,
com todas as potências interessadas em sua destruição. E contando com um
Proletariado politicamente educado, organizado e combativo. A ameaça do exemplo
bem sucedido e o rápido desenvolvimento URSS acrescentou mais lenha àquela
fogueira. Se a Alemanha se tornasse Socialista a Europa, quiçá o mundo,
seguiria o mesmo caminho. Por isso lá se instalou o Fascismo mais feroz. O
tamanho do perigo deu o tom da reação.
Respondendo
a pergunta: a crise Capitalista levou à I GG, que produziu a grande crise alemã
e que também criou a ameaça soviética. E isso tudo levou ao Nazismo. A
Alemanha, apesar do desejo de muitos, tanto na I GG quanto na II GG, não podia
ser destruída, ou mesmo enfraquecida. Era um luxo que o Capitalismo não podia
permitir à Geopolítica.
Se a Alemanha nazista tivesse continuado
em 1940/41 ao derrotar a Grã-Bretanha (operação Sealion) e não ter como alvo a
Rússia, eles poderiam ter feito isso?
Mesmo
desconsiderando que o objetivo sempre era o leste da Europa e nunca a França e
muito menos as ilhas britânicas, a Alemanha não tinha minimamente os meios para
que o Unternehmen Seelöwe pudesse ter funcionado.
Devido a
uma ordem (idiota) de Hitler a Luftwaffe não obteve a superioridade aérea sobre
o espaço aéreo britânico. Pois quando a RAF já estava quase sem aeródromos
funcionais. O cabo bohemio mandou bombardear Londres, pois a RAF tinha
conseguido mandar umas bombas para Berlim em 1940. Este desvio de forças deu a
oportunidade à RAF de recuperar forças e recuperar os seus aeródromos muito
castigados. E lá se foi a possibilidade de conseguir eventualmente a
superioridade aérea.
Uma
invasão por mar é extremamente difícil e requer muito, mas muitíssimo material.
Mesmo os aliados, e apesar de muita insistência de Stalin, só em 1944 tinham a
capacidade de o fazer na Normandia. Antes disto fugiram sempre de rabo a
seringa, e optaram por alvos mais fáceis, como o norte de África (1942
Operation Torch) e Sizilia (1943 Operation Husky). Só em 1944 se viam capazes
de enfrentar directamente a Alemanha, já bem enfraquecida. Usaram 6400 barcos e
desembarcaram em 15 dias 104.000 toneladas de material, incluindo 54.000
viaturas e 850.000 homens. A Alemanha, nunca teve uma capacidade semelhante
para fazer algo semelhante.
É verdade que Hitler tentou fazer a paz
várias vezes com os britânicos, mas Churchill rejeitou todas as propostas?
Hitler
propôs paz várias vezes, mas foi rejeitado, pela mesma razão, todas as vezes.
Parte
integrante de cada oferta alemã era que Hitler ficasse com seus ganhos,
incluindo a conquista da Polônia, os Países Baixos (Bélgica, Holanda,
Luxemburgo) e a França.
A
Grã-Bretanha disse repetidamente que só faria as pazes se as forças alemãs se
retirassem daquelas terras que haviam assumido o controle pela força, incluindo
Polônia, Países Baixos e França.
Nenhum dos
lados recuaria das suas demandas.
Hitler,
tendo conquistado seus vizinhos, queria esses países como conquistas
adicionadas ao Reich ou como satélites sob controle alemão. Ele declarou
abertamente em Mein Kampf e em discursos que pretendia promover a Lebensraum
para a Alemanha no leste.
A
Grã-Bretanha, tendo entrado na guerra para impedir a conquista da Polônia,
queria que a Alemanha renunciasse às suas conquistas. Os britânicos temiam, na
minha opinião, que a promessa de Hitler de não realizar mais conquistas não era
totalmente confiável, com base em suas ações anteriores ao início da guerra.
Eles ouviram essas promessas antes, e Hitler sempre as quebrou. Os britânicos
não acreditariam mais nele.
Hitler não
mudaria suas demandas. Os britânicos não negociariam se os alemães não
estivessem dispostos a conceder algo em troca - não é assim que as negociações
funcionam.
Fonte:
Quora
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