sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024

PF: Bolsonaro ajustou minuta de decreto golpista

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) teria ajustado a minuta de golpe de Estado apresentado a ele por Filipe Martins e Amauri Feeres Saad. Segundo a Polícia Federal (PF), Bolsonaro teria feitos ajustes no texto e retirado os pedidos de prisão do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e do presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

As informações constam no relatório da Polícia Federal (PF) que embasou a operação desta quinta-feira (8), autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF. A ação mira aliados de Bolsonaro que teriam atuado numa tentativa de golpe de Estado para mantê-lo na Presidência após a derrota nas eleições de 2022.

“A análise e as discussões sobre o documento mais robusto apresentado por FILIPE GARCIA MARTINS PEREIRA teriam suscitado a convocação de uma série de reuniões pelo então Presidente JAIR MESSIAS BOLSONARO, inclusive para tratativas com militares de alta patente sobre a instalação de um regime de exceção constitucional. Mensagens encaminhadas por MAURO CID para o General FREIRE GOMES sinalizam que o então Presidente JAIR MESSSIAS BOLSONARO estava redigindo e ajustando o Decreto e já buscando o respaldo do General ESTEVAM THEOPHILO GASPAR DE OLIVEIRA (há registros de que este último esteve no Palácio do Planalto em 9/12/2022, fls.169), tudo a demonstrar que atos executórios para um golpe de Estado estavam em andamento (fls. 150-169)“, diz o trecho do relatório da PF citado na decisão do STF que embasou a Operação Tempus Veritatis.

“Conforme descrito, os elementos informativos colhidos revelaram que JAIR BOLSONARO recebeu uma minuta de Decreto apresentado por FILIPE MARTINS e AMAURI FERES SAAD para executar um Golpe de Estado, detalhando supostas interferências do Poder Judiciário no Poder Executivo e ao final decretava a prisão de diversas autoridades, entre as quais os ministros do Supremo Tribunal Federal, ALEXANDRE DE MORAES e GILMAR MENDES, além do Presidente do Senado RODRIGO PACHECO e por fim determinava a realização de novas eleições. Posteriormente foram realizadas alterações a pedido do então Presidente, permanecendo a determinação de prisão do Ministro ALEXANDRE DE MORAES e a realização de novas eleições. Nesse sentido, era relevante para os investigados monitorarem o Ministro ALEXANDRE DE MORAES para executarem a pretendida ordem de prisão, em caso de consumação do Golpe de Estado”, afirma a PF em outro trecho do documento.

 

       “Minuta do golpe” liga alvos de operação da PF

 

O documento que tinha a intenção de mudar o resultado das eleições presidenciais no Brasil em 2022, chamado de “minuta do golpe”, é um elo na investigação da Polícia Federal que apura a tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito.

A primeira “minuta do golpe” foi encontrada e apreendida na casa de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, em janeiro do ano passado, antes de ele ser preso. Torres é um dos alvos da operação da PF nesta quinta-feira.

Além de Torres, Valdemar foi envolvido na situação ao declarar em entrevistas que “todos tinham uma minuta”, mas negou que tenha sido discutida. O presidente do PL também é alvo desta ação da Polícia Federal.

Filipe Martins, ex-assessor do então presidente Jair Bolsonaro (PL), foi preso nesta operação da PF. Ele é apontado pelo ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o coronel Mauro Cid, em delação premiada, como alguém que teria apresentado a minuta a Bolsonaro e aos comandantes das Forças Armadas do Brasil.

Outro alvo da operação é o almirante Almir Garnier, ex-comandante da Marinha. Cid disse à PF que o militar viu a minuta e apoiou a ideia de uma tentativa de golpe no Brasil.

•        Outro lado

“Levaram meu telefone e papéis de projetos que venho buscando atuar na iniciativa privada. Peço a todos que orem pelo Brasil e por mim. Continuamos juntos na fé, buscando sempre fazer o que é certo”, declarou o almirante Garnier.

As defesas de Felipe Martins e Valdemar não foram encontradas e o espaço segue aberto. O advogado de Torres informou que vai se pronunciar ao tomar conhecimento da situação.

 

Ø  Megaoperação da PF mira núcleo da “minuta do golpe” de Bolsonaro

 

A megaoperação da Polícia Federal (PF) que prendeu quatro aliados de Jair Bolsonaro (PL) e teve o ex-presidente, ex-ministros e militares como alvo, nesta quinta-feira (08/02), mira o núcleo dos envolvidos com a “minuta do golpe” encontrada na casa Anderson Torres, em janeiro de 2023.

Filipe Martins, um dos presos na operação de hoje, seria o responsável pela entrega do documento a Bolsonaro, segundo a PF. Valdemar Costa Neto, Braga Netto, Anderson Torres e Almir Garnier teriam discutido a possibilidade de golpe.

Toda a operação Tempus Veritatis é embasada pelos depoimentos de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, que revelou às autoridades o plano de golpe de Estado em delação premiada.

Cid contou que Bolsonaro e seus aliados discutiram a possibilidade de um “Estado de Defesa” na sede do Tribunal Superior Eleitoral para contestar o resultado das eleições de 2022. Segundo a PF, todos os alvos estariam envolvidos na confecção do documento.

Segundo a Polícia Federal, o grupo de alvos desta quinta se dividiu em “núcleos de atuação para disseminar a ocorrência de fraude nas Eleições Presidenciais de 2022, antes mesmo da realização do pleito, de modo a viabilizar e legitimar uma intervenção militar, em dinâmica de milícia digital”.

 

Ø  Minuta do golpe previa prisão de Moraes, Gilmar Mendes e Pacheco; Bolsonaro pediu alterações no texto

 

Uma das minutas identificadas pela Polícia Federal (PF), que teria sido preparada por pessoas ligadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em um planejamento de tentativa de golpe de estado, previa a prisão de diversas autoridades.

O documento decretava a prisão de diversas autoridades, como os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, além do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. Por fim, a minuta ainda previa a realização de novas eleições.

Segundo as diligências da PF, Bolsonaro pediu que os nomes de Pacheco e Gilmar fossem retirados do texto, mas o de Moraes deveria ser mantido.

Essa minuta é citada em decisão de Moraes que determinou buscas e apreensões em endereços de várias pessoas próximas de Bolsonaro, suspeitas de arquitetar um golpe de estado.

·        Tempus Veritatis

A PF cumpriu vários mandados de prisão e busca nesta quinta-feira (8/2), no contexto de investigação sobre suposta organização criminosa que trabalhou para uma tentativa de golpe de Estado. Um dos alvos é o ex-presidente Bolsonaro.

Também foram alvo de busca e apreensão pessoas próximas de Bolsonaro e que fizeram parte de seu governo, como o general Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI); Valdemar Costa Neto, presidente do Partido Liberal (PL); e Braga Netto e Anderson Torres, ex-ministros que chefiaram as pastas da Defesa e Justiça respectivamente.

Já entre os presos, estão Filipe Martins, ex-assessor para Assuntos Internacionais da Presidência, e coronel Marcelo Câmara, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Atualmente, Câmara era segurança de Bolsonaro contratado pelo PL.

Outros presos na operação desta quinta são o coronel do Exército Bernardo Romão e o major das Forças Especiais do Exército Rafael Martins.

No total, são cumpridos 33 mandados de busca e apreensão, quatro de prisão preventiva e 48 medidas cautelares diversas da prisão. A operação foi batizada de Tempus Veritatis.

>>>> Quem são os alvos já confirmados com fontes da PF

·        Mandados de busca e medidas cautelares

  1. Jair Messias Bolsonaro, ex-presidente da República;
  2. Valdemar Costa Neto, presidente do PL;
  3. Walter Souza Braga Netto, ex-ministro da Defesa e candidato a vice de Bolsonaro em 2022;
  4. Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI);
  5. Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e Segurança Pública;
  6. General Paulo Sérgio Nogueira, ex-comandante do Exército;
  7. Almirante Almir Garnier Santos, ex-comandante-geral da Marinha;
  8. General Estevam Cals Theóphilo Gaspar de Oliveira, ex-chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército;
  9. Tércio Arnaud Thomaz, ex-assessor de Bolsonaro e considerado um dos pilares do chamado “gabinete do ódio”;
  10. Ailton Gonçalves Moraes Barros, capitão reformado do Exército expulso após punições disciplinares;
  11. Amauri Feres Saad, advogado citado na CPI dos Atos Golpistas como “mentor intelectual” da minuta do golpe encontrada com Anderson Torres;
  12. Angelo Martins Denicoli, major da reserva do Exército que chegou a ocupar cargo de direção no Ministério da Saúde na gestão Eduardo Pazuello;
  13. Cleverson Ney Magalhães, coronel do Exército e ex-oficial do Comando de Operações Terrestres;
  14. Eder Lindsay Magalhães Balbino, empresário que teria ajudado a montar falso dossiê apontando fraude nas urnas eletrônicas;
  15. Guilherme Marques Almeida, coronel do Exército e ex-oficial do Comando de Operações Terrestres;
  16. Hélio Ferreira Lima, tenente-coronel do Exército;

·        Mandados de prisão

  1. Filipe Martins, ex-assessor especial de Bolsonaro;
  2. Marcelo Câmara, coronel do Exército citado em investigações como a dos presentes oficiais vendidos pela gestão Bolsonaro e a das supostas fraudes nos cartões de vacina da família Bolsonaro;
  3. Rafael Martins, major das Forças Especiais do Exército;
  4. Bernardo Romão Corrêa Netto, coronel do Exército.

 

Ø  Heleno comandou monitoramento de Moraes para prendê-lo, diz PF

 

A Polícia Federal apontou à Procuradoria-Geral da República e ao Supremo Tribunal Federal que o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do governo Bolsonaro, Augusto Heleno, o coronel Marcelo Costa Câmara e o ex-ajudante de ordens Mauro Cid monitoraram o ministro Alexandre de Moraes com o intuito de prendê-lo após a assinatura de um decreto de golpe de Estado.

Heleno, Câmara e Cid, segundo a PF, integraram um “núcleo de inteligência paralela”, que teria ficado responsável pela coleta de dados e informações que auxiliassem o ex-presidente na consumação do golpe.

“Os membros teriam monitorado o itinerário, o deslocamento e a localização do Ministro do Supremo Tribunal Federal e então chefe do Poder Judiciário Eleitoral, Alexandre de Moraes, e de possíveis outras autoridades da República, com o objetivo de captura e detenção, nas primeiras horas que se seguissem à assinatura do decreto de golpe de Estado”, escreveu a Moraes o procurador-geral da República, Paulo Gonet, ao referendar as medidas que levaram à Operação Tempus Veritatis, deflagrada nesta quinta (8/2).

Em uma reunião de 5 de julho de 2022, gravada e apreendida pela PF com Mauro Cid, que fechou delação premiada, Heleno também sugeriu infiltrar agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) nas campanhas eleitorais.

O então chefe do GSI teria sido interrompido durante sua fala por Bolsonaro, que teria sugerido a ele que conversassem “em particular” sobre a atuação da Abin.

Na mesma reunião, segundo a PF, Augusto Heleno disse que órgãos do governo deveriam atuar para assegurar a vitória eleitoral de Bolsonaro na eleição de outubro.

“Não vai ter revisão do VAR. Então, o que tiver que ser feito tem que ser feito antes das eleições. Se tiver que dar soco na mesa é antes das eleições. Se tiver que virar a mesa é antes das eleições”, declarou Heleno, segundo a PF.

“Eu acho que as coisas têm que ser feitas antes das eleições. E vai chegar a um ponto que nós não vamos poder mais falar. Nós vamos ter que agir. Agir contra determinadas instituições e contra determinadas pessoas. Isso pra mim é muito claro”, continuou o então ministro, conforme relato da PF

 

Ø  PL foi instrumentalizado para reforçar que urna é fraudável, diz PF

 

Investigações da Polícia Federal (PF) indicam que o Partido Liberal (PL), mesma sigla do ex-presidente Jair Bolsonaro, foi instrumentalizado “para financiar a estrutura de apoio às narrativas que alegavam supostas fraudes às urnas eletrônicas”.

De acordo com a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), essa movimentação teria legitimado “as manifestações” que ocorriam em frentes aos quartéis generais do Exército do Brasil.

O ápice dessa estratégia aconteceu em 22 de novembro de 2022, quando a coligação Pelo Bem do Brasil — formada pelo PL, Republicanos e Progressistas — apresentou uma “Representação Eleitoral para Verificação Extraordinária” ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

À época, o PL questionou resultado do segundo turno da eleição presidencial, que consagrou Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como presidente da República. O partido pediu que o TSE anulasse os votos computados pelas urnas fabricadas antes de 2020, “em que sejam comprovadas desconformidades de mau funcionamento”.

 

Fonte: CNN Brasil/Metrópoles

 

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