ONU:
Israel rejeitou 22 pedidos para entrega de ajuda no norte de Gaza
O
Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA)
revelou nesta quarta-feira (07/02) que, em janeiro, Israel rejeitou 22 pedidos
apresentados pelo órgão para abertura de pontos de inspeção em Wadi Gaza, no
centro do enclave, com o objetivo de levar ajuda humanitária às áreas do norte
do território palestino.
"Há
uma necessidade de agir rapidamente devido às filas de espera que estão no lado
de fora dos armazéns e níveis extremamente altos de necessidades humanitárias", disse a agência da ONU, em comunicado.
Dois dias
antes, o OCHA também havia denunciado que as Forças Armadas de Israel (IDF, por
sua sigla em inglês) barraram 56% das missões de ajuda humanitária que partiram
da província de Rafah, no extremo sul de Gaza, às áreas do norte de Wadi Gaza.
Segundo um
levantamento feito pela agência, desde o início do ano, a capacidade dos
trabalhos humanitários para os residentes de Gaza piorou em comparação com os
meses de outubro a dezembro de 2023.
O órgão
internacional apresentou os números: em janeiro, das 61 missões planejadas ao
norte, apenas 10 (16%) foram facilitadas pelas autoridades israelenses; duas
(3%) foram parcialmente facilitadas; 34 (56%) tiveram acesso negado; e seis
(10%) foram adiadas pelas próprias organizações humanitárias devido a
“restrições operacionais internas”.
“O acesso
de nove missões adicionais (15%) foi inicialmente facilitado, mas
posteriormente impedido, uma vez que as rotas designadas pelos militares
israelenses se revelaram intransitáveis, ou devido à imposição de atrasos
excessivos antes da partida de missões ou em postos de controle durante o
trajeto”, explicou o OCHA.
·
Autorização do
exército israelense
Em
novembro do ano passado, o território palestino foi dividido em três seções,
sendo que em cada uma delas foram instaladas postos de controle por onde a
passagem, incluindo ajuda humanitária, não é permitida sem o aval israelense.
Segundo o
OCHA, as missões humanitárias que foram autorizadas pelas IDF consistiam
principalmente na distribuição de alimentos, enquanto o apoio a hospitais e
instalações que prestam serviços básicos como de água, higiene e saneamento,
permaneceu entre os trabalhos que foram integralmente negados.
“Em alguns
momentos, os militares israelenses exigiram justificativas para as quantidades
de combustível destinadas às instalações de saúde. Em outros casos, o exército
impôs reduções no volume de assistência, como a quantidade de alimentos”,
explicou o órgão.
A agência
da ONU ainda deixou claro que toda ajuda é prestada “com base em avaliações
independentes das necessidades humanitárias e na definição de
prioridades", repudiando a interferência israelense que, em muitos dos
casos, forçou a cancelar os programas de ajuda humanitária.
Ø
Federações de 12 países pedem à FIFA para
banir Israel da Copa do Mundo
A
Federação Internacional de Futebol Associado (FIFA) revelou nesta quinta-feira
(08/02) ter recebido, dias atrás, uma petição realizada por 12 federações que
integram a entidade, defendendo o banimento de Israel das suas competições
enquanto continuarem os bombardeios e ataques militares terrestres contra a Faixa de
Gaza.
O pedido
foi apresentado por um grupo de 12 federações. O site Sky News publicou uma
lista com metade dos signatários do documento, na qual estão a federação de
futebol da Palestina – que é reconhecida pela FIFA e participa de torneios
realizados pela entidade –, além de Arábia Saudita, Jordânia, Catar, Irã e
Emirados Árabes.
O texto do
documento entregue à FIFA foi escrito pelo presidente da Federação Jordaniana
de Futebol, Ali bin Al Hussein, que também preside a Federação de Futebol da
Ásia Ocidental (WAFF).
Segundo
ele, a entidade esportiva mundial precisa ter “uma posição decisiva contra as
atrocidades cometidas na Palestina e os crimes de guerra em Gaza, condenando o
assassinato de civis inocentes, incluindo jogadores, treinadores, árbitros e
dirigentes. Também tendo em conta a destruição das infraestruturas do futebol,
como estádios e sedes de clubes. É preciso forjar uma frente unida para isolar
a Federação Israelense de Futebol de todas as atividades relacionadas com o
futebol até que estes atos de agressão terminem”.
“A crise
humanitária na Faixa de Gaza exige uma resposta inequívoca e decisiva da
comunidade global do futebol. Como membros, vinculados pelos estatutos da FIFA,
permanecemos unidos na nossa promessa de defender todos os direitos humanos
reconhecidos internacionalmente”, disse Al Hussein.
No
entanto, a entidade máxima do futebol mundial não se posicionou sobre o caso,
apenas mencionou a existência do pedido. Caso ele seja acatado, as seleções de
Israel seriam automaticamente excluídas de todas as grandes competições
mundiais de futebol.
Nesse
hipotético cenário, Israel não poderia disputar as Eliminatórias para a próxima
Copa do Mundo masculina – o que, portanto, também impediria o país de chegar à
fase final do torneio que acontecerá nos Estados Unidos, México e Canadá, em
2026.
Essa,
aliás, é a mesma punição que a FIFA aplicou à Rússia, logo após o início do
conflito com a Ucrânia, em 2022, após pedido da União Europeia de Futebol
Associado (UEFA) e da federação dos Estados Unidos.
O
banimento da Rússia agora serve de precedente à iniciativa contra Israel. No
documento apresentado à FIFA, os 12 países que realizam o pedido argumentam que
aplicar à Tel Aviv a mesma sanção seria “o mais coerente a se fazer”, e dão a
entender que a entidade esportiva ficaria marcada negativamente se decide tomar
duas posturas diferentes com relações a esses dois casos.
·
Segundo pedido de sanção esportiva contra
Israel
Este é o
segundo pedido em favor da exclusão de Israel de grandes competições
esportivas.
Em janeiro
deste ano, a Conferência de Emergência pela Palestina, realizada em Londres, propôs uma série de sanções visando forçar Tel Aviv não só a
encerrar suas operações militares na Faixa de Gaza como também a colocar fim ao
regime de apartheid contra a população palestina e a aceitar a criação de um
Estado Palestino soberano.
Entre as
sanções solicitadas no documento final está o banimento de Israel da FIFA e do
Comitê Olímpico Internacional (COI) – esta segunda ação resultaria exclusão de
atletas israelenses dos Jogos Olímpicos que serão realizados este ano, em
Paris.
·
Resposta de Israel
O diretor
executivo da Federação Israelense de Futebol, Niv Goldstein, deu declarações
nesta mesma quinta-feira, repudiando o que classificou como “envolvimento de
questões políticas em temas que devem ser meramente esportivos”.
“Estamos
nos concentrando apenas nas questões do futebol. Nosso sonho é alcançar a
classificação para a Eurocopa de 2024, e estou ansioso pela paz global”, disse
dirigente israelense, que afirmou estar tranquilo com relação a participação da
seleção de seu país em torneios da FIFA e da UEFA nos próximos anos.
Ø
Egito teme que milhares de palestinos
possam invadir sua fronteira quando operação de Israel começar em Rafah
O governo
egípcio está preocupado com a possibilidade de um movimento em massa de habitantes
de Gaza em direção ao seu território, depois que Israel anunciou a expansão de suas operações militares no sul do enclave palestino, disse um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores
do Egito nesta quinta-feira. Segundo ele, a
situação na cidade de Rafah, para onde as tropas israelenses estão se
dirigindo, é “insuportável e catastrófica”.
— A
continuidade dos ataques israelenses em áreas densamente povoadas criará uma
realidade inabitável. O cenário de deslocamento em massa é uma possibilidade. A
posição egípcia sobre isso tem sido muito clara e direta: somos contra essa
política e não a permitiremos — declarou Ahmed Abu Zeid em uma entrevista ao
canal de notícias egípcio al-Ghad.
Nas
últimas semanas, imagens que circularam nas mídias sociais mostraram o Egito
aparentemente fortificando suas defesas na fronteira com Gaza, utilizando arame
farpado e construindo novos muros, segundo informações do jornal israelense
Times of Israel.
Antes da
guerra, Rafah abrigava cerca de 250 mil pessoas. Hoje, mais da metade dos 2,3
milhões de habitantes de Gaza estão na região, em meio a uma crise humanitária
em espiral — estima-se que haja um chuveiro para cada 2 mil palestinos e um banheiro para cada 500 pessoas na cidade.
O
primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ordenou nesta quinta-feira
que os militares se preparassem para entrar em Rafah, um dia após rejeitar a
contraproposta do Hamas para um cessar-fogo, chamando as exigências do grupo
terrorista de “bizarras” e “delirantes.
O chefe
das Nações Unidas, António Guterres, alertou na quarta-feira que uma investida
militar israelense na cidade "aumentaria exponencialmente o que já é um
pesadelo humanitário".
— À medida
que a guerra avança em Rafah, fico extremamente preocupado com a segurança e o
bem-estar das famílias que suportaram o impensável em busca de segurança —
disse o chefe humanitário da ONU, Martin Griffiths. — Suas condições de vida
são abismais. Eles não têm as necessidades básicas para sobreviver, perseguidos
pela fome, doenças e morte.
O
secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, que está em Israel, não chegou a
pedir ao governo de Netanyahu que não avançasse sobre a cidade, mas expressou
preocupação.
—
[Qualquer] operação militar que Israel empreenda precisa colocar os civis em
primeiro lugar — afirmou.
Blinken
também insistiu que ainda via "espaço para alcançar um acordo" de
trégua e libertação de reféns. Uma nova rodada de negociações, que está acontecendo no Cairo, nesta
quinta-feira.
A guerra
em Gaza foi desencadeada pelo ataque sem precedentes do Hamas a Israel em 7 de
outubro, que resultou na morte de cerca de 1.160 pessoas, a maioria civis, de
acordo com uma contagem da AFP baseada em números oficiais israelenses.
Israel
prometeu eliminar o Hamas e lançou ataques aéreos e uma ofensiva terrestre que
mataram pelo menos 27.840 pessoas, a maioria mulheres e crianças, de acordo com
o Ministério da Saúde de Gaza.
Os
militantes também capturaram cerca de 250 reféns em 7 de outubro. Israel afirma
que 136 permanecem em Gaza, dos quais acredita-se que 32 tenham morrido.
O destino
dos reféns tem dominado a sociedade israelense e, embora Netanyahu tenha
insistido repetidamente que a pressão militar é a única maneira de trazê-los de
volta para casa, o premier tem enfrentado apelos cada vez maiores para fazer um
acordo.
Israel
acredita que a liderança do Hamas está escondida nas profundezas da vasta rede
de túneis que o grupo terrorista construiu sob a Faixa de Gaza, que,
segundo autoridades militares, se estende por centenas de quilômetros.
O ministro
da Defesa, Yoav Gallant, prometeu na semana passada que as Forças Armadas
israelenses alcançarão e desmantelarão a Brigada Rafah do Hamas, da mesma forma
que estão trabalhando atualmente para fazer com os batalhões do Hamas na área
de Khan Younis.
Fonte:
Opera Mundi/Sky News/AFP
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