sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024

IMPUNIDADE: Bolsonaro ou Lira, quem tem mais acusações de crimes no Brasil?

Páreo duro. Jogo difícil, embora o ex-presidente Bolsonaro tenha longa carreira de acusações contra si, como as rachadinhas, a Wal do Açaí, o crime de pesca em área protegida (que ele reverteu, mas voltou a valer), além de todos os outros que teriam sido cometidos durante seu período na presidência.

As acusações contra Arthur Lira começam de sua ex-mulher, Jullyene Lins, que o acusa de tê-la agredido, estuprado e feito alienação parental dos filhos, além de comandar esquema de corrupção em Alagoas. Sem contar vários documentos atestados em Cartório que ela diz provarem que Lira sonegou bens à Receita Federal e ao TSE, o que acarretaria, de inicio, cassação de seu mandato.

A Revista Pública fez longa reportagem e o site De Olho nos Ruralistas um dossiê que confirmariam as acusações da ex-esposa de Lira. O único resultado das reportagens foi a censura de ambas, a pedido da defesa de Lira, embora a censura esteja oficialmente extinta no Brasil.

No entanto, os dois continuam por aí, como se as acusações se referissem a outro Bolsonaro e outro Lira, não aos dois.

O ex-presidente, agora sem a caneta do poder, na frente de padaria acenando para os poucos carros que passam, como boneco de posto, e lançando produtos como curso e até um calendário, segundo alguns como forma de esquentar dinheiro.

Lira, ainda presidente da Câmara, segue ameaçando o governo, querendo comandar o orçamento do país. Encosta o governo na parede, se recusa a ir a cerimônias oficiais, ameaça ministros, como se ele fosse o escolhido com seus pouco mais de 200 mil votos para governar o país e não o presidente Lula com seus mais de 60 milhões de votos.

Deve muito disso à incompetência com que foi conduzida a investigação do caso de corrupção escancarada do kit robótica em Alagoas, que acabou tendo todas as provas anuladas pelo ministro Gilmar Mendes, atendendo orientação da PGR de Aras, a pedido da defesa de Lira.

As provas foram anuladas, mas os crimes não. Se eles existem — e parecem abundantes no caso do kit robótica — que as investigações sejam feitas agora por quem tem competência para isso, a Polícia Federal. O que não pode é ficar impune.

O caso das fazendas que teriam sido sonegadas também. Os documentos da senhora Jullyene Lins são verdadeiros? Houve sonegação de Lira à Receita e ao TSE?

O que estão esperando? Uma nova crise institucional? É esse o objetivo? Emparedar novamente um governo popular para voltar ao reino do mercado patrão, da continência à bandeira dos Estados Unidos?

·        'Chantagista-geral da República', diz Glauber Braga sobre Arthur Lira

O deputado federal Glauber Braga (Psol-RJ) fez fortes críticas ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), durante entrevista à TV 247. Ele afirma que Lira, apesar de ser extremamente eficaz em conduzir uma agenda 'pró-mercado', começa a sofrer pressão de seus próprios colegas diante das ameaças do parlamentar.

Segundo Braga, Lira não 'aguentaria' se a mídia exercesse mais pressão sobre sua atuação. 'Lira não resistiria a uma semana intensa de Jornal Nacional. É mais sofisticado que o Cunha. Ele sabe conquistar os parlamentares através do antigo orçamento secreto. A articulação dele também é para fora, garantindo que determinados setores o apoiem. O Lira foi mais eficaz do que seus antecessores para entregar resultados ao sistema financeiro. Agora ele ameaça o tempo inteiro com reforma administrativa', disse Braga.

'Ele não esconde sua proximidade com os banqueiros. Ele é um agente de mercado sentado na presidência da Câmara. Ele se utiliza da cadeira de presidente da Câmara para fazer ameaças e ser o chantagista-geral da República. Temos que enquadrar o Lira. Pela primeira vez estou sentido os deputados fazendo críticas públicas ao Lira, o que não acontecia em 2023, quando ele nadou de braçadas', acrescentou.

Na abertura do ano legislativo, na segunda-feira (5), Lira disparou ameaças ao Executivo, comandado pelo presidente Lula, cobrando 'respeito'. O presidente da Câmara disse ainda que a desoneração da folha de pagamento e outras "conquistas" do Congresso Nacional não podem ser alteradas.

 

Ø  Noblat: Lira, o político mais rejeitado pelos brasileiros e Moro vem logo depois

 

Sabe quem é o político mais rejeitado do Brasil, segundo a mais recente pesquisa de opinião pública do instituto Atlas Intel, divulgada ontem, e que entrevistou 7.405 brasileiros entre os últimos dias 28 e 31 de janeiro? A margem de erro da pesquisa é de um ponto percentual para mais ou para menos.

E o segundo político mais rejeitado, sabe quem é? Na véspera do segundo turno da eleição presidencial de 2022, e considerando apenas os votos válidos, descontados os brancos e nulos, a Atlas Intel cravou que Lula derrotaria Bolsonaro por 53,2% a 46,8%. Abertas as urnas, Lula venceu Bolsonaro por apenas 50,9% a 49,1%. Um sufoco.

De volta à nova pesquisa da Atlas Intel que procurou saber um monte de coisas – entre elas, quais são os políticos mais rejeitados. Não se apresse em citar Bolsonaro e Lula. Bolsonaro é o quarto mais rejeitado (51%) numa lista de dezessete, e Lula (45%), o décimo. Depois de Bolsonaro vem Janja (49%), e em seguida Michelle (48%).

Os dois políticos mais rejeitados pelos brasileiros são: em segundo lugar, Artur Lira (62%), presidente da Câmara dos Deputados. E isolado na liderança, três pontos percentuais à frente de Lira, vem… (Pausa para suspense.) Vem Sergio Moro, senador pelo Paraná, o ex-chefão de triste memória da Lava-Jato, que corre o risco de ser cassado.

A imagem negativa de Moro cresceu 20 pontos percentuais desde a pesquisa anterior do instituto, aplicada em novembro do ano passado. Agora, apenas 22% dos entrevistados avaliam Moro positivamente. Uma pena, não é mesmo (conteúdo com ironia)? O político menos rejeitado é o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (34%).

(Alô, alô, Tarcísio, comemore, mas não se assanhe. Ouça Gilberto Kassab, presidente do PSD, seu secretário, que conhece o humor dos paulistas melhor do que você, que é carioca e um estranho no ninho. Para os paulistas, o Estado interessa mais do que o país. Candidate-se à reeleição em 2026 e espere chegar 2030. Você tem idade para isso.)

Lira não precisa de conselhos. É, como se diz, uma peça velha e com larga experiência na política. Se acha que deve trombar com o governo federal para fazer seu sucessor na Câmara e eleger-se senador, que trombe, ora. Só não deve esquecer que está trombando com uma peça muito mais velha e experiente, que já viu tudo e passou por tudo.

Não se arrependa depois, porque será tarde. Devagarinho, a popularidade de Lula aumenta, a crer-se na pesquisa Atlas Intel e em outras pesquisas semelhantes. O Congresso nunca foi tão forte como é hoje, e deve muito a Lira por isso. Mas o mandato de Lira de presidente da Câmara acaba daqui a um ano, e o de Lula em 2026.

Lula é um encantador de serpentes quando quer agradar alguém, mas contra adversários arrogantes e metidos a sabichões costuma ser mau que nem um pica-pau. Pica-pau é pouco. Pior é uma jararaca, e Lula já se apresentou como ao ser levado coercitivamente para depor à Polícia Federal em março de 2016.

Em visita ao Rio de Janeiro, Lula ouviu uma declaração de amor do governador bolsonarista Cláudio Castro:

“O cara fala que vai fazer o maior investimento da história do meu estado. Não vou aplaudir esse cara?”.

 

Ø  Legislativo não pode ser carimbador nem chantagista – Por Chico Alencar

 

Há um ano, tive a honra de representar o PSOL/Rede na disputa da presidência da Câmara dos Deputados, enfrentando o deputado Arthur Lira (PP-AL). Na época, alertamos o governo: "Quanto mais votos Lira receber, mais poder de barganha terá. Vocês vão ter que lidar com a chantagem permanente do Centrão". Não adiantou. Lira teve apoio do PT e foi eleito de maneira quase unânime – contra o nosso voto, é claro.

Infelizmente, o que se viu ao longo de 2023 demonstra que a nossa previsão estava correta. O discurso do presidente da Câmara na primeira sessão deste ano do Congresso Nacional, que marca a retomada dos trabalhos legislativos, é mais um capítulo numa relação de chantagem permanente com o Poder Executivo.

Essa postura é ruim para o país. Estamos lidando com verbas públicas. Portanto, a primazia tem que ser das políticas públicas, não dos interesses paroquiais. O Legislativo tem que ser crítico e propositivo. Fiscalizador e, quando em jogo o interesse público, colaborativo.

Não queremos um Parlamento "redutor" e "fragmentador" de políticas públicas. Que apequene o Orçamento com 50 bilhões de reais em emendas paroquiais, meramente localistas, para "fidelizar" currais eleitorais.

Nossa Câmara Federal tem um dos maiores percentuais do mundo destinado às emendas dos deputados. Um exagero desmedido, que aumenta a cada ano.

Não defendemos um parlamento “carimbador” das decisões do Executivo, mesmo que sejamos base do governo, mas também não podemos ter um Legislativo que faça o Executivo de refém! Ou que o Orçamento da União fique manietado por emendas individuais.

Não podemos ter um Legislativo fisiológico, que troque votos por cargos no Executivo ou pelo pagamento das tais emendas individuais.

O toma-lá-dá-cá é o intestino grosso da pequena política.

 

Fonte: Fórum/Brasil 247/Metrópoles

 

Nenhum comentário: