quinta-feira, 3 de outubro de 2024

Corredor iniciante? Saiba como não cometer erros ao fazer o esporte

Nos últimos anos, a corrida de rua se tornou uma das atividades físicas mais populares entre os brasileiros. A simplicidade de calçar um par de tênis e sair para correr, seja ao ar livre ou em uma esteira, atrai iniciantes que buscam melhorar o condicionamento físico.

No entanto, o entusiasmo inicial pode levar a lesões, principalmente quando o corpo não está preparado para a demanda da corrida.

Especialistas apontam que muitos corredores amadores cometem erros como aumentar a quilometragem de forma abrupta, usar calçados inadequados ou até descuidar da alimentação.

Para evitar lesões e garantir um progresso saudável, é fundamental seguir algumas orientações, especialmente para quem está começando. Profissionais recomendam sempre respeitar os limites do corpo e evoluir gradualmente.

Além de um planejamento adequado, é importante lembrar que pessoas acima do peso também podem se beneficiar da corrida, desde que adotem certos cuidados para prevenir problemas articulares.

•        Lesões mais comuns entre iniciantes

Segundo Robson Bazilio, especialista em fisioterapia esportiva, as lesões mais frequentes entre corredores iniciantes incluem:

•        canelite (síndrome do estresse tibial medial);

•        fascite plantar;

•        fraturas por estresse no calcâneo;

•        lesões musculares; e

•        problemas relacionados à banda iliotibial e ao quadril, como o impacto femoroacetabular.

“Essas lesões são, geralmente, causadas pelo aumento desordenado do volume de treino, quando o corpo ainda não está adaptado para suportar a carga”, alerta Bazilio.

Para minimizar esses riscos, ele recomenda a realização de uma avaliação biomecânica funcional antes de começar a correr. “Esse exame ajuda a identificar desequilíbrios musculares e articulares, permitindo ao profissional ajustar o treino de forma personalizada”, explica.

•        Cuidados especiais para pessoas acima do peso

Quando se trata de pessoas acima do peso, Bazilio afirma que não há contraindicações para a corrida, mas alguns cuidados são essenciais. “É possível correr com segurança, mas o aumento do volume de treino deve ser gradual para evitar sobrecarga nas articulações, músculos e tendões. Respeitar o tempo de adaptação do corpo é fundamental”, orienta.

George Wallyson, educador físico e professor do curso de educação física do UniFavip Wyden, destaca a importância do fortalecimento muscular como parte da rotina de treinamento. “Um bom trabalho de musculação estabiliza as articulações e melhora a postura durante a corrida, diminuindo o risco de lesões”, afirma.

O educador também alerta para a escolha correta do calçado. “O tênis precisa ter bom amortecimento para absorver o impacto, especialmente em superfícies duras como asfalto e concreto. Já tênis com placa de carbono, muito usados por corredores avançados, não são recomendados para iniciantes, pois podem sobrecarregar o tornozelo”, ressalta.

•        Evitando os erros mais comuns

Entre os erros mais frequentes dos novos corredores está a empolgação excessiva. Muitos iniciantes acabam aumentando a quilometragem ou a intensidade dos treinos de forma acelerada. “Não é porque você correu 5 km hoje que pode tentar uma meia maratona amanhã”, ressalta Bazilio.

O ideal, segundo ele, é seguir um plano progressivo de treinos para evitar o excesso de carga, respeitando o tempo de recuperação do corpo.

Outro ponto essencial é a escolha da superfície de corrida. “Correr em áreas acidentadas, com buracos ou calçadas irregulares, aumenta muito o risco de lesões. O tênis pode ajudar, mas o terreno também precisa ser considerado”, reforça Wallyson.

>>>> Dicas práticas para começar a correr com segurança

•        Procure orientação profissional

Antes de começar, consulte um educador físico para avaliar suas condições físicas e receber orientações sobre carga e volume de treinos.

•        Faça um fortalecimento muscular

Treinos de musculação ajudam a estabilizar articulações e melhorar a postura durante a corrida.

•        Escolha o tênis adequado

Opte por calçados leves, com bom amortecimento. Evite tênis com placa de carbono se você é iniciante.

•        Corra em superfícies adequadas

Prefira terrenos planos e regulares, evitando áreas com buracos ou calçadas irregulares.

•        Aqueça-se adequadamente

Inclua exercícios de mobilidade e educativos de corrida no seu aquecimento, ao invés de alongamentos estáticos.

•        Respeite seus limites

Aumente a quilometragem de forma gradual e evite comparações com corredores mais experientes. Seu corpo precisa de tempo para se adaptar.

 

•        Quase metade dos praticantes de beach tennis já sofreu alguma lesão

Em meio a tantas modalidades esportivas, o beach tennis é uma das que têm ganhado cada vez mais adeptos pelo Brasil. E nem é preciso morar na praia para praticá-lo, já que o número de quadras com chão de areia que oferecem o esporte tem aumentado em diversas cidades.

Mas, ao decidir se exercitar, é preciso tomar cuidado: quase metade (48,8%) dos praticantes do esporte já sofreu alguma lesão ortopédica. A constatação é de um estudo realizado na Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e publicado em julho na Revista Brasileira de Ortopedia.

Para chegar aos resultados, os pesquisadores aplicaram um questionário a 160 praticantes regulares de beach tennis, com média de idade de 40 anos, em duas cidades paulistas: São Paulo e São Caetano do Sul. No primeiro momento, foram coletados dados como idade, sexo, altura, peso, Índice de Massa Corporal (IMC) e lado dominante do atleta.

Na segunda etapa, os pesquisadores investigaram o tempo de prática (em meses, dias e horas por semana), a participação em competições, a categoria, a experiência com outros esportes e o uso de backhand com as duas mãos (nesse movimento, a pessoa golpeia a bola enquanto segura a raquete com as costas da mão dominante voltada para a rede).

Por último, coletaram informações relacionadas à presença de lesões e em qual segmento elas se apresentavam: coluna, membros superiores ou inferiores. Os resultados apontam que 30% das lesões se deram em membros inferiores (pés, joelhos e pernas), 11,3% na coluna e 25% nos membros superiores. A incidência foi maior entre os mais velhos.

O estudo constatou ainda que boa parte dos praticantes (44,4%) era iniciante e menos de 10% foram classificados na categoria profissional. Além disso, 46,3% praticavam o esporte havia cerca de um ano e quase um terço treinava de duas a quatro horas por semana. Muitos (56,9%) já praticavam esportes com raquete anteriormente, e 52,5% não faziam outras modalidades concomitantes.

O beach tennis é uma mistura de tênis tradicional, vôlei de praia e badminton. A Confederação Brasileira de Beach Tennis estima que haja cerca de 300 mil praticantes no país – com grande crescimento após a pandemia de Covid-19, quando o esporte se popularizou, já que era recomendado fazer atividades físicas ao ar livre.

“O beach tennis é um esporte que cresce muito no país e atendemos no consultório um número crescente de pacientes com dores relacionadas à prática”, relata o cirurgião Antônio Carlos da Costa, professor da Santa Casa de São Paulo e principal autor do estudo, além de praticante de beach tennis.

Segundo ele, ainda há poucos estudos sobre a modalidade na literatura científica. “Utilizamos conceitos muito bem estudados do tênis, do squash e de outros esportes de raquete, mas sabemos que há muita diferença entre eles, especialmente porque os esportes de quadra e de areia diferem na superfície. Por isso decidimos fazer esse estudo brasileiro”, conta.

<><> Areia é um problema

O alto número de lesões, especialmente aquelas nos membros inferiores (joelhos e tornozelos), se deve ao fato de o beach tennis ser um esporte dinâmico. O atleta precisa se locomover rapidamente na areia fofa, exigindo muito esforço.

“Essas lesões são mais comuns em esportes de areia justamente pela instabilidade do terreno. A areia é muito instável, afunda, e como o atleta joga descalço, sem nenhum equipamento de proteção nos pés, os membros inferiores ficam mais vulneráveis a entorses e sobrecarga nos quadris”, alerta o ortopedista e cirurgião de mão Henrique Bufáiçal, do Serviço de Ortopedia do Hospital Israelita Albert Einstein de Goiânia. No tênis de quadra, ao contrário, o atleta usa um calçado apropriado, joga numa superfície lisa e plana, o que possibilita outro tipo de aderência e performance.

Segundo Costa, lesões ocorrem em todos os esportes. “Atividade física é saúde, esporte é lesão”, crava o médico. Na visão dele, mesmo o beach tennis não sendo das modalidades mais perigosas, é cada vez mais comum ver pessoas que nunca haviam praticado esporte com raquete jogando muitas horas por dia, às vezes sete dias por semana – o que aumenta o risco de lesões e causa vícios de execução difíceis de ser corrigidos.

“Todo esporte tem uma técnica adequada, e praticando de acordo com a técnica, certamente o atleta terá menos lesões. Se a pessoa joga por conta própria ou aprende de forma errada, principalmente depois de uma certa idade, é muito mais difícil corrigir vícios adquiridos”, avalia o cirurgião e docente da Santa Casa.

<><> Quantas horas é aconselhável jogar?

Não há um número máximo de horas recomendado para a prática de beach tennis. Segundo Costa, a sugestão é não ultrapassar duas horas por dia e descansar pelo menos dois dias por semana. Se não houver lesão, esse tempo pode ser aumentado aos poucos; na presença de lesão, o ideal é diminuir as horas de prática. “Também recomendamos alternar o beach tennis com outras atividades, como musculação, corrida, entre outras”, orienta o pesquisador.

Para quem vai começar a se aventurar na prática, a sugestão é adquirir uma boa raquete, adequada à estrutura física da pessoa, e procurar um professor qualificado que ensinará a técnica sem vícios. Também é importante respeitar os limites do corpo. “No primeiro sinal de que algo está errado, procure um médico especialista”, adverte Costa.

Para Bufáiçal, os resultados desse trabalho mostram de forma pioneira achados que poderão ajudar a nortear o tratamento e talvez até futuros preparos de protocolo de treinamento dos atletas, para que eles evitem essa quantidade de lesões. “O beach tennis é um esporte que agrega de criança a pessoas de idade. Temos uma população crescente de amadores, o que faz com que as lesões sejam mais comuns. Por isso é tão importante termos dados nacionais”, afirma.

 

Fonte: CNN Brasil

 

Nenhum comentário: