A invasão de Israel ao Líbano em 1982 que
deu origem ao Hezbollah
O início da incursão terrestre
de Israel contra o Hezbollah no Líbano na madrugada desta terça-feira (1/10)
fez com que muitos resgatassem o histórico de ataques e invasões no país nas
últimas décadas.
Em particular,
historiadores e analistas têm olhado para a ocupação por Israel no início da
década de 1980 como um momento importante para explicar o nascimento da
organização que é alvo da operação israelense de 2024.
O surgimento do
Hezbollah é associado às incursões israelenses no Líbano em 1978 e 1982, quando
em meio a uma guerra civil um grupo de muçulmanos xiitas influenciados pelo Irã
pegou em armas para deter a ocupação.
O governo iraniano e a
Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC, na sigla em inglês) do Irã forneceram
financiamento e treinamento à milícia emergente, que passou a adotar o nome
Hezbollah, "partido de Deus" em árabe.
Após a retirada de
Israel em 2000, o Hezbollah resistiu à pressão para se desarmar e continuou a
se fortalecer, tornando-se a força militar mais poderosa da nação árabe.
O grupo também ganhou
gradualmente influência no sistema político do Líbano e tem hoje poder de veto
no Executivo do país.
• Guerra civil libanesa
O pano de fundo do
surgimento do Hezbollah e da ocupação israelense foi a guerra civil, que
eclodiu em 1975 em meio a conflitos étnico-religiosos que ocorriam desde que a
região estava sob controle do Império Otomano (séculos XIV-XX).
Mas muitos
especialistas apontam o descontentamento latente em relação à grande presença
armada palestina no sul país como o grande fator determinante na deflagração do
conflito interno.
A ocupação israelense
sobre a quase totalidade do território palestino obrigou um imenso contingente
populacional a buscar refúgio nos países vizinhos. Milhares de palestinos
migraram para o sul do Líbano, onde passaram a viver em situação precária.
No contexto dos
conflitos entre árabes e israelenses pela posse do território palestino, a
Organização para a Libertação da Palestina (OLP), liderada por Yasser Arafat,
se instalou no sul do Líbano.
Os ataques palestinos
e Israel se intensificaram durante a década de 1970, com disputas na fronteira
e ataques militares israelenses contra alvos no Líbano.
As várias facções que
compunham a OLP naquele momento foram responsáveis por diversos ataques
terroristas contra alvos israelenses e outros ao redor do mundo, entre eles o
atentado que deixou 17 mortos durante as Olimpíadas de Munique em 1972.
Ao mesmo tempo,
divisões sectárias, pré-existentes ao Estado libanês, acentuavam os conflitos.
Para tentar equilibrar
as divisões internas entre sunitas, xiitas, drusos e cristãos, o Pacto Nacional
de 1943 distribuiu o poder público entre as diferentes comunidades religiosas.
De forma geral, a
Presidência do país fica com cristãos maronitas, o primeiro-ministro é
tradicionalmente um muçulmano sunita e a Presidência da Câmara dos Deputados é
reservada a um muçulmano xiita.
Mas, segundo explica
Haugbolle Sune, professor na Universidade Roskilde e autor de livros e artigos
sobre a guerra civil no Líbano, questionamentos ao sistema e as disputas de
privilégios e espaços políticos entre os grupos fomentaram a escalada do conflito
armado.
Há um consenso entre
os historiadores de que a guerra eclodiu como resultado de um período de
crescente divisão entre os libaneses que apoiavam o "direito da
resistência palestina de lançar ações contra Israel a partir do solo libanês e
aqueles que se opunham a isso", escreveu Sune em um artigo de 2011 sobre o
tema.
"Essa divisão se
misturou a outros pontos de discordância, principalmente se o sistema de
compartilhamento de poder em vigor desde o Pacto Nacional de 1943 era
sustentável ou precisava de uma reforma radical, e se o Líbano deveria orientar
suas alianças internacionais em direção ao mundo árabe e à União Soviética ou
em direção ao Ocidente e seus aliados locais."
• As incursões israelenses
Em meio aos conflitos
internos, as forças israelenses invadiram o sul do Líbano em 1978, e novamente
em 1982, para expulsar os guerrilheiros palestinos que usavam a região como
base para atacar Israel.
Após a primeira
incursão, as forças israelenses conseguiram estabelecer uma zona de ocupação
estreita que ia até o rio Litani, que corre pela região do Vale do Bekaa e
outras áreas do sul libanês.
Naquele momento, o
governo de Israel afirmou que a invasão era uma resposta a um ataque de um
grupo palestino que sequestrou e matou 38 israelenses em uma estrada na região
costeira israelense.
Em resposta, o
Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou a Resolução 425, que pedia a
retirada imediata das forças israelenses. Também estabeleceu a Força Interina
da ONU no Líbano (Unifil), que opera até hoje.
Na época, os
israelenses armaram e financiaram o Exército do Sul do Líbano (SLA), composto
por cristãos libaneses. Grupos palestinos, enquanto isso, eram apoiados pela
Síria.
Os atentados ligados à
OLP continuaram nos anos seguintes, ainda que com menos intensidade e
mortalidade do que alguns dos praticados durante a década de 1970.
Em junho de 1982, um
ataque no centro de Londres conduzido por dois jordanianos e um iraquiano
ligados ao extremista palestino Abu Nidal quase matou o embaixador de Israel no
Reino Unido, Shlomo Argov.
Os então
primeiro-ministro e ministro da Defesa israelenses, Menachem Begin e Ariel
Sharon, retaliaram com a chamada Operação Paz para a Galileia.
E em 6 de junho de
1982, Israel invadiu o Líbano pela segunda vez, dessa vez em uma incursão de
maior escala, que chegou até Beirute.
A operação militar é
hoje descrita por alguns especialistas como a mais desastrosa da história de
Israel e apelidada de "Vietnã israelense", em alusão à invasão dos
EUA ao país asiático.
Em meio à incursão, as
forças israelenses sitiaram por sete semanas a parte ocidental da capital
libanesa, onde a OLP mantinha sua sede, cortando comida, água e energia.
Os EUA, cada vez mais críticos
aos ataques israelenses a alvos civis, intermediaram um acordo a partir do qual
os líderes da OLP e cerca de 14 mil combatentes deixaram o Líbano para a
Tunísia em agosto e setembro de 1982.
Mas a situação ficou
mais crítica depois que o recém-eleito presidente do Líbano e aliado de Israel,
Bashir Gemayel, foi assassinado em um atentado com uma bomba em Beirute.
Logo após o anúncio da
morte de Gemayel, Begin e Sharon decidiram invadir Beirute Ocidental e pouco
mais de 24 horas depois anunciaram a tomada militar da cidade.
Foi nesse momento que
também ocorreu o que é considerado o episódio de maior atrocidade dos 15 anos
de guerra civil no Líbano: os massacres nos campos de refugiados de Sabra e
Shatila, que deixaram um número estimado 800 e 3,5 mil mortos.
Os assassinatos foram
cometidos por combatentes da milícia das Forças Libanesas (LF, na sigla em
inglês), ligada ao grupo cristão Falange, em um ato de vingança pela morte do
presidente Bashir Gemayel, que também era líder das LF.
O Exército israelense
foi acusado de ajudar a milícia durante o massacre - ou pelo menos de não
intervir para evitar as mortes.
Ariel Sharon renunciou
ao cargo de ministro da Defesa diante de fortes críticas - ele foi eleito
primeiro-ministro posteriormente, em fevereiro de 2001.
Um inquérito judicial
israelense sobre o massacre, publicado em fevereiro de 1983, condenou o papel
do governo Begin no caso e rejeitou o argumento de que Israel não poderia ser
responsabilizado diretamente.
Após as mortes nos
campos de Sabra e Shatila, o governo israelense se viu sob forte pressão dos
governos dos EUA e da Europa e da opinião pública interna. Israel então retirou
suas forças de Beirute, antes de uma retirada final em 2000.
• Como surgiu o Hezbollah?
A saída israelense
deixou um governo libanês fraco e instável, incapaz de impedir que a Síria
apertasse seu controle sobre o país, ou que o Hezbollah, com apoio iraniano, se
estabelecesse no sul.
As origens precisas do
grupo são difíceis de identificar, mas seus precursores surgiram ainda durante
a ocupação, quando muçulmanos xiitas, influenciados pelo governo teocrático do
Irã, passaram a combater as forças israelenses.
Essas lideranças
romperam com o Movimento Amal, um grupo político que se tornou uma das mais
importantes milícias muçulmanas xiitas durante a guerra civil libanesa, e
formaram um movimento que foi denominado Amal Islâmico.
Vendo uma oportunidade
de expandir a sua influência nos estados árabes, o Irã decidiu financiar e
treinar a milícia emergente.
Pouco depois, essa
organização aliou-se a outros grupos e criou o Hezbollah.
O grupo anunciou
oficialmente a sua criação em 1985, publicando uma "carta aberta" que
identificava os Estados Unidos e a antiga União Soviética (URSS) como os
principais inimigos do Islã.
No polêmico manifesto,
o Hezbollah também levantou a destruição de Israel como um objetivo
fundamental.
"É o inimigo
odiado que temos de combater até que os odiados consigam o que merecem",
diz o texto.
"Este inimigo é o
maior perigo para as nossas gerações futuras e para o destino das nossas
terras, especialmente porque glorifica as ideias de colonização e expansão,
iniciadas na Palestina."
O governo dos EUA
culpa o grupo por orquestrar os atentados à embaixada dos EUA e ao quartel da
Marinha americana em Beirute, em 1983, que juntos deixaram 258 americanos e 58
militares franceses mortos e levaram à retirada das forças de manutenção da paz
ocidentais.
Após o Exército sírio
ter imposto a paz no Líbano em 1990, pondo fim à guerra civil, o Hezbollah
continuou a sua guerra de guerrilha no sul do país.
Mas, gradualmente,
também começou a desempenhar um papel ativo na política libanesa.
Em 1992, participou
pela primeira vez nas eleições nacionais, obtendo mais assentos do que qualquer
outro partido.
A organização emitiu
um novo manifesto político em 2009, após conquistar 10 assentos no Parlamento,
para destacar a "visão política" do grupo.
O Hezbollah retirou do
manifesto de 1985 a referência à necessidade de criação de uma república
islâmica, mas manteve sua linha dura contra Israel e os Estados Unidos e
insistiu que precisava manter suas armas.
Antes do atual
conflito, o grupo militante libanês havia entrado em confronto direto pela
última vez com Israel em 2006. Naquele ano, militantes do Hezbollah lançaram um
ataque transfronteiriço no qual oito soldados israelenses foram mortos e outros
dois raptados.
O Hezbollah exigiu a
libertação dos prisioneiros libaneses em troca de soldados israelenses. Mas a
resposta de Israel ao ataque foi rápida e firme.
Aviões de guerra israelenses
bombardearam redutos do Hezbollah no sul do Líbano e nos subúrbios ao sul de
Beirute, enquanto o Hezbollah disparou cerca de 4 mil foguetes contra Israel.
Mais de 1.125
libaneses, a maioria deles civis, morreram durante os 34 dias de conflito, bem
como 119 soldados israelenses e 45 civis.
Desde então, o
Hezbollah aprimorou e expandiu o seu arsenal, recrutando dezenas de novos
combatentes.
• A impotência do Líbano diante do
conflito Israel-Hezbollah
O grupo militante
palestino Hamas disse que um ataque aéreo israelense nesta segunda-feira
(30/09) matou seu líder no Líbano, na cidade de Tyre, e outra organização
palestina informou que três de seus líderes foram mortos em um ataque no centro
de Beirute – o primeiro desse tipo dentro dos limites da capital desde o início
do conflito, em outubro passado.
As mortes foram as
mais recentes em uma onda de duas semanas de intensos ataques israelenses
contra alvos do Hezbollah no Líbano, parte de um conflito que agora se estende
também dos territórios palestinos de Gaza e da Cisjordânia ocupada ao Iêmen.
O Hamas disse que seu
líder no Líbano, Fateh Sherif Abu el-Amin, foi morto junto com sua esposa,
filho e filha em um ataque que teve como alvo sua casa em um campo de
refugiados na cidade libanesa de Tyre, na madrugada de segunda-feira.
Outro grupo, a Frente
Popular para a Libertação da Palestina (PFLP), disse que três de seus líderes
foram mortos em um ataque que teve como alvo o distrito de Kola, em Beirute.
Essa foi a primeira
vez que Israel atacou Beirute além dos subúrbios ao sul da cidade, em uma
campanha que culminou com o assassinato na semana passada do líder veterano do
Hezbollah, Hassan Nasrallah, em uma sucessão de pesados ataques aéreos.
O ataque contra a PFLP
atingiu o andar superior de um prédio de apartamentos, segundo testemunhas. Não
houve comentário imediato dos militares israelenses.
Os últimos ataques
indicam que Israel não tem intenção de desacelerar sua ofensiva em várias
frentes, mesmo depois de eliminar Nasrallah, que era o aliado mais poderoso do
Irã em seu "Eixo de Resistência" contra a influência israelense e
americana na região.
O Ministério da Saúde
do Líbano afirma que mais de mil libaneses foram mortos e 6 mil ficaram feridos
nas últimas duas semanas, sem especificar quantos eram civis. Um milhão de
pessoas – um quinto da população – fugiram de suas casas, segundo o governo.
A escalada colocou
Beirute no limite, com os libaneses temerosos de que Israel amplie sua campanha
militar.
<><>
Governo impotente
Israel está travando
uma "guerra suja" contra o Líbano, declarou semana passada o
primeiro-ministro do país, Nadschib Mikati, durante a sessão de emergência do
Conselho de Segurança da ONU em Nova York. Ele acusou Israel de promover uma
escalada sem precedentes no Líbano que matou em poucos dias centenas de civis,
"incluindo jovens, mulheres e crianças". O premiê afirmou ter
confiança de que um comunicado conjunto da França e dos EUA, também apoiado por
outros países, contribuiria para dar um fim à "guerra". Mas Israel
rejeitou o plano.
O discurso mostra que
o governo libanês é praticamente impotente diante do conflito entre Israel e o
Hezbollah. Não tem influência significativa nem sobre as ações de Israel nem
sobre as do Hezbollah. Mais uma vez se torna evidente, e de forma particularmente
dramática, a fraqueza crônica do governo e do Estado no Líbano.
Essa fraqueza tem uma
longa história. "O Líbano foi fundado no início do século 20 como um
Estado de maronitas cristãos em aliança com a potência protetora
francesa", diz Markus Schneider, diretor do escritório da Fundação
Friedrich Ebert em Beirute. "O defeito de nascença foi o fato de incluir
desde o início grandes áreas com populações não maronitas. O confessionalismo
foi, em última análise, um compromisso para integrar as outras partes da
população. No entanto, ele impediu a formação de um Estado-nação forte."
Essa estrutura
confessional foi reforçada pela guerra civil libanesa que eclodiu em 1975, que
colocou umas contra as outras as três maiores confissões do país – xiitas,
sunitas e cristãos maronitas. Após o fim da guerra, em 1990, foi implantado um
sistema confessional equilibrado para igualar os interesses dos grupos
populacionais individuais.
"No entanto, esse
sistema fez com que esses grupos tentassem repetidamente fazer valer seus
próprios interesses às custas dos outros grupos", diz Marcus Schneider.
"Isso continua a enfraquecer o Estado. Isso pode ser visto, por exemplo,
no fato de que desde 2022 o país não consegue chegar a um acordo sobre um
presidente."
As divisões também
facilitam a corrupção desenfreada. "Se não há um Estado forte que tome
medidas contra as forças centrífugas em seu próprio país e em suas próprias
instituições, surge facilmente um sistema oligárquico no qual todos servem a
seus próprios interesses", diz Schneider.
<><> País
sofre com o Hezbollah
O país também sofre
com o Hezbollah, movimento xiita que é classificado como uma organização
terrorista pelos EUA, pela Alemanha e por vários Estados árabes sunitas.
Fundado em 1982 durante a guerra civil libanesa, ele foi desde o início
maciçamente apoiado pelo Irã, inclusive e principalmente militarmente. Em 2022,
o Wilson Center, com sede em Washington, descreveu o braço armado do Hezbollah
como "o ator militar não estatal mais poderoso do Oriente Médio e,
possivelmente, do mundo inteiro".
Foi também o Hezbollah
que começou a disparar contra Israel após o início da guerra de Gaza, em
outubro – sem qualquer consulta prévia ao restante da população libanesa.
"Basicamente, o Hezbollah tomou a classe política do Líbano como
refém", diz a especialista em Oriente Médio Kelly Petillo, do think tank
Conselho Europeu de Relações Exteriores.
<><>
Fraqueza do Exército
A fraqueza do Estado
também se reflete na passividade das Forças Armadas Libanesas (LAF). No sul do
Líbano, em particular, elas se encontram em um dilema. Com base na Resolução
1701 do Conselho de Segurança da ONU, ela está cooperando com a força de manutenção
da paz da ONU (Força Interina das Nações Unidas no Líbano, Unifil). Ambas as
forças são compostas por 15 mil soldados cada.
A presença das tropas
está ligada à Guerra do Líbano em 2006. Naquela época, Israel ocupou posições
no sul do Líbano. Após a retirada israelense, as duas forças armadas deveriam
cooperar para garantir que nenhuma milícia armada libanesa se deslocasse para
essas posições. Somente tropas autorizadas pelo governo libanês deveriam estar
presentes no local. No entanto, até o momento, o Hezbollah descumpriu esse
acordo e ainda está presente na área.
Em termos militares, o
Exército libanês é relativamente impotente. Na classificação do Índice Global
de Poder de Fogo, que compara a força dos exércitos nacionais em todo o mundo,
o Exército libanês está em 118º lugar entre 145. Ele não seria capaz de oferecer
nenhuma resistência séria ao Exército israelense, que está em 17º lugar no
índice, nem estaria em posição de conter militarmente o Hezbollah. "Isso
provavelmente arrastaria o Líbano para uma guerra civil", diz Schneider.
Entretanto, o maior
problema do Exército libanês é, e continua sendo, político. Como não está nas
mãos de um único grupo confessional, o Exército é geralmente considerado como
uma das poucas instituições não confessionais do país, segundo Schneider.
"Mas é claro que o Exército também foi enfraquecido pela crise nacional e
econômica. Por isso, vem recebendo apoio financeiro, por exemplo, no que diz
respeito a salários. Por trás disso está a preocupação de que um colapso do
Exército também possa derrubar o próprio Estado libanês. Mas é claro que o
Exército não pode resolver os problemas políticos do Estado."
Fonte: BBC News Brasil/DW
Brasil
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