terça-feira, 27 de agosto de 2024

Zelensky provoca Rússia a atacar Ucrânia e perde o Sul Global, diz político do país

Vladimir Zelensky tem tentado provocar uma resposta severa da Rússia através de uma retórica agressiva e ameaças para afastar o Sul Global de Moscou, disse à Sputnik neste sábado (24) o político ucraniano Vladimir Oliynyk.

Mais cedo, a mídia ucraniana divulgou um vídeo de Zelensky gravado na região de Sumy, na fronteira com a Rússia, que se concentrou principalmente em ameaças ao país.

"Primeiramente, Zelensky está trabalhando para garantir um lugar no país onde residirá quando tudo acabar. Em segundo lugar, ele quer provocar a Rússia a responder com meios nucleares, pelo menos com armas táticas, para que o Sul Global se afaste dela, porque os países lá são a favor da paz", disse Oliynyk.

O político observou que a abordagem de Zelensky não beneficia o povo da Ucrânia, que na maior parte apoia a ideia de negociações com Moscou. Em vez disso, suas ações visam retratar a Rússia como a agressora.

"Kiev quer retratar a Rússia como uma agressora que representa uma ameaça para o mundo inteiro. Em seu discurso, ele dedicou uma quantidade significativa de tempo à Rússia, atribuindo-lhe características humilhantes e pensando que isso de alguma forma irritaria a liderança russa e os levaria a cometer erros", acrescentou o político.

As tropas ucranianas cruzaram a fronteira com a Rússia e lançaram uma ofensiva contra a região de Kursk em 6 de agosto. O presidente russo, Vladimir Putin, declarou que o ataque é mais uma grande provocação, acrescentando que os ucranianos estavam atirando indiscriminadamente contra civis no país. Putin ainda prometeu uma resposta apropriada.

<><> Kiev quer ameaçar Moscou com mísseis Storm Shadow, Washington não apoiou o plano, diz mídia

A Ucrânia sugeriu realizar um "ataque de demonstração" a alvos militares próximos da capital da Rússia, segundo o jornal britânico The Guardian.

Kiev quer lançar um "ataque demonstrativo" com mísseis Storm Shadow em profundidade do território russo para criar uma ameaça potencial a Moscou, mas os EUA não apoiaram o plano arriscado, escreve no sábado (24) o jornal britânico The Guardian.

"Altos funcionários em Kiev sugeriram que o uso dessas armas anglo-francesas em um 'ataque de demonstração' mostraria ao Kremlin que as instalações militares próximas à capital poderiam ser vulneráveis a ataques diretos", cita o The Guardian.

De acordo com a fonte, a Ucrânia espera forçar a Rússia a negociar às custas de uma possível ameaça a Moscou ou São Petersburgo. No entanto, o veículo de imprensa nota que esse plano altamente arriscado não recebeu o apoio dos EUA.

O jornal britânico The Times noticiou na quarta-feira (21) que as autoridades norte-americanas estavam impedindo os britânicos de permitir que Kiev usasse mísseis de cruzeiro Storm Shadow para atacar o território russo reconhecido internacionalmente.

¨      Ucrânia 'está nervosa' com atrasos de envio ativos russos congelados, diz mídia dos EUA

Autoridades ucranianas estão ficando cautelosas com os atrasos na finalização de um acordo que desbloquearia US$ 50 bilhões (R$ 274 bilhões) em apoio ao aproveitar os lucros dos ativos congelados do banco central russo, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto, ouvidas pela Bloomberg.

Esses fundos devem ser transferidos para Kiev até o final do ano, de acordo com um plano do G7 feito em junho, mas a implementação do plano foi prejudicada por exigências feitas pelos Estados Unidos e pelo risco de a Hungria desacelerar qualquer decisão da União Europeia sobre apoio à Ucrânia ou sanções contra a Rússia, de acordo com as pessoas que falaram sob condição de anonimato à mídia.

Embora o prazo para o acordo do G7 se estenda até o final do ano, a Ucrânia precisará de uma decisão no mês que vem, quando uma revisão de financiamento pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) exigirá garantias de que os requisitos orçamentários de Kiev serão atendidos, disse uma das pessoas.

"Precisamos de um mecanismo real. As discussões relevantes estão em andamento há muito tempo, e finalmente precisamos de decisões", disse Vladimir Zelensky na quarta-feira (21).

Um porta-voz da Comissão Europeia disse que o trabalho está em andamento, e mais discussões serão necessárias e serão retomadas nas próximas semanas. Um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Hungria não respondeu a um pedido de comentário.

Os fundos renderam até agora cerca de € 3,4 bilhões (R$ 20,9 bilhões) desde que foram imobilizados, embora os lucros gerados antes de 15 de fevereiro sejam retidos pela Euroclear, sediada na Bélgica, como uma proteção para lidar com riscos atuais e futuros, como litígios.

Na quarta-feira (22), o Ministério das Relações Exteriores da Rússia disse à Sputnik que Moscou responderá ao uso pelos países ocidentais das receitas geradas pelos ativos russos congelados, visto que isso é ilegal e se trata de roubo de fundos russos, conforme noticiado.

¨      Mídia revela papel dos EUA e do Reino Unido no ataque da Ucrânia à região de Kursk

Segundo o The New York Times, Washington e Londres colaboraram com os ucranianos na invasão de Kursk, permitindo uma melhor execução das operações fronteiriças.

Os EUA e o Reino Unido forneceram à Ucrânia imagens de satélite e outras informações sobre a região de Kursk após a invasão das Forças Armadas da Ucrânia, informou na sexta-feira (23) o jornal norte-americano The New York Times.

"Nos dias após a ofensiva, os Estados Unidos e o Reino Unido forneceram à Ucrânia imagens de satélite e outras informações sobre a região de Kursk", disse o artigo, "para permitir que os comandantes acompanhassem melhor a transferência de reforços russos que poderiam atacar [as tropas ucranianas] ou cortar sua provável rota de fuga para a Ucrânia", disse o jornal, citando duas fontes.

No dia 6 de agosto, as tropas ucranianas lançaram um ataque à região de Kursk, na Rússia. A ação marcou a agressão mais significativa da Ucrânia contra a Rússia desde fevereiro de 2022.

Comentando o ataque, o presidente russo Vladimir Putin disse que a Ucrânia havia realizado outra provocação em larga escala, atirando indiscriminadamente em alvos civis. O inimigo terá uma resposta adequada, acrescentou Putin.

¨      O que a Ucrânia busca alcançar ao atacar usinas nucleares russas? Especialista militar explica

Os ataques da Ucrânia às usinas nucleares russas de Zaporozhie e Kursk são provavelmente uma tentativa de retratar Moscou como incapaz de manter essas instalações seguras, disse o veterano das Forças Armadas suecas e observador político e militar Mikael Valtersson à Sputnik.

"Quando se trata da usina de Zaporozhie, acredito que a Ucrânia quer criar pressão na comunidade internacional em relação à Rússia, que a usina deve ser pelo menos internacionalizada, para que a Rússia não a controle", explicou Valtersson. "Eles poderiam dizer: [a usina] é neutra agora, a comunidade internacional cuida disso."

"Quando se trata de Kursk, acredito que eles querem semear angústia e talvez até o pânico entre alguma parte da população russa, pelo menos aqueles que vivem nas proximidades", acrescentou.

Ele também sugeriu que a Ucrânia tenta semear a confusão negando a responsabilidade por esses ataques.

"Eles disseram que a Rússia atacou sua própria usina em Zaporozhie, e provavelmente dirão que se houvesse drones ucranianos, eles estavam apenas passando por perto, e tentarão o tempo todo alegar que é uma operação de bandeira falsa da Rússia", observou Valtersson. "E no Ocidente muitos acreditarão nisso."

Mesmo que a culpa da Ucrânia seja confirmada, provavelmente "não haverá uma reação muito severa no Ocidente", observou.

<><> Agrupamento de tropas Sul destrói tanque Abrams, diz Defesa da Rússia

As tropas russas eliminaram mais de 1.000 efetivos ucranianos e uma grande quantidade de equipamento militar, incluindo um tanque Abrams, informou o Ministério da Defesa da Rússia.

O agrupamento de tropas russo Yug (Sul) aniquilou nas áreas de Pereezdnoe, Zaliznyanskoe, Grigorovka, Raigorodok, Chasov Yar, Kurdyumovka, Plescheevka, Kurakhovo, Katerinovka e Konstantinovka (República Popular de Donetsk) até 630 efetivos adversários, 19 veículos militares (incluindo um tanque Abrams), um sistema de artilharia autopropulsado M109 Paladin, obuseiros M777, M198, D-20 (dois), D-30 (quatro) e M119, e três depósitos de munição, comunicou no domingo (25) o Ministério da Defesa da Rússia.

Os agrupamentos de tropas Vostok (Leste), Sever (Norte) e Zapad (Oeste) eliminaram nas áreas de Ugledar, Vodyanoe, Shakhtersk, Prechistovka, Zolotaya Niva, Serebryanka (RPD), Novodarovka (região de Zaporozhie), Velikaya Pisarevka (região de Sumy), Prudyanka, Liptsy, Volchansk, Berestovoe, Kolesnikovka, Niosinovo, Petropavlovka (região de Carcóvia) e Novovodyanoe (República Popular de Lugansk) até 740 soldados, 19 veículos militares, estações de guerra eletrônica Bukovel-AD, Anklav-N e Kvertus e ainda quatro depósitos de munição, entre outros alvos.

Por sua vez, os agrupamentos de tropas Dniepre e Tsentr (Centro) atingiram nas áreas de Novodanilvoka (região de Zaporozhie), Kherson, Tokarevka e Dneprovskoe (região de Kherson), Selidovo, Galitsynovka, Vozdvizhenka, Tarasovka, Grodovka, Toretsk, Memrik e Dimitrov (RPD) com sucesso até 560 combatentes, 16 veículos militares, obuseiros D-20 (três) e D-30, e uma estação de guerra eletrônica Anklav-N.

"A aviação tático-operacional, veículos aéreos não tripulados, tropas de mísseis e artilharia das Forças Armadas da Federação da Rússia atingiram um ponto de destacamento temporário de mercenários estrangeiros", referiu o Ministério da Defesa, acrescentando ainda que foram destruídos oito foguetes Himars e 41 drones.

 

¨      Zelensky assina lei que proíbe grupos religiosos ligados à Rússia

O presidente da Ucrânia, Volodymr Zelensky sancionou um projeto de lei que proíbe grupos religiosos com laços com a Rússia neste sábado (24), Dia da Independência da Ucrânia.

O principal alvo do projeto de lei é a Igreja Ortodoxa Ucraniana (IOC), que historicamente tem sido ligada à Igreja Ortodoxa Russa, também conhecida como Patriarcado de Moscou.

Zelensky fez referência ao projeto de lei em seu discurso noturno, dizendo que “a ortodoxia ucraniana hoje está dando um passo em direção à libertação dos demônios de Moscou”.

A nova lei dá à Igreja Ortodoxa Ucraniana (IOC) e outros grupos religiosos nove meses para cortar laços com a Rússia ou correr o risco de serem fechados por ordem judicial. A lei foi aprovada pelo parlamento ucraniano em 20 de agosto, com 265 legisladores votando a favor e 29 votando contra.

Enquanto a IOC alega ter cortado laços com a Igreja Ortodoxa Russa em 2022, o Serviço Estatal de Política Étnica e Liberdade de Consciência da Ucrânia diz que os laços ainda estão intactos e a igreja ucraniana permanece na órbita de Moscou.

O Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU) acusou a IOC de espalhar propaganda pró-Moscou. Desde o início da invasão em larga escala, o SBU abriu processos criminais contra mais de 100 clérigos da igreja. Quase 50 já foram acusados ​​e 26 receberam sentenças, de acordo com o serviço de segurança ucraniano.

Um dos clérigos condenados usou seus sermões para defender a invasão em larga escala da Rússia e a tomada de partes da Ucrânia. Em conversas com paroquianos, o clérigo tentou persuadi-los a ir para a Rússia ou regiões ocupadas para ajudar os russos. Ele foi condenado a cinco anos.

O objetivo desta lei é proibir as atividades do Patriarcado de Moscou na Ucrânia “que é um instrumento de influência e propaganda russa”, de acordo com Mykyta Poturaiev, um membro ucraniano do Parlamento que patrocinou o projeto de lei.

“O Patriarcado de Moscou não é uma inspiração, mas um participante da guerra”, disse Poturaiev.

A maioria dos ucranianos é ortodoxa. Durante séculos, as igrejas ucranianas foram subordinadas e administradas pelo Patriarcado de Moscou. Mas com a anexação da Crimeia pela Rússia em 2014, as igrejas ortodoxas da Ucrânia se dividiram.

Em 2019, o líder espiritual do mundo ortodoxo, o Patriarca Bartolomeu I de Constantinopla, reconheceu oficialmente uma Igreja Ortodoxa da Ucrânia independente, sediada em Kiev.

Para o líder da igreja ucraniana de Kiev, Metropolitan Epiphanius, a lei oferece uma oportunidade “de proteger o espaço espiritual ucraniano do jugo do mundo russo”.

“Todos podem ver que na Rússia, os centros religiosos, não apenas o Patriarcado de Moscou, mas também os centros de muçulmanos, protestantes e budistas, estão sob o controle total do Kremlin. Eles espalham a ideologia do mundo russo, justificam a guerra contra a Ucrânia e dizem que é uma chamada guerra santa. Que a destruição da Ucrânia é um objetivo moralmente justificado e até mesmo um dever das tropas russas”, disse.

De acordo com uma pesquisa conduzida pelo Instituto Internacional de Sociologia de Kiev (KIIS) em abril de 2024, 83% dos ucranianos acreditavam que o estado deveria intervir nas atividades da IOC em um grau ou outro. Em particular, 63% acreditam que a Igreja Ortodoxa Ucraniana deveria ser completamente proibida na Ucrânia.

O metropolita Clement, porta-voz da IOC, criticou o projeto de lei em uma declaração no Facebook, chamando a lei de uma tentativa de “dividir as pessoas em cidadãos certos e errados”.

Do lado de fora de uma igreja da IOC em Kiev, um paroquiano de 47 anos disse que as recentes ações contra sua igreja foram sufocantes. “O governo agora está se infiltrando em minha alma. Cabe a mim decidir como oro. Eles ficaram completamente loucos”, disse o paroquiano — que se recusou a dar seu nome por medo de represálias — à CNN.

Ihor, um oficial ucraniano, costumava adorar na IOC, mas disse que parou de ir à igreja completamente.

Embora ele não ache que a política deva se envolver com religião, ele reconhece que “há muitos padres na Igreja Ortodoxa Ucraniana que apoiam a Rússia e a guerra na Ucrânia. Por isso, eles devem responder diante de Deus”.

<><> Papa Francisco condena polêmica lei aprovada na Ucrânia: 'Nas Igrejas não se toca'

O papa Francisco expressou preocupação com a nova lei ucraniana que abre caminho à proibição da Igreja Ortodoxa Ucraniana afiliada ao Patriarcado de Moscou, sublinhando que nenhuma Igreja pode ser suprimida.

"Que aqueles que querem rezar possam rezar naquela que consideram a sua Igreja. Por favor, que nenhuma Igreja cristã seja abolida direta ou indiretamente: não se toca nas Igrejas", sublinhou o pontífice.

Depois de rezar a oração mariana do Angelus na Praça de São Pedro, no Vaticano, o papa indicou que teme pela "liberdade daqueles que rezam" por causa das "leis recentemente adotadas na Ucrânia".

No dia 20 de agosto, a Suprema Rada (parlamento da Ucrânia) aprovou um projeto de lei que permite a proibição da Igreja Ortodoxa Ucraniana canônica afiliada ao Patriarcado de Moscou, na Ucrânia. A entidade religiosa afirmou que a lei viola a Constituição da Ucrânia e a Convenção Europeia dos Direitos Humanos. O seu advogado, Robert Amsterdam, classificou a resolução do parlamento ucraniano como "uma eliminação".

As autoridades ucranianas têm perseguido a Igreja Ortodoxa Ucraniana ligada ao Patriarcado de Moscou, a maior e mais antiga comunidade cristã do país, há anos. A campanha de assédio se intensificou em 2022, após o início da operação militar especial da Rússia na Ucrânia.

Desde então, o governo impõe sanções contra eclesiásticos, organiza ataques a templos dessa Igreja, prende padres, inicia processos criminais, proíbe as atividades da Igreja Ortodoxa Ucraniana em várias regiões, despojando-a de mosteiros e templos, incluindo o famoso Mosteiro das Cavernas.

 

Fonte: Sputnik Brasil/CNN Brasil

 

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