ORCRIM MARÇAL: Gordão, Escobar, Avalanche -
o PRTB de Pablo Marçal seria um avanço?
A julgar pelo noticiário,
o PRTB, partido de Pablo Marçal, tornou-se uma filial do PCC, a facção
criminosa que bateria ponto também no Legislativo paulistano.
De acordo com Heitor
Mazzoco e Marcelo Godoy, jornalistas que revelaram a história, Gordão e
Escobar, apresentados como articuladores do PRTB, são acusados pela Polícia
Civil de São Paulo de trocar carros de luxo por cocaína fornecida pelo PCC,
financiando o tráfico de drogas e dividindo os seus lucros.
Eles foram descobertos
graças a um pendrive apreendido com Coringa, apelido de um cidadão de respeito
que participava do esquema. Gordão e Escobar são sócios em uma empresa que
vende lotes irregulares a pessoas humildes. Escobar também teria tomado a casa
de prostituição de uma cafetina, que foi ameaçada de morte. Tem-se então
Gordão, Escobar e Coringa.
Há um quarto elemento
que aparece na reportagem: Leonardo Avalanche, presidente nacional do PRTB e
fiador da candidatura de Pablo Marçal. Dizem os jornalistas:
“No dia 18 de março,
Avalanche nomeou Escobar para ocupar a presidência estadual da legenda em São
Paulo, mas ele ficou apenas três dias no cargo, sendo afastado, oficialmente,
porque ‘não tinha título de eleitor’.”
Ainda assim, Escobar
participou de eventos do PRTB com Pablo Marçal, em abril, ao lado de Gordão.
Mas Avalanche rompeu com Escobar, e Escobar rompeu com Avalanche, depois de
Escobar ter sido indiciado por associação com o PCC. Tem-se, então, Gordão,
Escobar, Coringa e Avalanche.
A polícia apreendeu um
celular na casa de Gordão e recuperou conversas em áudio nas quais o assunto
era o PCC. Nos áudios, Gordão conversa com Buchecha e lá pelas tantas eles
falam de Magrão, outro membro do grupo. Tem-se, então, Gordão, Escobar, Coringa,
Avalanche, Buchecha e Magrão. Além de Pablo Marçal, é claro, que jura não ter
nada a ver com a história. Entre uma molecagem e outra visando a publicar
memes, ele disse que Avalanche é quem deve explicações.
Diante de gente tão
ilustre nessa comissão de frente, a minha dúvida é se o PRTB não seria um
avanço institucional, um aperfeiçoamento dos partidos políticos brasileiros.
<><> Veja
trechos da investigação que condenou Marçal por golpes bancários e chegou a
levá-lo à prisão
Registros do processo
que correu na 11ª Vara Federal em Goiânia, na investigação que apurou ações de
criminosos condenados por desviar dinheiro de contas bancárias, mostram como
foi a atuação do candidato à Prefeitura de São Paulo Pablo Marçal (PRTB) no episódio.
A ação começou em
2005, ocasião em que Marçal chegou a ser preso temporariamente, quando tinha 18
anos. Em 2010, ele foi condenado a quatro anos e cinco meses de reclusão por
furto qualificado (artigo 155, do Código Penal) pela Justiça Federal. Um recurso
só foi analisado pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) em 2018.
Em razão da demora para o tribunal apreciar o caso, houve prescrição punitiva -
ou seja, Marçal, embora considerado culpado, não cumpriu a pena.
Procurado, Marçal não
se manifestou sobre o episódio. Nesta campanha, ele já afirmou na saída da
gravação de um podcast na zona Sul de São Paulo que ganhava R$ 350 "de um
cara" apenas para consertar computadores. "Ano que vem, que é 2025, vai
fazer 20 anos disso. Eu ganhava R$ 350 trabalhando para esse cara. Ele me
colocava para consertar computador e pedia algumas coisas. Lá na sentença está
escrito que eu não auferi lucro nenhum. E desafio. Ache alguma coisa que eu
ganhei com isso que eu vou imediatamente fazer um Pix pagando. Fui processado
durante 13 anos de forma injusta", disse o candidato.
A investigação apontou
ainda que o grupo fazia uso de dois softwares para enviar mensagens por e-mail
e infectar o computador das vítimas. A partir da lista de endereços eletrônicos
capturados por Marçal, o primeiro programa enviava mensagens "spam"
que continham um malware. Quando o usuário digitava dados da conta bancária no
computador, eles eram direcionados para o e-mail dos criminosos.
Em sua defesa na
época, o ex-coach afirmou que trabalhava apenas com a manutenção dos
computadores e fornecia listas de e-mails para Danilo sem saber que eram
utilizados para um crime. No entanto, trechos do Acórdão do TRF-1 mostram que
as próprias declarações de Marçal foram na contramão de suas alegações de
inocência.
Isso porque, em um
interrogatório policial, o ex-coach acusou um terceiro investigado de querer
participar do "esquema montado por Danilo", o que mostra, conforme o
colegiado, que Marçal tinha consciência de que se tratava de uma atividade criminosa.
O despacho ainda aponta que, como prestador de serviços de manutenção de
computadores, o ex-coach tinha conhecimento em informática suficiente para
entender do que se tratava.
• Por que Pablo Marçal irrita tanto
Bolsonaro
Candidato a prefeito
de São Paulo pelo nanico PRTB, o ex-coach e influencer Pablo Marçal conseguiu
em poucos meses incomodar Bolsonaro em sua hegemonia de modo que nenhum dos
outros pretendentes conseguiu.
Aécio Neves (PSDB),
João Doria (PSDB), João Amoêdo (ex-Novo), Sergio Moro (União Brasil) e até
mesmo o ex-ministro Abraham Weintraub (sem partido) e o finado Olavo de
Carvalho. Todos tentaram, sem sucesso, ser alternativa, tecendo críticas ao
bolsonarismo dentro da direita.
Marçal, ao contrário,
causou um rebuliço dentro do bolsonarismo e no núcleo da campanha de Ricardo
Nunes (MDB) à Prefeitura de São Paulo. Nos últimos dias, Carlos e Eduardo, além
do próprio Jair Bolsonaro, iniciaram uma campanha para minar a popularidade do
ex-coach, que cresce nas pesquisas.
O candidato do PRTB em
São Paulo dá de ombros. Agradece a Bolsonaro e diz que ele só não o apoia por
causa de acordos entre o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e Nunes, um
clássico político do Centrão que foi opositor do bolsonarismo ao ser vice de Bruno
Covas em 2020 e que pulou o muro recentemente.
A questão é que,
enquanto Nunes parece cada vez mais com Celso Russomano (Republicanos),
candidato apoiado por Bolsonaro em São Paulo há quatro anos e derrotado por
Covas, Marçal tem cada vez mais cara e focinho do ex-presidente e da
anti-política que consagrou o bolsonarismo em 2018.
O ex-coach atrai o
eleitor totalmente desesperançoso com a política. E faz aquilo que essa parcela
da população gostaria de fazer: xinga, ofende e bota o dedo na cara de
políticos de carreira. Exatamente o que fez Bolsonaro entre 2014 e 2018, quando
derrotou Fernando Haddad (PT), Marina Silva (Rede) e especialmente Geraldo
Alckmin (então no PSDB). Assim como Nunes, Alckmin se vendia como candidato da
direita, com apoio de todos os partidos do Centrão.
De quebra, Marçal
ainda controla as redes sociais de modo muito mais consciente do que fazia
Carlos Bolsonaro e sua estética “cafofo do Osama” que marcou a campanha de
2018. E ainda consegue se dizer independente da política tradicional, algo que
Jair não pode fazer desde que casou com o Centrão para evitar o pior em seu
governo.
Marçal irrita Bolsonaro
porque entendeu o que o bolsonarismo é. Difícil dizer até onde irá na eleição
em São Paulo, mas mostrou que a nova direita pode procurar candidatos sem o
carimbo do ex-presidente.
• Por que o crescimento de Marçal é tão
ruim para Bolsonaro?
O crescimento
expressivo de Pablo Marçal (PRTB), demonstrado na pesquisa Datafolha nesta
quinta-feira (22), é uma péssima notícia para o ex-presidente Jair Bolsonaro
(PL) e seu clã.
Não apenas porque
Marçal ultrapassou numericamente – mas em empate dentro da margem de erro – o
candidato que Bolsonaro e seu grupo apoiam, o prefeito Ricardo Nunes (MDB).
O pior é mostrar que
Bolsonaro não tem o condão de transferir votos de quem simpatiza com ideias que
o elegeram em 2018 e construíram seu apoio e votos na corrida eleitoral de
2022.
Marçal conquistou, em
um momento ainda precoce da corrida à Prefeitura, intenção de voto de eleitores
que escolheram Bolsonaro em 2022 (21%) e daqueles que votaram também no
governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), escolhido candidato por
Bolsonaro, mas que já ganhou fôlego como político próprio.
O ex-coach conquista
os votos usando as mesmas técnicas que o bolsonarismo usou: forte atenção a
redes sociais, polêmica, frases desconcertantes, ataques e um apelo à
antipolítica. É, na verdade, um pupilo muito mais genuíno do método que
construiu o próprio Bolsonaro do que Ricardo Nunes.
A família Bolsonaro já
acusou o golpe: nos últimos dias, os filhos do ex-presidente e o próprio Jair
trocaram farpas com Marçal nas redes sociais.
Caberá a Bolsonaro
entrar em campo com muito mais força se quiser eleger seu candidato na maior
cidade do país. Se quiser defender seu poder como cabo eleitoral, Bolsonaro
precisa passar no teste de provar ao eleitor que sabe quem representa melhor
suas próprias ideias.
Não importa o que a
propaganda eleitoral diga, o eleitor que optou por Bolsonaro no passado agora
escolhe Marçal.
• Bolsonaro tenta afastar Pablo Marçal,
mas coach reforça laços com clã. Por Guilherme Mazieiro
Nessa primeira semana
em que oficialmente começou a corrida à prefeitura de São Paulo, a família
Bolsonaro adotou um posicionamento mais firme em prol da reeleição de Ricardo
Nunes (MDB) e começou a se distanciar do coach Pablo Marçal (PRTB). Nos últimos
dias, membros do clã passaram a fazer postagens reforçando o apoio ao prefeito.
No entanto, Marçal fez publicações junto com Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e usando
o discursos bolsonarista para indicar que tem proximidade com o grupo.
No acordo político
oficial, Nunes agregou 11 partidos na sua candidatura, a maior parte do
centrão. Entre os partidos, o PL que abriga Bolsonaro e o indicado a vice,
Coronel Mello Araújo (PL). Na pré-campanha, Bolsonaro flertou com a candidatura
de Marçal, candidato que dialoga com o mesmo eleitorado bolsonarista e tem
habilidade no uso e amplificação de conteúdos por redes sociais.
Na terça, 20, o perfil
do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), publicou um
vídeo de Bolsonaro pedindo voto para Nunes. "Temos algumas coligações como
em São Paulo, estamos coligados com o MDB. Vamos apoiar Ricardo Nunes para reeleição",
disse.
Em outra postagem, na
conta de Bolsonaro, Marçal comentou: "Pra cima capitão. Como você disse:
eles vão sentir saudades de nós". A conta de Bolsonaro respondeu:
"Nós? Um abraço". Nesta quinta, 22, Marçal postou um stories da
publicação em que fez o comentário pedindo aos seus 12,9 milhões de seguidores
que "por favor, com respeito comentem na foto do presidente". Em
outra postagem, disse que doou R$ 100 mil para campanha de Bolsoanro em 2022 e
disse que o ajudou "com os influenciadores, te ajudei no digital, fiz você
gravar mais de 800 vídeos. Por te ajudar, entrei para a lista de investigados
da PF. Se não existe o nós, seja mais claro".
Em meio ao embate,
Eduardo fez uma postagem nesta quarta, 21, chamando Marçal de “arregão” por não
participar de uma entrevista com um aliado bolsonarista, Paulo Figueiredo, e
não fazer a defesa contra o comunismo. Na sequência, citou a reportagem do jornal
O Estado de S. Paulo que indica a suspeita de relação de auxiliares da campanha
de Marçal, na cúpula do PRTB, envolvidos com o PCC.
“Cada um faz o seu
julgamento. Mas já começa a perder um pouco dessa moral para ficar chamando os
outros de cheirador”, disse Eduardo citando afirmações infundadas que Marçal
faz sobre o adversário Guilherme Boulos (Psol) para tentar relacioná-lo ao uso de
cocaína.
Menos de 24 horas
depois, Marçal publicou no Instagram uma foto com Eduardo, marcando o deputado
na publicação e agradecendo pela “luta contra os comunistas”. No post, ele
também agradece ao deputado por tê-lo recebido em seu gabinete e ter dado
“conselhos preciosos”, mas sem indicar quando a foto foi tirada.
“Nunes e Boulos não
representam os nossos princípios e valores. Já que o PL tirou o Salles,
assistam o que nós iremos fazer aqui na capital do futuro. deixa que eu resolvo
aqui. O Valdemar Costa Neto não representa o anseio dos conservadores de São
Paulo”, disse Marçal.
Ao final, afirmou que
o deputado “será o nosso senador por São Paulo”. As eleições para o Senado
serão em 2026.
• Chamado de 'retardado mental', Carlos
Bolsonaro diz que processará Marçal, mas apoiará quem for ao 2º turno contra
Boulos
O vereador Carlos
Bolsonaro (PL-RJ), filho de Jair Bolsonaro (PL), tem demonstrado posições
ambíguas em relação à eleição para a prefeitura de São Paulo. Essa oscilação
ocorre após a pesquisa Datafolha indicar o crescimento de Pablo Marçal (PRTB).
Na quinta-feira (22), Carlos mencionou a possibilidade de apoiar Marina Helena
(Novo). Já nesta sexta-feira (23), ele afirmou que apoiaria qualquer candidato
que enfrentasse Guilherme Boulos (PSOL) no segundo turno, insinuando uma
possível aliança com Marçal. No entanto, ele também anunciou que pretende
processar o empresário goiano.
“Esqueçam os rótulos e
emoções. Assim como temos que tirar Boulos, queremos também ideias defendidas
de todos os postulantes. Quem for no segundo contra o soldado do Lula estarei
lá mesmo que me neguem e me 'escrotizem', sinceramente, sem eu nem chegar perto
do que me rotulam e mentem”, escreveu Carlos no X, antigo Twitter.
Pouco depois, ele
postou que acionará a Justiça contra Marçal. “Acionarei a Justiça através de
meu advogado, Antônio Carlos, devido a crimes contra minha honra, injúria e
difamação cometidos por Pablo Marçal e também para provar as inverdades ditas
em recentes oportunidades [...] Por fim, independente de quem vá ao segundo
turno o apoiarei desde que seja contra Boulos, soldado do Lula (PT)”, escreveu.
A decisão de processar
Marçal foi tomada após o empresário associar as críticas que recebeu do Clã
Bolsonaro a uma possível influência do vereador, a quem chamou de
"retardado mental" durante conversa com jornalistas. No entanto,
Marçal afirmou que tenta preservar a relação com Carlos "em respeito ao
capitão".
Pesquisa Datafolha
divulgada esta semana coloca Marçal empatado tecnicamente com Boulos e o
candidato à reeleição Ricardo Nunes (MDB), dentro da margem de erro, com 23%,
21% e 19% das intenções de voto, respectivamente.
Fonte: Metrópoles/Terra/g1/Brasil
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