sexta-feira, 23 de agosto de 2024

Márcia Carmo: ‘Contrastes - dados econômicos da era Lula e da era Milei’

O primeiro ano de gestão do governo do presidente Javier Milei, da Argentina, tem sido marcado por forte ajuste econômico. Um modelo ultraortodoxo em sintonia com seu objetivo de “destruir o Estado por dentro”, como ele disse. Suas medidas atingem a construção civil, com queda de quase 20%, a indústria, com retração de 13,7%, o comércio, com 8,7% negativos, e a eliminação ou redução drástica de organismos estatais – caso, por exemplo, das áreas de direitos humanos e do Instituto Nacional de Cinema (Incaa), base para a premiada produção cinematográfica do país.

De acordo com dados oficiais, no primeiro trimestre deste ano o Produto Interno Bruto (PIB) caiu 5,1% em relação ao mesmo período do ano passado. Os investimentos desabaram 23,4%, segundo o mesmo levantamento, realizado pelo Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec). A Argentina está em recessão. O Banco Mundial prevê retração de 2,8% neste ano. Ao mesmo tempo, as notícias do Brasil são um contraste com os dados e as expectativas argentinas. Na segunda-feira (12), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse, em Brasília, que a equipe econômica deve revisar a projeção de crescimento da economia porque o desempenho poderia superar os 2,5% previstos até aqui. No país vizinho, a inflação de julho (4%) levou o governo Milei a afirmar que essa é a “prova de que se está no caminho certo, resolvendo a herança de governos anteriores”. Em dezembro, quando ele assumiu, o índice disparou para 25% no mês, após a forte desvalorização do peso, a moeda argentina. O custo de vida não retrocedeu. Ao contrário. Na cidade de Buenos Aires e seus arredores, a chamada ‘cesta de serviços públicos’ acumula disparada de 375% nos oito meses do governo Milei, de acordo com o Observatório das Tarifas e Subsídios realizado pela Universidade de Buenos Aires (UBA) e o Conicet (centro de pesquisas da Argentina). Diante dessa realidade, apesar da informação oficial sobre a desaceleração da inflação, os argentinos colocaram um forte freio no consumo – 16% em julho deste ano na comparação com o mesmo mês do ano passado. E agora a maior preocupação é outra, a perda do emprego, segundo pesquisas de opinião. Já no Brasil, o acumulado de geração de empregos formais chegou a 1,3 milhão neste ano, de acordo com dados do Ministério do Trabalho publicados na Agência Brasil.

¨      Economia da Argentina tem queda de 3,9% em junho, pior que as expectativas

A atividade econômica da Argentina recuou 3,9% em junho em comparação com o mesmo mês do ano passado, mostraram dados oficiais do país nesta quarta-feira (21).

A contração da economia foi pior do que as projeções de mercado apontavam. De acordo com pesquisa da agência de notícias Reuters, a média das estimativas era de uma queda de 1,9%. Nem a pior das projeções neste levantamento, que previa encolhimento de 3,2%, chegou aos 3,9% de baixa registrados.

O resultado vem após a economia argentina apresentar uma alta anual de 2,3% em maio, num movimento raro, já que o país vinha de seis meses consecutivos de quedas na atividade econômica.

Naquele mês, a alta foi puxada pelo setor agrícola e pecuário, que disparou 100% na relação anual, superando um período de secas severas no ano anterior, que prejudicou as plantações.

Em junho, o setor continuou crescendo e acumulou uma alta de 82%. Apesar disso, a Argentina não teve forças para continuar crescendo, refletindo as medidas de controle de inflação do presidente Javier Milei, que afetaram o consumo da população e outros setores importantes da economia.

O setor de construção, por exemplo, despencou 24% na comparação anual, enquanto a atividade industrial caiu 20%.

<><> Os ajustes de Milei que contribuem para a contração econômica

Após assumir a presidência, em dezembro passado, Javier Milei promoveu uma série de ajustes que levaram a um "choque na economia". As tarifas de água, gás, luz, transporte público e serviços essenciais deixaram de ser subsidiadas pelo governo, o que promoveu um aumento expressivo nos preços.

Além disso, o presidente também paralisou obras federais e interrompeu o repasse de dinheiro para os estados, visando reduzir os gastos públicos.

As medidas tiveram efeitos: a inflação, depois do choque inicial, vive um período de desaceleração e chegou ao menor patamar de 2022 em julho, os juros começaram a cair e, a notícia mais importante, o país registrou o seu primeiro superávit (quando as receitas do governo são maiores que as despesas) desde 2008 no primeiro trimestre desse ano.

Isso fez com que o Fundo Monetário Internacional (FMI) fechasse um acordo que permite o desembolso de cerca de US$ 800 milhões para os cofres públicos da Argentina, destacando o "primeiro superávit fiscal trimestral em 16 anos, a rápida queda da inflação, a mudança de tendência das reservas internacionais e uma forte redução do risco soberano".

Especialista destacam, porém, que o superávit é uma consequência direta da redução dos gastos, e não da elevação das receitas obtidas pelo governo — o que pode não ser sustentável no longo prazo.

Para isso, milhares de demissões ocorreram, assim como os salários e aposentadorias tiveram uma queda importante. A consequência é uma intensificação da crise econômica que assola o país e já colocou 41,7% dos 46,7 milhões dos argentinos abaixo da linha da pobreza, segundo o Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec).

Essas condições econômicas têm impactado os níveis de consumo da população e até as carnes - que representam uma das maiores tradições argentinas, o churrasco - estão perdendo espaço: até março, o consumo de carnes no país estava no menor nível em 30 anos, segundo a Câmara da Indústria e Comércio de Carnes e Derivados da Argentina.

A expectativa é que, com o consumo menor, a inflação possa arrefecer cada vez mais, um dos principais compromissos de Milei desde sua campanha eleitoral.

 

¨      O Brasil na liderança mundial da luta contra a fome e a pobreza. Por Odair Cunha

Os avanços do Brasil no combate à fome e à pobreza já no primeiro ano do governo Lula legitimam nosso país como líder do processo mundial de combate a essas duas mazelas. Já no ano passado, nosso governo conseguiu diminuir em 85% a insegurança alimentar severa no país, conforme Relatório das Nações Unidas sobre o Estado da Insegurança Alimentar Mundial. Daí a importância da proposta do presidente Lula de lançar, no mês passado, no Rio de Janeiro, a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, feita durante encontro do G20 – que reúne as vinte maiores economias do mundo.

A própria FAO  (Fundo das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação) indicou na semana passada que o Brasil está perto de atingir o índice necessário para deixar o Mapa da Fome, para o qual foi levado de volta pelo governo militarista passado.  O Brasil tinha superado esse flagelo com os governos do PT entre 2003 até o golpe de 2016. Agora, o País,  com Lula, o PT e aliados,  tornou-se a região do mundo que mais reduziu a fome em 2023.

Em números absolutos, 14,7 milhões saíram da condição de insegurança alimentar severa. A fome, que afligia 17,2 milhões de brasileiros em 2022, atingiu 2,5 milhões ano passado. Ou seja, percentualmente a queda foi de 8% para 1,2% da população.  O  compromisso de Lula é de erradicar a fome no País até 2026.

Para conquistarmos os avanços, foi essencial o conjunto de programas sociais reunidos no Plano Brasil Sem Fome, lançado em 2023 pelo governo atual, com três eixos: acesso à renda, redução da pobreza e promoção da cidadania; alimentação adequada e saudável, da produção ao consumo; mobilização para o combate à Fome.

Nossa experiência, que começou com o revolucionário Bolsa Família, agora resgatado, pode e deve ser replicada em todo o mundo. A fome, se mantida regularmente, leva a prejuízos graves à saúde física e mental, sobretudo na primeira infância, no desenvolvimento e na formação cognitiva.

Os programas do governo são um exemplo a ser replicado pelo mundo afora, já que são praticamente 15 milhões de brasileiros e brasileiras que deixaram a condição de insegurança alimentar em apenas um ano. Todas as ações do Governo  Lula apontam na perspectiva da superação da fome e da miséria.

Entre outras iniciativas,  é ponto central das políticas do atual  governo a valorização do salário mínimo, do Bolsa Família e do Benefício de Prestação Continuada (BPC). É também estratégica a retomada do Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar (PAA), que assegura produção e renda aos agricultores familiares, com a compra dos produtos para serem distribuídos a equipamentos públicos. Do mesmo modo, é fundamental a  valorização da Política Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), que não teve reajuste no governo anterior e hoje beneficia mais de 40 milhões de estudantes da rede pública.

Lula tem autoridade política e moral para chamar a atenção das nações do mundo para o grave drama social que são a fome e a pobreza.    Em 2003, ao assumir o primeiro mandato, Lula  disse que teria ” cumprido a missão” de sua vida se, ao final do seu governo,  todos brasileiros e brasileiras tivessem a oportunidade de fazer, ao menos, três refeições diárias. Como atestam os dados da ONU, estamos no rumo certo, com um conjunto de políticas públicas para  cuidar de todos e de todas e garantir oportunidade, renda e dignidade às pessoas.

 

Fonte: Brasil 247/Reuters

 

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