Márcia Carmo: ‘Contrastes - dados
econômicos da era Lula e da era Milei’
O primeiro ano de
gestão do governo do presidente Javier Milei, da Argentina, tem sido marcado
por forte ajuste econômico. Um modelo ultraortodoxo em sintonia com seu
objetivo de “destruir o Estado por dentro”, como ele disse. Suas medidas
atingem a construção civil, com queda de quase 20%, a indústria, com retração
de 13,7%, o comércio, com 8,7% negativos, e a eliminação ou redução drástica de
organismos estatais – caso, por exemplo, das áreas de direitos humanos e do
Instituto Nacional de Cinema (Incaa), base para a premiada produção
cinematográfica do país.
De acordo com dados
oficiais, no primeiro trimestre deste ano o Produto Interno Bruto (PIB) caiu
5,1% em relação ao mesmo período do ano passado. Os investimentos desabaram
23,4%, segundo o mesmo levantamento, realizado pelo Instituto Nacional de
Estatísticas e Censos (Indec). A Argentina está em recessão. O Banco Mundial
prevê retração de 2,8% neste ano. Ao mesmo tempo, as notícias do Brasil são um
contraste com os dados e as expectativas argentinas. Na segunda-feira (12), o
ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse, em Brasília, que a equipe
econômica deve revisar a projeção de crescimento da economia porque o
desempenho poderia superar os 2,5% previstos até aqui. No país vizinho, a
inflação de julho (4%) levou o governo Milei a afirmar que essa é a “prova de
que se está no caminho certo, resolvendo a herança de governos anteriores”. Em
dezembro, quando ele assumiu, o índice disparou para 25% no mês, após a forte
desvalorização do peso, a moeda argentina. O custo de vida não retrocedeu. Ao
contrário. Na cidade de Buenos Aires e seus arredores, a chamada ‘cesta de
serviços públicos’ acumula disparada de 375% nos oito meses do governo Milei,
de acordo com o Observatório das Tarifas e Subsídios realizado pela
Universidade de Buenos Aires (UBA) e o Conicet (centro de pesquisas da
Argentina). Diante dessa realidade, apesar da informação oficial sobre a
desaceleração da inflação, os argentinos colocaram um forte freio no consumo –
16% em julho deste ano na comparação com o mesmo mês do ano passado. E agora a maior
preocupação é outra, a perda do emprego, segundo pesquisas de opinião. Já no
Brasil, o acumulado de geração de empregos formais chegou a 1,3 milhão neste
ano, de acordo com dados do Ministério do Trabalho publicados na Agência
Brasil.
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Economia da Argentina
tem queda de 3,9% em junho, pior que as expectativas
A atividade econômica
da Argentina recuou
3,9% em junho em comparação com o mesmo mês do ano passado, mostraram
dados oficiais do país nesta quarta-feira (21).
A contração da
economia foi pior do que as projeções de mercado apontavam. De acordo com
pesquisa da agência de notícias Reuters, a média das estimativas era de uma
queda de 1,9%. Nem a pior das projeções neste levantamento, que previa
encolhimento de 3,2%, chegou aos 3,9% de baixa registrados.
O resultado vem após a
economia argentina apresentar uma
alta anual de 2,3% em maio, num movimento raro, já que o país vinha de seis
meses consecutivos de quedas na atividade econômica.
Naquele mês, a alta
foi puxada pelo setor agrícola e pecuário, que disparou 100% na relação anual,
superando um período de secas severas no ano anterior, que prejudicou as
plantações.
Em junho, o setor
continuou crescendo e acumulou uma alta de 82%. Apesar disso, a Argentina não teve forças para continuar crescendo, refletindo as
medidas de controle de inflação do presidente Javier
Milei, que afetaram o consumo da população e
outros setores importantes da economia.
O setor de construção,
por exemplo, despencou 24% na comparação anual, enquanto a atividade industrial
caiu 20%.
<><> Os
ajustes de Milei que contribuem para a contração econômica
Após assumir a
presidência, em dezembro passado, Javier
Milei promoveu uma série de ajustes que
levaram a um "choque na economia". As tarifas de água, gás, luz,
transporte público e serviços essenciais deixaram de ser subsidiadas pelo
governo, o que promoveu um aumento expressivo nos preços.
Além disso, o
presidente também paralisou obras federais e interrompeu o repasse de dinheiro
para os estados, visando reduzir os gastos públicos.
As medidas tiveram
efeitos: a inflação, depois do choque inicial, vive um período de desaceleração
e chegou ao menor patamar de 2022 em julho, os juros começaram a cair e, a
notícia mais importante, o país registrou o seu primeiro superávit (quando as receitas do
governo são maiores que as despesas) desde 2008 no primeiro trimestre desse ano.
Isso fez com que o
Fundo Monetário Internacional (FMI) fechasse um acordo que permite o desembolso
de cerca de US$ 800 milhões para os cofres públicos da Argentina, destacando o "primeiro superávit fiscal trimestral em 16
anos, a rápida queda da inflação, a mudança de tendência das reservas
internacionais e uma forte redução do risco soberano".
Especialista destacam,
porém, que o superávit é uma consequência direta da redução dos gastos, e não
da elevação das receitas obtidas pelo governo — o que pode não ser sustentável
no longo prazo.
Para isso, milhares de
demissões ocorreram, assim como os salários e aposentadorias tiveram uma queda
importante. A consequência é uma intensificação da crise econômica que assola o
país e já colocou 41,7% dos 46,7 milhões dos argentinos abaixo da linha da
pobreza, segundo o Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec).
Essas condições
econômicas têm impactado os níveis de consumo da população e até as carnes -
que representam uma das maiores tradições argentinas, o churrasco - estão
perdendo espaço: até março, o consumo de carnes no país estava no menor nível em
30 anos, segundo a Câmara da Indústria e Comércio
de Carnes e Derivados da Argentina.
A expectativa é que,
com o consumo menor, a inflação possa arrefecer cada vez mais, um dos
principais compromissos de Milei desde sua campanha eleitoral.
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O Brasil na liderança
mundial da luta contra a fome e a pobreza. Por Odair Cunha
Os avanços do Brasil
no combate à fome e à pobreza já no primeiro ano do governo Lula legitimam
nosso país como líder do processo mundial de combate a essas duas mazelas. Já
no ano passado, nosso governo conseguiu diminuir em 85% a insegurança alimentar
severa no país, conforme Relatório das Nações Unidas sobre o Estado da
Insegurança Alimentar Mundial. Daí a importância da proposta do presidente Lula
de lançar, no mês passado, no Rio de Janeiro, a Aliança Global contra a Fome e
a Pobreza, feita durante encontro do G20 – que reúne as vinte maiores economias
do mundo.
A própria FAO
(Fundo das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação) indicou na
semana passada que o Brasil está perto de atingir o índice necessário para
deixar o Mapa da Fome, para o qual foi levado de volta pelo governo militarista
passado. O Brasil tinha superado esse flagelo com os governos do PT entre
2003 até o golpe de 2016. Agora, o País, com Lula, o PT e aliados,
tornou-se a região do mundo que mais reduziu a fome em 2023.
Em números absolutos,
14,7 milhões saíram da condição de insegurança alimentar severa. A fome, que
afligia 17,2 milhões de brasileiros em 2022, atingiu 2,5 milhões ano passado.
Ou seja, percentualmente a queda foi de 8% para 1,2% da população. O compromisso
de Lula é de erradicar a fome no País até 2026.
Para conquistarmos os
avanços, foi essencial o conjunto de programas sociais reunidos no Plano Brasil
Sem Fome, lançado em 2023 pelo governo atual, com três eixos: acesso à renda,
redução da pobreza e promoção da cidadania; alimentação adequada e saudável, da
produção ao consumo; mobilização para o combate à Fome.
Nossa experiência, que
começou com o revolucionário Bolsa Família, agora resgatado, pode e deve ser
replicada em todo o mundo. A fome, se mantida regularmente, leva a prejuízos
graves à saúde física e mental, sobretudo na primeira infância, no desenvolvimento
e na formação cognitiva.
Os programas do
governo são um exemplo a ser replicado pelo mundo afora, já que são
praticamente 15 milhões de brasileiros e brasileiras que deixaram a condição de
insegurança alimentar em apenas um ano. Todas as ações do Governo Lula
apontam na perspectiva da superação da fome e da miséria.
Entre outras
iniciativas, é ponto central das políticas do atual governo a
valorização do salário mínimo, do Bolsa Família e do Benefício de Prestação
Continuada (BPC). É também estratégica a retomada do Programa de Aquisição de
Alimentos da Agricultura Familiar (PAA), que assegura produção e renda aos
agricultores familiares, com a compra dos produtos para serem distribuídos a
equipamentos públicos. Do mesmo modo, é fundamental a valorização da
Política Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), que não teve reajuste no
governo anterior e hoje beneficia mais de 40 milhões de estudantes da rede
pública.
Lula tem autoridade
política e moral para chamar a atenção das nações do mundo para o grave drama
social que são a fome e a pobreza. Em 2003, ao assumir o
primeiro mandato, Lula disse que teria ” cumprido a missão” de sua vida
se, ao final do seu governo, todos brasileiros e brasileiras tivessem a
oportunidade de fazer, ao menos, três refeições diárias. Como atestam os dados
da ONU, estamos no rumo certo, com um conjunto de políticas públicas para
cuidar de todos e de todas e garantir oportunidade, renda e dignidade às
pessoas.
Fonte: Brasil
247/Reuters
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