sábado, 24 de agosto de 2024

Falsificação das atas eleitorais da Venezuela é quase impossível, diz analista internacional

O analista de Internacional da CNN Lourival Sant’Anna trouxe esclarecimentos sobre a polêmica envolvendo as eleições na Venezuela durante sua participação no CNN Prime Time. Segundo ele, a não divulgação das atas eleitorais pelo regime chavista tem uma explicação surpreendente.

De acordo com Sant’Anna, peritos da ONU que acompanharam o processo eleitoral venezuelano por semanas afirmaram que as atas são extremamente difíceis de serem fraudadas.

“Eles analisaram as atas e disseram que elas são muito difíceis de fraudar, que elas têm código QR, têm assinaturas únicas, ou seja, cada ata tem uma assinatura, e são muitas atas”, explicou o analista.

<><> Sistema antifraude robusto

O robusto sistema antifraude implementado nas atas eleitorais venezuelanas inclui códigos QR e assinaturas únicas para cada documento, tornando a falsificação “quase impossível”, segundo os especialistas da ONU.

Esta complexidade técnica explicaria por que o regime não conseguiu apresentar as atas, mesmo após o prazo estendido concedido pelos presidentes Lula, Gustavo Petro e Andrés Manuel López Obrador.

Sant’Anna ressaltou que, apesar da dificuldade em fraudar as atas, os peritos da ONU concluíram que a eleição foi, de fato, fraudada.

Um relatório detalhando essas conclusões foi apresentado ao secretário-geral da ONU, António Guterres.

<><> Posicionamento internacional

O analista também mencionou as reações de líderes regionais, como o presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, e o ex-presidente da Colômbia Juan Manuel Santos, que rejeitaram o resultado eleitoral venezuelano como fraudulento.

Sant’Anna destacou que cabe agora a cada governo decidir se aceita ou não a legitimidade do regime bolivariano.

Em relação ao Brasil, o analista pontuou que o presidente Lula enfrenta um dilema entre manter sua histórica postura de apoio ao regime chavista ou alinhar-se com sua defesa da democracia, especialmente considerando os recentes eventos políticos no Brasil e as acusações de crimes contra a humanidade que pesam sobre o governo venezuelano.

¨      Governo brasileiro caiu em mais uma de suas armadilhas com posição sobre Venezuela, diz ex-embaixador

O ex-embaixador Rubens Barbosa criticou duramente a posição do governo brasileiro em relação às recentes eleições na Venezuela.

Segundo o diplomata, o Brasil “caiu em mais uma de suas armadilhas” ao afirmar que a Justiça venezuelana seria responsável por solucionar a crise política no país.

Durante sua participação no programa WW da CNN Brasil, Barbosa comentou a decisão do Supremo Tribunal da Venezuela de declarar a vitória do presidente Nicolás Maduro nas últimas eleições.

O ex-embaixador destacou que o presidente Lula (PT) havia anteriormente declarado que era normal haver divergências e que a oposição poderia contestar o resultado da eleição.

<><> Coerência política em xeque

Rubens Barbosa argumentou que o governo brasileiro se encontra agora em uma posição difícil.

“Como ele propôs que ocorresse o que ocorreu e que deveria ser a decisão da Suprema Corte, o que ele vai fazer agora? Vai reconhecer o resultado ou vai ficar calado sem fazer nada?”, questionou o diplomata.

Na opinião do ex-embaixador, o presidente Lula provavelmente não reconhecerá o resultado das eleições venezuelanas por questões de política interna e optará por permanecer em silêncio.

No entanto, Barbosa enfatizou que, para ser coerente com suas declarações anteriores, Lula deveria reconhecer o resultado da eleição.

A situação coloca em evidência os desafios enfrentados pela diplomacia brasileira na região, especialmente em relação a governos controversos como o de Nicolás Maduro.

O posicionamento do Brasil neste caso pode ter implicações significativas para as relações do país com a Venezuela e outros parceiros internacionais.

¨      Brasil mantém posição e não vai reconhecer suposta vitória de Maduro sem atas eleitorais

O governo brasileiro vai manter sua posição de não reconhecer a suposta vitória do autocrata Nicolás Maduro nas conturbadas eleições presidenciais da Venezuela se as atas de votação não forem tornadas públicas.

A informação foi confirmada à CNN por fontes do governo que acompanham de muito perto a situação no país vizinho. Segundo as informações apuradas, nas condições atuais, não há como ter reconhecimento do resultado das eleições.

As fontes também confirmaram uma informação trazida anteriormente pelo analista da CNN, Caio Junqueira, de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai, de fato, conversar sobre a crise venezuelana com o seu colega colombiano, Gustavo Petro.

Ainda não está definido, no entanto, se os presidentes vão conversar nesta sexta-feira ou no fim de semana, por causa da agenda dos dois.

A ideia é que Brasil e Colômbia fechem uma posição conjunta e divulguem notas coordenadas exigindo, mais uma vez, a apresentação pública de todas as atas com os dados de votação das urnas eletrônicas venezuelanas. Essa é a condição básica para os dois países definirem uma posição oficial sobre o resultado do pleito.

O novo capítulo da crise diplomática foi aberto na quinta-feira (23), quando o Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela ratificou a suposta vitória de Maduro no pleito do dia 28 de julho –apesar das muitas evidências de fraude no processo eleitoral.

Além disso, o tribunal determinou, na prática, que as atas eleitorais tanto do Conselho Nacional Eleitoral (o órgão que coordena as eleições no país) como as obtidas pela oposição, que questiona a vitória de Maduro, sejam mantidas em sigilo.

A decisão do Supremo Tribunal não surpreendeu ninguém, visto que a autocracia Venezuela tem total poder sobre o Judiciário do país – que está muito longe de ser independente.

No entanto, com a decisão de manter as atas em sigilo, fica claro que Maduro não tem intenção nenhuma de atender às exigências do Brasil, da Colômbia e de outros países que cobraram transparência no processo eleitoral.

O CNE disse desde a noite da eleição que Maduro ganhou pouco mais da metade dos votos, embora nunca tenha publicado os números completos.

A oposição publicou online o que diz ser 83% das urnas de votação, dando ao seu candidato Edmundo González um apoio de 67%.

A própria Fundação Carter, entidade de defesa dos direitos humanos e da democracia que tem longa experiência em observação internacional de eleições, afirmou que o pleito venezuelano não foi limpo ou justo.

¨      Brasil e Colômbia articulam posição conjunta após corte dar vitória a Maduro

O Brasil articula com a Colômbia uma posição oficial e conjunta sobre a manifestação do Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela de ratificar a vitória do presidente Nicolás Maduro na eleição presidencial de 28 de julho.

Há possibilidade de o presidente Lula e o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, conversarem nesta sexta-feira (23) sobre o assunto.

Fontes da diplomacia brasileira relataram à CNN que a posição que vem sendo construída não deve reverter a linha de exigir transparência e a apresentação das atas da eleição, muito embora a presidente do tribunal, Caryslia Rodriguez, tenha dito que a corte revisou os documentos da autoridade eleitoral e concordou que Maduro venceu a eleição.

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, está em viagem às Filipinas nesta sexta-feira e o assunto vem sendo conduzido no Palácio do Planalto pelo assessor internacional do presidente Lula, Celso Amorim.

Em entrevista a CNN espanhola na quinta-feira (22), ele reiterou a defesa da tese se que ocorram novas eleições no país.

“Se ambos os lados dizem que venceram, por que não realizar outra eleição em que se possam evitar os problemas que, dizem, contaminaram essa eleição?”, disse.

¨      Maduro chama de “histórica” decisão da Justiça venezuelana que confirmou sua vitória

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse que a decisão do Supremo Tribunal de Justiça de confirmá-lo como presidente eleito após as eleições de 28 de julho foi “histórica e contundente”, nesta quinta-feira (22).

Maduro pediu ao tribunal para revisar os resultados. Os juízes do tribunal ordenaram que todos os candidatos entregassem cópias das apurações das máquinas de votação, às quais têm direito por lei.

Em um evento público no estado de La Guaira, Maduro disse que não há lugar para o fascismo na Venezuela e que apoia a proposta da Assembleia Nacional para uma reforma das leis eleitorais.

Gonzalez não compareceu à intimação. A oposição diz que o tribunal, embora constitucionalmente independente, opera como um braço do partido no poder, acrescentando que não tem direito constitucional de realizar nenhuma função eleitoral, tornando sua decisão nula.

Desde a votação e os protestos contra o governo de Maduro que se seguiram, a administração de Maduro conduziu o que a oposição, grupos de direitos humanos e sindicatos caracterizaram como uma repressão à dissidência.

Pelo menos 23 manifestantes foram mortos em manifestações desde a eleição, e cerca de 2.400 foram presos, de acordo com as Nações Unidas.

Maduro diz que os manifestantes são extremistas e fascistas.

¨      EUA, Argentina e outros 9 países rejeitam validação da vitória de Maduro pela Justiça

Os governos de Argentina, Costa Rica, Chile, Equador, Estados Unidos, Guatemala, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai emitiram uma declaração conjunta nesta sexta-feira (23) sobre a situação na Venezuela.

Esses países rejeitaram “categoricamente o anúncio da Suprema Corte de Justiça da Venezuela que indicava ter concluído uma suposta verificação dos resultados do processo eleitoral e que busca validar os resultados não comprovados emitidos pelo órgão eleitoral”.

No comunicado, os governos reiteram que “só uma auditoria imparcial e independente que avalie todas as atas garantirá o respeito pela vontade popular”.

 

¨      María Corina Machado critica confirmação da vitória de Maduro por tribunal da Venezuela

A líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, criticou nesta quinta-feira (22) o Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela por validar os resultados das eleições de 28 de julho e a vitória de Nicolás Maduro, mesmo sem a divulgação das atas de votação.

Maduro, por sua vez, defendeu a decisão, descreveu-a como “histórica e contundente”.

Em sua conta no X, Machado respondeu a uma mensagem do presidente do Uruguai, Luis Lacalle, que disse que o governo Maduro está cometendo uma “fraude”.

“Presidente Lacalle, estamos profundamente gratos pela sua solidariedade e apoio ao povo venezuelano. A ação do Supremo Tribunal de Justiça do regime ratifica o que todos sabemos: é um braço de repressão, sem independência e sem concorrência nesta matéria”, comentou.

“Usurpa funções do CNE (Conselho Nacional Eleitoral) para legitimar o ‘ilegítimo’”, disse Machado.

“Eles cometem erros novamente. Eles afundam e se isolam cada dia mais. Nós, venezuelanos, continuamos avançando com força e convicção e respeitaremos a soberania popular. Sabemos que o mundo está conosco”, acrescentou a ex-deputada, que venceu as primárias da oposição em outubro, mas não conseguiu se inscrever como candidata após ser barrada por acusações que ela negou.

 

Fonte: CNN Brasil

 

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