quinta-feira, 22 de agosto de 2024

Com alta histórica, como mídia ocidental errou tanto sobre o uso do ouro pelos bancos centrais?

No contexto da tendência de desdolarização, o acúmulo de ouro continua por parte dos bancos centrais globais, com o preço do metal alcançando novos recordes históricos.

O alarde da mídia ocidental sobre a perda de status do ouro como um porto seguro parece ter caído por terra. Várias manchetes apocalípticas da mídia tradicional há dois anos promovia a narrativa de que os "dólares mais fortes" estavam corroendo o brilho de segurança da barra de ouro.

Basta lembrar da manchete que a página 'mercados e finanças' do The Wall Street Journal publicou na edição impressa em 20 de setembro de 2022, que dizia: "Ouro perde status de porto seguro".

Já nesta semana, o mesmo jornal está, sem constrangimento, anunciando que "os preços do ouro estão batendo novos recordes".

<><> O que está acontecendo com o preço do ouro?

O preço do ouro disparou para um novo recorde histórico em 16 de agosto, ultrapassando US$ 2.500 (R$ 13.699) por onça e superando o recorde anterior estabelecido em julho. Além disso, as reservas globais de ouro aumentaram em 228 toneladas no primeiro trimestre de 2024, quebrando o recorde anterior de 2013, segundo um relatório do Conselho Mundial do Ouro (WGC, na sigla em inglês).

Os bancos centrais globais dobraram suas compras de ouro para reservas no início de 2024. Em 2023, a compra do metal precioso ultrapassou 1.037 toneladas, de acordo com uma pesquisa do WGC publicada em junho, com China, Índia e Turquia liderando a compra de ouro. As reservas de ativos denominados em dólares dos bancos centrais atingiram um recorde histórico de baixa.

As reservas estrangeiras denominadas em dólares e em títulos do tesouro dos EUA chegaram a 58,9% em 2024, comparadas a cerca de 70% duas décadas atrás, segundo um relatório de primavera citado pelo jornal financeiro japonês Nikkei.

Como parte da iniciativa de desdolarização, as discussões sobre um instrumento de pagamento do BRICS avançaram para uma fase avançada: 40% do valor da unidade BRICS será atrelado ao ouro (por peso), enquanto 60% será baseado em uma cesta de moedas do grupo. A unidade terá dois componentes de valor e, ao vincular um commodity ao valor, não será uma moeda fiduciária como o dólar.

No caso da Rússia, suas reservas de ouro tiveram uma média de 1.146,71 toneladas de 2000 até 2024, alcançando um recorde histórico de 2.335,85 toneladas no segundo trimestre de 2024, de acordo com o Conselho Mundial do Ouro.

<><> Preços do petróleo têm queda em meio às novas negociações de cessar-fogo em Gaza

Os preços do petróleo despencaram com força renovada nesta segunda-feira (19), caindo quase 3% em meio a um potencial acordo de cessar-fogo na guerra na Faixa de Gaza, onde quase 40 mil palestinos já morreram.

O West Texas Intermediate (WTI), benchmark ou ponto de referência para fixação do preço do petróleo dos Estados Unidos, fechou em baixa de US$ 2,28 (R$ 12,33), ou 3%, a US$ 74,37 (R$ 402,13) por barril. Com menos de duas semanas até o final de agosto, o WTI já caiu quase 4% no mês, depois de uma queda de quase 5% em julho. No acumulado do ano, o benchmark do petróleo dos EUA está em alta de cerca de 3%.

O Brent, de origem do Reino Unido, terminou a sessão de Nova York em baixa de US$ 2,02 (R$ 10,92), ou 2,5%, a US$ 77,66 (R$ 419,92) por barril. O Brent atingiu um mínimo de duas semanas de US$ 77,50 (R$ 419,05) durante a sessão. Até agora, em agosto, o WTI caiu quase 4%, somada à queda de 6,5% em julho. No acumulado do ano, o benchmark global do petróleo está em alta de menos de 1%.

As negociações para o cessar-fogo na Faixa de Gaza e um acordo para a liberação de reféns, enquadradas pelos Estados Unidos como uma "última oportunidade" para encerrar a guerra de dez meses que causou várias interrupções nos embarques de petróleo do Oriente Médio, podem reduzir significativamente o valor do petróleo, afirmam os traders.

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, afirmou que o mais recente esforço de Washington para alcançar o acordo de cessar-fogo em Gaza era "provavelmente a melhor, talvez a última oportunidade" e pediu a todos os envolvidos que finalizassem o tratado.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, em declaração divulgada por seu escritório, "reiterou o compromisso de Israel com a mais recente proposta americana em relação à liberação de nossos reféns, levando em consideração as necessidades de segurança de Israel".

<><> Preços mundiais do café subiram 11% em agosto devido ao mau tempo no Brasil, diz especialista russo

O crescimento dos preços do café nas bolsas mundiais em 11% em agosto é causado principalmente pelo mau tempo no Brasil, que é o principal produtor do café arábica, disse à Sputnik o especialista em mercado de ações da empresa russa de serviços financeiros BKS Yevgeny Mironyuk.

De acordo com a ICE Futures, o custo dos contratos futuros de setembro do café robusta atingiu US$ 4.737 (R$ 25.918,5) por tonelada nas negociações de segunda-feira (19), 55% mais alto que no final do ano passado e 11% mais alto que no final do mês passado.

O arábica também está subindo, embora de forma mais moderada: hoje o preço máximo foi de US$ 2,496 (R$ 13,66) por libra de peso, ou US$ 5.502,7 (R$ 30.108,02) por tonelada, um terço mais do que no final de dezembro e 8,9% mais do que no final de julho.

"Os preços do café subiram depois que as geadas no Brasil aumentaram as preocupações com a estabilidade da oferta. Os produtores estão se preparando para outra onda de frio nos próximos dias. Isso aumenta o risco para a safra desta e da próxima temporadas. [...] A combinação de geadas, períodos de chuvas intensas e períodos de seca cria condições extremamente desfavoráveis para a produção de café", disse Mironyuk.

Ele lembrou que o Brasil é o maior produtor mundial de arábica e que essa variedade responde por 75% da produção global de café, enquanto o robusta responde por apenas 25%.

"A demanda por café é considerada inelástica devido à sua popularidade. No entanto, a variedade robusta está se tornando um bem substituto da variedade arábica, o que faz com que os preços subam", acrescentou o especialista.

De acordo com Mironyuk, é impossível compensar rapidamente o déficit emergente no mercado de café: os cafeeiros precisam de cerca de dois anos antes do aparecimento dos primeiros grãos e de cerca de cinco anos antes do aparecimento dos grãos adequados para a colheita.

¨      Sanções contra a Rússia saíram pela culatra contra a economia ocidental, afirma político turco

As sanções contra a Rússia "pregaram uma brincadeira cruel" contra a própria economia ocidental, já que o bloco atlântico não conseguiu ter sucesso em nenhuma direção, disse Dogu Perincek, presidente do Partido Patriótico da Turquia (Vatan), à Sputnik.

O Ocidente intensificou a pressão de sanções sobre a Rússia após o início da operação militar especial na Ucrânia em 2022. Desde então, a União Europeia (UE) impôs 14 rodadas de sanções contra a Rússia.

"O conflito na Ucrânia não é apenas um confronto entre Moscou e Kiev, mas um confronto entre o sistema atlântico e a Rússia. As sanções do sistema atlântico contra a Rússia não trouxeram o resultado esperado. Pelo contrário, a economia turca se fortaleceu dentro da estrutura estabelecida, enquanto as sanções pregaram uma brincadeira cruel com a própria economia ocidental", disse Perincek.

As operações militares conduzidas pelas Forças Armadas ucranianas, em particular a contraofensiva, não alcançaram nenhum resultado, acrescentou o político.

"Os esforços diplomáticos, em particular a Conferência de Genebra, também não tiveram sucesso. Nessa época, a Rússia começou a consolidar e desenvolver suas relações nas direções eurasiática e asiática. A linha de frente do Atlântico não teve sucesso nas direções econômica, militar e diplomática", disse Perincek.

O presidente russo Vladimir Putin disse que a estratégia de longo prazo do Ocidente de conter a Rússia estava prejudicando a economia global sem atingir os objetivos traçados por ela.

<><> Político alemão: não esperem uma 'investigação séria sobre Nord Stream ou corte na ajuda à Ucrânia'

Não há razão para supor que o governo alemão esteja seriamente interessado em descobrir a verdade sobre quem está por trás dos ataques ao Nord Stream (Corrente do Norte), disse o dr. Gunnar Beck, advogado, acadêmico e ex-membro do Parlamento Europeu pelo partido Alternativa para a Alemanha (AfD), à Sputnik.

"O governo alemão foi longe demais para garantir apoio à Ucrânia. O governo alemão regularmente se curva à pressão internacional da UE e dos EUA. Não será capaz e não estará disposto, o mais importante, a afirmar seus interesses nacionais", continuou o ex-membro do parlamento.

O porta-voz adjunto do governo federal, Wolfgang Buechner, disse aos repórteres no dia 14 de agosto que a investigação sobre a sabotagem de 2022 do gasoduto Nord Stream é uma prioridade para a Alemanha. Buechner acrescentou que o resultado da investigação não impactará negativamente as relações com a Ucrânia — em meio a relatos de que o Ministério Público Federal alemão emitiu um mandado de prisão para um suspeito do ataque ao Nord Stream, o instrutor de mergulho ucraniano Vladimir Z.

Na semana passada, o ministro das Finanças alemão, Christian Lindner, do Partido Liberal Democrático (FDP, na sigla em alemão), informou aos ministérios das Relações Exteriores e da Defesa do país que a partir de 2025 não haveria fundos adicionais no orçamento para armar a Ucrânia.

"Estou quase certo de que a redução na assistência financeira à Ucrânia sugerida pelo ministro alemão na semana passada não irá adiante. A Alemanha não reduzirá essa assistência à Ucrânia", ressaltou Beck.

¨      Suíça 'está sendo espremida' na guerra comercial entre China e EUA, analisa mídia americana

Dez anos após o acordo de livre comércio celebrado entre Pequim e Berna, o tratado está prestes a ser atualizado, mas a euforia se foi, refletindo o ambiente geopolítico alterado definido pela competição Estados Unidos-China, analisa a Bloomberg.

Em 2013, dezenas de representantes empresariais suíços viajaram para Pequim a fim de participar da assinatura do acordo de livre comércio entre a Suíça e a China, brindando o sucesso com champanhe.

Implementado em 2014, o acordo foi saudado na época como um acordo histórico que "reformula o cenário do comércio internacional" e pode até contribuir para "uma reindustrialização da Suíça", relembra a mídia. Alguns especialistas agora questionam se as negociações para a atualização sequer produzirão algum resultado.

"A preocupação com o destino do acordo comercial é um sinal de como a Suíça está sendo espremida entre potências globais rivais, lançando uma sombra sobre o seu excepcionalismo tradicional em esferas que vão da neutralidade aos seus esforços econômicos individuais. Com os Estados Unidos se movendo para dificultar o acesso da China à tecnologia avançada e a União Europeia [UE] se alinhando mais de perto com Washington, as empresas suíças em particular correm o risco de ficar presas no meio", analisa a mídia.

A multinacional ABB, sediada em Zurique, enfrentou o escrutínio dos EUA no início deste ano, ao que um comitê do Congresso citou como potenciais "riscos de segurança cibernética, ameaças de inteligência estrangeira e vulnerabilidades da cadeia de suprimentos", relacionados ao seu envolvimento com companhias estatais chinesas no fornecimento de guindastes para portos marítimos norte-americanos.

Agora, a renomada indústria farmacêutica da Suíça, com seu setor de biotecnologia associado, está observando nervosamente a nova legislação proposta pelos Estados Unidos, que pode limitar sua capacidade de colaborar com a China.

"Há um sentimento desconfortável. Tensões geopolíticas são particularmente sensíveis para empresas que fabricam produtos de alta tecnologia. Cinco a dez anos atrás, tais preocupações ainda não eram um problema", disse Jean-Philippe Kohl, vice-diretor da Swissmem, a associação para indústrias de engenharia mecânica e elétrica do país.

O governo suíço é cuidadoso em manter boas relações com os chineses, mas é cada vez mais confrontado por resistência doméstica, com críticas alimentadas por relatos de suposta interferência chinesa.

"Que os EUA um dia digam que temos que parar essa transferência de tecnologia; é um medo primordial de muitas empresas", afirmou Kohl, acrescentando que seria "um desastre" se tivessem que escolher entre os Estados Unidos ou a China. "Retirar-se da China seria impossível e equivaleria a uma 'amputação parcial' de sua empresa", disse ele.

Embora os EUA continuem a ser o mercado de exportação de país único mais importante para as companhias farmacêuticas suíças, as empresas chinesas se tornaram essenciais em toda a cadeia de suprimentos, da pesquisa pré-clínica ao licenciamento — e essa interdependência é um sinal de alerta para alguns legisladores dos Estados Unidos.

Novas realidades geopolíticas estão mudando a perspectiva para esse tipo de engajamento, de acordo com Alain Graf, consultor sênior e especialista em China na Switzerland Global Enterprise, ouvido pela mídia.

"A principal preocupação para empresas em certos setores sensíveis é se seus negócios com clientes chineses e, especialmente, empresas estatais podem afetar seus negócios nos EUA. Como as regras não são claras e estão mudando, é uma grande dor de cabeça", afirmou Graf.

Quando foi assinado, muitos viam o acordo de livre comércio Suíça-China como o precursor de um acordo comercial entre a China e a UE, "mas então as coisas mudaram e agora a Suíça está seguindo o seu próprio caminho", disse Peter Bachmann, diretor-executivo da Câmara de Comércio Suíço-Chinesa (SCCC, na sigla em inglês) de 2014 a 2023.

A realidade agora é que Berna precisa do acordo de livre comércio mais do que Pequim, disse Bachmann: "A Suíça frequentemente se concentrou na adaptação e na negociação, o que funcionou bem até o momento, mas agora outros valores estão se tornando importantes", complementou.

¨      China rebate UE com investigação sobre laticínios após bloco oficializar taxação de carros elétricos

Nesta quarta-feira (21), Pequim abriu uma investigação antissubsídios sobre produtos lácteos importados da União Europeia, um dia após Bruxelas publicar seu plano tarifário revisado para veículos elétricos fabricados na China.

O Ministério do Comércio chinês disse hoje (21) que sua investigação sobre importações de laticínios da UE foi motivada por reclamações de fabricantes nacionais sobre subsídios europeus.

De acordo com uma declaração, a investigação cobrirá "certos produtos", incluindo queijos, leites e cremes destinados ao consumo humano.

A decisão foi motivada por uma reclamação apresentada pela Associação de Laticínios da China e pela Associação da Indústria de Laticínios da China em 29 de julho em nome da indústria nacional de laticínios, disse o ministério, citado pela Reuters.

A China examinará 20 esquemas de subsídios de todo o bloco de 27 países, especificamente aqueles da Áustria, Bélgica, Croácia, República Tcheca, Finlândia, Itália, Irlanda e Romênia, afirma a mídia.

Dos países listados, a Irlanda é de longe o maior exportador de produtos lácteos para a China, tendo vendido US$ 461 milhões (R$ 2,5 bilhões) em produtos para o país asiático no ano passado.

A UE exportou € 1,7 bilhão de euros (US$ 10,3 bilhões) em produtos lácteos para a China em 2023, abaixo dos € 2 bilhões (R$ 12,1 bilhões) em 2022, de acordo com dados da Direção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural da Comissão Europeia, que citou o Eurostat.

A ação marca a retaliação mais forte de Pequim até agora contra as tarifas sobre carros elétricos de Bruxelas. A China já abriu investigações antidumping sobre conhaque francês e importações de carne suína da UE e apresentou uma queixa na Organização Mundial do Comércio (OMC).

O chefe da política externa do bloco, Josep Borrell, disse em um evento na Espanha nesta semana que a UE "não deve ser ingênua", mas que uma guerra comercial era "talvez [...] inevitável", segundo o Financial Times.

A Câmara de Comércio da União Europeia na China disse que a ação de Pequim "não deve ser considerada uma surpresa", segundo a mídia.

Na terça-feira (20), a UE revisou suas propostas de tarifas punitivas sobre importações de veículos elétricos chineses de 37,6% para 36,3%, mas não chegou a abandoná-las, como Pequim havia pedido a Bruxelas.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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