sexta-feira, 23 de agosto de 2024

Cesar Fonseca: Marçal descola do bolsonarismo e vira desejo de consumo da ultradireita paulista-fascista

Pablo Marçal, animador de mídias digitais, rico empresário, candidato à prefeitura de SP pelo PRTB, é bolsonarista, mas muito mais inteligente do que o guru fascista que apoiou em 2022 contra Lula.

Os adversários e a adversária dele, na disputa pela prefeitura de São Paulo – deputado Guilherme Boulos(PSOL), prefeito Ricardo Nunes(MDB), José Luiz Datena(PSDB) e deputada Tabata Amaral(PSB) – estão em polvorosa.

Boulos, Nunes, Datena estão fugindo dos debates com ele, por ser a estratégia eleitoral dele, essencialmente, inescrupulosa, dando golpes abaixo da cintura, a torto e a direito, candidatando-se, por isso, às sanções eleitorais.

Por ser novidade, numa sociedade, ideologicamente, rachada, pelo ódio, ganha força com a opção adversária de fugir dele, enquanto ele pontifica, espetacularmente, num circo eleitoral, marcado pela baixaria.

Parece programa de auditório de Silvio Santos, no horrível quadro populista, “Quem quer dinheiro”, porque o negócio de Marçal, pelo seu histórico empresarial, é a força da grana.

A decisão da adversária Tabata Amaral de acionar Marçal na justiça eleitoral, por ter registrado sua candidatura fora do prazo e distribuir propaganda eletrônica virtual paga, vira risco para o intrépido candidato.

Se ele ganhar, numa linha de proposta semelhante à do fascista Javier Milei, na Argentina, desbancando políticos, ao prometer chegar ao poder com recursos próprios da sua fortuna e não por meio de fundo partidário ao qual lança mão a classe política, que ele taxa de vagabundos, vira falso herói, até ser desmascarado pela realidade, como está acontecendo com o presidente argentino.

A performance dele, segundo pesquisas eleitorais, deixa os adversários em pânico, porque sua arma preferencial são as redes sociais, nas quais acumula perto de 4,5 milhões de seguidores.

Traduzido em votos nas urnas, tal montante de adeptos pode levá-lo à vitória retumbante.

TÁTICA OPORTUNISTA

A tática oportunista de Marçal é recortar partes dos debates eleitorais, que põe em circulação nas redes, quando se radicaliza, em termos brutais, inescrupulosos e bizarros, contra os adversários.

Já o comportamento de fuga adotado, até agora, por Boulos, Nunes e Datena está dando com os burros n’água.

Em vez de serem beneficiados, estão sendo prejudicados, pois viram alvo, ainda, mais intenso do empresário candidato, cujo registro eleitoral confere a ele fortuna de mais de R$ 150 milhões, para gáudio dos seus milhões de admiradores.

A população pobre, massacrada pela política econômica neoliberal, reage, psicologicamente, diante do ricaço que diz que irá gastar recursos particulares e não públicos, bate palma em forma de apoio em pesquisa.

Trata-se de uma projeção psicossocial dos marginalizados naquele que almeja ser algum dia, bafejados pela fortuna.

Os adversários fujões da metralhadora giratória inescrupulosa de Marçal caíram 4 pontos percentuais na pesquisa realizada após debate patrocinado pela revista Veja, nesta terça-feira, enquanto ele angariou 5 pontos a mais.

Não deu certo a estratégia deles.

Por sua vez, saiu ilesa a candidata do PSB, no confronto de escassez de ideias e excesso de acusações sem provas feitas por Marçal, por exemplo, ao candidato Boulos, que é usuário de drogas.

Quem está pagando o pato é a família do candidato do PSOL cuja filha, hoje, chegou em casa da escola chorando, vítima de bullying.

Covardia cruel, expressão de sociedade dividida pelo ódio ideológico, vigente na classe média conservadora paulista, pró-direita liberal, propensa ao bolsonarismo fascista.

ELITE ACHA SUBSTITUTO DE BOLSONARO

A elite conservadora e reacionária paulista, apoiada pela mídia corporativa da maior metrópole brasileira, porta-voz do rentismo, que mantém semi estagnada economia nacional, crescendo na faixa medíocre de 2% e 2,5%, por conta do neoliberalismo herdado do bolsonarismo, está em estado de transe com o candidato de ultradireita do PRTB.

Envergonhada por ter apoiado o fascista Jair Bolsonaro e preocupada com a possibilidade de o candidato bolsonarista, Ricardo Nunes, não emplacar na prefeitura, na disputa eleitoral, a elite paulistana finge não engolir Pablo Marçal.

No entanto, o endinheirado Pablo, que foge do padrão burguês, aparentemente, bem-comportado, falsamente ético, saudoso do centro-direita tucano, que, em 2018, descambou para a ultra direita fascista, pode cair nas graças da elite endinheirada, propensa ao fascismo bolsonarista.

Politicamente, oportunista, esse padrão burguês se encanta, ocultamente, com as chances de Marçal virar prefeito com discurso empreendedorista anti-estado, anti-nacionalista, pró-capital, privatista, na linha neoliberal do governador Tarcísio de Freitas(PL), para confrontar com Boulos, defensor do nacionalismo lulista, a fim de tentar faturar o Palácio dos Bandeirantes, em outubro.

A mídia corporativa pró-direita liberal, aliada do fascismo, diante da disputa eleitoral contra a esquerda lulista, pró-Boulos, porta-se, aparentemente, contra a bizarrice eleitoreira de Pablo Marçal, mas, em última instância, se tiver de optar, o fará posicionando pró-direita, pró-mercado financeiro, anti-Boulos, anti-Lula.

Por isso, tanto a direita liberal como a ultra direita fascista estão em compasso de espera: aguardam o veredicto do TRE paulista sobre se cassa ou não o registro eleitoral do candidato do PRTB, enquanto torce, discretamente, para que sua candidatura vingue e crie fato consumado, caso seja eleito.

Se a justiça eleitoral o deixar disputar, reservando o seu veredicto para depois das eleições, poderá ou não criar tumulto social na Paulicéia Desvairada, especialmente, diante de eventual significativa vitória popular pela opção direitista populista expressa na candidatura Pablo Marçal?

Enquanto isso, a família Bolsonaro está ficando sem chão com a propensão dos bolsonaristas paulistas de abandonarem o candidato prefeito Nunes pelo emergente bolsonarista oportunista Marçal.

Oportunismo fascista em marcha batida.

<><> “Dirigentes do partido de Marçal fazem parte do tráfico de cocaína do PCC”, diz Erika Hilton

Articuladores informais do Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB), sigla do candidato à prefeitura de São Paulo Pablo Marçal, são suspeitos de trocar carros de luxo por cocaína para a facção criminosa PCC, contribuindo para o financiamento do tráfico de drogas. As informações, reveladas pelo jornal o Estado de S. Paulo nesta quarta-feira (21), fazem parte de uma investigação da Polícia Civil que envolve o ex-presidente estadual do partido, Tarcísio Escobar de Almeida.

Após a publicação da matéria, a deputada federal Erika Hilton (Psol-SP) criticou Marçal na rede social X, dizendo: “Às vezes, a acusação que você faz do outro, é na verdade só uma projeção de si mesmo, né?”.

A parlamentar fez referência às acusações infundadas de Marçal contra o também candidato Guilherme Boulos (Psol). No dia 8 de agosto, o empresário insinuou, sem provas, em um debate eleitoral na TV Bandeirantes, que Boulos seria usuário de drogas. No mesmo dia, o coach também o chamou de “cheirador de cocaína” em vídeos publicados nas redes sociais.

•        Entenda o papel de Pablo Marçal na quadrilha de fraude bancária

Após os debates, a maioria dos paulistanos ficou sabendo que o candidato a prefeito de São Paulo Pablo Marçal (PRTB) foi condenado a quatro anos e cinco meses de prisão em regime semiaberto por envolvimento em um esquema de fraude bancária.

Ele participava de uma quadrilha que utilizava spam por e-mails para cometer diferentes tipos de fraude. A condenação ocorreu em 2010, e a pena foi extinta em 2018 por prescrição.

Resumidamente, a quadrilha enviava spams para as vítimas, que forneciam seus dados bancários. A partir daí, os golpistas aplicavam fraudes naqueles que caíam no golpe.

Em sua defesa pública, o coach alega que apenas "consertava computadores" para um amigo de sua congregação religiosa e que não sabia que se tratava de um esquema criminoso.

Marçal atuava na primeira etapa do processo. Segundo a investigação da Polícia Federal, ele fazia mais do que apenas a manutenção de máquinas para a quadrilha; também operava um programa que selecionava vítimas para o envio dos spams.

Ele admitiu em depoimento que operava o programa para reiniciar o envio de spam nos e-mails das vítimas. Um agente da Polícia Federal afirmou em audiência que Marçal tinha conhecimento das atividades ilegais da quadrilha e operava ativamente no esquema.

Na época, Marçal alegou que foi informado por outro envolvido que o trabalho seria para publicidade de um médico. Ele relatou que recebia pagamento por seus serviços e que conheceu um dos líderes da quadrilha em uma igreja, além de ter fornecido detalhes sobre o funcionamento da quadrilha em seu depoimento.

Marçal foi condenado, mas não cumpriu pena. Segundo o juiz, o coach teria tido um papel secundário na quadrilha. A pena prescreveu, mas ele ainda permanece condenado pela justiça.

•        Eduardo Bolsonaro ataca Marçal após denúncia sobre PCC

Nesta quarta-feira (21), o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL) atacou Pablo Marçal, que teve sua legenda, o Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB), associado ao tráfico de drogas em um esquema com Primeiro Comando da Capital (PCC).

No ataque, o terceiro filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) compartilhou uma reportagem do Estadão que foi o primeiro a noticiar as investigações contra o partido.

Na mensagem enviada à sua lista de contatos no WhatsApp, Eduardo anexou uma foto de Marçal com Tarcísio Escobar, dirigente do PRTB, e escreveu: “Muita gente reclama do PL, mas todo partido tem os seus problemas. E graças a Deus o do PL não é por envolvimento com droga ou PCC”.

O movimento do deputado federal ocorre em um momento estratégico para o Partido Liberal, com pesquisas mostrando um crescimento eleitoral de Marçal, que atualmente ocupa a terceira posição na corrida pela Prefeitura de São Paulo, atrás de Guilherme Boulos (PSOL) e do atual prefeito Ricardo Nunes (MDB), apoiado por Jair Bolsonaro.

A denúncia em questão envolve uma investigação da Polícia Civil que aponta o envolvimento de Tarcísio Escobar de Almeida, ex-presidente estadual do PRTB, e de Júlio César Pereira, conhecido como Gordão, sócio de Escobar. Ambos teriam estreitas ligações com Leonardo Alves Araújo, o Leonardo Avalanche, presidente nacional do PRTB.

Segundo a investigação, Escobar foi nomeado presidente estadual do partido em São Paulo por Avalanche no dia 18 de março, mas ocupou o cargo por apenas três dias antes de ser afastado oficialmente por “não ter título de eleitor”.

Apesar disso, ele continuou se apresentando como presidente em reuniões políticas até que o caso foi revelado pelo Estadão em maio. Escobar chegou a participar de eventos com Marçal, que se filiou ao PRTB em abril e teve sua pré-candidatura confirmada em maio.

As investigações sugerem que Escobar e Gordão estariam envolvidos em um esquema de troca de veículos de luxo por drogas para o PCC, com os lucros sendo divididos entre eles.

A denúncia surgiu após a apreensão de materiais relacionados ao controle do PCC com Francisco Chagas de Sousa, conhecido como Coringa, que teria atuado diretamente no tráfico interestadual, utilizando automóveis como pagamento e transporte de drogas.

•        A encruzilhada em que está Ricardo Nunes, prefeito de São Paulo

Ser ou não ser bolsonarista, essa é a questão para Ricardo Nunes (MDB), prefeito de São Paulo e candidato à reeleição. Bolsonarista ele não é. Mas precisa do apoio de Bolsonaro e dos seus votos para disputar o segundo turno com Guilherme Boulos (PSOL), candidato apoiado por Lula e pelo PT.

Nunes afaga Bolsonaro sempre que pode. Não queria, mas foi obrigado a engolir como vice em sua chapa o coronel Mello Araújo, ex-comandante da Rota, indicado por Bolsonaro. Está disposto a engolir a presença de Bolsonaro em alguns, não em todos os seus programas de propaganda eleitoral no rádio e na televisão.

Todavia… Todavia há limites para tudo. Por exemplo: Bolsonaro deverá ser a estrela principal do ato convocado por bolsonaristas para o próximo dia 7 de setembro contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. A princípio, Nunes não irá ao ato. Mandará o coronel no seu lugar. Como Bolsonaro reagirá?

Disse Nunes, ontem:

“Olha, eu não vi ainda a agenda do dia 7. O dia 7 de setembro é um dia muito importante para a gente, para todo o povo brasileiro, que simboliza principalmente a questão da independência, da liberdade. Eu tenho minhas agendas oficiais como prefeito”.

Pablo Marçal, candidato a prefeito pelo PRTB, está lambendo os beiços. Hoje, tem pesquisa sobre a intenção de voto dos paulistanos. Amanhã terá outra. Se elas apontarem mais um salto de crescimento de Marçal, a campanha de Nunes entrará em crise de vez. Uma crise mais do que anunciada.

 

Fonte: Brasil 247/Fórum/Metrópoles/DCM

 

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